quinta-feira, maio 31, 2007

Nós somos, nós fomos

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Quando Charles olhou em volta não havia mais nada. Aquela história antiga, aquele sonho de infância, a estrada chegara ao fim.
Acho que acabou. Será essa a última vez que percorro a água silenciosa da baía e vejo o verde puro da floresta refletido pelo mar? Um último passo, o medo de terminar.
Não, nada de cair em ilusões de que poderia durar para sempre. A infância acaba, você sabe. Aquilo de antes é traído e nos transformamos no diferente.
Mas quem disse que a adorável memória não pode nos ajudar? Se fechar os olhos, Charles vai perceber que sempre esteve lá. Que essa parte do passado vai sempre sempre existir.
Então vamos sorrir e tentar nos despedir da melhor maneira. Há um certo receio de nos desfazermos de nossos sonhos; que curioso quando as coisas mais importantes para nós se tornam somente outras coisas, coisas antigas, deixadas de lado.
Ah sim, quando eu era...
Foi uma risada, foi uma lembrança. Acho que faz sentido tudo terminar. Mas que dor, mas que pena. Nós éramos deuses! Corríamos por pedras, dancávamos sob a lua. Agora temos que andar no chão, na rua, com nossas próprias pernas e lidar com o mundo adulto. O atarefado e fixo mundo adulto.
Mas afinal, por mais que deturpem e modifiquem o lugar de nossa infância (e essa é a parte mais triste: vermos que as pedras especiais são mudadas de lugar, as casas coloridas sendo pintadas de branco, os cachorros atirados em um canil qualquer e que o túmulo agora não passa de uma escultura posta ali) ele vai, em alguma parte de nós, continuar.
Afinal, Home is where the Heart Is.

Me desculpem pelo discurso piegas. Acho que há um terrível último passo em todas as ações.

5 comentários:

Ozzer Seimsisk disse...

?

Utak disse...

A infância não vai embora. Apenas se torna menos infantil. Ainda podemos correr entre pedras coloridas e dançarmos sob a lua. O mundo adulto é terrivelmente sem cores. Mas é para isso que entramos nele: para tentarmos transforma-lo. O mundo adulto deverá ser colorido, ser brilhante e encantado, pois nós estamos aqui para isso. Para encantar esse mundo tão sem-graça e desinteressado na felicidade alheia. Andamos na rua, no chão duro e com nossas pernas, mas andamos da maneira que quisermos. E se só pudermos usar preto e branco, ainda podemos fazer um belo degradê.

Anônimo disse...

É diferente Ugo. O mundo adulto tem cores e sonhos também, como você falou. É delicioso pensar primaveras enquanto se é crescido e tem força de realizar os desejos. Mas isso não é infãncia. Esse texto fala de coisas que não existem mais: outros sonhos, outras vidas. Que já acabaram. Não há nenhuma tristeza nisso, só o fim.

Pioux's disse...

T_T

não cresça o/

muriel disse...

com todo o respeito pelo seu texto, mas... por que vc simplesmente não pensa em tudo de novo que virá? Por que não aproveita que vc já cresceu? Desculpe, mas ficar falando que o mundo adulto é fixo e chato é muito bobo.