domingo, março 28, 2010

Primavera

Labwa - E quem lhe ensinou a sombra lhe ensinou a luz?
Karen - Eu me ensinei os dois. Sozinha aprendi todos os erros.

Mizudinie - Em que pensou, quando esteve sozinha? Como

(Imagine isso não como o que está, mas como tudo o que eu queria dizer, de feliz, de primaveril, de triste, de teatro, e que não existem ainda palavras para dizer. Imagine isso como uma mensagem antes de sair, como um já volto, como uma lição de como cantar - cantar aqui, como nos antigos musicais: cantar aqui é o jeito de falar tudo.)

sexta-feira, março 26, 2010

...

Everything is far
And made of blurry ashes.
The world is black as tar
For a man who lost his glasses.

:(

Fragmentos

Quando ontem à noite eu soquei uma parede, eu soube... Estava de volta.

Apesar dos dias ruins, quando eu estava cego, molhado e perdido, alguns amigos me receberam, me deram roupas secas e me contaram histórias. Valeu. Obrigado, mesmo.

segunda-feira, março 15, 2010

Orellana

À tarde um exército passou pela nossa aldeia. Os homens estavam em cima dos animais a que chamavam de caballos, brilhando em suas roupas de ferro sob o sol.
Sua presença prometia morte e uns tantos nos chutaram vasos e teares, quebrando-os por prazer. Era o exército pálido, do qual tínhamos ouvido falar tanto. Logo sumiram. Entraram na floresta atrás das montanhas, deixando-nos sob a sombra de um mêdo.
Cinco dias depois vieram homens e mulheres da floresta. Fugiam do exército. Nos contaram que queimaram muitas aldeias, que debandaram toda resistência, que eram tantos quanto as formigas vermelhas, e mais terríveis.
O último homem a chegar demorou para recuperar o fôlego. Estava mais assustado do que os outros e depois de descansar falou: eles capturaram homens e mulheres, levaram-nos como escravos para a vida toda. Arrastaram-os para as regiões hostis da floresta, para onde ninguém vai. O líder do exército, roupa preta, cavalo preto, torturou os homens que não conseguiu levar. Exigiu que o dissessem onde estava "eloro". Ninguém sabia o que buscavam, por isso foram mutilados: os que não souberam responder tiveram as línguas cortadas, os que imploraram as mãos. Algumas mulheres foram jogadas as cães. Então um deles, um homem magro, de olhos faiscantes e claros e bigode esguio, ordenou que parassem. Ele sabia que não haveriam respostas e mandou que seguissem em frente.
Todos nós nos assustamos com o relato do homem. Entendemos que a nossa aldeia tivera sorte, que fora poupada. Nos próximos três dias mais e mais refugiados vieram da floresta, contando as mesmas terríveis histórias. Depois de algum tempo o homem magro sempre interrompia as torturas, convencido que os homens do lugar não sabia nada. Nossa aldeia via sua generosidade com resrva, e nos preparávamos para a volta dos homens.
Então, um dia, nenhum homem veio até a aldeia. Os refugiados pararam. Ficamos sem notícia por uma semana, até qe uma mulher velha e enrugada, de longos seios chatos, apareceu e ouvimos a seguinte história:
Eles morrem aos montes. A floresta os derrotou. Logo voltarão para a sua capital na beira do mar, longe dos mosquitos que lhes picam as pálpebras e dos vermes sob a pele de seus braços. Estão sem comida. Mataram seus animais. São muitos e eles não podem alimentar a todos; falam em voltar. Logo encontrarão o caminho, mas antes disso a floresta os cobrará um pesado preço.
E o homem magro, de olhos ferozes? alguém perguntou.
Ele sumiu. A velha deu de ombros. À três dias brigou com o líder do exército, disse que não ia voltar. Desapareceu com outros tantos na selva. Foi na direção do rio, a direção para a qual não vamos. Ele queria eloro. Estava louco.
Anos e anos depois muitos de nós já o tínhamos esquecido. Vieram então as notícias. Da selva, que levaram anos para chegar. E da capital, onde acabaram de ouví-las de um navio. O homem sobrevivera.
Desceu o rio em longos meses. A selva cresceu dentro dele, o quebrou. Procurava algo que mal podia ver, que nem podia explicar. Em todo o lugar que parava, assolava os homens com perguntas. Seus olhos, já faiscantes, agora pareciam com os do jaguar, azuis. Sua magreza fora acentuada pela fome. A febre ceifava os homens ao seu redor, mas ele permanecia vivo.
Um dia o rio ficou maior e se abriu diante de uma ilha. Maior e maior ele cresceu em um mar. Ele cruzara o nosso continente, de mar a mar. Uns de água. Outros de selva.
Dizem que voltou a seu mundo. E que pensava em voltar à selva. Nunca encontrou o que procurava.

domingo, março 07, 2010

Os Exilados

Like a star on windy night
Lone shines a Garden bright
Expelled from Eden's light
Goes Adam and his wife.

Vagabonds in fluid quays
Boats of straw cross water ways
In their belly a couple lays
who knows only of storm and haze.

When the Garden's beauty fade
Among the beasts and torments laid
their home - New World is made
to love the prison is the exiled's fate.