Avistaram logo o imenso muro de pedra da cidade de Laamorke. Cansados de atravessarem tanta secura e areia se sentiram gratos pela visão espetacular de uma cidade que parecia estar brotando da rocha dura.
Mas antes de poderem entrar pelo portão cravejado de desenhos dos anjos babilônicos Astréia Psâmate, o Oráculo das Areias os deteve com um gesto.
"Hoje não" ela sentenciou. "Laamorke está fechada para os viajantes no dia em que Áries e Sargitário se encontram. Má sorte. Qualquer um que entrar será executado."
"O quê?!" gritou Foxy frustrado. "Isso é ridículo! Eles tem água, comida e camas lá dentro. Nós vamos."
Os outros olharam indecisos em volta. A tentação da cidade era forte, mas Astréia era quem conhecia os caminhos e armadilhas do Deserto. Ela provavelmente estava certa, mas era uma possibilidade que ninguém desejava.
"Talvez. . . " Haccu conseguiu enunciar, exausto ". .Astréia tenha razão. Talvez essa cidade execute viajantes nesses dias. Eu não sei, vimos tantas coisas esses dias que nem sei o que pensar... Na verdade, só no que eu consigo pensar é em uma cama e comida, mas provavelmente essa seja uma escolha mortal."
Hoshy tinha poeira nos cabelos, nas mãos até dentro do casaco; seus olhos mostravam olheiras fundas das noites mal dormidas em que ela teve que se apoiar no chão duro e seus músculos pareciam que não iriam aguentar mais uma noite no Deserto. Mas o que mais lhe doía era o peso da certeza de que a decisão final estava em seus ombros. Era ela quem deveria escolher entre a cidade (e a morte) e o árido (a vida). O mundo que virava de ponta cabeça e a ela cabia a decisão.
Ela suspirou devagar... "Astréia nunca mentiu ou se enganou" ela disse com uma voz que parecia vir de outro lugar, de outro tempo de tão distante e louca no que afirmava. "Acho que teremos que esperar uma noite fora de Laamorke.".
"Loucura!" disse Fren.
Hoshy simplesmente se deixou cair no chão, ali mesmo na beira da estrada e abaixou a cabeça; ela não iria discutir. Quem quisesse se arriscar que fosse, esse não era o momento para se discutir.
Astréia, calada e silenciosa como sempre sentou-se ao seu lado. Pouco a pouco os outros viajantes empoeirados fizeram o mesmo.
Foxy balançava a cabeça sem acreditar. Por fim ele também se sentou e soltou um longo suspiro de cansaço e frustração.
Passariam a noite sentados fora dos convidativos muros de Laamorke, entre as palmas secas e as hienas. Hoshy não pôde deixar de pensar em quão insana era sua jornada. Sem saber direito o que procuravam iam cada vez mais fundo dentro do deserto, encontrado toda espécie de armadilhas, monstros e cidades desvairadas. Parecia-lhe que estavam entrando cada vez mais fundo nas histórias que Astréia Psâmate inventava e desfiava à noite na fogueira, em uma realidade que era sempre incomum e que nunca poderia ser encarada de frente, como uma miragam em constante transformação.
Hoje era a convidativa cidade que executava seus viajantes, amanhã seria o desfiladeiro que matava seus intrusos e ontem poderia ter sido o bando de ladrões que procurava por vítmas entre as cortinas do harém. A realidade virava milhares de histórias que se misturavam, repetiam e mudavam com apenas um único propósito: fazer os viajantes se perderem na vastidão do Deserto.
Enquanto pensava em tudo isso, Hoshy adormeceu exausta.
sábado, abril 22, 2006
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6 comentários:
Tóma-te seco, seu banana frangarela!
Uma bona bambina caipira de bauru!!
Charles: - Mas que ato falho sem graça, ein?
Gente. . .Tem um espaço melhor para fazer isso. . . No próximo post!!
Tentem comentar a história da próxima vez.
eu senti areia na boca e cansaso nos músculos... u.u
Cospe fora!
desculpa.... eu me senti meio frustrada também...
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