quinta-feira, setembro 14, 2006

Um Mia Conto

Careço é de inventar histórias.
Meu corpo magro se estende exausto ao longo da estrada vazia. Mais ninguém passa por aqui, a guerra abandonou esse velho caminho poeirento. Tenho de cada lado uma lonjura infinita, uma antevisão da estrada perdida no sempre.
Relanceolho minhas mãos magras. Parecem um esqueleto. Meu corpo é um esqueleto gritante, como se tentasse sair empurrando minha pele fina.
Tenho a impressão de não haverem meis noites. Só vejo o sol, só me lembro do sol. Ele me encara paralisado no céu.
Sou muito fino, feito sombra de papel. Isso porque meu corpo gasta tudo o que come com idéias.
Já me esqueci de como era não me sentir assim, tão dolorido, tão sumidio. Me dizem que a única saída é morrer. Mas não atento, resgato dúvida: o que realmente necessitamos é de um novo nascer. Preciso é me re-uterar, re-surgir. Tirar dos meus olhos essa poeira, descansar na noite do mundo.
Faz dias que ando por essa velha estrada, sem encontrar uma alma que seja. Todos foram engolidos pela terra e a própria poeira me cobre, se fixando em meus pontudos ossos e criando uma segunda pele que me acompanha em minha solitária vagadeação.
Tenho idéias bonitas. Já tive pensamento de flores e de rios. Idéias que desejam acabar ou começar. Idéias de pessoas. Idéias cansativas.
Sou tão magro porque fui sumindo aos poquinhos, como o leopardo pálido que perdeu as manchas. Uma dia desapareço, engolido também pela poeira do mundo.
Tenho fome de descansar.
Mas o sol parado me acompanha o trajeto pela estrada vazia vazia. Só o sol nos restou nessa terra desolada.
Careço é de inventar histórias. De fazer brotar em si a chuva, que possa inventar e desinventar as coisas.

3 comentários:

Anônimo disse...

=D
segui seu conselho... Mudei de nome....

Quanto a essa estrada,


I’ve walked this road, went up and down
I’ve walked this road a thousand times
I’ve walked up and ‘round the bend
To find this road it has no end
The road is hard the road is long
It tears you up and wears you down
It feeds you hope and then make you blue
This dirty road where I met you

I saw your face in filthy bars
Where I fed my broken heart
And when I finally caught your eye
I knew a part in me had died
And with my mind too dim to think
I took your hand and I paid your drink
And then we strolled on to my home
A little further down the road

Soon comes the time when you stop to bother
Slowly the wine it’ll turn to water
It’s hard to help it even though you know
Soon you’ll be back on that old road

A few years later down that road
A thousand fights and slamming doors
A thousand lies that I did tell
Hope you still love me anyway
You know there’s changes bound to come
You got me scared and I did run
It took some time but now I know
I won’t go back down that old road

(eu gosto dessa música)

Charles Bosworth disse...

Que legal!

... quem quer que você seja...

Anônimo disse...

Fico feliz que não seja um homem muito observador. Caso contrário haveria percebido minhas pistas.
De qualquer forma venho com uma mensagem importante:
-Pegadas são marcas que se apagam!