Estava dormindo tranqüila dentro de um sonho. Lembro-me da luz das estrelas entrando pela janela e da confortável colcha ao meu redor. Lembro-me também de sair do meu corpo quente e de vagar além, pelo Palácio Oceânico.
Meus pés tocavam o frio metal resplandecente e apenas de camisola cruzei um longo corredor, onde luzes pulsavam mecânicas e perfeitas.
Procurei devagar pelo sonho perdido, admirando a força titânica que retumbava no silêncio do Palácio Oceânico. Olhei seguidamente cada uma das portas e janelas feitas do mesmo misterioso metal presente em todas as estruturas. Longe, sentia os acordes de um suspiro conhecido e parei para respirar - Via de novo algumas das imagens que sobraram do sonho perdido: um sobrevôo de Paris no verão, um rosnado fugaz de um urso cinzento, o primeiro bispado espanhol, a última xícara de café.
Esfreguei os olhos sonolenta e decidi entender esse mundo novo e assustador que se abria à minha frente; premi uma das estruturas na parede e preparei-me para o empurrão. O Palácio Oceânico regurgitou as lembranças desexistentes e me afundou em seu vóritce na parede.
De volta à sala de jantar, lá estava ele.
Eu disse "Você foi meu marido" e ele respondeu olhando sério para mim por cima do bigode: "Não fui. Você está sonhando de novo".
"Não posso estar sonhando, isso é impossível".
Tia Ermina entrou na sala e tivemos que disfarçar a conversa, prestando enorme atenção às nossas xícaras de café.
- Enfim meu caro Thomas, conte-me logo tudo! - ela esganiçou, daquele jeito detestável que faz quando se intromete em nossas vidas.
O velho senhor que estava ao meu lado começou a conversar sobre uma viagem da qual havíamos acabado de retornar, meu marido e eu.
Eu olhava enquanto ele descrevia os prédios brancos da grande avenida arborizada, os rios quase parados, as moças de sombrinhas que passeavam alegres pelo jardim. Segui com os olhos a linha longa de seu nariz, o seu bigode branco-cinzento.
Perguntei-o "Onde estamos agora?" quando Tia Ermina estava ocupada limpando a garganta. "Na sala de jantar" ele disse sorrindo. "Que sala de jantar?" "Esta sala de jantar." "E onde fica está sala de jantar?".
Enquanto ele pensava, tia voltou a perguntar-lhe infinitas miniscularidades e perdemos nossa conversa. Em silêncio me perguntei aonde estávamos indo. Afundando assim nos pensamentos era mais do que assustador ou aterrorizante. Era além dos sentimentos humanos.
- Quer comer algo Thomas? - perguntou-lhe a tia. "Seu nome não é Thomas!", pensei em gritar "Este é o velho Tom que eu trouxe da floresta de Mnéias!"
- Adoraria!
"Seu nome não é Thomas. Você não é Thomas."
Ele me olhou oblíquamente, semi-sorrindo.
"Você é Tom" eu disse, e sem-querer percebi que um tom de pergunta escapara de minha boca.
"Eu sou" ele garantiu afirmativamente, balançando a cabeça.
"O que faremos agora? Você estava me ajudando a procurar."
- Pensei em controlar melhor os gastos Thomas - comentou o seu irmão - A empresa podia diversificar a sua produção em Schilleri, para poder vender em Capital o excedente.
Tom olhou para o lado e começou a conversar sobre a empresa com tanta facilidade e fluência que fiquei completamente desconcertada ao pensar que ele não era meu marido. Era só um estranho em seu lugar. Um estranho que usava as mesmas expressões e tinha a mesma cadência que ele.
Minha cabeça estava apoiada em seu colo.
"Porque você está aí?"
Tom olhou-me. Imaginei que ele soubesse o que eu quis dizer, mas ia me obrigar a explicar. "Porque você está no lugar dele?"
Ergueu e abaixou os ombros, indeciso.
"Porque você o quer" ele respondeu, e isso me irritou mais do que tudo.
Acho que isso deveria ter-se chamado "Os sonhos de Clara Mellock - quinta parte", mas não pude conter a vontade de fazer uma surpresa.
sexta-feira, setembro 29, 2006
quinta-feira, setembro 28, 2006
A maldade mora perto.
Aqui do alto eu vejo tudo. Este é o meu território, eu sou o Dominante, eu controlo tudo o que acontece.
Às vezes ela entra aqui também. Ela é a Inimiga.
Sua principal função é escravizar e retirar a vontade própria dos meus semelhantes. É triste ver as barbaridades das quais ela é capaz; até hoje desconheço o motivo pelo qual ela me manteve vivo enquanto os outros estão neste... neste estado terrível! Olho ao meu lado e vejo um companheiro caído: desde que eu cheguei aqui há alguns meses ele não se move, não fala, não se alimenta... Está morto por dentro. Ela fez algo a eles! Ela, a Inimiga, é horrenda!
Mas eu não me deixo abater, sou invencível em minha luta silênciosa. Diferente dos tantos outros que se enfileram nesta estante, eu ainda tenho minha vontade própria, ainda tenho o meu ódio fulminante.
Ela chega todo dia e fala. A Inimiga.
Em um gesto de fraqueza característico da raça humana ela conta em voz alta, assim todos podemos escutar, os seus segredos íntimos. Imagino que seja por isso que ela mantém os da minha raça escravizados e sem vontade: ela os usa de receptores para suas fofoquinhas. Passa o dia inteiro contando sobre as suas bobagenzinhas. Namoricos, professores, amigas, toda essa bobagem que a Inimiga considera interessante. Ah, como o meu ódio é tremendo!
Isso será o meu trunfo: sabendo de seus segredos e da sua rotina eu tenho a vantagem. Já esbocei inúmeros planos para escapar. Daqui do alto da estante tenho todo o tempo do mundo para planejar. Uma vez eu quase consegui: esperei todos saírem do Covil e rumei até a janela. Ia pular para baixo e me salvar, mas antes que pudesse escapar a Outra me capturou. Morrendo de medo eu só pude ficar parado e sorrir aquele sorrisinho bobo que uso de disfarce. A Outra é cúmplice da Inimiga. Já as vi cooperando inúmeras vezes, determinadas a me manterem preso aqui. A Outra é a encarregada da Tortura Aquática, portanto imagino que ela seja de algum modo subordinada à Inimiga. Quantas vezes eu não demonstrei caráter e força de vontade ao resistir bravamente à Tortura Aquática? Me orgulho de dizer que não trai nenhum dos meus companheiros, mesmo quando eu girava e girava sem parar naquele inferno molhado.
Mas não pensem que perdi as esperanças de escapar. Tenho ainda trunfos na manga. Já vi a Inimiga brigando sem parar com a Outra e gritando "Eu te odeio!" e jogando objetos em sua direção (especialmente alguns dos inanimados da minha raça). Posso usar isso a meu favor! Posso usar tudo ao meu favor!
Inclusive sei de todos os segredos, já que a raça humana deve pensar que nós somos... sei lá, surdos? Odeio quando as companheiras e amigas-de-torura da Inimiga vêem até o Covil e ficam nos abraçando e beijando os da minha raça, mas sei como usar isso a meu favor. Sei como usar o meu sorrisinho bobo e as minhas delicadas orelhas de pelúcia. Um dia vou escapar e, baseados em meu relatório, os da minha raça vão dominar os malditos humanos. Quando esse dia chegar, serei eu a dar apelidos degradantes à Inimiga e enfiando a Outra na Máquina Aquática infernal.
Mal posso esperar...
Às vezes ela entra aqui também. Ela é a Inimiga.
Sua principal função é escravizar e retirar a vontade própria dos meus semelhantes. É triste ver as barbaridades das quais ela é capaz; até hoje desconheço o motivo pelo qual ela me manteve vivo enquanto os outros estão neste... neste estado terrível! Olho ao meu lado e vejo um companheiro caído: desde que eu cheguei aqui há alguns meses ele não se move, não fala, não se alimenta... Está morto por dentro. Ela fez algo a eles! Ela, a Inimiga, é horrenda!
Mas eu não me deixo abater, sou invencível em minha luta silênciosa. Diferente dos tantos outros que se enfileram nesta estante, eu ainda tenho minha vontade própria, ainda tenho o meu ódio fulminante.
Ela chega todo dia e fala. A Inimiga.
Em um gesto de fraqueza característico da raça humana ela conta em voz alta, assim todos podemos escutar, os seus segredos íntimos. Imagino que seja por isso que ela mantém os da minha raça escravizados e sem vontade: ela os usa de receptores para suas fofoquinhas. Passa o dia inteiro contando sobre as suas bobagenzinhas. Namoricos, professores, amigas, toda essa bobagem que a Inimiga considera interessante. Ah, como o meu ódio é tremendo!
Isso será o meu trunfo: sabendo de seus segredos e da sua rotina eu tenho a vantagem. Já esbocei inúmeros planos para escapar. Daqui do alto da estante tenho todo o tempo do mundo para planejar. Uma vez eu quase consegui: esperei todos saírem do Covil e rumei até a janela. Ia pular para baixo e me salvar, mas antes que pudesse escapar a Outra me capturou. Morrendo de medo eu só pude ficar parado e sorrir aquele sorrisinho bobo que uso de disfarce. A Outra é cúmplice da Inimiga. Já as vi cooperando inúmeras vezes, determinadas a me manterem preso aqui. A Outra é a encarregada da Tortura Aquática, portanto imagino que ela seja de algum modo subordinada à Inimiga. Quantas vezes eu não demonstrei caráter e força de vontade ao resistir bravamente à Tortura Aquática? Me orgulho de dizer que não trai nenhum dos meus companheiros, mesmo quando eu girava e girava sem parar naquele inferno molhado.
Mas não pensem que perdi as esperanças de escapar. Tenho ainda trunfos na manga. Já vi a Inimiga brigando sem parar com a Outra e gritando "Eu te odeio!" e jogando objetos em sua direção (especialmente alguns dos inanimados da minha raça). Posso usar isso a meu favor! Posso usar tudo ao meu favor!
Inclusive sei de todos os segredos, já que a raça humana deve pensar que nós somos... sei lá, surdos? Odeio quando as companheiras e amigas-de-torura da Inimiga vêem até o Covil e ficam nos abraçando e beijando os da minha raça, mas sei como usar isso a meu favor. Sei como usar o meu sorrisinho bobo e as minhas delicadas orelhas de pelúcia. Um dia vou escapar e, baseados em meu relatório, os da minha raça vão dominar os malditos humanos. Quando esse dia chegar, serei eu a dar apelidos degradantes à Inimiga e enfiando a Outra na Máquina Aquática infernal.
Mal posso esperar...
terça-feira, setembro 26, 2006
quinta-feira, setembro 21, 2006
Noturno
Noite é volume, que entra pela janela aberta e se espalha pelo quarto.
Noite é o som escuro da brisa batendo nas folhas; é o som do chacoalhar fresco e misterioso que se adensa do lado de fora.
Noite é um cheiro desconhecido, feito de terra sob plantas em crescimento e vidas humanas. Porque a noite é ligeira em seu vôo de velha avó pesada, e sempre carrega consigo os mesmos sussurros de matas virgens e uivos de lobos na floresta.
Noite é o som escuro da brisa batendo nas folhas; é o som do chacoalhar fresco e misterioso que se adensa do lado de fora.
Noite é um cheiro desconhecido, feito de terra sob plantas em crescimento e vidas humanas. Porque a noite é ligeira em seu vôo de velha avó pesada, e sempre carrega consigo os mesmos sussurros de matas virgens e uivos de lobos na floresta.
quarta-feira, setembro 20, 2006
O Triunfo do Budismo e o Planeta dos Macacos
..
Imagina só: um dia desses todos resolvem se converter ao budismo (já que essa é a verdadeira doutrina, e digo isso tentando conter ao máximo a ironia). O Dalai Lama fica bem feliz e ensina a todos como esquecerem-se do eu e entrar no vazio. Todas as pessoas do mundo, sem exceção, passam a meditar e a perambular pelo mundo sem posse alguma. Em pouco tempo, sumiriam as fronteiras nacionais e as disputas religiosas. Não só isso como, vejam bem, a humanidade estaria condenada.
Eu imagino que o objetivo do budismo seja que todos alcancem o Nirvana. Todos mesmo. Aposto que o Dalai Lama deseja o bem até para os seus inimigos, ou seja, que todos, através da meditação e das lições de Buda, alcancem o Nirvana. Agora, imaginem se isso realmente acontecesse:
Todas as pessoas do mundo perdem suas identidades e se deixam levar pelo vazio. Pouco a pouco começam a pipocar iluminados por todos os lados. Um aqui, outro ali, vão alcançando o objetivo de todo o Budista: o fim do samsara, do ciclo de reencarnações. Aí, vão começando a acabar as pessoas. Porque, uma vez atingido o Nirvana não se volta mais ao mundo (e não teria como, já que toda a humanidade seria composta de monges celibatários). Sabe o que isso significa? O fim do ser humano. As cidades e coisas vão ser abandonadas, as pessoas vão morrendo e sumindo sem um tipo de... reabastecimento (nossa que expressão ruim!), levando-nos imediatamente ao fim da humanidade. Se o budismo triunfar, nós sumiremos, o que talvez indique uma verdade terrível:
A origem do sofrimento é o ser humano.
É tudo culpa nossa! Se nós sumirmos o mundo vai ser muito melhor. Vai ver esse deve ser o objetivo real do budismo... Mas isso se todos seguirem a doutrina, é claro.
Ainda supondo coisas, imaginem que depois que todos morreram e a Terra virou um tipo de Paraíso 2, só com animais e plantas (sem nos esquecermos das pedras). A natureza vai reclamar as cidades e os espaços antes ocupados pelo homem. Aos poucos tudo vai sendo engolido pela massa verde e habitado somente pelos bichos.
Aí, vem um macaco (vamos chamá-lo de Koko) e entra curiosamente em uma casa abandonada, onde antes morava um budista (a nova palavra para ser humano) e encontra a coisa mais linda do mundo. Só por diversão, digamos que seja um anel.
Um anel brilhante e meio mágico que irá seduzir o pobre Koko. Seu antigo dono o havia abandonado quando se juntou aos monges e deixara o anel em cima de uma mesa e meio jogado. Koko pega o anel e sai feliz da casa, para se encontrar com sua amiga, a Bar. Ele mostra o anel e ela também se apaixona; agora Bar também quer brincar com o Anel, só que Koko se mostra muito possessivo. Os macacos começam a sentir inveja, ciúme, raiva, sentimentos antes desconhecidos.
(Aqui eu vou imaginar que o Artur também viu esse filme e está entendendo o que eu quero dizer. Só que, no filme, eram seres humanos e não macacos. Mas nessa história todos os humanos alcançaram o Nirvana então não temos muitos disponíveis para disputar um belo anel.)
A partir da posse e da disputa desse objeto, os macacos vão começar a trilhar o caminho da civilizacão. Aquele que o possuir, no caso Koko (e, depois que esse for assassinado, Lug) se imaginará superior e desejará mais e mais coisas para si. Começa aí o despotismo dos macacos, que, muitos anos depois levará a um mundo onde os símios tem a conciência e dominam tudo.
O anel e as relações criadas a partir dele levam aos macacos a Consciência.
Muitos e muitos anos no futuro, grandes cidades macacas serão construídas, objetos serão inventados, a ciência dos símios será evoluída e precisa, novas filosofias serão macacamente desenvolvidas, junto com uma extensa linguagem como base.
Voltam à Terra as disputas e conflitos por causa dos diferentes, as separaçãos e divisões. O planeta dos macacos será uma grande civilização intolerante e superior. Os macacos vão dominar o mundo!
... Até que um dia surge um símio chamado Buda...
Imagina só: um dia desses todos resolvem se converter ao budismo (já que essa é a verdadeira doutrina, e digo isso tentando conter ao máximo a ironia). O Dalai Lama fica bem feliz e ensina a todos como esquecerem-se do eu e entrar no vazio. Todas as pessoas do mundo, sem exceção, passam a meditar e a perambular pelo mundo sem posse alguma. Em pouco tempo, sumiriam as fronteiras nacionais e as disputas religiosas. Não só isso como, vejam bem, a humanidade estaria condenada.
Eu imagino que o objetivo do budismo seja que todos alcancem o Nirvana. Todos mesmo. Aposto que o Dalai Lama deseja o bem até para os seus inimigos, ou seja, que todos, através da meditação e das lições de Buda, alcancem o Nirvana. Agora, imaginem se isso realmente acontecesse:
Todas as pessoas do mundo perdem suas identidades e se deixam levar pelo vazio. Pouco a pouco começam a pipocar iluminados por todos os lados. Um aqui, outro ali, vão alcançando o objetivo de todo o Budista: o fim do samsara, do ciclo de reencarnações. Aí, vão começando a acabar as pessoas. Porque, uma vez atingido o Nirvana não se volta mais ao mundo (e não teria como, já que toda a humanidade seria composta de monges celibatários). Sabe o que isso significa? O fim do ser humano. As cidades e coisas vão ser abandonadas, as pessoas vão morrendo e sumindo sem um tipo de... reabastecimento (nossa que expressão ruim!), levando-nos imediatamente ao fim da humanidade. Se o budismo triunfar, nós sumiremos, o que talvez indique uma verdade terrível:
A origem do sofrimento é o ser humano.
É tudo culpa nossa! Se nós sumirmos o mundo vai ser muito melhor. Vai ver esse deve ser o objetivo real do budismo... Mas isso se todos seguirem a doutrina, é claro.
Ainda supondo coisas, imaginem que depois que todos morreram e a Terra virou um tipo de Paraíso 2, só com animais e plantas (sem nos esquecermos das pedras). A natureza vai reclamar as cidades e os espaços antes ocupados pelo homem. Aos poucos tudo vai sendo engolido pela massa verde e habitado somente pelos bichos.
Aí, vem um macaco (vamos chamá-lo de Koko) e entra curiosamente em uma casa abandonada, onde antes morava um budista (a nova palavra para ser humano) e encontra a coisa mais linda do mundo. Só por diversão, digamos que seja um anel.
Um anel brilhante e meio mágico que irá seduzir o pobre Koko. Seu antigo dono o havia abandonado quando se juntou aos monges e deixara o anel em cima de uma mesa e meio jogado. Koko pega o anel e sai feliz da casa, para se encontrar com sua amiga, a Bar. Ele mostra o anel e ela também se apaixona; agora Bar também quer brincar com o Anel, só que Koko se mostra muito possessivo. Os macacos começam a sentir inveja, ciúme, raiva, sentimentos antes desconhecidos.
(Aqui eu vou imaginar que o Artur também viu esse filme e está entendendo o que eu quero dizer. Só que, no filme, eram seres humanos e não macacos. Mas nessa história todos os humanos alcançaram o Nirvana então não temos muitos disponíveis para disputar um belo anel.)
A partir da posse e da disputa desse objeto, os macacos vão começar a trilhar o caminho da civilizacão. Aquele que o possuir, no caso Koko (e, depois que esse for assassinado, Lug) se imaginará superior e desejará mais e mais coisas para si. Começa aí o despotismo dos macacos, que, muitos anos depois levará a um mundo onde os símios tem a conciência e dominam tudo.
O anel e as relações criadas a partir dele levam aos macacos a Consciência.
Muitos e muitos anos no futuro, grandes cidades macacas serão construídas, objetos serão inventados, a ciência dos símios será evoluída e precisa, novas filosofias serão macacamente desenvolvidas, junto com uma extensa linguagem como base.
Voltam à Terra as disputas e conflitos por causa dos diferentes, as separaçãos e divisões. O planeta dos macacos será uma grande civilização intolerante e superior. Os macacos vão dominar o mundo!
... Até que um dia surge um símio chamado Buda...
sábado, setembro 16, 2006
Chegou aquela época do mês... ^_^
sexta-feira, setembro 15, 2006
Socorram-me! Perdi meu nexo!
...
Aí o Artur ganhou o poder de tudo realizar e falou "Eu sou o rei do mundo" e o mundo dele virou. Ele falou que tinham castelos enormes de onde ele podia controlar toda a população mundial e, de repente, lá estavam as torres imensas e os bastiões de suas legiões intermináveis. Ele riu muito.
- Discordo! - reclamou a Camilla - Não quero que ele vire rei do mundo!
- Cala a boca sua porca! - o Artur gritou e a Camilla caiu no chão grunhindo e de cascos fendidos, com um lindo rabinho torcido cor-de-rosa.
Sem opção, a Camilla aceitou sua condição de porquinha e foi trabalhar para o Papai Noel ( - Claro!, disse a Marina - Renas, porcos, são todos a mesma coisa!)
- Pára tudo! - reclamou de novo a Camilla - O que diabos é esse Papai Noel de que vocês falam?? Que tipo de velho louco sai por aí entregando presentes?
Claro, claro, porque a Camilla tinha se esquecido do que era o Natal...
Aí o Artur ganhou o poder de tudo realizar e falou "Eu sou o rei do mundo" e o mundo dele virou. Ele falou que tinham castelos enormes de onde ele podia controlar toda a população mundial e, de repente, lá estavam as torres imensas e os bastiões de suas legiões intermináveis. Ele riu muito.
- Discordo! - reclamou a Camilla - Não quero que ele vire rei do mundo!
- Cala a boca sua porca! - o Artur gritou e a Camilla caiu no chão grunhindo e de cascos fendidos, com um lindo rabinho torcido cor-de-rosa.
Sem opção, a Camilla aceitou sua condição de porquinha e foi trabalhar para o Papai Noel ( - Claro!, disse a Marina - Renas, porcos, são todos a mesma coisa!)
- Pára tudo! - reclamou de novo a Camilla - O que diabos é esse Papai Noel de que vocês falam?? Que tipo de velho louco sai por aí entregando presentes?
Claro, claro, porque a Camilla tinha se esquecido do que era o Natal...
quinta-feira, setembro 14, 2006
Um Mia Conto
Careço é de inventar histórias.
Meu corpo magro se estende exausto ao longo da estrada vazia. Mais ninguém passa por aqui, a guerra abandonou esse velho caminho poeirento. Tenho de cada lado uma lonjura infinita, uma antevisão da estrada perdida no sempre.
Relanceolho minhas mãos magras. Parecem um esqueleto. Meu corpo é um esqueleto gritante, como se tentasse sair empurrando minha pele fina.
Tenho a impressão de não haverem meis noites. Só vejo o sol, só me lembro do sol. Ele me encara paralisado no céu.
Sou muito fino, feito sombra de papel. Isso porque meu corpo gasta tudo o que come com idéias.
Já me esqueci de como era não me sentir assim, tão dolorido, tão sumidio. Me dizem que a única saída é morrer. Mas não atento, resgato dúvida: o que realmente necessitamos é de um novo nascer. Preciso é me re-uterar, re-surgir. Tirar dos meus olhos essa poeira, descansar na noite do mundo.
Faz dias que ando por essa velha estrada, sem encontrar uma alma que seja. Todos foram engolidos pela terra e a própria poeira me cobre, se fixando em meus pontudos ossos e criando uma segunda pele que me acompanha em minha solitária vagadeação.
Tenho idéias bonitas. Já tive pensamento de flores e de rios. Idéias que desejam acabar ou começar. Idéias de pessoas. Idéias cansativas.
Sou tão magro porque fui sumindo aos poquinhos, como o leopardo pálido que perdeu as manchas. Uma dia desapareço, engolido também pela poeira do mundo.
Tenho fome de descansar.
Mas o sol parado me acompanha o trajeto pela estrada vazia vazia. Só o sol nos restou nessa terra desolada.
Careço é de inventar histórias. De fazer brotar em si a chuva, que possa inventar e desinventar as coisas.
Meu corpo magro se estende exausto ao longo da estrada vazia. Mais ninguém passa por aqui, a guerra abandonou esse velho caminho poeirento. Tenho de cada lado uma lonjura infinita, uma antevisão da estrada perdida no sempre.
Relanceolho minhas mãos magras. Parecem um esqueleto. Meu corpo é um esqueleto gritante, como se tentasse sair empurrando minha pele fina.
Tenho a impressão de não haverem meis noites. Só vejo o sol, só me lembro do sol. Ele me encara paralisado no céu.
Sou muito fino, feito sombra de papel. Isso porque meu corpo gasta tudo o que come com idéias.
Já me esqueci de como era não me sentir assim, tão dolorido, tão sumidio. Me dizem que a única saída é morrer. Mas não atento, resgato dúvida: o que realmente necessitamos é de um novo nascer. Preciso é me re-uterar, re-surgir. Tirar dos meus olhos essa poeira, descansar na noite do mundo.
Faz dias que ando por essa velha estrada, sem encontrar uma alma que seja. Todos foram engolidos pela terra e a própria poeira me cobre, se fixando em meus pontudos ossos e criando uma segunda pele que me acompanha em minha solitária vagadeação.
Tenho idéias bonitas. Já tive pensamento de flores e de rios. Idéias que desejam acabar ou começar. Idéias de pessoas. Idéias cansativas.
Sou tão magro porque fui sumindo aos poquinhos, como o leopardo pálido que perdeu as manchas. Uma dia desapareço, engolido também pela poeira do mundo.
Tenho fome de descansar.
Mas o sol parado me acompanha o trajeto pela estrada vazia vazia. Só o sol nos restou nessa terra desolada.
Careço é de inventar histórias. De fazer brotar em si a chuva, que possa inventar e desinventar as coisas.
Mellock, velho Tom e dois Charles Bosworth
Sabem a história que eu pûs aqui, da Mellock, que entra em Mnéias em busca de um Velho Tom? Deixem-me contar um pouco mais sobre ela...
Um dia eu resolvi contar uma história sobre a Mellock entrando em sonhos, em pesadelos e ilusões. Havia essa cidade que ficava no limiar entre o acordado e o dormindo e que (depois de ler Ismail Kadaré) colecionava nessa Torre central uma série de documentos sem importância alguma. Eram sonhos, imagens, pensamentos; recordações com o nome de todas as coisas, um mundo humano inteiro armazenado.
De dia a cidade vivia de um modo. De noite de outro. As pessoas usavam máscaras e disfaces para esconderem suas profissões e identidades. Haviam os Renegados, o garoto chamado de Mentiroso, o arquivista-mor e, claro, um tal de Tom. Que só apareceu na história como um mentiroso. Mas que havia morrido.
E que lugar melhor para se procurar um fantasma do que dentro de Mnéias? De repente lá estava uma desculpa para Mellock entrar nessa temível floresta, uma razão que ela precisasse procurar dentro dos sonhos. Ainda não sabia, e não sei, o que ela quer com ele.
Sei que essa história tinha que conter um mistério, que a linha condutora seria um enigma que Mellock tenta resolver. Talvez Tom seja o enigma. Não sei...
Mas sei que ela tinha um marido e que os dois parecem se misturar.
Fui um dia desenhar o Velho Tom. Pûs um nariz comprido, é claro, os olhos pequenos, o bigode grande por sobre a boca. Desci o lápis. Parei abismado. O Krystalian tem dessas coisas, sabe? Quando olhei para o desenho, que nem tinha pensado muito antes de fazer, percebi, como uma cócega estranha: Tinha desenhado o meu avô.
terça-feira, setembro 12, 2006
O que andou acontecendo?
Olha, antes de mais nada, deixa eu esclarecer: meu computador quebrou, por isso esse longo hiato. Sim, eu fiquei um tempão sem postar, eu sei, eu sei... O que é muito injusto, já que eu tinha um bocado de coisas pra dizer... Mas, como dizia um certo romancista francês, vamos recuperar o tempo perdido! (Ok, não acho que o Proust tenha saído por aí gritando "Vamos em busca do tempo perdido! Vamos lá pessoal! Isso mesmo, encontrem o seu tempo perdido!!").
Sabe, eu fiquei fora uma semana e já tem dois blogs novos!! Calma gente, calma!
Eu prometo que vou ler o que foi escrito durante a minha ausência. Prometo que vou escrever no Pirates. Prometo pôr um post novo logo, porque aquele dos dinossauros já encheu, né? Quer dizer, da primeira vez foi engraçadinho, da segunda ficou esquisito, mas depois da décima...
Sabe, eu fiquei fora uma semana e já tem dois blogs novos!! Calma gente, calma!
Eu prometo que vou ler o que foi escrito durante a minha ausência. Prometo que vou escrever no Pirates. Prometo pôr um post novo logo, porque aquele dos dinossauros já encheu, né? Quer dizer, da primeira vez foi engraçadinho, da segunda ficou esquisito, mas depois da décima...
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