quarta-feira, março 28, 2007

Começando a sonhar

.
Despertando e O Apresentar dos Signos

Mellock acordou. Foi súbito e intenso como um espasmo muscular. Depois, caiu de costas e tentou descobrir onde estava.
Primeiro sentiu o travesseiro macio adequando-se ao formato pesado de sua cabeça. Ao pensar em sua cabeça percebeu que sentia uma dor tímida porém constante na superfície interna de seu crânio, se isso fosse possível.
Inalou uma vez, tentando não se lembrar de nada. Inalou novamente, afiando sua mente, dirigindo-a para um único ponto: a névoa que a cercava.
Branca. Branca e macia. Gentil. Olhada de uma maneira especial parecia estar se movendo devagar, seguindo um fluxo invisível.
"Infinito" pensou Clara Mellock e deixou-se, aos poucos, se lembrar de mais cosias; sabia que seria muito perigoso deixar voltar tudo de uma vez. Era preciso calma enquanto seu cérebro refazia as conexões conhecidas durante uma vida inteira.
O que era certo?
Seu nome era Clara Mellock. Sua mão esquerda parecia machucada, como se tivesse batido em algo duro. Sua cabeça girava como um colorido carrossel, trazendo imagens desconexas à sua visão.
A névoa servia de anteparo para a sua imaginação: no sépia da neblina surgiu o rosto de um homem mais velho de bigodes cinzentos, uma torre e uma cadeira tão coberta de verniz brilhante que parecia ser feita de prata.
Levantou-se e olhou em volta. Desceu da pequena cama de madeira e resolveu andar um pouco para esticar os músculos doloridos. A dor que sentia podia ser transmitida por um marrom pulsante, que latejava em seu corpo cansado de continuar a seguir. Mellock aventurou-se mais além, querendo saber se a névoa podia lhe dar mais alguma pista sobre as figuras que estava vendo.
Uma mulher de cabelos azuis, um elefante vermelho, um trem que a entristecia e muitas borboletas esvoaçando.
Dentro da quase não-cor da neblina, esses signos misteriosos ofereciam uma rara oportunidade de cor, desconhecida para a paisagem mortiça de luz fraca e pálida. Que lugar seria este? Onde fora despertar?
Andou devagar e sentiu-se boba pelos movimentos que fazia com os braços, como se tentasse afastar uma cortina de neblina para passar.


Brouillard dans les rêves de Clara Mellock


Havia um manto espesso entre ela e a realidade.
Chegou até um lugar que só poderia ser descrito como clareira; era um espaço de grama verde-escura por entre a névoa; o verde era chamativo e contrastava com o seu redor sépia com uma qualidade onírica única. Ela viu, no centro desta clareira, uma mesa pequena de vidro, com um lindo conjunto de porcelana para tomar chá em cima e duas cadeiras tão cobertas de verniz brilhantes que pareciam ser feitas de prata, ao lado.
Ao ver um dos signos de seus sonhos, sentiu-se no lugar certo, apesar da nostálgica sensação de que ainda sonhava, por não conseguir pensar direito.
Sentindo-se tonta, sentou-se em uma das cadeiras belamente enfeitadas e teve a misteriosa compreensão de ter marcado algum encontro, com alguém que logo viria de além da névoa.
O desconhecido iminente assustava-a, vestido de um perigoso escarlate.

O Encontro Começa (ou Continua)

- É preciso aguentar firme e não se arrepender de conhecer o Outro - ela disse em voz alta para se sentir corajosa, como aprendera em suas aventuras. Sua voz ecoou de um modo estranho e abafado no ar diáfano. Para se distrair, tocou a porcelana pintada e serviu-se um pouco de chá. Havia duas xícaras.
Observou a fumaça do calor vindo do chá voar. Ela subia irregularmente, aos sopros, e se misturava à neblina. Tão branca que Mellock achou que poderia usá-la como pano de fundo e invocar qualquer coisa àquela clareira só com o poder da imaginação.
Enfim, uma sombra veio chegando, bem segura de seus passos. Em contraste com o branco, um senhor alto, de nariz pronunciado e bigode cinzento se aproximou da pequena mesa. Ele se tornaria um personagem importante para Clara Mellock nos dias que se seguiriam à este encontro, apesar de terrivelmente ausente.
Muito surpresa pelo súbito aparecimento, Mellock tirou as mãos do colo e levou-as à boca, sob o olhar curioso do estranho. Ele tinha esse costume: um olhar especial, capaz de atravessar barreiras e de perceber coisas escondidas por trás de camadas e camadas de mentiras. Um olhar curioso, que fazia com que tudo fosse igualmente interessante.
- Clara Mellock, eu presumo - indagou o homem sorrindo ao puxar uma cadeira, como se pedisse permissão para sentar.
Ela acenou com a cabeça, ainda atônita por ter visto um segundo signo apresentado pelos sonhos misteriosos.
Ele pegou a chaleira de cima da mesinha de vidro e virou-a devagar, para encher sua xícara - São desenhos muito bonitos - conversou, ao ver que ela admirava a porcelana pintada - Retratam a côrte do rei Kadesh. Veja como ele gostava de mostrar sua riqueza: mandou pintar seus soldados, ministros, filósofos, generais, concubinas, súditos e até pequenos elefantinhos nos pires. Não sei o que este jogo de porcelana faz aqui. Kadesh morreu no seu mundo há muito tempo, sua côrte e seu Império já nem são lembrados e tudo virou pó. Acho que só o que resta é este jogo de chá.
- No meu mundo? - perguntou Mellock - O que você quer dizer com isto?
O homem olhou-a inquisitoriamente. Tinha um sorriso no rosto, como se já soubesse o que iria acontecer e achava graça.
- Meu nome é Tom B., muito prazer. O que quero dizer com isto é... - ele parou para pensar - Você não está no mundo real agora. Não completamente. Digamos que este lugar é um caminho, uma região de transição. Se você seguir adiante chegará até Mnéias, uma floresta perigosíssima. Se voltar, estará em seu mundo, completamente acordada.
- Quer dizer que estou sonhando?
Tom balançou a cabeça sério.
- Sim e não. Temos que dispensar os termos opostos, ou encontraremos paradoxos demais. Vamos chamar isto daqui de "sonhos especial". Este lugar é regido pelas leis dos sonhos, porém duas consciências podem interagir - como fazemos agora, ao conversar - É um sonho, mas se parece com a realidade.
- Isto é muito confuso - admitiu Mellock - Você também está sonhando comigo? E nossos corpos, onde estão?
- Não se preocupe com o seu corpo, ele está seguro. Quanto a mim, moro aqui desde que existo. Você vai ver, temos uma cidade mais para frente, construída ao redor da Torre da Memória. Mas você terá que aprender sobre isto mais tarde, deixe que eles te ensinem. Vamos, por hora, nos ater ao que realmente importa: - Tom olhou ao redor, com suspeita - eu tive um sonho!
Contou como se tivesse contado um grande segredo, sorria excitado diante da nova descoberta. Como Mellock dava mostras de não ter compreendido, ele continuou:
- É que isso para nós é proibido! Nós, os habitantes da Terra dos Sonhos, esta encruzilhada nebulosa, não podemos sonhar, é impossível conseguirmos. Mas um dia me aconteceu! - ele tentava animá-la, se diverta gesticulando - Eu resolvi entender o que tinha me acontecido, a razão de ter sonhado se não podia. Por isso entrei em Mnéias, outra coisa proibida. Sabe o que acontece com aqueles que entram na floresta de Mnéias? São devorados. Por isso nunca entramos lá. Mas eu tinha que ir, você entende? Tinha que buscar meus sonhos perdidos, aqueles que me fora interdito sonhar.
Como o velho Tom pausou sua narrativa para beber chá e observá-la com olhos de gavião, Mellock achou educado perguntar algo e terminar com esse silêncio cinzento:
- E o senhor encontrou seus sonhos?
- Sim, encontrei. E exatamente como você me disse que iria encontrá-los.
- Como eu lhe disse?
- Vejo que você ainda não se lembra. Sendo assim, está tudo certo. Tenho que te dizer que quando entrei em Mnéias - e, veja bem, não fui devorado; entrei e saí - encontrei também o grande Paopolus. Acho que você poderia chamá-lo de kassim, ou deus, da mente humana.
Tom B. olhou-a sorridente, mas sem conseguir esconder em seu olhar um brilho de séria sagacidade.
- E ele me pediu para vir aqui, nesta mesa de chá, e dizer a você, Clara Mellock, que você é agora a Escolhida.
A névoa exalou-se devagar. A mesma névoa que, se olhada de uma maneira especial, parecia estar se movendo.
- Você entendeu tudo Escolhida?
- Não, eu não...
- Sim, sim! Escute bem Clara Mellock, não feche sua mente agora: o Dicionário Botânico, é ali que está. Nosso tempo está acabando, mas eu gostaria de agradecer a você porque agora tenho a resposta para minha pergunta, e acho que isto será importante para Madalena também. Você deve prestar atenção agora: no Dicionário Botânico e também nos sonhos perdidos...
- Não entendo o que está acontecendo - assustou-se Mellock, suas mãos tremendo - Acabei de chegar aqui, não sei que lugar é este ou quem é você?
- Tudo ao seu tempo - disse Tom segurando suas mãos enquanto a névoa o cobria inexorável, devorando as poucas cores que tinham sobrado no mundo - Preciso te pedir um favor, uma missão: ajude-me Escolhida. Ajude-me a encontrar o que eu sei agora. Por favor, você precisa ser forte. Minha cara, há tanto para dizermos, mas o próprio Paopolus me avisou que não existiria tempo, e que certos elementos você teria que descobrir sozinha. Então, prometa-me que me ajudará a procurar.
- Eu prometo - disse Mellock, sem saber em que bruma entrava, em que tipo de segredo teria que se basear e onde procurar o que nem sabia. Mas antes que pudesse dizer algo mais ao velho Tom B., uma luz brancoamarela-e-pouco-preta brilhou e apagou em sua mente, fazendo tudo sumir.
De repente o preto, onde nada mais havia. Ela navegou no escuro e no vazio, deixando-se cair no receptáculo do vácuo.

* * *

Outro Despertar, muito mais Assustador


Mellock acordou. Foi súbito e intenso como um espasmo muscular. Depois, caiu de costas e tentou descobrir onde estava.
Primeiro sentiu o travesseiro macio adequando-se ao formato denso de sua cabeça. Ao pensar em sua cabeça percebeu que sentia uma dor tímida porém constante na superfície interna de seu crânio, se isso fosse possível.
Inalou uma vez, tentando não se lembrar de nada. Inalou duas vezes, com a certeza de que havia algo a ser lembrado, porém não agora. Inalou pela terceira vez, afiando sua mente, dirigindo-a para um único ponto concreto: a névoa que a cercava.
Branca. Branca e macia. Olhada de uma maneira especial parecia estar se movendo devagar, seguindo um fluxo invisível.
"Repetição" pensou Clara Mellock e deixou-se, aos poucos, se lembrar de mais cosias; sabia que seria muito perigoso deixar voltar tudo de uma vez. Era preciso calma enquanto seu cérebro refazia as conexões conhecidas durante uma existência inteira.
O que ainda estava certo?
Seu nome era Clara Mellock. Sua mão esquerda parecia dolorida, como se tivesse dormido sobre ela a noite inteira. Sua cabeça girava como um barulhento carrossel, trazendo vozes desconhecidas ao seu pensamento.
à distência:
- Mais mel para os elefantes reais.
um pouco mais perto:
- Cinco garças voam, contemplando seu lindo cabelo real.
quase audível:
- Vamos à alta torre onde os sapos cantam?
Agora os sons se tornavam mais coerentes, e uma conversa chegou até o lugar onde Mellock estava deitada, só escutando.
- Ela vai ter que ficar aqui. É só o que temos, nunca construímos uma prisão.
- Nunca precisamos de uma, isto é certo!
- Quando menos esperávamos algo aconteceu. Quem diria?
- E onde deixaremos os outros forasteiros enquanto não acordam?
- Vai ter que ser aqui também. E se um deles for... vocês sabem, se ele... Aí teremos que construir um prédio novo.
- Mas quem diria, nós que nunca precisamos!
- Madalena saberá o que fazer. Ela conhece bem forasteiros.
Cuidado, nada de pular para conclusões quando ainda não se tem as perguntas certas. Mellock acaba de ser feita Escolhida, a história apenas começa - vamos seguir com cuidado as pistas antes de tentar decifrar o enigma. Vamos criar um enigma antes de decifrar. Por hora só temos poucos signos para nos ajudar: um elefante, um homem chamado Tom de bigode cinzento e uma cadeira (ou duas) tão coberta(s) de verniz que parece(m) ser feita(s) de prata. Outros signos se apresentarão em breve. Vamos escutar o que as vozes tem a dizer (dessa vez, as vozes vêm de muito perto, de um ambiente seguro e conhecido dentro do sonho):
- É Mellock! Eles a trouxeram também. Está dormindo como Myshba e Haccu.
- Espero que nos tirem logo daqui; falam que haverá um Tribunal. Queria saber que lugar tenebroso é este.
- Estamos sonhando?
- Acho que estamos. Mas como duas pessoas podem sonhar juntas?
- Tenho consciência de que sou Karyn e estou certa de que existo; você também se sente assim?
- Me sinto. Mas você pode ser um sonho que diz isso para me confundir. Como ter certeza?
Mellock se levantou devagar ao ouvir a frase e algo, no fundo da memória, ecoou.
Era o começo do seu sonho.


Mais bruma para a vida da cansada leitora


Uma pequena borboleta pousou no vidro do quarto onde estava. Karyne e Neyleen, acordadas, conversavam. Myshba e Haccu dormiam. Clara Mellock pousou a mão sobre o vidro, no ponto exato em que - do outro lado da superfície transparente - estava a asa violeta da borboleta. As duas conversaram sem palavras, prevendo-se futuros cheios de distúrbios e sonhos enigmáticos.
Já velha, Mellock nunca imaginara aventurar-se. Sonhou e desejou e pediu a vida inteira. Porque agora, que se preparava para o mistério maior da morte, era atendida? Sentiu um enorme cansaço pela vida, mas uma inércia maior a afastava do sono profundo. Sempre quis estar aqui, contra uma janela incolor, não-tocando uma borboleta cálida.
No entanto, mesmo agora, não estava.
De tanto ler, sua cabeça estava sempre em algum outro lugar. Entendia demais, por isso os caminhos nunca eram percorridos: sabia o que a esperava. Sabia sempre de tudo. Poderia, muito inteligentemente, adivinhar o que lhe aconteceria como Escolhida, que lições deveria aprender; desejava então a ignorância da jornada inocente, a pureza dos que não sabem que existem caminhos. Um pouco mais de aventura-sem-saber, sempre desejava Clara Mellock.
Então, deve ter sido para compensar que Paopulos deu-lhe uma jornada com tanta bruma e borboletas.

A renúncia e o peso

"Here the man of creative imagination pays a ghastly price for all his superiorities and immunities. It is the particular penalty of those who search for strange buterflies into dark forests or go fishing in enchanted and forbidden streams."
Mencken

"Gide disse que o diabo desta vida é que entre cem caminhos, temos que escolher apenas um e viver com a nostalgia dos outros noventa e nove. Pois bem: a literatura é como se você tivesse de renunciar a todos os cem - Escrever é renunciar."
Fernando Sabino

"Cedo demais em minha vida ficou tarde demais"
A velha que era Trachimbrod

"Acho que agora entendo esse sentimento que me oprime a alma. É ao mesmo tempo fonte secreta dos sonhos e esperanças e peso doloroso que não me faz conhecer certeza do meu lugar. Esse é o sentimento sem nome de todas as vidas que não posso viver."
Mellock

terça-feira, março 27, 2007

Você é Determinado assim?

Não acho que exista no mundo um ser mais determinado do que um capanga. É o tipo de cara que enfrenta de cabeça, super confiante em suas habilidades, o maior guerreiro do mundo. E pelo quê? Pelo chefe, pelo vilão. Ser capanga é ter a maior das convicções de que o vilão vai ganhar e dominar o mundo, e de que isso vai ser bom (apesar de nenhum dos inimigos que eu conheço ter esboçado algum plano em relação aos capangas após a cnquista mundial - olha só que egoísmo).
Ser um bom capanga não é para qualquer um. É preciso ter a loucura de entrar em uma sala onde um lutador de kung fu já derrotou todos os seus companheiros de maneiras dolorosas e terríveis, fazendo-os cair no chão e gemer, e mesmo assim partir pra cima dele.

segunda-feira, março 19, 2007

O Silêncio de Penélope

Corri colina abaixo, no centro do escuro. Havia pouco em mim do mundo que abandonava depois de tanto tempo. As lembranças de minha estadia naquela pequena cidade me escapavam velozes: primeiro subiam por minha nuca em um arrepio nostalgico, para deslizarem pela minha cabeça e chegarem aos longos fios de cabelo de onde elas voavam em direção ao céu noturno; meus cabelos balançavam expulsando lembranças enquanto corria, matando um passado ao deixar a colina.
Era como se. . .
Certas coisas foram parando de funcionar. As palavras cresceram tanto e me cobriram como uma selva impenetrável que eu as perdi. Quando vi as máquinas de guerra cercarem a cidade, todas as sombras gritaram ao mesmo tempo. Eram tantas palavras e memória sendo jogadas velozmente de um lado a outro que ficou impossível sequer pensar.
Pouco, tão pouco tempo depois, os foliões que celebravam a Noite de São Bartolomeu perceberam que a guerra chegara às suas casas e que havia um ódio intenso por trás das ações humanas.
Procurei minha voz e tentei dilacerar o medo e a inundação de palavras que nada diziam; atravessei a selva impenetrável com a firme resolução de que estava ali. Epolenep nos viu morrer.
Corri pela rua tentando encontrar algum modo de gritar minha presença, de acender uma chama sinalizadora para indicar a localização de vidas.
"Estamos aqui! Não nos matem, estamos aqui."
Sark reapareceu atrás de mim e abriu com um empurrão a porta da casa de senhorita Cassandra.
Estavam todos ali. Senhor Marco em uma cadeira perto da porta, fumando nervosamente seu cachimbo. As cinco mulheres pálidas semi-ocultas pelas sombras da casa escura lá no fundo.
- Vamos - ordenei-lhes, puxando cuidadosa senhorita Cassandra pelo braço - Temos que sair daqui.
Sark guiou senhor Marco até a porta antes que esse pudesse argumentar ou reclamar.
- Cassandra está grávida - avisei meu amrido - Se pudermos informar os homens que atacam eles a deixariam passar.
Susto. Impossível. Foi o que me disse sua sombra.
"Estamos aqui. Uma mulher e um bebê no mesmo corpo, não nos matem."
- A guerra perdeu sua humanidade há muito tempo - disse Henry - Vão nos amtar a todos, meticulosamente e sem distinção, porque estamos em seu caminho.
Como se. . .
Enfim,
a noite
Alguns cacos de vidro voaram na primeira explosão. Quando uns poucos, que somente
buscavam
Eu busco. Eu, Penélope Noite. Eu escolhida. Eu que deveria salvar a todos, mas os condenei.
Me lembro de uma coisa bem bonita: ao se sentar na carroça que os levaria escondidos para a segurança, a senhorita Cassandra disse Fernanda e todos entendemos que naquele momento ela escolhera o nome de sua filha.
Que haveria de sobreviver e crescer e ser feliz.
Ou foi o que eu vi no centro daquele labirinto selvagem de palavras demais.
As primeiras explosões foram de aviso, como se quisessem nos informar do acontecimento funesto por sobre o pipocar dos fogos-de-artifício da já extinta festa de São Bartolomeu. Mascarados corriam pela rua e o fogo começou.
Começou!
Vi a carroça partir com tristeza. Senhorita Cassandra e senhor Marco foram embora de minha vida naquela noite. Sumindo aos poquinhos na escuridão que cercava a cidadezinha.
Ali, no Coração das Trevas, um buraco se fazia. Ele antes era uma pequena cidade, um lugar onde pessoas tinham expectativas, conversavam, se odiavam, se vangloriavam, não entendiam, namoravam, coziam e observavam coelhos. Agora era só vazio. Todas as palavras que nunca mais seriam usadas voando pelo ar como um brasa brilhante que sobe no ar quente e entupindo meus ouvidos de pensamentos que eu não podia pensar.
E se. . .
E se eu estivesse gastando o meu estoque de palavras que estavam guardadas para eu usar durante toda a minha vida? Me atormentava o silêncio final.
Senti-me ao lado de Sark, no alto da colina.
- Estou exausta. Não vou conseguir fugir.
- Se eu distrair as máquinas de guerra você pode escapar. Ainda tenho minha autoridade da patente da Torre Negra, eles vão me ouvir.
Um som fundo e constante. Era assim que elas funcionavam.
- Não quero que você morra para me salvar. Se você se for eu ficarei sozinha para sempre, porque mais ninguém é como você Henry Sark, capaz de me entender.
(Eu estava certa.)
- Eu prometo que voltaremos a nos encontrar. Você me promete que irá fugir, aconteça o que acontecer, e sobreviver? Se você estiver viva eu irei ao seu encontro, e vou me lembrar para sempre de tudo o que aconteceu entre nós.
(E ele estava errado.)
Mas eu ainda não sabia. Pensei que poderíamos ter ainda outra tentativa, que quando Pátroclo apareceu ainda tínhamos alguma chance.
Sark conversou com Pátroclo rapidamente. Deu-lhe instruções de me levar a algum lugar, de cuidar de mim e de nunca fazer-me mal.
Eu iria, outra vez, ser exilada do mundo.
Mas esta noite era diferente da outra noite, essa noite era a última entre eu e Henry, e a mais apaixonada.
Debaixo da árvore, depois que Pátroclo correu para atrasar as máquinas de guerra, Sark disse que me amava. E isso, apesar de tudo o que aconteceu e acontecerá, era verdade. Eu sabia que era verdade, pois não eram apenas seus lábios que falaram, mas a noite em volta, a árvore, a colina, a família de coelhos, os patos listrados, o corvo solitário e tudo o mais que eu nunca veria novamente.
Nossas palavras se soltaram e cruzamos nossas vidas.
- Meu destino é seu destino.
- Minha dor e alegria é sua dor e alegria.

- Nossa sombra.



Conversa de Amor
(sem falar)
(porque o mundo acabava ali)
Vínhamos da fronteira final como quem busca um simples

Era azul com um fundo de verdade, nossa casa, esboçado pelo

Onde estavam as palavras, me perguntei? No fundo
de um longo abismo, ele respondeu.

e sorri, porque não podia
Era engraçado, era engraçado mesmo. E foi assim que começou.
Mas por que nós? Se
de noite as aves
- terminavam os encontros, quando os bancos da praça ficavam escuros e tudo em volta ia

Tão simples!

Um talher que brilhava
e eu me lembro de quando caiu
pois todas as




Minha vida
Comecei do começo, de onde me lembro. Por que sou definida pela memória que tenho de mim, do que acho que sou.
só quando vi seus olhos
, burburinho alheio
sua ironia, seu vexame

E quando morreu

Vontade, baboseira
Era como se. . .

e, portanto, perfeito.
Somente com
Tenho certeza apenas nas palavras. Um grande vazio se abateu






fruta



vergonha


"Estamos aqui"


Terminar o seu
galhos das árvores. Cruel e feroz em seus balanços e ondulações. Tudo isso eu
em seus
olhos tenros

"Penélope" ele disse. Soltou o lápis e
cacos e cacos de vidro! Uma chuva de

as lâminas despedaçadas que nunca mais





espelho do meu amor

Ah, Henry Sark, eu. . .


















"Estamos aqui. Não nos matem, estamos aqui."





Essa era









































































Colocamos nossas iniciais no final da carta, como se ainda quiséssemos dizer algo:




P. S.
















sábado, março 17, 2007

Teste: que personagem de One Piece você seria?

1) Qual é a sua cor favorita?

- Vermelho -1
- Azul -5
- Laranja -3
- Verde -2
- Rosa -6
- Roxo -7
- Amarelo -4

2) Alguém te pede um favor trabalhoso. Como você responde?

- Claro! Vou ajudar no que puder -6
- zzzzz.... -2
- Ahh, eu tenho uma doença rara que me impede de te ajudar agora... -4
- Siiim, meu amoooor!!! (se "alguém" for do sexo oposto) -5
- Já terminei (e "alguém" vê que várias mãozinhas já terminaram o trabalho) -7
- Hum... você paga quanto? -3
- Não quero. -1

3) Para qual lugar você quer ir agora?

- Ilha da Caaaarne!!! -1
- Hã.. sei lá, vai ter alguém forte para eu derrotar? -2
- Para a ilha do Tesouro (de preferência nada perigoso) -3
- Qualquer lugar! O mar é tão grande e incrível! -6
- Para a Ilha das Garotas (eu sei que isso existe!!!) -5
- Hum... sei lá. Tenho certeza de que vai ser interessante. -7
- Para uma ilha sem monstros e com um monte de sucata. -4

4) Ok, e se você encontrar um perigoso assassino na sua frente. O que você faz?

- Vou para o mais longe possível!!! -4
- Hum... ele está me desafiando! -2
- Soco ele. -1
- Me escondo e espero ele ir embora. Nada de arranjar confusão!-3
- Me escondo e fico olhando assustado! (totalmente visível) -6
- Olho com interesse. Acho que algo vai acontecer. -7
- Se ele não estiver incomodando ninguém, nada. -5

5) Ok, depois de uma batalha vencida, o que você faz?

- Ignoro toda a medicina e vou dormir para me curar. -2
- Como por cinquenta pessoas. -1
- Hum... ele não vai mais precisar do dinheiro, né? ^^ -3
- Acendo um cigarro e vou relaxar... -5
- Uh! Vou contar para todo mundo sobre como sou um grande herói! -4
- Estou surpreso por ter vencido! Será que os outros estão bem? -6
- Ah, vou descansar um pouco. -7


Respostas (acho que nem precisava)

Mais 1 = Ruffy!!!
Mais 2 = Zoro...
Mais 3 = Nami ^^
Mais 4 = Usopp!
Mais 5 = Sanji.
Mais 6 = Chopper,
Mais 7 = Robin.


É isso aí! Três posts novos, todos nessa página!
Aproveitem.

Imagine uma Biblioteca



Fren e Mellock sentaram-se juntos, lado a lado, de frente para uma das janelas fechadas. Por todos os lados só se via comoção, agitamento, conversas e aparências preocupadas.
Todo o Relógio se mexia. Mas sera? Por outro lado? E se? O tempo parecia ter voltado, concentrado em seus trâmites piramidais complicadíssimos.
Enquanto isso, desinteressados de todo, em um canto qualquer - voltados para uma janela fechada, como se disse - sentaram-se calmas duas pessoas. Um senhora e uma senhora, respeitáveis. Um cientista por excelênica e uma leitora por amor.
Gostariam de estar em outro lugar? Sim. Agora mesmo já usavam a sua imaginação para criarem uma - ou melhor, várias, uma série de - bibliotecas.
- Imagine uma biblioteca que flutua por sobre o mar - disse Fren - Que se move ao sabor das águas.
- Mas os livros não vão molhar? - perguntou Mellock.
- Não, pois cada um deles é protegido por uma redoma de vidro. Assim, mesmo se durante uma tempestade acontecer de um dos livros cair na água ele será levado, intacto, até alguma praia distante pelo mar.
- Acho que é assim que funciona a biblioteca flutuante - descobriu Mellock - Seus livros são levados às pessoas pelo mar. Tem algo de predestinação nisso: nunca somos nós que escolhemos os livros; são eles que chegam até nós, protegidos pelo vidro da redoma. Um vidro feito na cidade de Veneza - ela sonhou - Porque é daí que vem a biblioteca: originalmente ela era uma parte do Palácio dos Doges, mas, com medo que o mar subisse e molhasse seus livros, um do doges tomou a única saída sensata...
- ... criou uma bilbioteca que flutuasse. Assim, - continuou Fren - mesmo que o mar subisse, seus livros estariam protegidos, pois iriam acompanhar as ondas. O único problema para o tal doge era que o mar acabou levando sua bilbioteca embora, e hoje ela percorre o mundo com seus livros em redomas.
- Hoje em dia, o bisneto do bisneto do bisneto daquele doge, passa os dias nas praias, pescando livros que foram levados por tempestades. Quando uma pessoa encontra um livro assim na praia, sabe imediatamente a sua precedência: a Biblioteca Flutuante. O problema é encontrar algum modo de devolver!
Os dois se olharam, com um certo brilho divertido nos olhos cansados. Estavam ainda escutando a balbúrdia a sua volta?
- Imagine uma biblioteca em um vulcão - disse Fren - O seu encarregado, um rapaz valente, tem que resfriá-la o tempo todo para que os livros não se desmanchem. Para isso ele usa seu amigo, um hipopótamo-da-neve que pode soprar neve e proteger os volumes do fogo.
- E durante as erupções?
- Eles escondem todos os livros em uma câmara anti-erupção, feita de um metal resistente à lava, assim que o vulcão começa a chacoalhar.
- Parece trabalhoso. Por que teriam uma biblioteca em um vulcão?
- Porque... - hesitou Fren - lá fora existem corvos devoradores de papel. E existem livros que só podem ser lidos próximos ao calor do magma, por causa das suas letras mágicas.
- Então que tal uma biblioteca que fica no céu, sem nunca descer? Lá em cima o inventor da máquina de vôo joga seus livros para o chão, usando pequenos pára-quedas, é claro.
- Mas ele estaria perdendo seus livros!
- Sim, mas isso não importa. Ele tinha livros demais em sua casa. Tantos que os usava no lugar de móveis: tinha uma cama-de-livros, uma mesa-de-livros ao lado de cadeiras-de-livros e armários-de-livros. O que o inventor quer é espalhá-los.
- Que tal... - Fren sugeriu - Uma biblioteca de um sábio chinês?
- Ou uma em que os livros são borboletas.
- Exatamente. O sábio chinês construiu um canteiro de flores gigantesco! É essa a sua biblioteca: com as flores ele atrai milhares e milhares de borboletas, que são os livros. Imagine elas voando por todo canto.
- Cada asa é uma página - Imaginou Mellock - Assim, o sábio espera as borboletas pousarem em seu braço para lê-las. Na cidade vizinha, todos fazem o mesmo: colocam muitas flores em todo lugar, para sempre poder ler o que as borboletas tem nas asas quando elas pousam para beber néctar. É a cidade mais florida do mundo! Sem falar na biblioteca mais colorida de todas.
- Se você quiser ler um livro de aventura, basta pôr uma flor vermelha na poltrona que uma borboleta escarlate pousará ao seu lado; um livro de mistério é uma borboleta preta, atraída por uma flor escura - e assim por diante.
- Seria uma cidade animada. Todos procurariam páginas de histórias que sairam voando por aí.
- E uma biblioteca zen, como seria? - perguntou Fren.
- Seria apenas um monge silencioso contra uma parede branca de frente para um único livro...
- ... cujas páginas seriam sempre levadas pelo vento...
- ... e todos os dias, pacientemente, o monge as recolhe e coloca no chão, folha a folha, página ao lado de página, só para o vento espalhar tudo de novo!
- O vento sempre carrega as folhas para longe, brinca com elas, as rodopia até o teto! E atrás vai o monge, em seu trabalho sem fim.
- E se a biblioteca fosse uma árvore? Ou uma floresta inteira. Cada árvore é um tema, uma história diferente.
- Cada galho é um capítulo.
- E cada folha é uma letra.
- Ou uma palavra.
- E quando chega o outono as palavras caem aleatóriamente, e um outro monge paciente as recolhe e tenta assim recriar em ordem a história da árvore.
- Imagine um biblioteca no fundo do mar, em que, ao invés de livros, temos conchas, com pequenas manchas formando notas musicais e partituras. Cada concha seria uma canção, e todas estariam guardadas no leito do mar.
- Como seria uma biblioteca de tigres?
- Teriam coelhos nas estantes, para eles comerem...
- Terrível. E se sempre que um tigre caçasse e apanhasse um coelho, este teria que contar uma história em troca da própria vida.
- Seria parte da evolução. O coelho que fosse o melhor contador sobreviveria.
- Como Sherazade: narrar para viver.
- Até hoje, toda vez que alguém captura um coelho ele conta uma história em troca da liberdade. Existe um homem que sai pelo mundo caçando coelhos, em busca da melhor história. Ele os ouve exercendo uma arte ancestral que tiveram que aprender para escapar dos tigres.
- Imagine o livro do Destino - disse Fren - escondido na Torre dos Anjos, no pátio central onde nenhum homem pode pisar, que conta o que aconteceu, o que está acontecendo e o que acontecerá!
- Não dá para escapar? - perguntou Mellcok.
- Você pode fazer o que quiser, pode mudar o seu futuro, mas o Livro mudará também. Dizem que você pode, inclusive, usar um lápis para alterar o que quiser: passado ou futuro.
- Seria o Livro mais cobiçado do mundo!
- É por isso que ele é guardado pelos Anjos, que não tem ambições como os homens.
- Imagine uma biblioteca feita de areia. cada grão é uma letra. Você pode pegá-los e escrever alguma coisa. Dizem que tudo o que for escrito neste local de areia mágica se torna real em alguma parte do deserto.
- Seria uma biblioteca tão cobiçada quanto o livro do Destino. A menos que as Leis da Areia dizem que você não pode criar algo que beneficiará a você mesmo, ou que, paralelamente, cause algo ruim para alguém se, com isto, você se beneficiar. Não funcionarão nem acordos como "eu escrevo para você e você escreve para mim".
- Assim você vai iniciar histórias que serão reais em alguma outra parte do deserto. Histórias que somente outros poderão terminar.
- Imagine uma biblioteca que fosse uma mina.
- Feita de pedra-papel? - disse Mellcok - Que você teria que extrair das paredes subterrâneas com muito cuidado; porque a pedra-papel tem várias camadas, várias páginas. O trabalho dos mineiros seria baseado na maior cautela, para separar as páginas direitinho e com isto obter um livro de pedra.
- Imagina uma biblioteca cujos livros só podem ser lidos à noite...
-... Porque as letras são vagalumes!
- Que pousam lá atraídos pela tinta invisível que permeia os livros de segredos. É uma biblioteca só de livros invisíveis...
- ...Que, portanto, só podem ser lidos quando os pequenos insetos pousam sobre a tinta e formam as letras. Mas teria que ser um livro grande...
- ... sim, eles têm grandes páginas e uma grande fonte, para podermos diferenciar as letras formadas de vagalumes.
- É um pouco como a biblioteca de borboletas, só que mais brilhante.
- E quem escreve nas borboletas? Elas nascem assim?
- É o velho. O velho sábio chinês plantou aquelas flores e passa o dia todo escrevendo nas borboletas que chegam até o seu campo. Assim ele pode espalhar as histórias por onde quer que existam flores.

Era uma vez Fren e Mellock. Era uma vez você e eu. Paramos um dia para inventar bibliotecas e sonhar. Agora eu percebo que não posso parar, as histórias são maiores do que nós. Vamos aproveitar essa estrada e sorrir juntos. Então, Imagine uma Biblitoeca...

terça-feira, março 13, 2007

A pegada de Penélope

Vi-o e, com isso, compreendi o fim da cidade. Foi uma visão tão lúcida, tão real, que quase chorei por tudo o que ainda não havia acontecido.
Ele subia a colina mancando, de passos tortos e tristes. Seu cabelo parecia diferente, cortado ao estilo militar usado na Torre. Seus olhos fundos traíam cansaço infinito. Sua alma inteira me gritava algo que ainda não podia caber em palavras.
Ele não havia me visto, por isso permaneci petrificada onde estava e senti a presença invisível atrás de mim que sabia ser da antevisão do fogo que queimaria as casas e devoraria as árvores. A chegada do viajante parecia confirmar o fim. As tochas de São Bartolomeu dançavam tontas, imunes aos presságios que parecia se encaminhar para a realização.
- Sark! consegui gritar por entre os obstáculos de minha própria garganta fechada.
Ele me olhou com medo. Sua sombra me falou a palavra amor e a miha devolveu com a palavra esperança; percebi neste instante que não havia perdido a capacidade de entender a linguagem das sombras e sorri, porque neste mesmo instante o universo era aberto e eu estava em seu centro. Nos braços afoitos de Sark eu estaria sempre no centro, vendo coroarem as idéias e voarem os pássaros migratórios.
- Vamos - ele falou. Estão vindo logo atrás de mim, temos que fugir mais uma vez.
- Você parece mais velho... e mais sábio também Henry Sark.
Ele suspirou a seu modo, como fazia quando me reprovava uma atitude fútil. De minha parte, eu sabia que não estava perdendo tempo, porque sabia simplesmente que não havia tempo algum. Eu havia visto o Juízo Final e sabia que de nada nos servia correr agora, principalmente porque...
- Eu tenho que avisar senhora Cassandra - falei - E o senhor Marco. É bom que eles fujam também.
- Não há tempo meu amor, eles sabem de tudo e vem atrás de você! Eles descobriram, vamos fugir!
- Agora, mais do que nunca, sinto-me aberta. Você não entenderia isso; não passou esse tempo todo esperando.
- Eu esperava também! Esperava por um tempo em que pudéssemos viver juntos. Você não tem idéia do que fiz para enganar Ganz e todos da Torre! Não me diga que foi fácil para mim só porque estava na estrada. Era escuro e cansativo andar pelo mundo sabendo que nenhum dos caminhos era você.
- Eu sei que agora eles sabem quem sou. E que estão vindo. Eu vi.
Ele me olhou profundo. Me disse que nunca havia tirado da cabeça uma mulher chamada Penélope e que morreria por ela agora que tudo estava descoberto.
- Antes eu teria dito que queria poder ficar aqui com vcoê para sempre - contei-lhe - Mas agora quero ser o que finalmente tenho liberdade de ser: a missão de uma escolhida é salvar os outros, quero salvar Cassandra e Marco, e quem mais puder.
- As máquinas de destruição estão vindo aí. Ninguém vai sobreviver.
- Qual fim buscamos?
- Buscamos um final feliz.
- Eu busco um final livre. E, afinal, ser livre é ser feliz? Ou a liberdade nos tira a possibilidade de felicidade?
- Se sobrevivermos a essa noite seremos os dois. Já sou considerado um traidor e expulso da Torre. Você é uma inimiga a ser destruída. Não temos mais lugar nenhum para pertencer.
- Isso não é ser livre.
- Também não é morrer desonradamente. Podemos ir embora agora?
A colina suspirava noite; os ecos da festa que acabaria em tragédia soando no fundo.
- Se temos que fugir não estou fazendo o que escolhi. Então, só para vencê-los, quero fazer o que eu escolho fazer: quero salvar as pessoas da aldeia.
O rugido das máquinas gigantescas começou a soar no horizonte. A qualquer momento, a qualquer instante. . .

segunda-feira, março 12, 2007

História

Sinto que quanto mais aulas eu tenho na faculdade, mais eu vou chegando perto da mesma conclusão: eu não sei nada de História. Talvez esse seja o objetivo do curso, sei lá. Porque a cada aula os professores vão desmontando e desconstruindo conceitos que eu sempre tive.
Por exemplo? Outro dia mesmo, sabe o que eu aprendi? Que não existe Idade Média. Simples assim. Quer dizer, é como se alguém chegasse e me dissesse que os incas nunca existiram! Peraí... isso aconteceu também!!!
Estou aprendendo a não ter aprendido. Acho que isso é parte do ofício do historiador: passar ao largo de todos os conceitos que a sociedade atual criou sobre o passado.
Essa faculdade não respeita nenhuma Weltaunschaungg...

domingo, março 11, 2007

Novos Prêmios

É, eu sei que acabou de acontecer, mas... Eu queria mostrar uma coisa engraçada que eu encontrei relendo um post do blog.
Prêmios para mim e para a Clara (somos demais, fala a verdade!) pelo seguinte diálogo:

Milla disse:
....o Sark não era da Clara...?
[Ela tinha acabado de ler um texto com o Sark e estranhou, por pensar que ele era um personagem da Clarinha e não meu]

Bibi Luloo - a membro nº1 do fã-clube do Sark disse:
Não! Ele é meu!

Pioux! (querendo que caiam) disse:
Cai cai cai cai *fazendo torcida*

Charles disse:
Ei!! Não, fica aí em cima! Fica aí em cima! *torcida contrária*

Clara irritada disse(?):
*soca a cabeça do charles*

Charles contrariado disse(?):
*chuta a canela da Clara*

Clara disse:
*eskiva* huhuhu mhuahauhauhauhu
gyahauhaua
buoHAUHAU
ginhauhauahua
kuauauauauuaa


Como vocês podem ver, eu sempre ganho da Clara...
POF!
(golpe vindo do além)

Hum... Coisas

Muitos posts novos, eu sei. Leiam todos.
Estão aí embaixo, eu coloquei todos na página principal para facilitar a vida. Mas quem estou enganando? Vocês não se importam com isso. De volta ao trabalho!

Exdruxulias históricas

Minha professora de antigüidade me disse que o Pantheon (sabe aquele, o grego, com as colunas branquinhas de mármore?) era na verdade ao estilo magueira: pintado de verde e rosa.

Comparações

E o meu professor de idade média? Ele queria explicar o conceito alemão de comunidade germânica e usou de exemplo... Os Smurfs. Que viviam felizes em sua comunidade sem exploração e que a única autoridade era o mais velho e mais sábio ( Papai Smurf).
Ok professor, vamos tentar outros exemplos da próxima vez...

Sonho

Tive um sonho, ou seria mais um pesadelo?, que foi extremamente esquisito. Sonhei que o Moçambique não ficava no lugar do Moçambique, e sim no norte da África! E o país que eu achava que era o Moçambique era na verdade outro completamente diferente, por isso estive esse tempo todo lendo Mia Couto errado!

sexta-feira, março 09, 2007

Com vocês, o deus-trovão japonês

Aqueles tambores nas costas não lembram ninguém?


Diz a lenda que batucando os tambores nas suas costas, o deus fazia o barulho do trovão. Imagina que divertido ter os poderes da natureza à disposição de um instrumento musical...

segunda-feira, março 05, 2007

Hã? Achou que se veria livre deles?!


Eu tentei escondê-los em um armário escuro no fundo de um porão. Eu tentei picá-los em pedacinhos e jogar ao fogo, para que nunca mais me atormentassem, mas, como aquelas vassouras do filme Fantasia, eles voltam e voltam toda vez. É sempre assim! A cada post que eu coloco ingênuamente no blog, surgem inúmeros comentários incompreensíveis, malucos ou simplesmente esquisitos!
Não dá para evitar. Eles estão aqui, entre nós!
Voltaram...





Os Prêmios!!!

Com vocês, a minha querida mão direita!



Ikky: É isso aí!! Ganhei voz para poder apresentar à vocês as suas próprias loucuras. Não é legal? Ikky!
Público: Wu~huuu! Adoramos saber o quão malucos nós somos!!
Ikky: Então vocês chegaram ao lugar certo. Nesta edição dos prêmios teremos tantas coisas subvertidas e tornadas malucas que vocês vão desejar nunca ter aprendido a falar!

Mas, chega de enrolação! Vamos à primeira Ikky! Desculpe, à primeira categoria :

Prêmio "Definiu o ofício do historiador"

Lobz disse:
Fantástico ^^ Estranha a sensação de ser apresentada a um povo extinto...

Ikky: Estranhão, né? E quando eles dizem: venham, entrem e se sentem nas cadeiras; quer um chá extinto? Melhor não conhecer gente extinta...
Público: Haaaaan???
Ikky: Era uma piada de alto nível... Não esperava que tivessem entendido. Humor britânico. Hum!
Público: E qual é a próxima categoria, por favor?
Ikky: Ah sim, agora nós temos :

Prêmio "Adivinha quem escapou do manicômio?"

Milla disse:
Que muito legal!!!! Bom, agora vou revelar a vocês meu grande segredo...
Preparados? Aqui vai:
eu sou descendente dos chachapoyas!!!é isso aí!, por isso sou conhecida pela minha natureza de grande guerreira e pela minha beleza característica desse povo!!! HUAHUAHUA temam meu poder!!!

Ikky: Rápido! Um Ikky! Digo, um médico!! Chamem o manicômio que a moça doida tá solta! Vamos ver se escapamos dela na próxima categoria....


Prêmio "Ai, trocadilho!"

Pioux disse:
Agora você tem que criar um blog chamado: fora de hinée!

Ikky: T~d~dum-dum~tchhh!!! Mas sabe o que foi mais infame? O vencedor da categoria :

Prêmio "Juuura?"

Ugo disse, depois de ver a foto de um mar, um mapa e um navio antigo:
Hum... Essas coisas me lembram piratas.... na sei porque...


Público: Ohhh! É mesmooo??
Ikky: Que coisa, barcos e mar me lembra forno de microondas. Será que sou Ikky? Ops, digo, louca! Será que sou louca? Mas vamos ver na próxima categoria aqueles que são mais loucos do que eu...

Prêmio "É, você escolheu a melhor faculdade"

Utak disse:
As minhas aulas ja começaram e já perderam a cor v.v
Elas dão sono õ.õ... qual é o tuque pra ficar acordado?

Artur disse:
Ter aulas em que é IMPOSSÍVEL dormir (porque você está dançando ou pulando ou algo assim...)

Ikky: Realmente, como responder a uma pergunta assim?? Mas agora, prestem atenção, estreando uma categoria nova, a grande vencedora deste mês (ok, desses meses) :


Prêmio "Juro que foi isso que ela escreveu"

Lobz disse:
buuuooooo....
ssshhhhhhh....
larrarrrrarrrrrrrrraaaaa.......
........................................

Público: . . . . . . ??? Mas hein?!!!

Ikky: O que diabos? Mas vocês gostam de ser esquisitos, não? Fazem de propósito! Tentem ser mais normais... Como eu! A adorável mão direita do Charles! U-hu-hu! (risada de coruja).

Acho que por hoje terminamos. Vocês, increus, que tinham achado que os prêmios sumiram, podem pedir desculpas! É isso aí! Ajoelhados! Até mais muchachos; ^^

domingo, março 04, 2007

Bem-vindo à mansão bem-assombrada!

Já pensaram como seria divertido conversar com uma caveira e ouvir os gritos súbitos que ecoam nos corredores escuros de uma casa mal-assombrada enquanto se serve de chá fumegante em uma chaleira velha e empoeirada que só os fantasmas usam nas suas brincadeiras de mover os objetos para assustar os vivos?
Vivam as bruxas e os esqueletos! Que os demônios que habitam nosso corpo fiquem ali, pois são muitas vezes as nossas partes mais interessantes!
Hiá-ha-ha!

(O segredo para se dominar o medo, é não se ter tempo para sentí-lo, porque o mundo está gritando algo mais interessante e o nosso senso prático se põe em ação e diz: "Ok, agora não dá pra sentir medo. Vamos ver o que é e depois a gente chora no cantinho escondido.")

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Solitary

O lugar onde o mundo não existe.

Talvez seja influência do livro, mas me sinto mais e mais solitário ultimamente. É tão difícil assim quebrar a barreira que nos separa uns dos outros?
Não sei o que eu quero, talvez esse seja o problema. Olho pela janela e tenho uma sensação firme de que não quero mais estar aqui em São Paulo. Não aguento mais ficar em casa e não sei porque a vontade de voltar à faculdade morreu. Não sei se vocês sentiram isso já, mas tenho a impressão de que estou vivendo uma grande mentira, que tudo o que sou é na verdade o que eu gostaria de ser, e que nenhum lugar no mundo me abriga agora. Sinto que estou fugindo de mim mesmo, de que estou desaparecendo aos poquinhos, como um fantasma que se torna invisível aos outros.
Não quero mais me sentir solitário, não quero mais ter que me enganar e continuar a mentir.
Queria há um certo tempo escrever isso... Aff.


Unite e Raem


Quando as montanhas rugirem em tempestade, deslocando seus enormes blocos de pedra para o infinito abaixo, lembre-se de cerrar teu pensamento em uma caixinha dourada, guardando-se para a eternidade. Assim fará parte do eterno, porque passado.


Penélope


Onde está?
Qual é o futuro que quero construir e onde começa a estrada dos sonhos?