Quando saímos para velejar fazia um agradável sol. Pouco tempo mais tarde, do outro lado da ilha, ao olharmos para trás, vimos a Serra do Mar no continente sendo tomada por uma cinzenta e enorme núvem de chuva (assim mesmo, com acento). Aos poucos a chuva ia avançando e descendo pela montanha até que não víamos mais a cidade de onde havíamos saído. Sem vento, não restou alternativa senão esperar a chuva de verão nos alcançar. Aos poucos não víamos mais a costa, envolta em uma núvem cinza. Mais aos poucos ainda a chuva caía e nos adocicava.
De um lado, o sol, do outro a chuva. Estávamos no limiar, entre os dois; quase como naquelas cenas de desenho animado: um dos lados era cinza e tempestuoso, o outro ensolarado e azul.
Dizem os japoneses que, em dias assim, as raposas se casam. Parecia um festival das raposas, um grande casamento coletivo. Isso porque a chuva passou por nós e voltou o sol. Navegamos na direção da ilha e voltou a chover com o céu azul. Pouco mais tarde, o sol abriu com toda a sua força, queimando-nos. Mesmo assim, as raposas estavam decididas a se casarem, pois começou a chover mais uma vez, com o céu aberto e azul.
Poucas coisas são tão interessantes quanto a linha tênue que separa a chuva do sol. Não me admira que os animais mágicos escolham este lugar encantado para suas cerimônias.
domingo, janeiro 07, 2007
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5 comentários:
Uh, S.J. tem uma esposa!!!
não sabia dessa história das raposas, mas me lembrou a lenda de que no midsummer(como chama isso em português?)as fadas e seres encantados saiam da floresta.
Ahhh, eu lembro de ter visto isso em algum lugar! Acho que era num filme...Estou falando das raposas e tal.
Hum, então, 'O Fim' me deixou confusa, também. Eu tentei esquecer o açucareiro para ver se a história fazia sentido sem ele, mas mesmo assim, tudo continuou confuso. E o ponto de interrogação? Nossa, não entendi nada. Tem gente falando que o Lemony é pai dos Baudelaire, mas eu não entendi isso, não.
Um dia a gente precisa se encontrar e falar sobre 'O Fim'. Ah, e que bom que você sabe que eu existo!
Beijo!
Realmente o tempo estava perfeito para as raposas.
Vivi, o filme é do Akira Kurosawa e se chama Sonhos.
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