quarta-feira, abril 05, 2006

folclore albanês II

Havia um barbeiro albanês, que um dia foi chamado secretamente para cortar os cabelos de um nobre fidalgo. Assim, o pobre e assustado barbeiro subiu pelas montanhas e foi até o castelo.
Ao cortar os cabelos do fidalgo Gjork Golem, o tal barbeiro descobriu um segredo de horror desmedido: no meio dos cabelos que cortava, escondido pelo elmo, havia um par de chifres.
O nobre imediatamente ordenou ao barbeiro que se calasse e que não contasse a ninguém o que vira, ou a sua morte seria instantânea e dolorosa.
Aluado, o barbeiro voltou da casa de Gjork Golem carregando um segredo tão terrível que sentiu que não podia suportar.
Assim, ele procurou em meio à desolada paisagem hibernal um lugar ainda mais ermo, onde pudesse dizer em voz alta o que vira. O barbeiro chegou à beira d eum poço abandonado, ao lado de uns caniços que o vento agitava, e ali, debruçado sobre o poço, dissera:
"O que sei
sabe ninguém.
Gjork Golem
chifres tem.
"
Mais tranqüilo, seguira então de volta para seu povoado, certo de que, agora que arrancara de si o segredo, este não mais o atormentaria. Pouco mais tarde chegou à aldeia um pastor que fizera uma flauta de um velho caniço. Talhara-a num instante, como sabem fazer os pastores, abrira-lhe sete furos e levara aos lábios para tocar, mas, para seu espanto, em vez da familiar melodia tinham soado as palavras:
"O que sei
sabe ninguém.
Gjork Golem
chifres tem."

3 comentários:

Charles Bosworth disse...

Todas as histórias albanesas (ou ao menos as que figuram nos livros do Ismail Kadaré) são meio trágicas. Apesar de parecerem engraçadas elas tem morais como: você nunca vai conseguir esconder um segredo, mesmo sussurrando-o para uma paisagem deserta. São como que.. paranóicas e aterrorizadas.
Acho que é por causa da ditadura..

Anônimo disse...

o.O *medo*

Ozzer Seimsisk disse...

que assustador

o pior é que antes eu não percebi os caniços e achei que a flauta estivesse de alguma forma conectada ao poço... sei lá, depois eu explico se quiser...