Mizudinie viu tudo ser perdido. Viu a cidade presa e os homens vencidos. Comodoro Francis puxou-a pela corda com que a amarrara. Logo atrás vinha Cleena Tétis, antiga líder e sacerdotisa dos tritões e atual prisioneira demoníaca.
Francis rumava imperioso para seu navio de guerra. A batalha terminara em remorso, com a destruição de Luna pelo terrível monstro marinho e pelos canhões dos navios de guerra.
Sozinha, Mizudinie se viu chorando. Não quis olhar para trás para não ter de suportar o olhar angustiado de Cleena ou ter que ver Sidra caída no chão. Francis puxou a corda com violênica e gritou aos homens do navio
...um milagre!...
Mizudinie rezou por um milagre, mas o céu permaneceu escuro. Agradeceu-se por ter deixado seus amigos em Corália, onde ficariam a salvo. Os tentáculos do monstro arrancavam o telhado de mais uma casa. Mulheres e crianças prisioneiras choravam em fila.
(As lágrimas vertiam-se no rosto da escolhida da Água)
Mas comodoro Francis ria pela sua promoção. Eliminara os demônios, salvaguardara as forças da ordem e do mundo!
Em seu discurso heróico, na direção da prancha de embarque definitiva, honrava-se pela brilhante idéia de seguir a mulher até a cidade escondida dos tritões, agora uma ameaça do passado que-
Mizudinie viu, através dos olhos marejados de lágrimas, um acontecimento lento, como se o mundo tivesse girado devagar. Ela viu Francis se erguer inclinado para trás e cair longe, em meio à fumaça e ao fogo; sentiu em seus ossos, bem lentamente, uma explosão que sacudiu as docas de Luna e atingira a parede de pedra.
Virou a cabeça para trás e viu o comodoro cair em um rodemoinho de fumaça, por cima de barris deixados sozinhos.
Assustada, voltou-se para a frente e viu que o cais de Luna estava sendo bombardeado. Seu primeiro pensamento foi na direção dos navios de guerra que a haviam derrotado. A bordo deles, marujos desesperados pulavam na água, tentando escapar das explosões.
Da neblina mais adiante, algo saía.
Olhou para Cleena Tétis e algo em comum brilhou em seus olhos .
O formato claramente reconhecível de um mastro com velas se mostrou na fumaça branca. A neblina era iluminada por uma série de explosões que vinham de um lugar além da visão de Mizudinie. Comodoro Francis gritava pelo contra-ataque.
Um navio apareceu na noite escura. Outro Francis, outro mundo. A bandeira negra sorriu para as prisioneiras enquanto os navios de guerra eram vítmas dos canhões certeiros dos piratas.
E no convés! - Mizudinie não pôde impedir um sorriso ao ver seus amigos - todos eles - de pé na proa, vestidos como piratas e gritando por ela.
Sentiu sua corda se rompendo pela faca que Cleena Tétis guardara escondida. Gritou de volta pela sua liberdade. As explosões voltaram a ecoar na noite de chuva, o monstro se dirigiu à sua nova presa, o mar gritava pela sua escolhida!
Os piratas haviam chegado!
sexta-feira, janeiro 05, 2007
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3 comentários:
Dica: interessante comparar com "Pequeno Símbolo de uma gota".
Nossa, como estou ficando metido só porque escrevo...
Escritores (ou quem escreve, de forma geral) normalmente são metidos, ainda que não admitam. *cof cof*
Só passei para dizer que quero roubar o seu barco! ><
Ok....
Peraíí!!! nada disso!
Hum, você vai ter um trabalhão se quiser mesmo fazer isso. Nem vem!
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