Um dia, Horas foi embora e me deixou cuidando do moinho. Entregou-me as chaves e disse Agora você é o supervisor.
Olhei para ele sem entender.
Estão mandando você para longe de Migorãn? Estão te expulsando, é isso?
Não, eu é que estou indo. Vou embora.
Para onde? Está fugindo do que?
Estou e não estou. Quero ver onde a Estrada vai dar.
Horas colocou a pequena trouxa no ombro e saiu caminhando até sumir e eu não poder mais seguí-lo com os olhos. Atrás das colinas, das montanhas e do céu.
Esperei-o por muito tempo. Não sabia o que fazer com aquelas chaves na mão. Resolvi sentar nos degraus tortos do moinho e esperar. A noite veio vindo do leste, como um manto. Foi escurecendo, escurecendo, cobrindo as plantas e os bichos de sono e silêncio, até que Migorãn se fechou em si mesma, acendeu suas luzes e começou mais uma noite. Eu voltei para casa pensando.
Agora eu era o supervisor do moinho?
Não sabia como cuidar do grande moinho branco. Horas era o único que conhecia seus mecanismos e os dias certos para usá-los. Por isso ele era o supervisor.
Fiquei com raiva por ele ter ido embora, de ter ido onde queria, quando queria. Ele não tinha esse direito, não podia nos abandonar, não podia!
Estava frustrado, talvez por ter sido deixado para trás. Talvez por pensar que ele não se importava conosco.
No dia seguinte, usei as chaves, abri o moinho e entrei na núvem branca de farinha.
domingo, novembro 11, 2007
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8 comentários:
Hãã, idéia antiga para um história; alguém quer continuar?
por que ele se chama Horas?
Por que moinho se caham moinho?
moinho é só um nome de coisa; mas por que vc deu o nome de Horas a uma pessoa?
de qualquer forma, acho que vc deveria continuar essa história. Ela tem potencial.
É um moinho do céu onde se fabricam núvens com farinha?
É uma idéia legal, posso até tentar continuar...
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