quarta-feira, outubro 31, 2007

Os Lamed Wufniks

transcrito de "O Livro dos Seres Imaginários", de Jorge Luis Borges e Margarita Guerrero:

Há na terra, e sempre houve, trinta e seis homens íntegros, cuja missão é justificar o mundo perante Deus. São os Lamed Wufniks. Não se conhecem entre si e são muito pobres. Se um homem chega a saber que é um Lamed Wufnik, morre imediatamente e há outro, talvez em outra região do planeta, que toma seu lugar. São, sem suspeitar, os secretos pilares do universo. Se não fosse por eles, Deus aniquilaria o gênero humano. São nossos salvadores e não sabem disso.

domingo, outubro 21, 2007

Ei

Gente, deixa eu esclarecer uma coisa: meu apelido é Cham, e não Chan. Com M. Porque vem de champingon, lógico. Não tem como ser com N, ou seria uma palavra japonesa. Resumindo, vamos arrumar as agendas e cadernos e deixar tudo certinho, ok. Ao trabalho, procurem em todos os lugares que puderem! Cham, lembrem-se disso. Cham.



Alguém mais reparou que as salamandras estão mais ativas esta primavera? Será o calor?

quarta-feira, outubro 17, 2007

Sobre as Salamandras


Disse o Pintor:
- O mundo consiste de quatro elementos apenas: água, fogo, terra e ar. O primeiro corresponde ao princípio úmido. O segundo ao seco. O terceito ao quente. E o quarto ao frio. Deus também criou sentimentos e ações correspondentes a cada elemento. Mas não nos estenderemos neste ponto. A prova que buscamos é esta aqui: Os pássaros habitam o ar. Os homens habitam a terra. Os peixes habitam a água. Seria um desequilíbrio imenso se não houvesse um ser que habitasse as chamas do fogo. Por isso foram criadas pelo Céu as salamandras. Que podem agüentar qualquer calor. E que confirmam a doutrina dos quatro elementos.
- São elas que criam todo o calor daqui? - perguntou Foxy para os três sábios homens, admiradíssimo com as novidades.
- Não. Este calor é apenas seu habitat. Moram no fogo e mudam de cor. Se saem, ficam frias, fracas e caem mortas. Como nós. Mas no nosso caso, perdemos apenas nossa força e nosso ímpeto no ambiente fresco. Por isso somos tão próximos das salamandras, temos pontos fracos em comum. Assim como o desejo pelo fogo. Se enchemos nossos salões de tochas, braseiros e esquentadores com altas chamas azuis, é apenas para darmos às nossas companheiras silenciosas a melhor das moradias com o conforto que pudermos obter. Vivemos na borda do vulcão e do magma para criarmos o calor. E o dividimos sem restrições com as salamandras.
- E são úteis?
- Claro, sim, mais do que você pode imaginar! - responde o Poeta alarmado, levantando-se também da almofada escarlate - Podem servir para proteger ou acender, para alcançar ou enfeitar. São a confirmação científica de muitas teorias e o símbolo heráldico de nosso país.
Do fundo da sala o Filósofo toma a voz e inicia sua fala:
- E quando morrem os pobres bichinhos, de velhice ou de cansaço, tanto faz, o certo é que não as matamos para tal, só esperamos que as salamandras sucumbam sozinhas ao tempo e depois de mortas retiramos suas escamas - ou pele, como alguns mais entendidos as chamam - e as usamos para confeccionar roupas e armaduras que resistem bravamente ao fogo, que não se queimam com uma forte chama e que não se desmanchem como carvão ao contato com brasas ardentes; por isso são boas roupas, e as usamos o tempo todo, eu mesmo, enquanto falo, uso uma camiseta feita de pele de salamandra, este é o segredo para agüentarmos o enorme calor causado por esses braseiros espalhadas por todos os lados: as vestes, capas e armaduras nos protegem e deixam nossa pele fresca, mesmo em contato com o fogo leve; são tão bons e tão útei que não saímos de casa sem elas, e de tanto usarmos as roupas acabam se sujando - mas, deixemos bem claro, não é desgastar o que acontece com elas, pois roupas de salamandra podem durar anos e décadas e tempos a fio - e como não podemos andar por aí de roupas com manchas e poeiras, as deixamos para lavar. Agora escutem, esta é a parte que mais intriga os viajantes estrangeiros, todos sempre se surpreendem com o que para nós é comum e parece muito engraçado não conhecerem coisa normal e rotineira como essa, até no início nos perguntávamos por que esta parte em especial e não outra? mas agora já sabemos quais são as partes especiais, que fazem estes palermas atrás de mim rirem do rosto estupefato de vocês, mas não se preocupem, eu os respeitarei, porque sei que é impossível medir de antemão o que o outro vai sentir ao escutar nosso relato (em especial se esse outro for um desconhecido) e é preciso ter cuidado com o que dizemos, mas agra não se preocupem e surpreendam-se à vontade. Para lavar nossas roupas feitas de pele de salamandra nós as deitamos no fogo e deixamos que a chama purifique toda mácula; podem abrir a boca agora, eu espero, sei respeitar muito bem os estrangeiros e suas loucuras por tudo o que estudei sobre o assunto; lavmos nossas roupas no fogo, já que estas não queimam, e demos um passo adiante da água; agora somos felizes habitantes deste reino, por não padecer do malefício que é o calor excessivo, apesar de tantas tochas e fósforos, dos muito braseiros e incandeiros. Graças a este nosso animal heráldico podemos viver aqui em Migorãn, pode-se até dizer que herdamos sua capacidade de caminhar entre o fogo. São maravilhosas estas salamandras!

sexta-feira, outubro 12, 2007

Rumo à Esperança IV


Em Esperança, as pessoas choram toda vez que precisam debulhar o milho e, muito tristes, cantam em coro assim:
- Ai milho, querido milho. Por que se deixaste comer por nós?
Terminado o trabalho colocam os alimentos no barco da cidade e baixam as velas para aproveitar o vento fresco que desce o rio. Muito lentamente, seguindo o movimento das nuvens no céu, os habitantes de Esperança navegam pelas águas calmas e cantam outra canção, mais alegre, mais despreocupada, que diz assim:
- Ai rio, querido rio. Por que nos leva adiante tão sem piedade?
A música é freqüente nessa cidade. Mesmo quando os ferreiros amolam as facas e afiam as espadas e os cozinheiros recolhem o óleo quente para ser usado contra os assaltantes das fortalezas, a canção paira no ar, suave e fresca, em meio à guerra. Apesar de pacífica, Esperança já participou de uma guerra em sua história. Apenas uma, mas uma que já dura séculos e não tem sinais de que chegará algum dia ao fim.
Os sitiantes não entendem como os habitantes dessa cidade feliz podem continuar a viver entre os sítios prolongados, o som dos aríetes no portão e a chuva de flechas incendiárias por sobre as casas. Não se preocupam e, curiosamente, até agora nenhum habitante de Esperança morreu por causa da guerra.
No domingo, que é dia santo, os atacantes repousam suas armas e iniciam uma trégua reticente. Não gostariam de parar nunca, pois seu ódio contra Esperança é enorme, e só o que querem é destruí-la e ver suas construções virarem pó e escombros.
Mas no domingo tudo pára. E o silêncio do lado de fora é acompanhado de mais música no lado de dentro. Porque é no domingo que chegam na cidade os viajantes de todas as partes do mundo, cansados e felizes. E é feita mais uma festa, mais uma comemoração em honra dos recém-chegados. Comem o milho colhido, apreciam a brisa ribeirinha e observam os costumes locais: os ferreiros que cantam enquanto amolam armas, os cozinheiros que cantam enquanto fervem o óleo e os jovens que cantam ao treinarem com espadas vestindo lindas armaduras de prata.
De vez em quando Esperança recebe a visita formal do majordomo da Bavárdia, Alto Inspetor do Reino Mundo. De rosto comprido, tez carrancuda e barba de bode, o majordomo sai distribuindo condenações e intimações por todos os lados, batendo ocasionalmente seu pequeno martelo de madeira para exigir ordem. Ele vem inspecionar e receber as reclamações e pedidos, em nome de sua Majestade, cujo reino e domínio são todos os países do mundo, cujos limites são ditados por Deus, cujo trono é Behemot a Baleia Universal, que não tem tamanho, mas seus olhos são medidos pelo total do Conhecimento e sua boca cabe na Imaginação Possível e Impossível, não sendo portanto, sua figura conhecível. É mera formalidade que a chamamos de Baleia.
Reunidos na sala de Inspeções e Reais Ordens, enquanto se escuta externamente os tiros dos canhões inimigos, o burgomestre da cidade implora ao majordomo que escute os habitantes. Estes, um pouco atrás, balançam desesperados a cabeça, como que induzindo-o a aceitar a proposta.
- Uma nova casa para minha filha que vai casar - pede uma senhora.
- Não - resmunga o majordomo da Bavárdia, batendo seu martelo.
- Um silo para guardarmos os cereais - pede o burgomestre, de mãos torcidas - Pense no inverno!
- Não.
- Um rota do circo, armas melhores, casas terminadas e seteiras para nossas fortalezas.
- Não - bate o martelo do majordomo inflexível. Nunca o convenceram, mas não desistem os habitantes. Perseguem-no suplicantes pela cidade inteira durante a inspeção.
- Mais comida, mais trabalho, mais descanso e mais amigos!
- Não, não, já disse que não.
E vai batendo seu martelo.
- Novas letras de música.
- Novas pedras de amolar.
- Um navio que cruze qualquer mar!
- O amor daquele rapaz!
O majordomo é sardônico. Satânico, sereno, lacônico e determinado; seu martelo nada permite. Todos em Esperança suspiram e voltam para sua cidade que ainda-está-a-caminho-de-ser. Finda a visita, veste seu chapéu côco, abrem-lhe a porta sul e sai correndo de pasta na mão por entre os tiros da artilharia, as trincheiras inimigas, o espoucar das armas, e some na estrada.

The Queen of Argyll


Gentlemen it is me duty
To inform you of one beauty
Though I'd ask of you a favor
Not to seek her for a while
Though I own she is a creature
Of character and feature
No words can paint the picture
Of the Queen of all Argyll

And if you could have seen her there
Boys, if you had just been there
The swan was in her movements
And the morning in her smile
All the roses in the garden
They bow and ask her pardon
For not one could match the beauty
Of the Queen of all Argyll

On the evening that I mentioned
I passed with light intention
Through a part of our dear country
Known for beauty and for style
In the place of noble thinkers
Of scholars and great drinkers
But above them all for splendor
Shone the Queen of all Argyll

And if you could have seen her there
Boys, if you had just been there
The swan was in her movements
And the morning in her smile
All the roses in the garden
They bow and ask her pardon
For not one could match the beauty
Of the Queen of all Argyll

So my lads I needs must leave you
My intentions no' to grieve you
Nor indeed would I deceive you
Oh I'll see you in a while
I must find some way to gain her
To court her and attain her
I fear my heart's in danger
From the Queen of all Argyll

domingo, outubro 07, 2007

Raiva do dia

Eu odeio morar longe...

Mas no fundo, sabe, não e culpa minha. É difícil chegar até aí, onde vocês moram todos juntos. Nunca recebi nenhum tipo de agradecimento por todo o trabalho que tenho para visitar, e mesmo assim toda vez que convido alguém para vir aqui escuto todo tipo de reclamações e problemas. Sabem, a distância é a mesma.
Deixa, isso é ficar resmungando para ganhar algum elogio ou reconhecimento. É idiota, então esqueçam.
Estou só um pouco chateado, mas...
No fundo a culpa é minha também.

sábado, outubro 06, 2007

Desdenho esta nova rearrumação. E busco o que seja melhor.



Não sei por que, mas sinto que acabei de voltar de uma viagem juvenil, da Terra do Nunca talvez.
Oh, mas agora estou de volta. E feliz, sim.
Não sei bem o que vai acontecer, mas já sei escutar e agir. Algumas viagens ensinam muito.

Por sinal,