terça-feira, outubro 31, 2006

Edição 55/56: Wiper, o Guerreiro Demoníaco


Começa o jogo de sobrevivência!

Blá! Eu odeio a Conrad! Não só ela fez uma das capas mais interessantes ficar feia, como esqueceu de colocar a capa de um capítulo :
Capítulo 260: Ruffy o Pirata x Wiper o Guerreiro Demoníaco



Engraçado que em Alabasta havia uma contagem regressiva de horas para salvar o reino, mas agora em Skypiea existe uma contagem regressiva... de pessoas.

sábado, outubro 28, 2006

E.

E quando a tempestado se abriu enorme, afastando com suas mãos de gigante as nuvens cinzentas e pesadas, uma grande visão nos conquistou: era a maior luz do céu, era o brilho múltiplo e repousante do arco-íris, ou o fogo feroz dos últimos dias do mundo dividindo com o azul elétrico dos primeiros o céu em tempestade.
E a humanidade? E as pequenas cidades que sobraram espalhadas nas distâncias eternas?
Em algum lugar sobrava um tesouro. Mas até quando um tesouro assim pode ser definido? O que coloca nas coisas importância?
Algo acabava, finalmente.
Em pequenos gestos, que não significavam mais nada, coloquei a chaleira por cima da toalha, altamente derrotado. Parávamos então de usar as letras para nos comunicar. A ecrita não mais servia, ou mesmo a fala. Estávamos firmemente separados.
O céu continuava a rugir múltiplo, como se quisesse juntar todos os seus dias em um só. Baixamos a cabeça e deitamos desolados na encosta verde da colina.
Pássaros, abelhas, árvores tocadas pelo vento.
As nossas memórias se acabaram, estávamos sendo esvaziados aos poucos. Sem lembranças, sem quem éramos, sem humano. Nada mais de escola, casa, livro, Deus, ponto, nada, coisa, feliz, bicho, bonito. Tudo sumia no rugido lento do universo.
Tudo éramos.
E nada mais como se antes. O fogo violava entranhas da . Mundo sem , com
vibrações emanadas, , logo. Apenas

E somente

Cheio de , caco de vidro
vontade baboseira

Risada , quando era .Infinito

. . .
Quase nada, nada



E se





. . .

sexta-feira, outubro 27, 2006

Quando a brisa da chuva que chegava entrou pela janela, pensei sentir o inegável e direto cheiro de maresia. Era o mar que viera até a cidade, em forma de chuva, para nos chamar.
Era a voz de Nzuzu, mãe-da-água, que vive sob uma cachoeira junto à serpente. Nzuzu nos cantava para lembrarmos do que existe sob a superfície. A dança continua, continua. E só a água é o nosso caminho.


Na enchente da floresta, entramos pelas sendas do futuro. Esquecer para viver. Andar e sorrir. Seria mesmo uma sensação de conhecer?

quinta-feira, outubro 26, 2006

sábado, outubro 21, 2006

Sabe o que mais?

cidade de fantasmas
faróis elementais
paulo prado e as visões do brasil
você você você você...

Enquanto escutar a sua voz falando ao telefone, olhar para as linhas desenhadas em um mapa no chão, tentando extrair algum sentido ou sentimento a partir do traçado das penínsulas que não existem.

sábado, outubro 14, 2006

H. Sark - dois


Sark viu morrerem todos aqueles a quem queria bem. Por último, deitou-se ao lado de seu avô e sumiu do mundo dos vivos. Ficou dentro da tumba escavada na rocha completamente imóvel, até que a sua pele adquirisse uma brancura pálida e o coração não mais doesse de tanto ódio. Só não conseguiu, em sua mímica de falecimento, compreender os segredos d'Aquele Outro Lado, e seu avô em nenhum momento se levantou para o levar para longe de onde, na súperfície, ele fora já esquecido e tido como mais uma vítma da Guerra sem fim.

Enquanto isso, em Estafansa, nascia uma pequena garotinha chamada Penélope, com toda a gritaria e choradeira que convém a um recém-nascido.
Seus pais imediatamente se apaixonaram e a enrolaram em panos macios, oferecendo aos deuses um delicioso pote de mel no santuário local. De fato, ao crescer, Penélope seria uma consumidora ávida desta iguaria rara do norte e, fora isso, basta dizermos sobre sua infância que ela já escrevia os diários aos 7 anos.
Uma noite, quando os astros estavam de humor afiado, a nossa garota saiu de dentro da casa abafada para respirar as estrelas. Penélope contava treze anos e estava sentada em uma cerca, olhando o vazio da estrada se alongando na noite quente. Eis que um homem aparece e lhe pede indicações sobre o caminho até a Torre de Uruguthár.
Esse homem, esse viajante, era o próprio Henry Sark, agora aprendiz do exímio espadachim Haramis Mictian, em busca de um emprego na nova torre que estavam construíndo no Império de Olstomé.
Penélope inclinou a cabeça e pensou em quem seria o desgastado caminhante. Era mais jovem do que parecia, ela reparou.
A garota lembrou-se de um campo de girassóis que havia por perto e, sem saber qual seria a direção da Torre, mas sem querer desapontar a Sark, apontou-lhe a direção das flores, esperando que ele melhorasse de humor ao vê-las. E foi essa decisão que atrasou a chegada de Sark a sala escura em Uruguthár, e que uniu, pela primeira vez, mas certamente não a última, a vida dos dois jovens.
Vendo Sark desaparecer na noite quente, Penélope não podia imaginar que estaria anos mais tarde escrevendo furiosamente sobre ele, buscando aplacar um sentimento forte demais. E também não poderia imaginar que seria por sua causa, pela menção de seu nome esquecido, que H. Sark iria cruzar as montanhas até o Oeste, em busca de algo oculto, mas igualmente forte.

terça-feira, outubro 10, 2006

Contar algo a ela

Outro dia, a tanto tanto tempo, havia brigado com minha irmã e meu primo. Nós três estávamos ainda meio irritados, esperando o barco chegar em um cais pintadinho de branco, com um quiosque e um condomínio ao lado. Andava de um lado a outro pelo quiosque, tentando fazer sumir a irritação tola, quando ouvi um som vindo de dentro da área hezagonal murada onde, de noite, se cozinhavam crepes. Olhei por cima da bancada e vi um passarinho. Um delicado passarinho que piava sozinho lá dentro. Tão bonito, tão docinho. Acho que ele não estava conseguindo sair, estava cansado ou tinha um ninho escondido por perto. Meu primeiro impulso foi mostrá-lo aos outros, chamar pela minha irmã, por alguém, dividir aquela delicada existência com outra pessoa.
Não, parei. Estávamos ainda meio irritados, meio ressentidos. Não iriam vir. Mas e agora, eles não vão ver o passarinho? Não vão ver, só eu? Eles teriam me mostrado algo assim?
Não preciso mostrar a eles. Pela primeira vez em minha vida eu pensei: Não preciso contar tudo para as pessoas. Foi o dia em que os segredos começaram, as experiências nunca compartilhadas passaram a existir. Não preciso contar tudo às pessoas, elas não precisam saber de tudo o que acontece. Assim, aquele dia, o passarinho foi só meu. Só eu ouvi seu pio.
Logo depois o barco chegou e fomos embora. E acabou-se segredo dentro do quiosque, acabou-se uma experiência nunca dividida.
Estranhamente, nunca contei essa história à ninguém. Afinal, essa é sua moral: não preciso contar tudo para as pessoas. Mas então, por que o faço agora? Por que existe dentro de mim essa vontade enorme de contar sobre o passarinho? Mais que todas as outras, essa era a história que eu queria contar. A história que me ensinava a não contar histórias.
Acho que é, no fundo, um pouco de medo. Medo de que os outros já tenham aprendido isso e solidificado a lição mais do que eu o fiz. Medo de que eu tenha perdido alguma experiência porque alguém sabia que não precisava me mostrar aquilo.

Panorama cultural

Ontem eu assisti ao King Kong do Peter Jackson. Acho que de agora em diante eu vou usar um novo método para avaliar filmes: para ser considerado"Bom" vai ter que ter pelo menos uma cena de um gorila mordendo um dinossauro. Uau! Quer dizer, quem ia imaginar que na Ilha misteriosa existissem ainda diossauros e um gorila gigante que exigia sacrifícios da aldeia de homens-caveira! Esse filme tinha tudo: desfiladeiros, Joseph Conrad, batalhas entre um gorila gigante e três dinossauros, civilizações desaparecidas, lava, escritores que se apaixonam e um capitão semi-pirata. Ok, ele não era pirata. Ele respeitava a lei (o que não era legal), traficava animais (o que também não é legal) e tinha um sotaque esquesito (o que tam... não, peraí, isso até que é legal!). Bom, ele era um marinheiro, e isso era divertido.

E estou lendo um livro muito bom: Os versos Satânicos, de Salman Rushdie. Ele começa com dois personagens... caindo do céu. Ah, eu não quero contar nada, porque ele é realmente divertido e interessante. E fala sobre Mahound, sobre Ayesha e sobre um demônio em Londres. Talvez no fundo, começo a suspeitar, seja um livro sobre a entrada do Novo no mundo e todas os anjos e forças que agem contra sua chegada.
Sabem, Salman Rushdie foi condenado com a fatwa por causa dos Versos Satânicos, ou seja, um bando de malucos seguidores do aiatolá Khomeini querem assassinar o Salman, que agora vive em um local desconhecido e protegido por policias. Mas ele continua a escrever histórias e diz que um dos objetivos dos escritores e falar o indizível. Sei que é impossível, mas um dia eu gostaria de encontrar Salman Rushdie, talvez andando por aí, em uma rua segura onde os aguerridos fundamentalistas nunca pensariam em procurar. Gostaria de ouví-lo contar histórias.
"Talvez eu escreva, em parte, para preencher com outros sonhos aquele espaço destinado a Deus, que se esvaziou (dentro de mim). Porque esse espaço é, afinal, um espaço para sonhar." S. R.

domingo, outubro 08, 2006

~ ~


Explosão! Me desculpe senhora Aggner, me desculpe Mr. Racquelock, mas acabo de apostar nossas vidas, e sinceramente, creiam no que digo, não temos muita chance de escapar!
- O navio começou a percorrer o estrito canal dentro das muralhas da cidade cheia de neblina, como atestado pelos primeiros tiros de canhão. Lá dentro iam nossos companheiros, prisioneiros de uma armadilha, cativos de uma fuga. "Em silêncio agora! Preparem-se para a brecha que se abrirá" As velas brancas desceram devagar. Toda a tripulação concentrada na fuga desafiadora de dentro do forte da marinha: era o que víamos de nosso esconderijo em terra. Os piratas habilidosos souberam escapar até agora e rumavam sem medo pelo canal estreito que os levaria - levaria? Até o mar!
Gamma olhou para cima, bem dentro dos meus olhos assustados. Haccu inspirou corajosamente.
~ E de repente ela estava bem ali: a Morte, droga! Ela que vive dentro da gente, ela que é parte do que a gente é. A aurora nascia e eu sabia que esse seria meu úiltimo dia. Não havia mais como evitar sua armadilha, pois a morte - A Morte!, me pegou.
"Corram agora" gritei praqueles dois. Queria que eles vivessem, com toda a minha força. Queria que eles voltassem a olhar pra cima bem dentro de meus olhos e a inspirarem corajosamente. Mas que droga, queria que todos nós sobrevivessemos! Corremos desesperados por dentro da muralha, buscando alcançar o navio que escapava. Estávamos do lado errado do mundo: dentro da muralha e indo atrás do navio que estava sendo destruído pelos tiros de canhão.

- Empurrei os dois para que corressem - Não! Não! gritou Gamma, quando um dos guardas nos viu, correndo ali, como tontos de mãos dadas, no meio da praça militar. O que fazíamos ali? Mas afinal, o que fazíamos vivos no mundo? Quem nos queria?
- Mizudinie!, ouvi Foxy gritar. Vi os piratas acenando, vi as armas apontadas para minha cabeça. É tão fácil matar uma pessoa! Um tiro, dois. Gente correndo até onde estávamos.
A bandeira preta brilhando sorridente no céu.
- Somos caveiras agora, estamos mortos! - falei
- Não desista, vamos conseguir! - gritou Haccu, confundindo morte com derrota.

Sabia que tínhamos que correr para alcançar o navio, mas quanto mais fugíamos mais de nós caía e se perdia pelo chão. Gritávamos de pura fúria do mundo.
O som de explosões preencheu o céu. Os tiros cada vez mais certeiros, o som de vozes que nos perseguiam, vozes que nos queriam mortos e a embarcação de asas brancas chamando, chamando,
"Mizudinie!"

Correr para alcançar algo que escapa
"Os Piratas estão fugindo!"

Sentir a dor profunda de viver
"Vamoslogoqueroquevocêspulem!" "Pular?Impossível!" "Nãonãodá,vamosvamos!Pulem!"

Desistir.
Deixar de existir em um mundo e esquecer tudo o que era comum.
Olhos firmemente fechados.
O chão some, o chão vira o mar, o que havia na frente era só uma escolha: o navio. Pular para o navio e tentar escapar do mei-
Explosão! O mundo ruiu.

Caída no chão duro respiro a luz do dia que nasceu. A brisa impulsiona o navio para a frente, para longe do forte

"Não acabou." disse o Capitão recém-liberto. "Senhorita, você é sem dúvida corajosa. Enfrentar tudo assim e abandonar a vida. Mas ainda não acabou: eles nos perseguem e atiram e infelizmente nosso navio não está em sua excelente condição."
Sem parar, não é? Então vamos levar esta embarcação para longe daqui.
"Muito obrigado sr. pirata"
"Foi o seu plano que nos tirou de lá. Achei que não fossem escapar correndo e alcançar o navio."
- O que fomos fazer? -
"Pois escapamos, mas não sem morrer. Acho que agora não sou mais Mizudinie. Alguma coisa foi alvejada e morta ali. Alguma coisa eu. "
Mas outra parte havia sobrevivido, por um instinto violento de liberdade
"Isso é... é o mar? "
O barco cortava as ondas. Estávamos livres ao fim.
O horizonte se abria de repente em uma azulada pegunta-desafio:
"Para onde?"