quinta-feira, julho 20, 2006

A clareira secreta


- É por aqui - sussurrou o pequeno espírito verde, voando à frente - Logo na próxima clareira fica a nossa aldeia. Venham logo.
Neyleen afastou o cipó da frente do seu rosto, passou por cima da enorme raíz e contornou o gigantesco tronco de figueira que se estendia imóvel no centro da mata. Ainda segurava apertada a mão de Fren contra a sua, com medo que ele - em seu estado de semi-consciencia - tropeçasse e se machucasse.
- Calma tio - ela sussurrava devagar - os espíritos vão nos levar até a Água Pura, vai ficar tudo bem.
- É aqui senhorita! - Miccolo disse entusiasmado - Seja bem vinda à nossa casa. Este é o último reduto dos espíritos da floresta, o nosso mais bem-amado santuário, onde moram as árvores Sagradas à beira da Água Pura. Agora não se preocupe mais, pois os seus amigos logo logo se reestabelecerão; meus companheiros tirarão deles toda a droga maléfica da velha Trepadeira. Vocês estão em casa agora.
De fato, Neyleen sentiu-se extremamente confortável e alegre por estar em uma clareira tão bonita. Protegida por todos os lados por gigantescas árvores que pareciam tão velhas quanto o prórprio mundo, havia uma pequena aldeia com casinhas alegres de madeira. Por todo o lado se ouviam os murmúrios dos pequenos seres flutuantes, misturado ao cantar doce e incessante de um pequenino córrego que dançava através da floresta. Lá em cima, as folhagens das árvores se encontravam e entrelaçavam-se, criando um gigantesco dossel de folhas que filtrava toda a luz que vinha de fora, criando uma deliciosa sensação uterina no vale. De imediato uma tranqüilidade recaiu sobre o grupo, e Miccolo sorriu com a beleza do seu lar.
- Pegue um pouco desta água - disse Peri Poti, apontando uma parte da clareira em que o córrego se tornava um pequeno lago - Aqui a água é mais pura e doce, vai ajudar os seus amigos.
Neyleen se ajoelhou com cuidado e pegou um pouco de Água Pura na concha das mãos. - Aqui tio, beba isso - ela pediu, ajudando o velho senhor a tomar um longo gole. Depois, ela puxou Mellock pela mão e fez o mesmo. - Isso mesmo, devagar. Vocês todos vão ficar bem, eu prometo. Bebam esta água e tudo vai passar.
Enquanto isso, Miccolo trouxe de uma das casas uma pequena cuia de madeira e já estava entregando para um Haccu zonzo beber. Peri Poti e Nukalo voavam atarefados, auxiliando quem precisasse.
Neste interím, vários espíritos haviam se reuinido ao redor, pois nunca antes tinham visto uma tão estranha procissão de viajantes, guiados e auxiliados por ninguém menos do que os Três Guardiões do Portão.
- Você viu? Miccolo trouxe os estrangeiros para cá. - disse um, com três longas folhas de salgueiro no rosto, fazendo as vezes de sombrancelhas e barba. - Ele deveria guardar o portão e manter os humanos longe, mas ao invés disto ele os guiou até a nossa aldeia!
- Eles parecem mal - comentou uma outra, que tinha um lindo hybiscus acima dos olhos - Talvez tenham se aventurado por perto da velha trepadeira. São tão imprudentes esses humanos! Vivem a se meter nas regiões perigosas da floresta.
- Vieram para beber a nossa Água Pura - sussurrou o velho pata-de-vaca - ,então devem estar mesmo mal. As drogas injetadas pelas plantas traiçoeiras são um grande perigo. Não importa quem sejam, precisam de ajuda. E imagino que, se Miccolo, Nucalo e Peri confiam neles, devemos fazer o mesmo.
- Mas eles são estrangeiros, são humanos, são perigosos! - exclamaram todos ao mesmo tempo, em uma doce balbúrdia que se espalhou pela clareira como se fosse um vento matinal.
- Silêncio - ordenou calmamente Pata-de-vaca - Estão vendo aquela garota que conduz o grupo e dá de beber aos outros? Não é ninguém menos do que a Escolhida, aquela que conhece a Música da Floresta. Os rumores e avisos das Grandes Árvores eram verdadeiros! Chegou o tempo do mundo mudar, não sentem isso no vento?
- Sim, velho chefe. Ouvimos sussurros sobre isso pela mata inteira. As velhas árvores do oeste estão cantando de novo, e o chorão alardeia sobre uma guerra que teria havido, e que destruiu a Torre Negra!
- Se destruiu a Torre só temos que nos felicitar - continuou o velho, reunindo todos os espíritos ao seu redor, para ter certeza de que todos o escutariam - A floresta vai mudar agora que as sombras recuam. A música foi de novo cantada, o príncipe de novo surgiu. As árvores acordam e os pássaros não mais temem repousar em seus galhos. Olhem para a garota - ele murmurou, apontando para Neyleen, que agora dava de beber à Hoshy - Ela carrega uma espada e parece cansada. Deve ter lutado com um inimigo muito forte hoje, além da velha trepadeira. E ,vocês podem sentir também, ela carrega uma dor grande, que a enrola e prende como uma hera. Se somos dignos de sermos chamados de Espíritos da Floresta não nos demoremos mais! A floresta inteira está a acordar e a cantar e bradar por uma mudança. Não devemos ficar atrás! Miccolo, Nukalo e Peri Poti trouxeram a Escolhida até aqui. Que a nossa clareira seja também o santuário destes viajantes, que o nosso lar os auxilie a descansar. Por esta noite e pela noite de amanhã eles serão nossos convidados. Vamos espíritos, vamos recebê-los!
Com estas palavras se iniciou uma grande confusão em toda a clareira. Pequenos espíritos verdes voando para todos os lados, tentando todos ajudar de alguma maneira. Neyleen conseguiu sorrir cansada, ouvindo as risadinhas, sussurros, suspiros e vozes melodiosas cantarem as boas-vindas. A clareira se encheu de vida e de brilho.
- Fique calma, senhorita! - riu Miccolo - Meus primos e irmãos vão te ajudar agora. Durma, e saiba que a clareira dos espíritos te acolhe.
Ouvindo isso, Neyleen suspirou e deitou ao chão, adormecendo imediatamente, de espada na cintura e coroa de folhas na cabeça.

14 comentários:

Charles Bosworth disse...

Olá! Olha só quem voltou... Hoje eu só escrevi uma história, (por que eu estava afim) mas prometo que ainda conto um bocado de coisas sobre viagens, One Piece e posts. Até amanhã...

(a quem estou enganando? ninguém vai ler isto antes de eu escrever o próximo post.. droga, que comentário inútil..)
(é que eu achei bonita a imagem da floresta como um primeiro post. Dá um toque verde à Hinée. Não queria tirar...)

Anônimo disse...

O Charlie é a Enya!

Ass: hm... [olha ao seu redor para inspiração].... é... [vê uma galeria de arte] Art... Art... [vê uma antiga cidade babilônica] ...Ur! ArtUr! [percebe que resultou igual ao seu próprio nome] Droga!

Ozzer Seimsisk disse...

pois é, Charlie é a Ennya O.o''
Tá bom, eu ainda não li o post, mas estou aqui só para comentar a volta do Cham e a descrição esquisita

hauhauhau

Charles Bosworth disse...

Ok! Olá. Pode comentar então..

Anônimo disse...

"Eu sou tudo. Sou o espírito do vento que corre pelo gramal, balançando o trigo. Sou o tocador de flauta, no centro da mata escura e verde. Sou o tigre caçador e o coelho dócil. Sou fraco e tolo, mas também já fui pirata e bibliotecário. Não uso máscaras, pois não preciso; tenho vários rostos - Talvez nenhum verdadeiro. Sou a espuma do rio. Sou historiador e viajante. E um dia eu vou escrever o Krystalian, contando todas as histórias do mundo.Eu sou tudo. Sou o espírito do vento que corre pelo gramal, balançando o trigo. Sou o tocador de flauta, no centro da mata escura e verde. Sou o tigre caçador e o coelho dócil. Sou fraco e tolo, mas também já fui pirata e bibliotecário. Não uso máscaras, pois não preciso; tenho vários rostos - Talvez nenhum verdadeiro. Sou a espuma do rio. Sou historiador e viajante. E um dia eu vou escrever o Krystalian, contando todas as histórias do mundo."

___Que lindo *-*__________

Ozzer Seimsisk disse...

Lindo *...*
*querendo ser a Neyleen ou uma habitante da Floresta*
Cham, você gatos florestas.
*um pouco perturbada*
Floresta linda, doces criaturas Mágica real, existente, só que nós pessoas da cidade extasiados não percebemos. Floresta mágica. Linda. Verde-lindo.
Úmido como a manhã e luminoso como a esperança (e a manhã também).
*consciente da impossibilidade existencial de ser a Neyleen*

Adoro quando você (d)escreve. Adoro seus personagens e os nomes deles. E essas histórias pueris.

Artur disse...

Ah, desculpe comentar de novo sem ter a ver com o texto, mas....

Foi feito um jogo de video-game (Playstation 2) da Dokuro-Chan! Anjo que bate até a morte, pipiru piru piru pipiru pi!!!

Charles Bosworth disse...

Se os comentários fora de lugar forem sempre engraçados assim eles são extremamente bem-vindos!!
*Pwooohh!!!*
Imagina o objetivo do jogo... Salvar a vida do Sakura-chan..MATANDO ELE VÀrias vezes!!! HUHUHUHUHU!!!

Ai ai...

Eu não entendi Marina... O que é que são gatos florestas?

Ozzer Seimsisk disse...

não não, você é que gatos florestas õ.õ
se pensar um pouco você talvez se lembre de onde eu tirei isso...

que coisa mais gatos...

Artur disse...

Charlie, no jogo você é o Sakura...

Anônimo disse...

Charlie, odeio quando você postas essas histórias, eu fico tão aflito, gostaria de ler, mas perderia horas de minha vida v.v"

desculpa, mas nao gosto de ler cosias grandes..

estou inventando um mundo... ^^

Ozzer Seimsisk disse...

*squick não pode perder horas da sua vida lendo sobre os mundos dos outros, mas pode se for para inventar seu próprio mundo*

Squick, seu egocêntrico :þ

Charles Bosworth disse...

la-la-la!
~
(nem ligando para as discussões)

Anônimo disse...

ugo egocentrico!!!

Chan!
Eu tenho que confessar uma coisa! Eu nunca fui muito com a cara do Peri Poti! Eh por isso que eu demorei tanto para ler esse texto..
Mas me arrependi sabe?? Eu gosto da floresta....
não sei..