- Por que o pôr-do-sol que cobre o horizonte está tão vermelho? - perguntou Myshba.
- Aquele é o efeito da luz que desce por sobre um fundo de partículas - no caso, a fumaça escura e densa e o vapor acumulado nos subterrâneos que está sendo expelido. - explicou Fren com delicados e pensativos movimentos das mãos, como sempre fazia - A luz quando passa pelas partículas no ar emite uma certa cor dependendo dos obstáculos que enfrenta. No caso deste cenário aterrador, produz-se o vermelho.
- E olhem ali, perto da muralha quebrada - apontou Teobolt interessado - O céu parece quase verde naquele ponto.
- Ali é mais bonito: um céu roxo, ou mesmo anil bem escuro, cobre toda a área sul - murmurou Mizudinie, que vinha de onde as pedras começavam a cair e limpava as mangas sujas de carvão.
- Acho este céu muito assustador - admitiu Myshba - Mas também, com essas cores estranhas e estes trovões rugindo...
- Ainda bem que não moram pessoas aqui. O vento já teria destelhado as casas e afugentado os animais. - disse Mizudinie sentando-se em uma grande pedra preta, olhando o céu caótico - Não sobraria nada, nem árvore nem pedra.
- É um efeito disto tudo - disse Fren, um tanto repreendedor, ao apontar com um movimento da cabeça para a gigantesca torre dos anjos - Agora que ela está caíndo, tudo está terminando.
Todos olharam para a estrutura que se desfazia e rugia em fúria mortal.
- Vamos? - Sark perguntou impaciente.
- Sim, vamos. Nada mais de ficar admirando a paisagem. Temos que sair daqui. - Haccu falou, já descendo a escada íngreme - Antes que algo caia e nos atinga. Antes que tudo se desmorone, inclusive o chão que estamos pisando.
Saíram para longe do fim do mundo e tudo acabou, em um fogo pesado e negro. Nunca mais voltariam para aquele lugar, cujo nome se perdera, cuja história não seria mais contada.
terça-feira, julho 15, 2008
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