terça-feira, dezembro 26, 2006

O Último

Àqueles que eu amo.
Queria dizer a vocês muito obrigado. Mesmo. Olha só que ano esquisito: criei um blog; tá aqui.
Não sei se verei vocês agora, e por um bom tempo ficaremos distante. Mas não há problema, vocês são minha casa, e todo viajante sempre volta para casa uma hora ou outra.


Queria falar sobre sonhos, sobre como foi gostoso conseguir escrever histórias aqui, sobre um duro aprendizado que venho tendo sobre fantasias de crianças. Nunca se esqueçam do que vocês foram, só assim podem se transformar em algo completamente diferente e seguir caminhando. Acho que esse seria o meu conselho; não sei, sou suspeito de dizer não esqueça, sendo um historiador, sabem como é.
Por falar nisso, esse ano eu comecei a faculdade. Que legal, como sou velho (até parece). Vocês não tem idéia de como é divertido ser um historiador; e equisito também! Afinal, o Papa abençoou os cristãos de todas as galáxias. Tordesilhas ia além da Via Láctea. E em 1763, em Sorocaba, a maior parte dos casamentos se dava na terça-feira; ao menos é isso que meu professor pesquisa. Porque, vejam bem, as pessoas tinham que se deslocar até próximo da paróquia para se casarem. Se o faziam na terça, eles perdiam alguns dias de trabalho na roça para festejar. Tem toda uma construção social que faz as pessoas se casarem na terça-feira. Interessantíssimo.


Tenho vontade de histórias, de falar sozinho de novo, de passear, viajar. Mas, por outro lado, não pense que não tenho saudades de você. De modo algum sou indiferente ao seu toque e sua atenção.
Gostaria de dizer que nunca irei te abandonar.
Mas aí eu me lembro que era exatamente isso o que dizia o Thomas, o marido da Mellock, e um arrepio esquisito me impede de te dizer isso. Tétrico, não?


Nós vamos nos ver de novo. Agora é tempo de... sei lá, conhecer coisas novas. Tem um pessoal todo preocupado com a faculdade começando, com vestibular. Outros estão desejando muito mais. Preocupados com quem são, quem querem ser.
Afff, e que vontade de ser pirata, de seguir por esta senda, descobrir o que é que posso ser. Acho que vou trancar o segundo semestre de 2007 e sair por aí. Porque tenho muito medo de esquecer os sonhos e desejos da juventude. Há então, uma chance de eu perder este ímpeto? Morreria se algo assim acontecesse (na verdade, é o que aconteceria. Pensando no que disse o Joseph Campbell, um ritual de passagem é a morte do seu eu antigo, o surgimento de novas atitudes e posturas). Por um lado, temo mudar, por outro quero ardentemente. Ser. Vontade de ser. Enfrentar o horizonte. E por ter medo de abandonar os desejos, de não herdar os propósitos da juventude, é que surge em mim um pedido urgente de sair, de conhecer, de escrever e escrever e escrever tudo o que puder. E ser um pirata. Quando ainda se tem pouco para abandonar, fugir para o mar.
O horizonte seduz minha curiosidade.


Devemos seguir o conselho de Joseph Campbell (sim, eu citei ele de novo, mas O Poder do Mito é o máximo) e seguir nossa bem-aventurança. Em frente, onde nos sorri o coração.


Dar risada é o máximo! Vocês moram dentro de mim. Para sempre. Vamos continuar rindo juntos, e sonhando um mundo melhor. Acho que a proximidade do fim-de-ano me deixou piegas. Não me importo. Queria fazer um post do fim, da beira, do abismo que se estende no assustador limiar.
Vamos conhecer as paradoxais criaturas que habitam a perigosa fímbria das cosias.
Vamos pular além, atravessar a porta que nos leva ao mistério de nós mesmos.





Era uma vez uma pequena cidade chamada Hinée, onde moravam dois irmãos, Haccu e Karyn Raquelock, na casa de telhado vermelho ao lado da velha e grande árvore. Um dia seu amigo Myshba recebeu um par de cartas misteriosas e os três resolveram sair de Hinée para conhecerem as cidades e países que ficavam além dos limites da vila. Agora, nós também saímos da pequena cidade para conhecer o mar, a floresta, o deserto e as montanhas que ficam em nossa alma.
Quando voltarmos... Hinée será outra.

sábado, dezembro 23, 2006

Sobre os capítulos da quarta parte do Krystalian - A música da floresta - algo não muito interessante, mas que queria escrever aqui


Capítulo I - Prelúdio (No qual Neyleen entra na grande floresta de Neru e se encontra com a garota chamada Fon)
Capítulo II - Marcha atrás de Neyleen (No qual os outros Viajantes se embrenham na floresta e conhecem Rilian, o príncipe rebelde)
Capítulo III - Sinfonia Paralela (Neyleen se encontra com Rilian e os outros rebeldes, descobre um segredo e decide seu caminho)
Capítulo IV - Sonata de umas batalhas (Começa a batalha pelo antigo castelo e pela retomada de Neru)
Capítulo V - Bolero de famílias separadas (No qual, após a batalha, Neyleen e os viajantes se reencontram e descobrem familiares)
Capítulo VI - Canção de Ninar (Neyleen e Fon buscam o sábio músico e os viajantes saem para explorar a floresta)
Capítulo VII - Valsa (No Jardim de Puyu Sang os músicos recebem as estrangeiras)
Capítulo VIII - Ensaio (Neyleen ensaia para encontrar a música da floresta)
Capítulo IX - Orquestra (Fon canta uma música)
Capítulo X - Réquiem de várias amizades (Os viajantes decidem seu caminho por entre os vários do labirinto de árvores)
Capítulo XI - Um Baile (Kingoro os leva até o lado esquerdo da mata, pelo Caminho Suspenso)
Capítulo XII - Noturno (No qual Neyleen luta contra o homem chamado Sark e busca proteger seus amigos)
Capítulo XIII - Melodia dos Espíritos (No qual Miccolo, Peripoti e Nucalo recebem os viajantes na Vila dos Espíritos)
Capítulo XIV - Concerto das Grandes Àrvores em Apuros (Neyleen descobre o problema das Árvores Mestras e planeja salvar Neru)
Capítulo XV - Dança das Árvores (No qual há uma luta)
Capítulo XVI - A Música da Floresta (Neyleen entra no templo e acha o caminho até o cristal)
Capítulo XVII - Canção (No qual terminam as aventuras na mata de Neru e se escuta, uma última vez, a Canção da Floresta)

sexta-feira, dezembro 22, 2006

Prelúdio

Um barulhinho sobresaltou-a. Neyleen virou a cabeça assutada, olhando a trilha escura. Qualquer coisa podeia fazer a curva no próximo instante e chegar até a pedra onde ela se apoiava.
Ergueu-se devagar, ouvidos atentos, captando todos os sons da mata: os grilos no capim, o ruído deslizante do riacho, a coruja e outras aves noturnas... À noite toda uma sinfonia particular era ouvida na floresta - diferente da diurna, mais barulhenta e animada.
Neyleen resolveu se levantar e caminhar mais um pouco pela trilha de terra. A noite era abafada sob a canópia vegetal.
Uma cigarra gigante cantou, um sapo pulou na água. Neyleen estremeceu devagar pensando nos monstros que poderiam estar à espreita; lembrava-se nitidamente das histórias que as outras garotas contavam quando era pequena, sobre criaturas terríveis que devoravam crianças ou as raptavam. Os ogros, bruxas e cavalos-fantasmas de sua infância voltavam agora na mata escura, espreitavam-na de trás das árvores e pelas raízes salientes, apenas esperando por uma chance de capturá-la.
Neyleen começou a ouvir mais barulhos e apressou o passo. Agora os sons estalados se transformavam em vozes e as vozes se fundiam em uma conversa.

sexta-feira, dezembro 15, 2006

Alma



Tinha me esquecido do prazer simples que era ler, até tarde da noite, um romance da Agatha Christie.
Tenho vontade de desenhar mais, sonhar mais, pensar mais. Querer fazer várias coisas divertidas, explorar, expandir limites, conhecer-se, sentir a natureza.
Ler neve é ler sobre o silêncio e a delicadeza, que às vezes são interrompidos por tiros de pistola de política e violência.
Tinha um pouco de medo de ficar preso aqui. Começo um pouco a odiar São Paulo e a suspirar mais dolorosamente quando vejo o Atlas aberto em páginas aleatórios.
Ah, que vontade de escrever. Ainda bem que tem o Pirates para se divertir e ser feliz. O que gostaria e de conhecer melhor a minha alma.
Algo que Joseph Campbell falou bastante. Vamos todos seguir a nossa bem-aventurança! Lembro agora da Arlenice falando sobre alimentar a alma. E do Penalves (da faculdade) contando histórias engraçadas.
Que vontade de ser feliz!
Vocês também não sentem isso?
Desculpem por abandonar um pouco o blog. Agora, pela distância entre nós, eu imagino que será bem mais frequentado, já que será um dos únicos meios de comunicação disponíveis nas férias. (por falar nisso, ninguém tá afim de fazer um carnaval da turma de novo?)
Para falar a verdade, faz muito tempo que eu não escrevo na Tooie. O suficiente para hesitar antes de decidir se compro ou não uma agenda para o ano que vem... (Ooie - ou: Úi!). Qual é o problema? Porque parei de escrever sentimentos lá? O curioso é que eu parei de escrever direito desde aquele dia em que você a leu, Marina... Será que tem algo a ver?
Talvez foi a falta de uma rotina e de um momento de silêncio e reflexão pessoal para escrever.
E que vontade de terminar a história da Penélope e finalmente retirar o rascunho do rascunho, para pô-lo no blog! Hunf! Vou escrever e desenhar mais e ler mais e tentar ser mais simpático. Podem chamar de promessas de fim de ano ou sei lá.
Aarrghh!
Que vontade de sonho!
(estou feliz)

segunda-feira, dezembro 11, 2006

Conversa no Relógio

Se fez um silêncio entre os dois homens. Já acostumados, se esqueceram de prestar atenção ao ribombar profundo que vinha de fora; agora as luzes iam e vinham como uma maré, ora iluminando o topo do chapéu de Lúcio, ora jogando o rosto de Fren nas sombras. A fumaça dos cigarros subia devagar, acompanhando os movimentos despreocupados das bocas. Logo o assunto retornava:
- Lembro dos policiais batendo na porta de casa nos dias de golpes - disse Lúcio - Eles vinham atrás do meu pai, um velho militante nortista. Era quase engraçado vê-lo esperando, de valise na mão, para ser levado pelos policiais. Passava uma noite na cadeia e era solto na manhã seguinte, com apenas algumas marcas roxas no rosto. Isto se tornou uma tradição após um certo tempo. Já se sabia que iam levar o velho quando anunciavam ataques às cidades no velho rádio. Minha mãe se preocupava demais e chorava, mas meu pai apenas estendia a palma da mão e se sentava na cadeira surrada, com a inegável valise preta ao lado.

Agora.



sábado, dezembro 09, 2006

Avous! Avous!

Ai ai, ultimamente estive tão feliz. A festa do ugo foi realmente legal, com aquele jogo de 1,2,3,4,5,6,7,concentração e todo mundo tá escrevendo tanto no Pirates - uma atividade que é realmente divertida! - e, sei lá, o tempo agradável, e passar na casa da Marina, e ler Neve, e cantar mais.
A Camilla pediu os prêmios de volta. Sim, eu havia esquecido. Vou esperar mais um pouco por comentários engraçados, mas prometo que terei isso em mente...
Por hora, premiarei uma frase antiga (ou melho, duas, acabei de me lembrar de mais uma)

A história é assim: Charles estava tomando um copo d'água, terminou e colocou o copo na mesa. A Camilla, com sede, apontou o copo e disse uma frase que é um primor de refinamento e simplicidade, mais ou menos assim:
"Posso ter um igual para fazer o que você fez?"
Algo do tipo "Posso beber água", mas a Camilla é superior à essas frases feitas, ela tem a poesia nas veias, ela quer exprimir seus sentimentos profundo. "Posso beber água" simplesmente não exprime tudo o que ela sentia. Tinha que ser algo elaborado, complexo, quase uma charada, para encantar nossos corações.
"Posso ter um igual para fazer o que você fez?"
Notem como ela não usou a palavra "copo" ou a palavra "água", mas disse tudo o que queria dizer. Sem dúvida uma poetisa em formação.

Mas, claro, nada comparado ao complexo raciocínio da Marina. Conversando sobre o Frank Sinatra ela elaborou a seguinte teoria:
"Bom, ele [Frank] não está vivo... mas também não está morto!"
Genial, sem dúvida. Se você não entendeu é porque não sabe de nada. Se ele não está vivo... ele não está morto. Ele está em estado Frank. Absolutamente genial. Quem mais seria capaz de perceber que as pessoas podem não estar vivas mas não estarem mortas ao mesmo tempo? Palmas para a Marina, um grande prêmio para ela! O mundo agora é um lugar mais claro e compreensível, porque sabemos sobre o estado Frank.

Acho que isto são os prêmios. Parabéns para vocês por nos divertirem tanto. Na verdade, rir é o mais importante, é isso aí!
Vontade de passar mais tempo com vocês, e de fazer uma tatuagem para comprovar uma promessa.