As casas ruíam em silêncio. Os prédios desmoronavam devagar. Tudo era engolido por uma escuridão que dispensava a memória.
A medida que andava pelos lugares, tinha a consciência de que nunca passaria por lá novamente, engolidos que eram pelas trevas.
Os homens, os cães, as calçadas petrificadas. As árvores mortas e mutiladas pelos homens da prefeitura. Enquanto andava sentia a ruína das coisas do mundo.
Chegou em casa e se pôs a procurar por um papel. Era uma prova de que tudo aquilo havia existido, que todos aqueles engolidos haviam respirado. O tempo, menino. Não se procura o tempo. Não está nos bolsos, nos armários, nos casacos pendurados, nos compartimentos secretos, nas fileiras de cadernos, nas dobras da cortina, nos muros pintados ou atrás das pilhas e pilhas de livros.
Enquanto isso, lá no mar, o jovem que queria ser o rei dos piratas falou:
"Eu não quero conquistar nada. Eu só acredito que o rei dos piratas é o homem com mais liberdade no mundo."
Até pessoal!
quinta-feira, julho 09, 2009
quarta-feira, julho 08, 2009
Ele & Ela
- Eu não acredito.
- Acho que você não sente falta de mim.
- Acho que você sente falta agora, mas morreria de medo se eu voltasse. Vou tentar ir, se quiser na terça a gente conversa.
- Porque é só diversão para você. Quando te assusta demais voc~e pára e sai feliz e livre, enquanto eu é que me ferro... Sinceramente queria ter escrito um palavrão.
- Espera me fazer um bem? Eu escrevia porque um dia você ia ler, eu desenhava porque você ia olhar.
- Eu quero mais.
- Você não quer mais. A gente não pode viver junto.
- Não.
- Mas quem sabe o que tem no futuro?
- O que você acha então?
- Eu não sei o que você pensa. Eu fiquei feliz de falar com você hoje e ver você dançar hoje.
- Eu já morro de medo. Mas o medo é bem melhor do que a falta.
- É difícil para mim conviver com você. Mas vale a pena.
- Você torna minha vida melhor até quando só leio seu blog. Espero que eu te faça algum bem também.
- Eu continuo lendo se você escrever. Eu não olho porque você não me mostra. O que eu quero saber é o que levaria você a querer conversar comigo.
- Eu não posso namorar com você. Você não quer nada mais de mim?
- Acho que você não sente falta de mim.
- Acho que você sente falta agora, mas morreria de medo se eu voltasse. Vou tentar ir, se quiser na terça a gente conversa.
- Porque é só diversão para você. Quando te assusta demais voc~e pára e sai feliz e livre, enquanto eu é que me ferro... Sinceramente queria ter escrito um palavrão.
- Espera me fazer um bem? Eu escrevia porque um dia você ia ler, eu desenhava porque você ia olhar.
- Eu quero mais.
- Você não quer mais. A gente não pode viver junto.
- Não.
- Mas quem sabe o que tem no futuro?
- O que você acha então?
- Eu não sei o que você pensa. Eu fiquei feliz de falar com você hoje e ver você dançar hoje.
- Eu já morro de medo. Mas o medo é bem melhor do que a falta.
- É difícil para mim conviver com você. Mas vale a pena.
- Você torna minha vida melhor até quando só leio seu blog. Espero que eu te faça algum bem também.
- Eu continuo lendo se você escrever. Eu não olho porque você não me mostra. O que eu quero saber é o que levaria você a querer conversar comigo.
- Eu não posso namorar com você. Você não quer nada mais de mim?
segunda-feira, julho 06, 2009
A farsa
Dois viajantes se encontram na cabana de um porqueiro. A chuva é forte do lado de fora e o porqueiro os refugia debaixo das madeiras tortas.
- Qualquer homem na minha casa é bem vindo, diz o porqueiro, estas palavras voando da cerca de seus dentes. Mesmo que eu seja um escravo de condição inferior, não permitirei que meus hóspedes passem mal. As coisas estão ruins no reino, não há necessidade de prolongar o sofrimento em minha cabana.
Um dos viajantes, que acaba de chegar de terras distantes, resolve perguntar sobre o lugar em que está, enquanto come um pedaço de carne oferecido.
- Fazem anos que meu mestre desapareceu - diz o porqueiro lamentando-se - Agora seu palácio está tomado por outros homens, sua safra é desperdiçada na boca de estrangeiros e seu filho não tem quem o guie.
O outro viajanta fica em silêncio, sua cabeça parece perdida em profundas contemplações. Este segundo viajante é o filho do mestre desaparecido. Ele pensa em seu pai. Morreu no mar? Morreu na guerra? Quem têm notícias de um homem valoroso?
O segundo viajante continua a escutar o porqueiro.
- Sou escravo da família desde que era criança. E sempre me trataram bem. Não são como esses homens que hoje ocupam seu palácio, comem sua plantação, exploram seus camponeses e cortejam sua mulher.
- Então há quem espera ele voltar? - pergunta o viajante.
- Esperamos e somos muitos. Mas há aquelas criadas que pensaram ser mais fácil deitarem-se com os novos patrões do que lhes resistir. A esposa porém, permanece leal e firme.
Este viajante olha para o jovem que entreouve a conversa distraído. Intui que ele tem alguma relação com o rei desaparecido. Intui que o conheceu a muito tempo, que não se lembra de suas feições com perfeição. Do mesmo modo sua esposa, que conheceu o marido por alguns dias apenas antes dele partir para a guerra.
Ele veio de Creta. Já contou todo o tipo de histórias no caminho. Já foi um escravo capturado no Egito, um lanceiro fugitivo, um soldade buscando a Trácia, um frígio, um pretendente e um vendedor de cavalos que naufragara. Ganhara um barco na última cidade que visitara, contanto histórias de monstros e feiticeiras como se fossem reais.
Seria simples, ele intuiu, inventar uma outra história agora. Algumas cicatrizes, algumas transformações atribuidas a Atenas, bastava muito pouco.
Quando a chuva parou, um dos viajantes se transformara em um rei na cabana do porqueiro.
- Qualquer homem na minha casa é bem vindo, diz o porqueiro, estas palavras voando da cerca de seus dentes. Mesmo que eu seja um escravo de condição inferior, não permitirei que meus hóspedes passem mal. As coisas estão ruins no reino, não há necessidade de prolongar o sofrimento em minha cabana.
Um dos viajantes, que acaba de chegar de terras distantes, resolve perguntar sobre o lugar em que está, enquanto come um pedaço de carne oferecido.
- Fazem anos que meu mestre desapareceu - diz o porqueiro lamentando-se - Agora seu palácio está tomado por outros homens, sua safra é desperdiçada na boca de estrangeiros e seu filho não tem quem o guie.
O outro viajanta fica em silêncio, sua cabeça parece perdida em profundas contemplações. Este segundo viajante é o filho do mestre desaparecido. Ele pensa em seu pai. Morreu no mar? Morreu na guerra? Quem têm notícias de um homem valoroso?
O segundo viajante continua a escutar o porqueiro.
- Sou escravo da família desde que era criança. E sempre me trataram bem. Não são como esses homens que hoje ocupam seu palácio, comem sua plantação, exploram seus camponeses e cortejam sua mulher.
- Então há quem espera ele voltar? - pergunta o viajante.
- Esperamos e somos muitos. Mas há aquelas criadas que pensaram ser mais fácil deitarem-se com os novos patrões do que lhes resistir. A esposa porém, permanece leal e firme.
Este viajante olha para o jovem que entreouve a conversa distraído. Intui que ele tem alguma relação com o rei desaparecido. Intui que o conheceu a muito tempo, que não se lembra de suas feições com perfeição. Do mesmo modo sua esposa, que conheceu o marido por alguns dias apenas antes dele partir para a guerra.
Ele veio de Creta. Já contou todo o tipo de histórias no caminho. Já foi um escravo capturado no Egito, um lanceiro fugitivo, um soldade buscando a Trácia, um frígio, um pretendente e um vendedor de cavalos que naufragara. Ganhara um barco na última cidade que visitara, contanto histórias de monstros e feiticeiras como se fossem reais.
Seria simples, ele intuiu, inventar uma outra história agora. Algumas cicatrizes, algumas transformações atribuidas a Atenas, bastava muito pouco.
Quando a chuva parou, um dos viajantes se transformara em um rei na cabana do porqueiro.
quarta-feira, julho 01, 2009
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