sexta-feira, abril 30, 2010

Sumo Teológico

"Aos detratores da doutrina Abanita - hereges que fogem da lei divina, como também das leis da terra - ouvirão de mim as razões mais profundas de minha convicção. Convicção esta que foi aceita pelo augustíssimo e illustríssimo Imperador, senhor de muitas terras e detentor de vida longa, cujos olhos agora estão, mais do que nunca, abertos à verdade.
Não desejo repetir os argumentos do santíssimo Bispo da Cappadócia, defensor implacável de nossa santa doutrina e conversor de muitas almas de olhos agora abertos. Desejo apenas expôr, um pouco mais demoradamente, alguns pontos da doutrina Abanista sobre o qual desejo que um pouco mais de luz seja despejada, garantindo assim a extinção definitiva de seus detratores. Homens assim, que não só negam a lei divina mas também desonram nosso agustíssimo illustríssimo Imperador, e não têm sabedoria ou paciência e erudição para se demorarem sobre o louvado Bispo da Cappadócia. Por isso, perdoem meu estilo vulgar, mas são estas almas que desejo converter. Em poucos pontos, espero demonstrar as razões para que seja um Abano:
I - Um Abano não é apenas um objeto de frescor e alívio - por si só qualidades divinas de serem possuídas - mas também controlador das posições hierárquicas: homens baixos abanam homens altos. Por respeitar as leis divinas impostas ao homem, o Abano é um objeto de excelência.
II - Portanto, um Abano não é, como querem os Arvoritas e Corditas, uma comparação simplória e de baixa estatura.
III - Em matérias de comparações simplórias devemos ressaltar a natureza maligna da serpente. É evidente que os Serpentitas adquiram tão poucos fiéis: algo que é como um Abano não pode ser como uma serpente, e isto está estabelecido.
IV - Os Corditas desejam se aproximar de nós, Abanitas, argumentando que uma corda poderia muito bem se parecer com um Abano, ainda mais se for larga o suficiente. Temos assim, o maior disparate teológico de todos. Assumo que os Corditas desejam essa aproximação por causa da recente conversão de nosso augustíssimo illustríssimo Imperador. E se trata de um caso curioso, pois: depois que foram quase extintos, nenhum Serpentita recebeu ajuda dos Corditas, sendo que uma serpente e uma corda poderiam muito bem ser comparadas. Trata-se então de um esforço teológico simplório dos fiéis Corditas para escaparem das perseguições. Todos os Abanitas, porém, seguem a linha do Bispo da Cappadócia e declaram que o tempo de arrependimentos é passado: todos os Corditas devem se converter, ou serão julgados como hereges. Entre nossas doutrinas não há aproximação possível, assim como não há entre a treva e a luz."
(...)
Bispo John Huss


"Agora que o Imperador - o terceiro de sua degenerada geração - em conluio com os heréticos Abanitas, deu seu ouvido ao pior e mais espúrio bispo desta doutrina, não há mais expectativas de nossa parte de que Sua Majestade recupere a virtude.
Não desejo, mais uma vez, expôros erros Abanitas, senão ressaltar alguns pontos que os heréticos do abano se recusam a enxergar. Tudo para melhor esclarecimento de meu povo, que tanto sofreu nas mãos do Império.
I - É inegável o dom dos sentidos. O homem que duvida daquilo que toca, como não apenas os Abanitas mas os Corditas e - mais surpreendentemente - os Serpentitas, é o mais tolo dos tolos, sem dúvida.
II - Ora, daí se conclui que, sendo corretos os sentidos, nos quais os hereges falsamente se dizem apoiar, um Muro é certamente o mais aprovado. A consistência, a dureza e a solidez são fatores inegáveis. Os próprios hereges Abanitas confirmaram a solidez no Concílio de Bitínia - como bem lembraram os Santos Padres. E se a solidez foi confirmada, não há motivo para que as duas outras qualidades - a consistência e a dureza - não sejam também aceitas por aqueles que desejam negar a verdade e a evidência táctil. São esses os mesmos que ganharam os ouvidos e a confiança de um Imperador cego!
III - Algo que é sólido como um Muro, duro como um Muro e consistente como um Muro é evidentemente um Muro! Donde vemos que não é apenas a Fé a apoiar nós Muritas, mas também a Lógica. Os verdadeiros hereges não são aqueles perseguidos pelo infame Imperador, mas aqueles que sob seu teto se abrigam!
Ora, agora desejo me deter um pouco mais longamente sobre as causas da devassidão sob o governo Abanita..."
(...)
Abade Tycho Brahe

"Antes de examinar a questão de por que os hereges pensam como pensam - e de novo realcemos o espírito imparcial que nos guia nesta investigação teológica - retomemos as principais teorias sobre a forma. Levaremos em conta o que cada uma tem de bom e de ruim. Em primeiro lugar, relacionando-as quanto à vivência:
I - Os únicos a considerarem a vida são, como se bem disse, os infames Serpentitas - que parecem conhecer pouco sobre Serpentes - e nós. Todas as outras doutrinas escolheram objetos, donde se chamarão em alguns círculos mais esclarecidos, de objetistas. Negados eles ficariam a princípio - pois, como pode algo vivo não se parecer com algo vivo? - se não tivéssemos o interesse da imparcialidade a nos guiar. Portante, retomadas as questões, temos:
II - A divisão formalista, que designa os Abanitas e Muritas como um grupo à parte, pois tratam de objetos cuja forma não têm qualquer semelhança entre si e entre os outros. Todas as outras doutrinas - e é de nosso interesse provar que a nossa também - convém ao menos quanto à forma geral: integram-se neste último grupo os Corditas, os Serpentitas e os Lançaritas. Ora, nada mais evidente que a semelhança entre uma corda, uma serpente e uma lança. Porém, nossas investigações determinam outra divisão:
III - A divisão entre as doutrinas clericais e não clericais. Fica evidente que a doutrina Serpentita - cova de iniqüidades - seja a única desprovida de um clérigo regulador. Portanto, a mais insensível à Teologia. Não há de ser nenhuma surpresa para nosso leitor que os Serpentistas estejam próximos da extinção. Pois mesmo que tenham louvado as qualidades da vida, não louvaram a vida correta e escolheram a Serpente, cujo símbolo é o mal.
Por fim, exporemos como, de acordo com nossa doutrina Arvorita, todas as outras teorias podem ser compreendidas. Mas em primeiro lugar, devemos mais uma vez ressaltar as qualidades da Árvore enquanto forma.
Como símbolo de cresimento e de nutrição, ela é claramente efetiva, como muitos dos que nos detratam a muito contra-gosto costumam confirmar. É evidente que a forma da Árvore há de ser a mais perfeita. A vida se parece com a vida, e o desenvolvimento deve ser a nova face da Teologia. Todos os Concílios concordam com os Arvoritas, e somos os únicos a não promover as perseguições aos hereges, algo que, se praticado, teria garantido a supremacia da visão! Porém, a doutrina da árvore é também a doutrina da compaixão.
No espírito da imparcialidade, é difícil não se ver como deve ser a doutrina Arvorita a mais perfeita, que realça todos os pontos que deve realçar e destoa dos pontos que deve destoar - nomeadamente a corrupção observada entre os Serpentitas. Portanto, não há doutrina melhor sobre a forma que se deve ter um elefante."
(...)
Bispo M. Huizinga

sábado, abril 24, 2010

The Darkness, the Sweetness, the Sadness, the Weakness

"Have I gone beyond the point of shame? Have I reached that point in life when youth will no longer be an excuse for my creation? How frightening to expose such chimearas, to hide them a death! What will the others think of my life's work? Will they compare it with the great or low magicians? Will they say that my lack of confidence has hindered me in a trade where blind confidence is all? Or will they condemn it as a boastful proud thing of youth? And worst of all, to be one of the boastful proud; will they think that of me? My promises, will they be fulfilled?
Foxy is the only one that I would dare show my magic to now. He will see the sentiments I have put in it. If he lacks interest, I end. His distance, food for such dreams. I can't reach him now, but so much I wanted to show him my magic and say: there, here it is. Devour me if that is my fate, but take for yourself what I've created. It is for the people of Arresom. But it is you that must look upon it and understand it. There is no measure in me that isn't you. Me, is what you know. Oh Foxy, end this distance! Lo myself, hark my spells! Don't live without me."

segunda-feira, abril 19, 2010

Juliet

"Now I give names. That is what I do, as the days go by in this forest. I live among herbs and flowers and plants; they are my family, my myths. I give them names as they give me perfume: each disdaining the other's gifts but loving them more so."

Haunting

Antes de lerem, eu recomendo verem junto a versão musical que Natalie Merchant fez desse poema. Absolutamente...


Nursery Rhyme of Innocence and Experience
Charles Causley (1917 – 2003)

I had a silver penny
And an apricot tree
And I said to the sailor
On the white quay

‘Sailor O sailor
Will you bring me
If I give you my penny
And my apricot tree

‘A fez from Algeria
An Arab drum to beat
A little gilt sword
And a parakeet?’

And he smiled and he kissed me
As strong as death
And I saw his red tongue
And I felt his sweet breath

‘You may keep your penny
And your apricot tree
And I’ll bring your presents
Back from sea.’

O the ship dipped down
On the rim of the sky
And I waited while three
Long summers went by

Then one steel morning
On the white quay
I saw a grey ship
Come in from sea

Slowly she came
Across the bay
For her flashing rigging
Was shot away

All round her wake
The seabirds cried
And flew in and out
Of the hole in her side

Slowly she came
In the path of the sun
And I heard the sound
Of a distant gun

And a stranger came running
Up to me
From the deck of the ship
And he said, said he

‘O are you the boy
Who would wait on the quay
With the silver penny
And the apricot tree?

‘I’ve a plum-coloured fez
And a drum for thee
And a sword and a parakeet
From over the sea.’

‘O where is the sailor
With bold red hair?
And what is that volley
On the bright air?

‘O where are the other
Girls and boys?
And why have you brought me
Children’s toys?’

sábado, abril 17, 2010

Acho estúpido isso de matar o amor

Who never followed his heart?
I never did
Because my heart
Never loved me.

quarta-feira, abril 14, 2010

Mizudinie's Song of Jonas

Os dois marinheiros grandões chegaram em Haccu e Fren quando não havia ninguém por perto e disseram:
- Vocês parecem pessoas sensatas, escutem o que temos para falar. Vocês conhecem a garota de cabelos pretos, não conhecem? E mesmo assim ela não te disse o que aconteceu no fundo do lago. Ela não conta para ninguém. Coisas estranhas estão acontecendo agora, coisas mais estranhas do que alguém passar dez minutos debaixo d'água e voltar com vida. Vocês são inteligentes, sabem que ela não é normal, que alguma coisa foi perturbada. Ela não fala com ninguém, muito menos com vocês. Escutem esse vento... Vocês sabem onde queremos chegar... Algo precisa ser feito.
Which side are you on, boys? Which side are you on?
E Haccu diz: Mas como vocês podem acusar ela? Algo estranho aconteceu enquanto navegávamos, e mesmo que isso me perturbe, que isso me assuste, vocês sabem que não podemos culpá-la assim. Que corações escuros são esses, rapazes! O navio negro que nos persegue não pode ser culpa dela. E vocês se viram contra a garota, sem ao menos entender o que está acontecendo. O que planejam? O que sabem sobre os nossos perseguidores? O que defendem, que inocente não é?
Which side are you on, boys? Which side are you on?
- As velas rasgaram, os pássaros pararam de nos seguir. Todos os marinheiros sabem: esse navio está azarado. Essa tempestade, esse navio que vai nos perseguindo e que nos alcança a cada milha navegada! Tudo o que um marinheiro quer é completar a sua viagem, e nós suspeitamos que essa terminará mal se não solucionarmos o problema. E quem trouxe isso à bordo? Quem é o diferente? Vocês suspeitam também da estranheza dela, do silêncio dela... Então,
Which side are you on, boys? Which side are you on?
- Como vocês podem acreditar nisso? Não é possível que o que ela - por mais silente que seja - tenha causado isso. E o navio que nos persegue, como ele sabe? Eu não acredito que todos nesse navio sejam mais inocentes do que ela. Ou estamos sendo perseguidos à toa? Seus espiões, como descobriram?
Which side are you on, boys? Which side are you on?
- Foi ela quem trouxe isso para a nossa viagem. Nós só queremos o céu aberto de novo, uma brisa até um porto, qualquer porto. Não faremos nada. Um barquinho, uma lanterna. É tudo o que ela precisa.
Which side are you on, boys? Which side are you on?
- Ela morrerá se a soltarem sozinha na água! Suas consciências não podem estar tranquilas com isso. Vão largá-la a uma sorte terrível ou vão se arrepender?
Which side are you on, boys? Which side are you on?
- Achávamos que eram pessoas sensatas. Já vi que não agirão. Mas esta noite, eu aviso, iremos agir. Vocês podem terminar a viagem em águas calmas se quiserem ficar em silêncio. Mas se falarem, estarão com ela no barquinho.
Which side are you on, boys? Which side are you on?

segunda-feira, abril 12, 2010

Song of a Winter's Fee

The peasants gathered in the Duke's house.
Armed men passed out the food,
they brought. And with the food,
some wine: all their rations.
One stood up and told the Duke:
"This is our food for winter! How can we
Survive the hail with such a fee?"
They asked him to lower the tribute, then he said
"I will help you this winter and, in goodness,
Help you on your winters to come.
Free of hunger! I'll release you. No more trouble
And no more winters." Sharp were the blades.
And the long swords sang - the men came as dogs.
The kingdom of Heaven opened its doors.
She goes to visit her aunt.
A western wind blows in the old archeologist's house. Oh, she is there. Courtains are hanged outside. Was she washing courtains?
Orange-feet shine on the horizon. She too has the power of the gods.
- I demand a race, she said.
And Hoshy Heogger, a little rusty since the last time she ran, could only accept the challenge.
Sand-runner she is called. And mighty power she does yield.

quarta-feira, abril 07, 2010

... 2

He thinks that he can see
A tree, the stars, his classes
The world was made just now
For the man who got new glasses.

:)