domingo, novembro 11, 2007

O moinho branco

Um dia, Horas foi embora e me deixou cuidando do moinho. Entregou-me as chaves e disse Agora você é o supervisor.
Olhei para ele sem entender.
Estão mandando você para longe de Migorãn? Estão te expulsando, é isso?
Não, eu é que estou indo. Vou embora.
Para onde? Está fugindo do que?
Estou e não estou. Quero ver onde a Estrada vai dar.
Horas colocou a pequena trouxa no ombro e saiu caminhando até sumir e eu não poder mais seguí-lo com os olhos. Atrás das colinas, das montanhas e do céu.
Esperei-o por muito tempo. Não sabia o que fazer com aquelas chaves na mão. Resolvi sentar nos degraus tortos do moinho e esperar. A noite veio vindo do leste, como um manto. Foi escurecendo, escurecendo, cobrindo as plantas e os bichos de sono e silêncio, até que Migorãn se fechou em si mesma, acendeu suas luzes e começou mais uma noite. Eu voltei para casa pensando.
Agora eu era o supervisor do moinho?
Não sabia como cuidar do grande moinho branco. Horas era o único que conhecia seus mecanismos e os dias certos para usá-los. Por isso ele era o supervisor.
Fiquei com raiva por ele ter ido embora, de ter ido onde queria, quando queria. Ele não tinha esse direito, não podia nos abandonar, não podia!
Estava frustrado, talvez por ter sido deixado para trás. Talvez por pensar que ele não se importava conosco.
No dia seguinte, usei as chaves, abri o moinho e entrei na núvem branca de farinha.

domingo, novembro 04, 2007

O Caminho das Águas


- Descemos aquele trecho durante a noite, sempre com medo de que, das casas, pudesse sair alguém e nos encontrar no escuro. Movíamos os remos com infinita cautela.
- Havíamos decidido assim no início do caminho.
"Temos que descer o Rio escondidos" explicou Fren. "Vocês também viram os cartazes em Schilleri, nossos rostos estão a descoberto. Qualquer tropa de espiões daqui até o Mar vai procurar um grupo de pessoas com a nossa descrição. Por isso recomendo que viajemos somente à noite e sem barulho; e temos que ficar sempre atentos para qualquer sinal de perigo. É o momento certo para desaparecermos."
"Mas, se estiverem esperando por nós, é exatamente aí que vão nos procurar." disse Haccu.
"Também acho, mas viajar de dia e mostrar nossas caras por aí me parece uma alternativa pior." disse Foxy.
"Então devemos enganá-los." explicou Haccu, depositando o remo sobre o colo. "Vamos viajar em grupos separados, com nomes diferentes, vamos sempre mudar nosso método. Às vezes descer o Rio de dia, às vezes de noite, sempre fazer diferente e sempre sermos diferentes."
- Entreolhamo-nos.
"Acho que ele tem razão, eu faria o que ele sugere. Me parece o melhor modo de fazê-lo." eu disse. "Haccu está sendo extremamente sensato." acrescentei, tentando convencer os que hesitavam.
"Se você diz, será assim" brincou Foxy.
- Fren assentiu. "Mas temos que ter boas idéias o tempo todo. Precisamos abrir os ouvidos e a cabeça para a inspiração. Lembrem-se sempre do risco que corremos."
- No dia seguinte, Neyleen e seu pequeno irmão, Myshba, entravam na cidadezinha, acompanhados de sua tia, uma senhora séria sob seu pesado véu preto. Entraram pela porta oeste da cidade, preocupados com todos ao redor, com Mellock ajeitando a todo momento seus óculos. Pararam à beira do rio para descansar, no mesmo instante em que Haccu, Gamma e Foxy davam a volta pelo lado externo do muro, atravessando o bosque verde.
- Mais à noite, Fren e sua filha doente, Hoshy, entravam pela porta leste. Ela estava mal, com uma doença debilitante, protegida da friagem por um xale verde. E ele tão preocupado! Iam ver o Rei, para tentar curá-la.
- Enquanto isso, eu e Karyn decíamos pelo rio, com uma corda prendendo os três barcos juntos, deslizando na correnteza suave. Quase não fazíamos força.
- Nos encontramos mais além da cidade, em uma curva escura em que brotavam salgueiros. Felizes, pois os espiões, se estes haviam, nada tinham percebido. Mesmo que nos vissem ou que os soldados achassem nossos rostos levemente familiares, nunca se dariam conta de que éramos o grupo que procuravam.
"Os espiões nunca perceberam. Será que podemos enganar as pessoas mais vezes?" sorriu Foxy, enquanto colocava um bigode negro no rosto. "Tivemos sorte. Quero ver quando chegarmos nas cidades maiores" disse Karyn ao seu lado, vestindo uma roupa de camponesa e preparando uma cesta de cogumelos para vender no dia seguinte.
- Mais uma vez desci com os barcos pelo Rio calmo. Uma brisa leve, muito leve, nos deixava confiantes e logo, sem percebermos, tudo se tornou uma brincadeira.
- A medida que avançávamos, nossas histórias ganhavam mais fantasia: Haccu e Neyleen, recém-casados, procuraram por uma casa em um vilarejo quieto. Mellock, uma viúva rica, pagou para um dos barqueiros descer suas canoas até a próxima cidade, onde um rapaz de cabelos luminosos os recebeu. Acho que ninguém percebia as trocas.
- Éramos irmãos, estranhos, amigos, viajantes. Lembro-me de quando, em Duas Rosas, fui visitar o cruzamento dos Rios. Fren e Gamma, sua sobrinha, pararam ao meu lado. Não trocamos uma só palavra. Admirei longamente a água borbulhante, impassível para seus movimentos. Rimos muito aquela noite, lembrando-nos de nossos mistérios e expressões. Aqueles dias foram encantados: soubemos, por alguma magia, não sei, mudar nossas expressões e nosso caminhar, como se realmente houvéssemos nos transformado em outras pessoas.
- A correnteza era forte em Duas Rosas, por isso as canoas foram transportadas por terra, à noite, sobre os nossos braços cansados. Andamos pela floresta no escuro, em completo silêncio, como se fizéssemos parte daquele ambiente calado e tépido.
- Hoshy conseguiu se imiscuir entre um grupo de costureiras, nunca saberei como, e atravessou Rama à pé, passando calmamente por todos os portões. Karyn também, usando um lenço para cobrir o cabelo e um livro para erguer rápido sobre o rosto a qualquer sinal de espiões. Já Foxy e eu, de volta à nossa cidade natal, trememos um pouco. Fomos pelo rio, entre os barqueiros de domingo, com medo de encontrarmos nossos conhecidos ou irmãos. A cada som mais alto nos virávamos assustados e encarávamos desconhecidos que passavam. Nossos corações batiam rápido, tínhamos mêdo de olhar para a cidade que abandonamos. Saímos de Rama com alívio. Foi nosso maior desafio; era uma grande e perigosa cidade, mas nossa boa sorte e o encantamento secreto nos protegeu. Dali até o Mar haveria apenas uma ou duas cidades e o resto era somente Rio.
- Víamos o céu azul, como se pela primeira vez. Neyleen tirou os sapatos e passou a caminhar descalça pela margem, com os pés dentro d'água. Dava a volta em galhos, pulava troncos caídos e sentia o lodo fresco entre os dedos com imenso prazer. Seus sapatos preciosos estavam agora em um canto qualquer dos barcos.
- As estrelas de noite serviam de guias. As frutas maduras de comida. O inverno ameno refrescava os bosques com uma brisa preguiçosa que mal movia as nuvens do céu.
- Éramos felizes.
- Muito contentes em nossas representações. Agíamos como se estivéssemos fora de nossos corpos, dançando sem perceber, mas com infinita alegria. Nos separávamos e reencontrávamos com facilidade. Fomos muito neste caminho, tecendo-nos com fios coloridos e dançando como a espuma troca de uma forma para outra.
- O último vilarejo, um grupo de casas ribeirinhas feitas de pau-a-pique, nos deu um prazer especial. Fren vestiu um manto preto que antes havia servido de proteção para Mellock e foi como um padre, auxiliado por uma noviça jovem de cabelos laranjas. Brincou com todas as crianças, conversou com as moças e desfiou rezas simples e bonitas que havia aprendido na juventude e que pensara ter esquecido.
"Que nunca nos falte comida na mesa, que nunca nos falte um sorriso na boca." Quase chorou ao lembrar-se de quando era criança e sua mãe, ao pé da cama, ensinava-o a rezar.
"Há quanto tempo! Há quanto tempo!" exclamou, ajoelhado na terra com crianças curiosas sob os braços. Refez surpreso os movimentos com as mãos e os meninos o imitaram. Não esquecera como era rezar. Seu coração disparou de amor e carinho enquanto ouvia, ecoando com a sua, a voz de sua mãe.
- Hoshy contava-lhes histórias e praticava truques de mágica com folhas e nozes duras de avelã. Seus olhos brilhavam enquanto suas mãos conduziam um outro tipo de ritual. Eu e Gamma podíamos ouvir do Rio as risadas dos garotos. Remávamos devagar, com um prazer secreto. Só paramos mais à frente, já longe da cidade, para esperar os outros. Foxy estava entre as árvores, deitado na grama macia, vendo o tempo passar.
- Sorríamos sem motivo, imersos na felicidade.
- Quando o Rio espumante mudou de cor, ficando cinza como as plumas de uma andorinha, os outros foram chegando aos poucos.
- Fren tirou a batina com um ar de melancolia. Haccu tirou seus óculos de mentira, guardou-os no bolso e foi sentar-se ao lado de Neyleen para conversar próximo da fogueira. Karyn pôs delicadamente as flores que sobraram de sua cesta no rio e aos poucos elas foram levadas pela água, para longe, para longe.
- Um jovem camponês largou sua enxada encostada na árvore. Tirou o longo chapéu e vimos Myshba sorrindo com seus dentes brilhantes de saliva.
- Logo estávamos descendo o fim do Rio, diante das últimas casas esparsas, esperando que a noite escura nos servisse de cobertura. Tínhamos um pouco de medo, por isso não fazíamos ruído. Vamos devagar, aproveitando o caminhar da água.
- Daqui a pouco estaremos enxergando a Floresta Encantada. Iremos atravessá-la e depois basta cruzarmos a Planície Entrágua - onde não mora ninguém - e chegaremos direto ao Mar." explicou Hoshy. "Sempre quis conhecer a floresta por dentro. Ouvi falarem muito sobre sua estranha característica."
- Baixei o remo e olhei o escuro das árvores mais à frente.
"Estamos quase chegando. Vamos seguir o Rio para dentro da mata."
- A noite nos dava uma sensação de pressa, o Rio dançava mais veloz, engolindo-nos. Depois da fantástica colcha de retalhos que foram os últimos dias, colorida, simples, quase religiosa como aqueles velhos relicários de madeira pintada, entrávamos na escuridão com sons. O grilo, os sapos, os morcegos. O Rio, sob as árvores, cantava uma canção quase nunca escutada antes por ouvidos humanos. Estávamos imóveis, nossa respiração não soava mais. O bosque nos envolveu completamente em seu encanto.

Título Normal pra Despistar

Achei que precisávamos rir um pouco. Por isso, abram os braços e recebem os desesperados e quase-esquecidos prêmios de melhores comentários!!! Sim, você ouviu direito: teremos prêmios este mês em Hinée!
Ainda existem?? Existem!! E com participação especial dos personagens de One Piece (em movimento).

Photo Sharing and Video Hosting at Photobucket - Nããããooo!! Eles voltaram!!!

Sim Chopper, mas tem só um probleminha... Não tenho frases engraçadas para usar. O quê?? É, ultimamente estivemos meio "secos" de posts e comentários malucos. Mas não se preocupem, seu repórter investigativo favorito não desiste tão fácil assim!! Eu mergulhei fundo na fonte de bobagens e caminhei para trás no tempo, voltando meses e meses até a última edição dos prêmios. E, quem diria, achei muitas coisas divertidas! Nunca subestimem a sua capacidade de falar bobagem: é a única coisa que nos separa dos chimpanzés! E da Camilla. Por isso, sentem-se, relaxem e aproveitem!

Photo Sharing and Video Hosting at Photobucket - Os prêmios, os prêmios!! Que legal! Que demais!


Em primeiro lugar, o Prêmio "Teologia Alternativa"

Pioux disse:
Por isso Deus é tão hardcore!!!


( - Yeah! Nada faz um som mais maneiro que Deus!)
Próximo prêmio: "Minha vida é uma aventura cheia de experiências felizes e adoráveis"

Pioux disse:
Que legal!
Hoje um papagaio me bicou na bochecha!


Agora um dos favoritos das pessoas (mas não para mim):
Prêmio "Definindo Charles"

Utak disse:
Charles, você é um power-ranger com poder de Esquizofrenia...


( - É isso aí! Hora de morfar...mos!)
Prêmio "Todos os Comentários Devem Falar sobre o Travesseiro e sobre guaxinins":

Camila T. disse:
Eu tenho um travesseiro em forma de guaxinim. Um dia eu apresento pra você.

Giulia T. disse:
Agora que vc falou, até que se parece com um guaxinim. E o travesseiro da Cacá é muito fofo.

Utak disse:
Você realmente parece um guaxinim...
O travesseiro da caca é mesmo bem fofo!

Pioux disse:
Eu tmb adoro guaxinins!
mas não conheço o travesseiro dela -_-


Prêmio "Como ele é Novinho..."

Utak disse:
Nas minha faculdade ensina-se....
é... bem...
eu nao faço faculdade.


( - Ah é! O Ugo ainda tá na escola...)
Prêmio "Sou Tão virtual que ao invés de conversar mando comentários"

Vivi disse:
Charleeeeeeeeeessssss
Você está na minha casa AGORA.
HAHAHA


(nota: eu estava mesmo na casa dela, mas parece que certas pessoas preferem se comunicar pelo computador, né senhorita Vivian...)
Prêmio "Dupla Identidade"

Jack disse:
Oh, você já publicou!

Jack disse:
Oh, eu não sou o Jack

Lobz disse:
Eu sou!!! BwahahahaWahhahahah!!!


( Mas eu sou a Marina?)
Prêmio "Essa é a Giulia que conhecemos"

Giulia T. disse:
Acho o Inferno interessantíssimo...


(- É bom ir se acostumando mesmo...)
Prêmio "Todos Temos Esqueletos no Armário, mas Cada um Age Diferente!!"
Lembram-se do Mr. Bones? O esqueleto que morava no meu armário e comia queijo? Pois eu não sou o único!!!

Pioux disse:
e.... seu esqueleto é cantor????
Sinto-me feliz por isso....
O meu vive perdendo partes pelas gavetas u.u

Camilla disse:
Desde que eu li eu venho colocando queijo no meu armário!!

LorenaP. disse:
Ah!, eu também estou indo colocar um pouco de queijo!


( Essas loucas...)
Prêmio "Vamos rir eternamente disso, Artur..."

Charles disse:
É, mas esse Trovão não dá para cavalgar...

t-d-dum-tum-tch!

Photo Sharing and Video Hosting at Photobucket - Foi um engaano!!! Era uma piada sobre um nome de cavaaaaaalo!!

Sei, sei, Artur. Freud explica, viu...

Bom, é isso. Foi o que eu consegui encontrar após um exaustivo safári. Mentira, foi divertidíssimo. Vocês facilitam bastante meu trabalho.
Então damos por encerrados os prêmios desta edição! Parabéns (?) para os vencedores e uma doce consolação para os esquecidos.
O que? Vocês querem mais? Mas não teeem! Parem com isso!

Photo Sharing and Video Hosting at Photobucket - Saiam de cima de miiim!!!
- Queremos mais prêêêmiooooss!

sexta-feira, novembro 02, 2007