Atravessava paredes de água;
Tudo o mais era vulgar, incoerente.
Nisso existia um por quê. Existia uma sabedoria realizada.
Era a pessoa que atravessava paredes de água, uma após a outra, sem respirar, com muito prazer, com uma delicadeza artística. Parede
As Duas Cavas
Contornaram a estátua do grande deus pela direita, porque lhes pareceu mais auspicioso.
Estavam andando a muito tempo, mas quanto tempo seria? Dias talvez, mas como precisar sua quantidade?
Sentavam-se em pedras para descansar e deitavam sob elas para dormir. Tinham fome constantemente mas nunca nada para comer. Exceto alguns lagartos, que cozinhavam em um fogo tímido e doentio.
- O que eu sinto é uma náusea enorme Haccu. Eu não consigo continuar! Eu não consigo, eu não consigo. Pensar em tudo é horrível, qualquer coisa me deixa enjoada. E a tristeza é enorme. É possível viver com essa tristeza?
- Eu te ajudo a continuar.
- Não dá
- Eu te carrego até o fim.
- O fim é aqui. Eu prefiro morrer.
Mas ele era vaidoso. Não podia enxergar sua ruína porque tinha certeza de que superaria-a no futuro. Estava tão envolvido com os projetos que faria que não percebia que não realizava nenhum deles. Porque quando se olhava no espelho dizia "Eu vou, eu vou".
Dito isso, como fazê-los gostarem de mim?
Rosualdo voltou para casa depois de ter sido devorado pelo dragão e ficou parado diante da varanda.
Seu primo olhou para ele com suspeita. O herói estava... diferente.
- Não há por que temer o dragão! - ele falou - Vocês todos devem vir e fazer o mesmo que eu, vocês todos devem morrer também.
- Ele está louco - falou sua irmã, as mãos desesperadas alcançando o rosto.
Era uma vez.
Então ela disse:
- Eu vou embora
- Para sempre? - ele peguntou e o que ela mais gostaria era de responder que sim.
Seus olhos eram terríveis. Evitavam-na.
Através da névoa me pedem a voz.
Sobre o que deveria falar? Sobre os heróis, o que aprenderam, como venceram, por que lutaram?
Ou sobre o gosto que tem a manga. Os insetos que cantam nos arbustos quando a tarde é fresca. Sobre quando eu era criança. Os carneiros que andam na pastagem. As roupas macias que raspam no corpo dos viajantes, as longas botas marrons que pisam por sobre a lama da estrada.
Cai a chuva e vem o sol.
A luz é clara e tudo o que ela toca se torna visível. Como antes das tempestades, quando o céu se ilumina verdadeiramente.
Falkwer emerge e não há nada lá.
terça-feira, junho 30, 2009
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