segunda-feira, janeiro 01, 2007

Uma nova Hinée

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Ao girar da chave se encontra o mistério. Penélope abre a porta do Rio e se encontra com o mundo lá fora, cheio de sussurros cantados e segredos guardados.
Enquanto as gaivotas, em sua gargalhada final, voam por sobre o céu, o novo início se dá. O céu é claro ao redor de Mizudinie; tudo o que se vê é o mar doce e afável espreitando ingênuo.
Começo.
Quando o que havia antes - agora só uma lembrança bagunçada no fundo da memória - acaba em um tremendo vagalhão, vem o escuro, o escuro.
Depois do escuro há o hiato, a suspensão. Limiar atravessado, memória sucumbida. E então, então...
O calmo mar do início...
Hoshy segue as gaivotas e chega até a praia. Os pés sentem a maciez da areia como um carinho, fazem pegadas para estar no mundo. E depois - outro limiar - a mata escura, a selva, olha para nós. Irá Neyleen se aventurar na jângal além? Um passo pisado na terra sai da areia, um dedo que toca no galho.
Penélope gira a chave, encontra o mistério.
O mistério que se dá na respiração lenta do mundo.


- Estou começando outra HQ. Uh! Não sei bem se vou ter paciência para continuar e desenhar direitinho as páginas, mas Ah, é sempre bom tentar.
- Como você havia pedido, desenhei novas roupas para os personagens. Ficaram bem legais (algumas). É engraçado desenhar situações descontraídas de verão.
- Tenho muuuitos livros para ler. Ah sim, livros demais. É um pouco desesperador ver a enorme pilha, me encarando sarcasticamente como se dissesse "Você não vai nos ler Charles! Lero-lero-lero!". Comecei pelo Alberto Mussa (que não empaca) e por Robinson Crusoé. E pela Saga Otori. E por Neve (que eu já estava lendo). Ou seja, vou acabar lendo todos ao mesmo tempo, entrecruzados e revezando-se. Daqui a pouco vou falar de como Takeo traiu Lobo Larsen quando ficou perdido em uma ilha no meio da Índia onde neva sempre e teve que pagar pelo seu crime em um romance denso e divertido, mas ao mesmo tempo tristemente doloroso e simples. XoX.


Era uma vez um enorme oceano que cobria toda a terra. Exceto por um pequeno arquipélago de ilhas, todo o planeta era coberto de água e mais água. Xu era o nome de uma jovem heroína, que morava na aldeia de Zaosheng, e vivia feliz com sua avózinha. Um dia, toda a aldeia ficou doente de uma misteriosa pestilência, exceto por Xu. Triste e cansada, a jovem cuidou de todos os ilhéus do pequeno arquipélago, mas de modo algum a doença retrocedia; a cada dia que se passava pioravam os sintomas. Preocupada com sua avó e os outros, Xu partiu para o santuário dos deuses da pesca em busca de conselho. Ficou a noite inteira esperando por um auxílio, até que não aguentou mais e adormeceu; no sono, ela ouviu as vozes dos deuses cantarem para ela uma canção misteriosa, que ordenava que Xu pegasse sua canoa e remasse até o fim das águas, pelo enorme oceano.
Quando acordou, Xu estava assustadíssima, pois sabia que não havia nenhuma terra no mundo de mar além do seu pequeno e pacífico arquipélago. De todo modo, resolveu seguir os conselhos dos deuses para conseguir a Flor Prateada. De acordo com a canção ouvida no santuário, esta era a única forma de salvar os ilhéus da misteriosa doença. Pensando sempre em sua avó, Xu reforçou com madeira abençoada sua pequena canoa e, em um dia ensolarado e bonito, partiu para o oceano, acenando adeus aos seus amigos e parentes.
Remando valentemente pelas águas infindáveis, a jovem tinha apenas as palavras dos deuses para se guiar. "Além da água" ela ouvia, e remava e remava.
Muitos dias depois, Xu chegou, surpreendentemente, em um porto movimentado, cheio de marinheiros carregando caixas e trocando histórias, coisa nunca antes vista pela moça. Os habitantes chamavam aquela cidade de Novo Mundo, e diziam que moravam no centro do planeta, de onde partiam todos os dias muitos barcos e marinheiros, carregando temperos, buscando pessoas, mapeando costas e decifrando mistérios.
Caminhando desconcertada pelo porto barulhento, Xu perguntava para as pessoas pela Flor Prateada, capaz de impedir doenças. Todos a ignoraram e continuaram apressados, envolvidos em mil negócios e comércios, exceto por uma velha muito enrugada que acenou para Xu com um dedo magro e puído.
A garota se aproximou e ouviu a velha dizer que ouvira falar de uma história sobre uma Flor capaz de curar todas as doenças. Mas que se quisesse sobreviver deveria comprar um punhal de ouro da velha. Sem hesitar, Xu entregou todos os seus pertences que trouxera da ilha em troca do punhal dourado e agradeceu efusivamente pela ajuda da velha.
Sem medo, a donzela continuou a viagem em sua canoa - o único bem que sobrara além do punhal - na direção apontada pela velha enrugada. Remou mais dias e dias, passando por ondas gigantescas, gaivotas do tamanho de baleias que flutuavam sobre a superfície e peixes tão coloridos e enfeitados que até ofuscavam as estrelas, até que chegou a outro lugar inesperado: mais um pedaço de terra, uma ilha chamada de Nova Hinée. Diziam seus habitantes que houve uma antiga Hinée que afundara nas águas naquele mesmo local, de onde agora se elevava o altíssimo pico da nova ilha. O sacerdote do templo principal alojou Xu em aposentos confortáveis depois de ouvir sobre sua missãoe permitiu que ela ficasse na cidade para descansar. O sacerdote a avisou que a Flor Prateada se encontrava sim naquela ilha, mas no alto da enorme montanha, cheia de espinhos perfurantes ao seu redor.
A Flor era capaz de proporcionar a juventude eterna e a imortalidade para as pessoas que a pegassem, mas era cercada por tantos espinhos e tantas plantas venenosas que ninguém tinha coragem de chegar até o pico, atravessando uma muralha de morte e desepero, com espinhos que prendiam as roupas e carne das pessoas, impossibilitando-as de continuarem a escalada e embebendo-as em um veneno tão poderoso que destruía aos poucos a vontade dos que resolviam enfrentar a montanha pestilenta. Assim, a beleza da Flor nunca saiu da montanha, pois os habitantes de Nova Hinée nunca se atreveram a buscá-la, com medo de morrerem no caminho.
Tudo isso o sacerdote explicou para Xu, mas a moça estava decidida a enfrentar seu destino e escalar a montanha que se projetava acima das águas do oceano do mundo. Afinal, era preciso salvar as pessoas de seu pequeno arquipélago - sua avó principalmente - mesmo se contasse apenas com uma canoa velha e um punhal dourado.
continua...


Xu, ela também, virou a chave na fechadura e aceitou seu destino, qualquer que ele fosse. Terível e venenoso, sem dúvida. Solitário e doloroso, como o de Penélope talvez. Encantado e pesado, como o de Neyleen, quem sabe?
Na virada do verão, Hinée está diferente.
Novos oceanos para explorar.
Sejam bem vindos.

7 comentários:

Charles Bosworth disse...

Pode-se dizer que este post é um "finjam que este é um blog diferente"
- Ué, porque? Não é?
Hãaa... sei lá, voz na minha cabeça, pode ser.
- Eu acho que é diferente o suficiente.
- Ai, que bobagem de começo de ano!
- Não, não acho que seja assim...
Ok, já chega, estamos assustando os nossos visitantes
- Uh! escondam-se
- Que bobagem para se dizer...
...

P.S. - Por curiosidade, a segunda foto, a do barco chegando, é lá da ilha.
P.P.S. - Charlápagos foi uma invenção de vocês. Não existe tal coisa no mundo real...

yuribt disse...

Como não existe se foi a gente mesmo que inventou, ora, seu..!

E não mudou nada mesmo é só bobagem de fim de ano, mas nóis não liga, nóis até gosta.

Beijoca.

Charles Bosworth disse...

Não sei Yuri, pra falar a verdade eu me sinto muito diferente... Mas não do jeito piegas de comercial de Ano-Novo, de verdade mesmo... O que será que aconteceu?

Utak disse...

É que o ano vai começar e as aulas também... Talvez seja por isso. Porque as aulas "acabaram" e "recomeçarão", entende? Acho que todo mundo se sente meio diferente... E sim, às vezes é meio bobagem de fim de ano e começo de ano, mas eu me sinto diferente por motivos meio obvios né! Já que amanhã é meu aniversário de verdade e daqui um ano eu faço 18. :D

abraços!(eu li, ta? e gostei sim!)

Anônimo disse...

Acho q pq eh o fechamento de um ciclo =) muda sim yu

Ozzer Seimsisk disse...

Olha, então quer dizer que a tal ilha das pedras ressonantes existe mesmo, não é? Itanhangá... começava a suspeitar que fosse uma invenção sua, Mel... Algum dia, gato, algum dia você vai nos mostrar o que existe dentro daquele barco? O que existe além das rochas e matas que defendem teus mistérios? Algum dia, sei lá, eu posso tomar café com você no seu mundo?

Charles Bosworth disse...

Claro! Mas...hum... meu nome é Charles...