- Eles nunca foram felizes?, você perguntou.
Não, nunca serão. É uma pena, mas esta é a história que eu queria contar. E, sem saber, seria a que eu viveria.
- Eu te amo para sempre, ele disse.
Que tolice, que tolice.
Havia se esquecido de que ela não sabia o que era amor, e que coração nenhum sobrevive ao repúdio.
De coração partido ele iria embora para sempre.
Para aquela praia longínqua, você se lembra, Penélope? Aquele lugar que fica além do fim. Terminado seu mundo ele teria que se dirigir para onde não há mais mundo.
Sem coração, sem alma.
Como conseguiria escrever seu livro?
Penélope realizou seu sonho depois do fim do mundo?
Teria um longo caminho para se reencontrar.
Onde encontrar a alma novamente? Onde não doía? Onde estavam seus sonhos? Perdidos, interrompidos, brutalmente desvastados.
Teria que reaprender a sonhar, que é apenas uma forma de amar.
Estava achando muito difícil amar de novo, depois que a mulher de sua vida lhe dissera que não o amava, não o amara, não queria mais tentar.
(Isto, sussurrou, era o Fim).
E agora?
sábado, setembro 27, 2008
Assim tudo terminava para todos. E a raiva que
Assim tudo terminava para todos. E a raiva que ia e vinha só era suplantada pelo amor, que também era inconstante. E forte, e verdadeiro.
O mundo explodia de amor.
- sim, está tudo bem, ele mentia. Esperaria. Esperaria como sempre esperou,q ue ela voltasse. Que ela finalmente aprendesse o que era amor.
E outras vezes, ganhava o desinteresse. Ele não queria mais saber de nada, ela não era mais importante para ele. Ela havia aprendido a amar com outro, que tipo de amor ele ainda poderia sentir por alguém assim?
Alguém que havia dito cosias tão duras para ele?
Entre o amor e o ódio, e pior ainda, o desinteresse. Ele andava perdido. Ela havia tirado tudo de si, e só poderia esperar.
Esperar, porque estava sem alma, sem ânimo, sem vida ou amor.
Então a história continua...
O mundo explodia de amor.
- sim, está tudo bem, ele mentia. Esperaria. Esperaria como sempre esperou,q ue ela voltasse. Que ela finalmente aprendesse o que era amor.
E outras vezes, ganhava o desinteresse. Ele não queria mais saber de nada, ela não era mais importante para ele. Ela havia aprendido a amar com outro, que tipo de amor ele ainda poderia sentir por alguém assim?
Alguém que havia dito cosias tão duras para ele?
Entre o amor e o ódio, e pior ainda, o desinteresse. Ele andava perdido. Ela havia tirado tudo de si, e só poderia esperar.
Esperar, porque estava sem alma, sem ânimo, sem vida ou amor.
Então a história continua...
quinta-feira, setembro 25, 2008
Métodos de uma criança para se lidar com o Medo
Quando criança eu tinha muito medo de várias coisas. Lobisomen, Fantasma, Mula Sem Cabeça, Criaturas que saíam do escuro e o pior de todos: Monstro-de-Debaixo-da-Cama. Sim, acreditem, o Monstro-de-Debaixo-da-Cama era o meu pior pesadelo: e tinha ainda que enfrentá-lo todas as noites ao ir dormir. Pensando agora, era curioso como eu podia conviver com o medo, que, como vocês devem saber, é tão forte em uma criança. Eu realmente acreditava que monstros povoavam o mundo. Acreditava em Lobisomens do lado de fora da minha janela e não entendia como os adultos podiam estar tão tranqüilos, ou pior!, como eles poderiam querer que eu dormisse sozinho?!!! Eles não percebiam que eu poderia ser atacado a qualquer momento?
Assim, eu teria que inventar sozinho métodos para afastar o medo.
O pior método(moralmente falando) porém extremamente efetivo, era dormir com mais alguém. Assim, eu pensava, poderia ter uma chance de escapar quando o monstro pegasse a outra pessoa. Sim, eu sei, o que é a amizade ou a família diante do medo profundo de uma criança?
Haviam outros métodos. Bem racionais, eu diria, embora lidassem com criaturas que não costumamos associar à razão. Por exemplo, eu tinha lido em um livro que os lobisomens só apareciam nas noites de sexta-feira com a lua cheia (ah, tem certos livros, pensando agora, que seria melhor não ter lido. Livros muito assustadores, ou com figuras indevidamente macabras. Quem disse que as fábulas e o folclore são infantis?). Assim eu estaria seguro durante boa parte do tempo. O problema? As tais noites de sexta-feira com lua cheia. Porém, eu sacrificava meu sono tranqüilo nessas noites pela crença de que nenhum lobisomen pularia pela janela em todas as outras noites.
Segundo método do qual eu consigo me lembrar, este bem mais emocional do que o anterior: para evitar meu grande nêmesis (aquele que, por qualquer motivo, raptava crianças e as puxava para debaixo da cama, onde seriam forçadas, segundo um certo desenho animado que até hoje eu me arrependo de ter visto, a trabalharem como escravas para os demônios assustadores. Sim, havia um portal de monstros debaixo da minha cama, e eu odiava isso). Para evitar o medo eu costumava colocar meus bichinhos de pelúcia embaixo da cama. De algum modo eu pensava que se algo entrasse por ali eles me protegeriam (por que não, éramos amigos, brincávamos juntos o tempo todo!) ou ao menos dariam o alarme.
Enfim, com o tempo fui começando a perceber que talvez certas coisas não existissem, e que havia uma diferença entre o mundo real e um certo mundo imaginário. Ainda assim, foi com uma teoria que eu venci meu medo de monstros. Era algo assim: muito racionalmente eu pensava que, se monstros existissem, então outras criaturas fantásticas e imaginadas teriam que existir também. Ou seja, se havia um Monstro debaixo de minha cama, haveria também o herói com superpoderes que me salvaria do monstro. Era como se eu percebesse a diferença entre os mundos real e o imaginário, porém ainda não descartara a existência do imaginário com certeza. Havia uma dúvida se existiam ou não criaturas perversas rondando no escuro, mas eu ficava tranqüilo em saber que, se me atacasse, eu poderia ser salvo pelo seu inverso. Ou quem sabe eu mesmo não despertava poderes incríveis.
Acredito que depois disso eu nunca mais perdi uma noite de sono por causa deles. Talvez também seja daí que vem a minha descrença de que o mundo é composto por histórias que agradam à imaginação.
Só sei que hoje não vou olhar debaixo da cama para dormir.
Assim, eu teria que inventar sozinho métodos para afastar o medo.
O pior método(moralmente falando) porém extremamente efetivo, era dormir com mais alguém. Assim, eu pensava, poderia ter uma chance de escapar quando o monstro pegasse a outra pessoa. Sim, eu sei, o que é a amizade ou a família diante do medo profundo de uma criança?
Haviam outros métodos. Bem racionais, eu diria, embora lidassem com criaturas que não costumamos associar à razão. Por exemplo, eu tinha lido em um livro que os lobisomens só apareciam nas noites de sexta-feira com a lua cheia (ah, tem certos livros, pensando agora, que seria melhor não ter lido. Livros muito assustadores, ou com figuras indevidamente macabras. Quem disse que as fábulas e o folclore são infantis?). Assim eu estaria seguro durante boa parte do tempo. O problema? As tais noites de sexta-feira com lua cheia. Porém, eu sacrificava meu sono tranqüilo nessas noites pela crença de que nenhum lobisomen pularia pela janela em todas as outras noites.
Segundo método do qual eu consigo me lembrar, este bem mais emocional do que o anterior: para evitar meu grande nêmesis (aquele que, por qualquer motivo, raptava crianças e as puxava para debaixo da cama, onde seriam forçadas, segundo um certo desenho animado que até hoje eu me arrependo de ter visto, a trabalharem como escravas para os demônios assustadores. Sim, havia um portal de monstros debaixo da minha cama, e eu odiava isso). Para evitar o medo eu costumava colocar meus bichinhos de pelúcia embaixo da cama. De algum modo eu pensava que se algo entrasse por ali eles me protegeriam (por que não, éramos amigos, brincávamos juntos o tempo todo!) ou ao menos dariam o alarme.
Enfim, com o tempo fui começando a perceber que talvez certas coisas não existissem, e que havia uma diferença entre o mundo real e um certo mundo imaginário. Ainda assim, foi com uma teoria que eu venci meu medo de monstros. Era algo assim: muito racionalmente eu pensava que, se monstros existissem, então outras criaturas fantásticas e imaginadas teriam que existir também. Ou seja, se havia um Monstro debaixo de minha cama, haveria também o herói com superpoderes que me salvaria do monstro. Era como se eu percebesse a diferença entre os mundos real e o imaginário, porém ainda não descartara a existência do imaginário com certeza. Havia uma dúvida se existiam ou não criaturas perversas rondando no escuro, mas eu ficava tranqüilo em saber que, se me atacasse, eu poderia ser salvo pelo seu inverso. Ou quem sabe eu mesmo não despertava poderes incríveis.
Acredito que depois disso eu nunca mais perdi uma noite de sono por causa deles. Talvez também seja daí que vem a minha descrença de que o mundo é composto por histórias que agradam à imaginação.
Só sei que hoje não vou olhar debaixo da cama para dormir.
segunda-feira, setembro 22, 2008
Conselho
Eu sei que ler textos no computador é um saco, mas achei o site muito valioso.
Vejam só:
www.dominiopublico.gov.br
É uma excelente biblioteca disponível gratuitamente na internet. Entrem, nem que seja por curiosidade, pois eles estão pensado em desativar o site por falta de acesso.
Vejam só:
www.dominiopublico.gov.br
É uma excelente biblioteca disponível gratuitamente na internet. Entrem, nem que seja por curiosidade, pois eles estão pensado em desativar o site por falta de acesso.
quinta-feira, setembro 18, 2008
Podemos ver
Stories last longer than men, stones than stories, stars than stones. But even our stars' nights are numbered, and with them will pass this patterned tale to a long-deceased earth.
(...) the tale I tell to those with eyes to see and understanding to interpret; to raise you up forever and know that our story will never be cut off, but nightly rehearsed as long as men and women read the stars...
" "
Histórias duram mais que homens, pedras mais que histórias, estrelas mais que pedras.
Mas mesmo as noites de nossas estrelas têm limites, e com elas passará esta história para uma terra há muito morta.
(...) a história que eu conto àqueles com olhos para ver e compreensão para interpretar; despertá-la sempre e saber que nossa história jamais será interrompida, mas recontada a cada noite, enquanto homens e mulheres lerem as estrelas...
John Barth, Chimera
(...) the tale I tell to those with eyes to see and understanding to interpret; to raise you up forever and know that our story will never be cut off, but nightly rehearsed as long as men and women read the stars...
" "
Histórias duram mais que homens, pedras mais que histórias, estrelas mais que pedras.
Mas mesmo as noites de nossas estrelas têm limites, e com elas passará esta história para uma terra há muito morta.
(...) a história que eu conto àqueles com olhos para ver e compreensão para interpretar; despertá-la sempre e saber que nossa história jamais será interrompida, mas recontada a cada noite, enquanto homens e mulheres lerem as estrelas...
John Barth, Chimera
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