Ele pediu um vento e um vento negro soprou, e coisas terríveis, quase increditáveis, começaram a ocorrer, sem aviso - nunca há - sem nem ao menos tempo para se acostumar com tudo aquilo. E o vento estava em casa. O vento que soprou quando ele estava sozinho, no escuro.
Se fechou no escuro e dentro de si, além do medo, encontrou um baile de máscaras. Havia música, havia beleza, cores, danças. Mas como libertar o que estava dentro de si? Como, senão pedindo ao vento negro que viesse e tomasse, e criasse sozinho, cantando, cantando.
Mesmo no centro da tristeza, sorriu, porque amara algum dia. Amara aquele homem tão gentil, e não havia sentimentoque pudesse dirigir a ele que não fosse a mais pura e contente compaixão, para sempre!
Dançou sozinho, no meio da tempestade. Os trovões destruíam a cidade, a chuva lavava o que havia lá fora. Nunca suspeitara que dentro da treva houvesse tanta dança! Girava e seguia o vento negro, que agora formava uma ponte que atravessaria sozinho.
Como cantar?
sexta-feira, fevereiro 15, 2008
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2 comentários:
Que bonito, e temìvelmente simbólico...
eu gostei muito!
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