Nós somos o Rio; aquele que corre veloz em sua solidão musical, aquele que carrega toda a água do mundo, aquele que sussurra suave na noiter escura. Nossa voz vai além da Lua e para dentro da escuridão. O Rio canta a eternidade.
Pela noite descrevemos nossa jornada, percorrendo o mundo.
Montanhas. Solidão. A árvore.
Até o fim?
O rio corre pelo caminho desconhecido, acha o perdido, voa além dos montes.
O rio sabe das dores e das lágrimas dos homens. O rio carrega seus livros desbotados, cartas de amor, tabuleiros de gamão, bonecas de pano branco.
Carregamos o que foi deixado para trás, o que foi esquecido e o perdido
chaleiras, pederneiras, olheiras
alegrias, risadas, ausências,
frutas maduras, dúvidas e um violino de corda antigo
O Rio carrega as histórias dos homens - Sem saber a sua.
- Levamos tudo conosco.
O vestido estrelado da Avó
O segredo do velho
A virgindade da cigana
- Levamos também os sonhos perdidos e as saias de cetim.
os soluços e o medo
a insegurança e a bem-aventurança -
Carregamos todos os sorrisos e todos os mistérios.
Tudo o Rio engloba, tudo à sua beira, aqui sempre correndo, aqui sempre buscando. Quem sabe a resposta? Quem sabe o que buscamos? A margem, a rocha, a queda. E o Rio segue correndo.
A travessia segue devagar, mas o rio... O Rio não pode parar; cai por mais um caminho, girando, na curva, voltando, rodeia, quem sabe para onde iremos? Clamamos alto em nossos sussurros, buscando a resposta para o começo e para o fim: o formato da eternidade.
Quem sabe o que o tempo não nos diz?
Pra onde vamos nessa canção incessante? A cor do Rio já se foi. Corremos atrás das montanhas e entre as vozes. Somos o sentimento que você nunca espera e a carta que nunca chega. Somos o Rio.
Nossa voz chega até a Lua e para dentro da escuridão. O Rio canta a solidão e o inópito, a alma e a dor.
O Rio é o caminho perdido para o céu. Somos o formato da eternidade.
Quem sabe o que o tempo não nos diz?
quarta-feira, maio 17, 2006
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