sexta-feira, janeiro 05, 2007

pequeno símbolo de uma gota - II

Mizudinie viu tudo ser perdido. Viu a cidade presa e os homens vencidos. Comodoro Francis puxou-a pela corda com que a amarrara. Logo atrás vinha Cleena Tétis, antiga líder e sacerdotisa dos tritões e atual prisioneira demoníaca.
Francis rumava imperioso para seu navio de guerra. A batalha terminara em remorso, com a destruição de Luna pelo terrível monstro marinho e pelos canhões dos navios de guerra.
Sozinha, Mizudinie se viu chorando. Não quis olhar para trás para não ter de suportar o olhar angustiado de Cleena ou ter que ver Sidra caída no chão. Francis puxou a corda com violênica e gritou aos homens do navio
...um milagre!...
Mizudinie rezou por um milagre, mas o céu permaneceu escuro. Agradeceu-se por ter deixado seus amigos em Corália, onde ficariam a salvo. Os tentáculos do monstro arrancavam o telhado de mais uma casa. Mulheres e crianças prisioneiras choravam em fila.
(As lágrimas vertiam-se no rosto da escolhida da Água)
Mas comodoro Francis ria pela sua promoção. Eliminara os demônios, salvaguardara as forças da ordem e do mundo!
Em seu discurso heróico, na direção da prancha de embarque definitiva, honrava-se pela brilhante idéia de seguir a mulher até a cidade escondida dos tritões, agora uma ameaça do passado que-
Mizudinie viu, através dos olhos marejados de lágrimas, um acontecimento lento, como se o mundo tivesse girado devagar. Ela viu Francis se erguer inclinado para trás e cair longe, em meio à fumaça e ao fogo; sentiu em seus ossos, bem lentamente, uma explosão que sacudiu as docas de Luna e atingira a parede de pedra.
Virou a cabeça para trás e viu o comodoro cair em um rodemoinho de fumaça, por cima de barris deixados sozinhos.
Assustada, voltou-se para a frente e viu que o cais de Luna estava sendo bombardeado. Seu primeiro pensamento foi na direção dos navios de guerra que a haviam derrotado. A bordo deles, marujos desesperados pulavam na água, tentando escapar das explosões.
Da neblina mais adiante, algo saía.
Olhou para Cleena Tétis e algo em comum brilhou em seus olhos .
O formato claramente reconhecível de um mastro com velas se mostrou na fumaça branca. A neblina era iluminada por uma série de explosões que vinham de um lugar além da visão de Mizudinie. Comodoro Francis gritava pelo contra-ataque.
Um navio apareceu na noite escura. Outro Francis, outro mundo. A bandeira negra sorriu para as prisioneiras enquanto os navios de guerra eram vítmas dos canhões certeiros dos piratas.
E no convés! - Mizudinie não pôde impedir um sorriso ao ver seus amigos - todos eles - de pé na proa, vestidos como piratas e gritando por ela.
Sentiu sua corda se rompendo pela faca que Cleena Tétis guardara escondida. Gritou de volta pela sua liberdade. As explosões voltaram a ecoar na noite de chuva, o monstro se dirigiu à sua nova presa, o mar gritava pela sua escolhida!
Os piratas haviam chegado!

3 comentários:

Charles Bosworth disse...

Dica: interessante comparar com "Pequeno Símbolo de uma gota".
Nossa, como estou ficando metido só porque escrevo...

Anônimo disse...

Escritores (ou quem escreve, de forma geral) normalmente são metidos, ainda que não admitam. *cof cof*

Só passei para dizer que quero roubar o seu barco! ><

Charles Bosworth disse...

Ok....
Peraíí!!! nada disso!
Hum, você vai ter um trabalhão se quiser mesmo fazer isso. Nem vem!