sexta-feira, fevereiro 29, 2008

Dica: Avatar

Bom, blog é para falar da nossa vida, né? então vou falar de algo que vem me ocupando nos últimos dias: "Avatar - The Last Airbender", o desenho animado. Cara, como esse desenho é bom! Tá, ele parece ser feito para pessoas mais... jovens do que eu, mas acreditem, fora algumas piadas mais bobinhas é algo que qualquer um pode assistir sem vergonha nenhuma. A música, os personagens, os cenários, os nomes, as lutas, a História, é tudo tão bem feito e bem pensado! Nunca vi um desenho animado tão bom quanto esse, ou tão... sofisticado talvez, embora pareça pretensioso e artístico. Ah, encontrei um adjetivo melhor: é divertido! Muito divertido!
A história é mais ou menos a seguinte: no mundo existem quatro nações: a da terra, a do fogo, água e ar. O Avatar é aquele que controla os quatro elementos e mantém o equilíbrio. Mas algo aconteceu e o Avatar desapareceu. Nos cem anos em que ele esteve perdido, a nação do fogo lançou um ataque contra as outras e está bem perto de destruir tudo. É aí que entra Aang, o personagem principal. Ele é o novo Avatar e o último dos dobradores de ar (nesse mundo o controle de um elemento se chama dobra, ou bend em inglês) e é sua a responsabilidade de acabar com a guerra e ajudar as pessoas.
Enfim, assistam. Eu recomendo. No começo ele é mais infantil e tal, mas mais para a frente ele fica mais sério e interessante, à medida que os personagens ficam mais fortes.
É isso.

sábado, fevereiro 16, 2008

Um antigo tema retorna

A imagem original: E se One Piece fosse um filme de Hollywood??
Uma série que saiu nas edições passadas, mas em preto em branco. A versão colorida (única que vale a pena ver):

sexta-feira, fevereiro 15, 2008

As histórias de Hoshy Heogger - 2

As areias impermeáveis esquentaram durante o dia, impedindo que prosseguissem. Pararam sob uma plataforma de rocha e Astréia Psâmate decidiu que era um bom momento para uma história. Esta era uma mulher que decidia por si mesma, que contava as histórias quando queria, quando achava que deveria ser; ninguém podia pedir a ela coisa alguma, tudo com Astréia vinha na forma de bênção.
Na sombra, sentaram-se exaustos. Hoshy se aproximou da mulher velada para estudar-lhe os movimentos, quem sabe aprender os truques minuciosos que criam a fantasia e se escondem nos gestos das mãos.
- Havia, no País de Gales um rapaz de estábulo muito orgulhoso, convencido de que era o melhor lutador de todo o reino. Um dia, para aprontar-lhe uma lição, seus amigos lhe deram o cavalo mais bravo de todos, o indomável Bucéfalo. O rapaz não podia nem chegar perto do animal, de tão furioso que era. Logo, suas expectativas sobre si próprio desceram ao chão; estava desanimado. Para não demonstrar aos seus amigos qualquer tipo de receio ou humilhação, deu um salto rapidíssimo e montou no cavalo indomável, se agarrando à crina com toda a força que pôde. Viu nesse momento, lá de cima da cela, uma donzela passear no jardim do palácio. Era a filha do rei. O rapaz logo viu que ela brincava com uma bola dourada, descuidadamente. Se a bola caísse no poço, ela não teria solução senão pedir ajuda para ele, que muito diligentemente desceria e traria seu brinquedo de volta. A princesa ficaria muito contente, sorriria para ele e o olharia não como o rapaz do estábulo, mas como um jovem bonito, um quase herói. Ela retornaria a esse ponto do jardim, no dia seguinte mesmo, para procurar de novo seu amigo, e ele estaria esperando por ela, para contar-lhe histórias, quem sabe, para falar de sua família e de sua honrada árvore genealógica e da grande injustiça perpetrada por um conde invejoso que o fez descer àquela condição humilde de trabalhador nos estábulos reais. Ela sorriria novamente, aquele sorriso de sol, de flor, de manhã. Ela lhe pediria novas histórias e ele falaria de dragões, de batalhas, de sua força e bravura até que notícia chegaria ao rei que em seus estábulos trabalhava um grande herói disfarçado. Os soldados iriam investigar e ele negaria tudo - teria de ser humilde, cortês - mas o inscreveriam à força em um concurso de cavaleiros. Enfrentaria, espada com espada o cavaleiro negro, o irmão da princesa, depois de derrotar todos os outros competidores. A princesa o teria dado um lenço como sinal de amor e seria o lenço que lhe daria força para vencer em um golpe da espada a impenetrável armadura escura. As honras voariam e as damas comentariam sobre ele. O rei ficaria impressionado, mas ainda não seria hora de comemorar; para obter a mão da princesa teria que cumprir mais uma prova: enfrentar o monstro que habitava a floresta vizinha ao castelo. Munido de sua espada e de bravura apenas, ele iria como cavaleiro para a floresta e encontraria o grande monstro deitado na grama, com um bote pronto. Seria por pouco, mas conseguiria desviar do ataque e rolar nas folhas para desferir uma precisa estocada que mandaria de volta ao inferno a terrível criatura, de garganta cortada. Logo, a princesa seria sua e em sua cama se deitaria. Todas as manhãs acordaria com o sorriso de sol e o rei lhe agradeceria em nome do povo. Agora sua família teria sido devidamente reparada dos malfeitos a que fora submetida no passado e ele teria sua própria riqueza, para desfrutar sem pressa.
- Quando deu por si, o rapaz estava caído no chão em meio ao pó e Bucéfalo empinava longe.
Um vento bateu rente à rocha e Astréia Psâmate se silenciou.
Hoshy perguntou se a história falava sobre o perigo de desejar coisas impossíveis, e também sobre o perigo de se perder a realidade de vista.
No deserto traiçoeiro, soou distante um relinchar furioso de cavalo.
- Seria... ?
Astréia continuou em silêncio.

Além do medo, havia esperança.

Ele pediu um vento e um vento negro soprou, e coisas terríveis, quase increditáveis, começaram a ocorrer, sem aviso - nunca há - sem nem ao menos tempo para se acostumar com tudo aquilo. E o vento estava em casa. O vento que soprou quando ele estava sozinho, no escuro.
Se fechou no escuro e dentro de si, além do medo, encontrou um baile de máscaras. Havia música, havia beleza, cores, danças. Mas como libertar o que estava dentro de si? Como, senão pedindo ao vento negro que viesse e tomasse, e criasse sozinho, cantando, cantando.
Mesmo no centro da tristeza, sorriu, porque amara algum dia. Amara aquele homem tão gentil, e não havia sentimentoque pudesse dirigir a ele que não fosse a mais pura e contente compaixão, para sempre!
Dançou sozinho, no meio da tempestade. Os trovões destruíam a cidade, a chuva lavava o que havia lá fora. Nunca suspeitara que dentro da treva houvesse tanta dança! Girava e seguia o vento negro, que agora formava uma ponte que atravessaria sozinho.
Como cantar?