segunda-feira, fevereiro 20, 2017

Deixaram cair as camadas de significado e foram dormir.

Sacou suas tesourinhas douradas e partiu para a cabeleira de Fox. Cortou-a às mechas, deixando largas mãos de cabelo caírem ao chão, tristes, abandonadas, vazias. Os dedinhos que empunhava a arma eram delicados e amorosos, abraçavam naquela violência, que arrancava partes dele - mas como era bom! Como rolavam as lágrimas assim que eram tirados de si os medos, os pesos. Jogado aos joelhos de Karyn em sua tenda, Fox teve seu cabelo todo cortado, e depois dormiram juntos, abraçados amorosamente, ela beijando sua nova testa, clara como a superfície de uma rocha. Esquecidos, do outro lado do deserto, foi fácil para ela mostrar a ele que herói não era, esquecido, e que felicidade era não transcender, mas existir.

- Corte" e bem rápidas voaram as tesourinhas douradas sobre sua cabeça, estalando como pequenos fogos de artifício.
Creio ter sido derrotado em tudo. Ela sorriu. Tudo o que tentei foi um pequeno fracasso. Continuo tentando, sempre tento uma outra vez, mas isso parece não estar adiantando. O que acontece quando chegamos no fim da vontade?  Isso ela quem perguntou, enquanto caíam as mechas sobre os ombros e braços dele, e ele, imóvel, pôs-se a chorar, só com as espaldas subindo e descendo. Ela o cortou por inteiro, e se olharam assim, ele sem cabelo mais. Desastres eram tudo o que apareciam no espelho, mas não mais. Agora um rapaz careca de olhos inchados, agora alguém, finalmente, sem destino. Em seu regaço chorou abraçado, ela deixou-se também chorar, e ficaram por muito tempo soçobrados de cabeça baixa, até que os fiapos do cabelo cortado começassem a coçar e tivessem que se levantar, deixando para trás as tesourinhas entortadas de tanto uso. Ainda abraçados, deitaram-se e dormiram imediatamente.

O mundo que ficou para trás

Eram quinze, e onde estão?

É brilhante
o outro mundo.
Aqui só resta o que ficou para trás
no dia da grande mudança,
Quando o céu caiu em pedaços sobre
O oceano, onde ondas se ergueram
E o barquinho, sozinho, navegava
Uma luz em suas mãos, o refugiado,
entre os outros, os que escaparam,
os que viveram - segurava a luz da estrela
Minha alma.
Sumida, esvaída com os outros
Que escaparam para o país de além
Onde está agora, onde estão?
Longe do mundo que ficou para trás

Queria ver qual é a quantidade máxima de caracteres não-letras que posso pôr em seqüência

Que grito gigantesco ele deu naquele instante! (“Minha mão, minha mão!”, ele urrava – que olhos abismais! – “Minha mão! ”). 
 E quando me chamarem para morrer, não irei temer, pois a morte não poderá acabar o que se pode salvar.
 E de novo sonharemos com a fronde que balança e com as folhas que caem - é outono, é hora. Envelhecer é preciso, cair e morrer. Acorde, acorde, precisamos viver.
  Não chore Margarida, de ventre largo, pele fornida, essa é a terra mais garrida mais faminta, mais feliz.
 Acabaram as canções, não há outra canção. Adeus Fon

 Wake up.
 Gently come, for death shall not be feared again, this is the bright moment when we get old to die.
 I won't see the faces in the rye, the places wave goodbye,