O Mestre era curioso. Ainda falava de sua arma, daquela definitiva artilharia que acabaria com o inimigo. Jogava a voz para cima e para baixo e continuava falando e dizendo tudo o que construiria. Eram coisas magníficas.
Tão fabulosas, aliás, que eu acreditei deste o primeiro minuto que nunca seriam realizadas.
Mas o Mestre, coitado, não se dava conta disso.
Eu me sentia maduro agora. Não me iludia com projetos assim, como esses que iludiam-no tão fortemente. Chegara a contruir um armazém onde pesquisava pólvora e chumbo para sua arma definitiva. Eu era adulto, ele não.
Passávamos o dia assim. Ele falando sozinho e eu escondido debaixo da mesa, no canto, de costas apoiadas na parede. A cortina fechada de modo a deixar apenas um pouco de luz entrar na sala.
Eu era maduro, suspirava. Eu não tinha os projetos insanos.
E logo me punha a chorar por algo que não fiz.
Enquanto eu me escondesse e o Mestre elaborasse, quem se lembraria de nós? Estávamos seguros, na casa onde não sabiam que morávamos, no bairro onde não nos procuraríam, no país que ninguém conhecia.
quinta-feira, outubro 09, 2008
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