- Padre Coro, senhor...
- O que foi? Ele está aqui?
- Sim, ele te espera entre as flores do jardim.
- Por que lá fora? Está esfriando.
- Ele insiste. Diz que não quer que os homens daqui dêem conta de sua presença. Ainda mais se vocês dois tiverem conversando.
- Certo, certo... Ah, é difícil de se lidar com informantes. Sempre cheios de segredos. Vou lá falar com ele.
- O senhor é Padre Coro?
- Sim...
- Está surpreso?
- Estou um pouco. Confesso que não esperava isso.
- Achou que eu fosse como?
- Um gato normal. Mas essa capa de veludo e este florete. Me perdoe, mas vi poucos de seu Reino antes, então ainda não estou acostumado às surpresas.
- Esperava que o Vaticano mandasse outra pessoa... Ora, não faça essa cara Padre Coro. O senhor podia estar um pouco melhor informado.
- Eles me mandaram aqui para garantirem...
- Sim, eu sei! Já combinamos tudo. Eu entregarei o objeto como foi prometido, na cidade que vocês escolheram. O seu homem em Florença já está esperando por mim?
- Está, como combinado, senhor... felino... senhor...
- Hm, eu lhes disse que seria melhor se nem nos encontrássemos. E ainda mandam um padre despreparado, que não sabe a menor etiqueta felina. Estes encontros são perigosos para mim, você sabe. Se alguém percebe que sou um traidor não terei mais chance de escapar.
- Peço que me perdoe pelo despreparo. Mas estou profundamente envolvido no assunto. O próprio Papa está ansiosíssimo e morrendo de preocupação, por isso é natural que queiram saber sobre o calendário... Se você o está guardando com cuidado.
- Estou.
- Será que você não poderia me mostrar? Só para termos certeza.
- Eu reconheço de longe esse olhar de ganância que você carrega. Ele não está aqui. Vou trocá-lo com o seu homem em Florença, segundo o combinado. É bom que não tentem me enganar e que paguem o que me foi prometido: já sabem que eu fui capaz de roubar o cofre mais seguro do mundo. Eu não teria trabalho em raptar o tesouro do Vaticano.
- Ora, mas todos sabem que você só conseguiu roubar do Reino dos Gatos por causa de sua... influência lá. Saiba que estou à par dos acontecimentos e que, mais do que todos preciso saber se a informação contida no calendário está segura.
- Não se preocupe. Eu não abri a 25ª casa.
- Ótimo. E saiba que não há por que se preocupar com espiões. Este nosso encontro foi totalmente seguro. Eu me preocuparia se ainda estivessemos no tempo em que haviam membros das ilustres famílias de espionagem, como os Corsino, os Stark e os Maffeo à solta. Hoje em dia, arrasadas as famílias, toda informação passa por nós senhor gato. Não há o que temer.
- O gato seguro morre velho.
- Está ficando tarde... Esfriando cada vez mais.
- Acho que nos despedimos agora, Padre Coro.
- Estamos te esperando em Florença. Cuide bem do objeto.
- Tem minha palavra de gato, padre. Levarei o calendário.
- Uma palavra de gato... Porém um gato que traiu sua própria espécie e suas leis... Não sei o que o Papa estava pensando ao confiar em um felino destes.
quarta-feira, dezembro 10, 2008
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