segunda-feira, julho 31, 2006

Aprender a linguagem das pedras

Depois de uma leve melancolia escura, uma primavera inesperada.
Caminhar na chuva esperando por você.

Eu sei que soa ridículo, e que ninguém vai deixar, mas ontem eu entendi (vejam só, eu não disse que resolvi, mas que entendi) que depois de terminar a faculdade eu vou ser pirata. Quando eu crescer eu vou para o mar. É o caminho - seguir . (velas)

2: Cruzando o Sambation, o rio de Pedra

sexta-feira, julho 21, 2006

Ele voltou...

Que medo!
Vocês repararam que todos os que foram taggeados (ou a graaande maioria) colocou em uma de suas razões "Falar consigo mesmo"??! O que isso quer dizer? Ou todo mundo fala sozinho (e não admite) ou eu só tenho amigos esquisitos!! (talvez as duas opções estejam corretas...).

Bem, é isso, eu voltei. Olá! (acenando)

Queria dizer que a minha viagem foi bem legal. Conheci Lisboa, Madrid, Barcelona, Roma, Veneza e Paris. Foi tãão interessante! (se bem que não aguënto mais ver um quadro barroco).
Eu vi o túmulo de Camões e a Guernica. Vi o "Sonrisa de uma Lácrima", "As Meninas" e o quadro do Luís XIV das aulas da Carmen Lúcia (!!) . Vi a Mona Lisa (que é realmente... diferente), a galera de Jõao da Áustria, o Coliseu, as gôndolas venezianas, O Pensador, o quarto de Dom Sebastião, a estátua do "nosso" Dom Pedro, as vias romanas, a coluna de Trajano, tapeçarias medievais e (o mais esquisito) One Piece em francês:
Sanji - T'es sûr que ça va aller? Un sabreur sans ses sabres c'est comme...
Zoro - Comme quoi?!
Sanji - ...Une grosse limace sans défense.
Atcháa!!
Usopp - Ça suffit, maintenant!!!

Sabe, ache que agora eu entendi o que eles querem dizer com civilização. É incontável a quantidade de monumentos, praças comemorativas, obeliscos e outros "Lembrem-se!" que existem por lá. Cansei de ver em Roma homenagens ao Vítor Emmanuel e ao Conde de Cavour.
Que saudades do Brasil! Lá era tão esquisito. Quando perguntavam que faculdade eu fazia e eu respondia História eles sorriam admirados ao i7nvés do sorrisinho "muito-legal-mas-você-vai-viver-de-quê?".
Não sei se conseguiria me acostumar...

Bom, eu sei que acabei de voltar e já estou indo de novo, então me desculpem por isso... Nada de porretes, por favor.

Até mais, e saibam que eu tive saudades.

quinta-feira, julho 20, 2006

Estou escrevendo do dia 28 de fevereiro de 2007. Esse post ficou na minha lista como reascunho durante muito tempo. Acho que vocês podem considerá-lo como uma máquina do tempo: o vazio deixado no passado só foi preenchido no futuro; como Exu, que "matou o pássaro ontem com a pedra que atirou hoje".
Queria dizer à vocês que sou feliz. Contra todo mundo eu sou feliz e nunca vou desistir de acreditar em minha condição. Eu sei que soa ridículo, mas é por isso que eu guardo em segredo minha felicidade, e suspeito que todos fazem o mesmo (ok, essa parte eu concordo que é mais ridícula e talvez inverdadeira).
Queria ser pirata (outra ridicularidade) e conhecer várias histórias diferentes, só para aprender que elas são sempre a mesma e que a montanha do centro do mundo está em toda a parte!
Queria, queria. Como não querer? E como posso continuar ignorando o querer?
Caminhos...
Mas quem foi que disse que não devemos nos divertir?

A máquina dos suspiros é morta. Cai perto do lago que nunca deve ser olhado e repousou para sempre. Liberdade, felicidade.

A clareira secreta


- É por aqui - sussurrou o pequeno espírito verde, voando à frente - Logo na próxima clareira fica a nossa aldeia. Venham logo.
Neyleen afastou o cipó da frente do seu rosto, passou por cima da enorme raíz e contornou o gigantesco tronco de figueira que se estendia imóvel no centro da mata. Ainda segurava apertada a mão de Fren contra a sua, com medo que ele - em seu estado de semi-consciencia - tropeçasse e se machucasse.
- Calma tio - ela sussurrava devagar - os espíritos vão nos levar até a Água Pura, vai ficar tudo bem.
- É aqui senhorita! - Miccolo disse entusiasmado - Seja bem vinda à nossa casa. Este é o último reduto dos espíritos da floresta, o nosso mais bem-amado santuário, onde moram as árvores Sagradas à beira da Água Pura. Agora não se preocupe mais, pois os seus amigos logo logo se reestabelecerão; meus companheiros tirarão deles toda a droga maléfica da velha Trepadeira. Vocês estão em casa agora.
De fato, Neyleen sentiu-se extremamente confortável e alegre por estar em uma clareira tão bonita. Protegida por todos os lados por gigantescas árvores que pareciam tão velhas quanto o prórprio mundo, havia uma pequena aldeia com casinhas alegres de madeira. Por todo o lado se ouviam os murmúrios dos pequenos seres flutuantes, misturado ao cantar doce e incessante de um pequenino córrego que dançava através da floresta. Lá em cima, as folhagens das árvores se encontravam e entrelaçavam-se, criando um gigantesco dossel de folhas que filtrava toda a luz que vinha de fora, criando uma deliciosa sensação uterina no vale. De imediato uma tranqüilidade recaiu sobre o grupo, e Miccolo sorriu com a beleza do seu lar.
- Pegue um pouco desta água - disse Peri Poti, apontando uma parte da clareira em que o córrego se tornava um pequeno lago - Aqui a água é mais pura e doce, vai ajudar os seus amigos.
Neyleen se ajoelhou com cuidado e pegou um pouco de Água Pura na concha das mãos. - Aqui tio, beba isso - ela pediu, ajudando o velho senhor a tomar um longo gole. Depois, ela puxou Mellock pela mão e fez o mesmo. - Isso mesmo, devagar. Vocês todos vão ficar bem, eu prometo. Bebam esta água e tudo vai passar.
Enquanto isso, Miccolo trouxe de uma das casas uma pequena cuia de madeira e já estava entregando para um Haccu zonzo beber. Peri Poti e Nukalo voavam atarefados, auxiliando quem precisasse.
Neste interím, vários espíritos haviam se reuinido ao redor, pois nunca antes tinham visto uma tão estranha procissão de viajantes, guiados e auxiliados por ninguém menos do que os Três Guardiões do Portão.
- Você viu? Miccolo trouxe os estrangeiros para cá. - disse um, com três longas folhas de salgueiro no rosto, fazendo as vezes de sombrancelhas e barba. - Ele deveria guardar o portão e manter os humanos longe, mas ao invés disto ele os guiou até a nossa aldeia!
- Eles parecem mal - comentou uma outra, que tinha um lindo hybiscus acima dos olhos - Talvez tenham se aventurado por perto da velha trepadeira. São tão imprudentes esses humanos! Vivem a se meter nas regiões perigosas da floresta.
- Vieram para beber a nossa Água Pura - sussurrou o velho pata-de-vaca - ,então devem estar mesmo mal. As drogas injetadas pelas plantas traiçoeiras são um grande perigo. Não importa quem sejam, precisam de ajuda. E imagino que, se Miccolo, Nucalo e Peri confiam neles, devemos fazer o mesmo.
- Mas eles são estrangeiros, são humanos, são perigosos! - exclamaram todos ao mesmo tempo, em uma doce balbúrdia que se espalhou pela clareira como se fosse um vento matinal.
- Silêncio - ordenou calmamente Pata-de-vaca - Estão vendo aquela garota que conduz o grupo e dá de beber aos outros? Não é ninguém menos do que a Escolhida, aquela que conhece a Música da Floresta. Os rumores e avisos das Grandes Árvores eram verdadeiros! Chegou o tempo do mundo mudar, não sentem isso no vento?
- Sim, velho chefe. Ouvimos sussurros sobre isso pela mata inteira. As velhas árvores do oeste estão cantando de novo, e o chorão alardeia sobre uma guerra que teria havido, e que destruiu a Torre Negra!
- Se destruiu a Torre só temos que nos felicitar - continuou o velho, reunindo todos os espíritos ao seu redor, para ter certeza de que todos o escutariam - A floresta vai mudar agora que as sombras recuam. A música foi de novo cantada, o príncipe de novo surgiu. As árvores acordam e os pássaros não mais temem repousar em seus galhos. Olhem para a garota - ele murmurou, apontando para Neyleen, que agora dava de beber à Hoshy - Ela carrega uma espada e parece cansada. Deve ter lutado com um inimigo muito forte hoje, além da velha trepadeira. E ,vocês podem sentir também, ela carrega uma dor grande, que a enrola e prende como uma hera. Se somos dignos de sermos chamados de Espíritos da Floresta não nos demoremos mais! A floresta inteira está a acordar e a cantar e bradar por uma mudança. Não devemos ficar atrás! Miccolo, Nukalo e Peri Poti trouxeram a Escolhida até aqui. Que a nossa clareira seja também o santuário destes viajantes, que o nosso lar os auxilie a descansar. Por esta noite e pela noite de amanhã eles serão nossos convidados. Vamos espíritos, vamos recebê-los!
Com estas palavras se iniciou uma grande confusão em toda a clareira. Pequenos espíritos verdes voando para todos os lados, tentando todos ajudar de alguma maneira. Neyleen conseguiu sorrir cansada, ouvindo as risadinhas, sussurros, suspiros e vozes melodiosas cantarem as boas-vindas. A clareira se encheu de vida e de brilho.
- Fique calma, senhorita! - riu Miccolo - Meus primos e irmãos vão te ajudar agora. Durma, e saiba que a clareira dos espíritos te acolhe.
Ouvindo isso, Neyleen suspirou e deitou ao chão, adormecendo imediatamente, de espada na cintura e coroa de folhas na cabeça.