quinta-feira, junho 14, 2007

O Mistério da Máscara Javanesa - Parte 3

A pianola tocava uma música antiga - que fora um sucesso estrondoso durante um mês e depois caíra em desuso, servindo só como lembrança cômica hoje em dia.
O médico pessoal de Lord Hugo, Dr. Jack Sheppard, preparava algo no bar sob a supervisão do Inspetor da polícia.
Desmond mal podia esperar para tirar algo a limpo com ele.
- Então doutor, precisando de alguns drinques? - brincou.
Jack sorriu e deu um gole em seu whisky - Acho que estamos todos precisando. Despois de tudo o que aconteceu... - baixou a cabeça e franziu a testa preocupado.
- Claro, com certeza. Não quis, você sabe... - Desmond, disse, gesticulando para o Inspetor que concordou com mais acenos de cabeça, como atores em uma peça - As pessoas são capazes de qualquer coisa quando bebem demais - ele prosseguiu, com o cinismo crescendo - O doutor por exemplo; tem de estar sempre sóbrio e preparado para lidar com emergências. Por isso acho que esse fim-de-semana na casa de Lord Hugo foi uma bênção, você não concorda inspetor?
- Com certeza, agora você não tem que se preocupar com seus pacientes - continuou o Inspetor.
- Isso não, - Jack disse - vocês não querem dizer que...
- Absolutamente não! - concordou Desmond - Só estava perguntando para o doutor se ele bebeu um pouco neste fim-de-semana, só isso.
- Eu não matei Lord Hugo. - disse Jack muito sério - Ele era meu paciente.
- Nós sabemos. - disse o Inspetor em seu modo usual, mexendo no paletó e no bigode cinzento - Na verdade, andamos investigando e descobrimos que Lord Hugo vem dando muito trabalho para todos. Ele parecia ter algumas manias...
- Sim, isso é verdade. Ele tinha muito medo de estar sobre uma maldição, como se coisas ruins acontecessem ao seu redor.
Desmond se lembrou da conversa que tivera com John Locke, que considerou um lunático perfeito. Talvez todos estivessem um pouco loucos. - Como eu ia dizendo, - prosseguiu o detetive - O álcool nos induz a fazer coisas que nem pensávamos sermos capazes de fazer enquanto sóbrios. Parece que recolhemos um testemunho de que o senhor andou bebendo demais doutor Jack... Existe algum caso de alcoolismo na família, algum problema a ser esquecido? Acho que o seu inconsciente fez todo o trabalho para você, se livrou do paciente mais complicado.
Jack estava a ponto de segurar Desmond pelo colarinho e gritar com ele, mas era esperto demais para saber que isso só o incriminaria ainda mais. Ao invés disse, se segurou e falou:
- Eu nunca faria mal para Lord Hugo. Ultimamente ele esteve preocupado com sua sorte, achava que iam acontecer catástrofes nesse fim-de-semana, que íamos morrer porque ele era amaldiçoado. Sim, ele pensou em cancelar o jantar, mas John Locke o convenceu de que seria uma boa idéia se livrar do medo dessa maldição, que ele poderia nos chamar e que nada ia nos acontecer.
- No fim, - disse Desmond - ele estava certo. Lord Hugo tinha tanto medo de que algo acontecesse aos seus convidados que acabou sendo a vítma. Parece que seus medos tinham algum fundamento. Havia alguém instigando-os?
- Eu sempre tentei convencê-lo de que eram bobagens - disse o médico - Superstições sem nenhuma base. Ele achava que o dinheiro trouxe toda a maldição.
O Inspetor sorriu - O dinheiro traz muitas maldições, eu sei disso.
- À propósito dr. Jack - disse Desmond - Me deixou curioso acerca de uma coisa: um pouco antes, quando falava com Miss Kate Austen, o senhor fez algum gesto, alguma advertência para ela, não foi? Estava muito interessado em saber o que era.
Jack abriu um sorriso e balançou a cabeça.
- Não sei do que o senhor está falando. Me desculpe.
- Ah sim, - disse Desmond - Entendo então. Acho que por enquanto é só.

Antes de conversarem com Charlie Pace, o Inspetor puxou Desmond de lado e confidenciou-lhe:
- Este aí foi o tal que chegou atrasado.
- Então o nosso músico não foi convidado, mas veio mesmo assim... Vamos descobrir porque Lord Hugo não queria sua companhia, e porque ele resolveu insistir.
- Mais uma coisa Des... Parece que os vícios do sr.Pace não são tão leves assim: pelo que consta ele abusava da heroína. Dizem que foi por isso que perdeu o emprego na Orquestra.
Desmons sorriu. Aí sim estava um mau exemplo da espécie humana! Algo com que ele se acostumou a lidar esses anos todos. Enfim seria divertido.
- Sr.Pace, posso ter uma palavrinha com o senhor? Meu nome é Desmond Hume, e este é o inspetor da polícia.
- Claro - ele respondeu, com um forte sotaque inglês - Eu, eu..
- Não se incomode, estamos bem. Só queria algumas respostas. Por exemplo, meu caro sr. Pace, porque o senhor veio? Sabemos que Lord Hugo não estendeu o convite ao senhor. Quem sabe você estava interessado na sua coleção de máscaras raras? Soube que seu hobby excêntrico pode ser vendido por uma fortuna nos becos de Londres.
- Não é nada disso! - ameaçou o sr. Pace - Hugo era meu amigo, nunca faria algo com um chapa como ele! Podem acreditar: todos gostavam dele; eu nunca roubaria algo.
- Mas pediria dinheiro emprestado... - experimentou Desmond.
- Eu pedi um pouco sim. Vocês sabem, depois de ganhar na loteria, cheio da grana, eu achei que... - Charlie gesticulava nervosamente, tentando se explicar - Mas ele disse não e, olha só, me pediu para ficar longe... Ao menos até ficar limpo, você sabe.
O Inspetor e Desmond trocaram um olhar que perguntava claramente: "E agora, você está limpo?"
Charlie Pace se fingiu de ofendido e gritou:
- Mas é claro que estou! Pela santa madrugada, eu nunca faria algo de mal ao velho Hugo. Ele sim era um cara bom, um sujeito decente! Quando me pediu para ficar longe eu fiquei completamente na fossa, pensando que era meu fim e tudo o mais. Não conseguia mais chegar perto dos meus amigos e me arrependi de tudo: de ter sido expulso da Orquestra, de experimentar heroína, de... de... Enfim, eu fiquei limpo e resolvi aparecer, mostrar ao meu chapa que eu podia melhorar. Podem checar! Não tenho nada disso no meu corpo. Nunca mais depois daquele dia.
- Então você é muito mais durão do que eu pensei, garoto. - disse Desmond - Quase nenhuma crise de abstinência, estou surpreso que pôde largar o vício assim, com força de vontade meramente. Querendo impressionar Lord Hugo, e disso não duvido, querendo mostrar aos seus amigos que ainda tinha um pingo de respeito. Foi corajoso sim, meu caro sr.Pace, mas não acho que esteja dizendo a verdade.
- Como assim?
- Como assim... Ainda não sei, mas acho que o seu problema é um pouco mais difícil de ser resolvido do que você nos fez achar. Quando Lord Hugo negou um empréstimo, pois sabia o que você iria comprar com o dinheiro, o senhor deve ter ficado irritado. Talvez se sentiu mesmo no fundo do poço. E sabe o que eu acho? Que pessoas no fundo do poço são capazes de tudo, inclusive de roubar de seus melhores amigos.
- Eu nunca...
- Ainda não terminei Sr.Pace. Pode ser que Lord Hugo tenha descoberto, que tenha ficado extremamente decepcionado com o senhor.
- Não sou um assassino!
- Não esteja tão certo quanto a isso. A heroína é uma droga muito particular, você sabe. Se o senhor me permite uma sugestão, eu diria que qualquer objeto roubado desta mansão poderia ser extremamente incriminador se encontrado em determinadas mãos... - enquanto Desmond falava, Charlie Pace empalidecia devagar, sem saber como responder - Mas, se o roubo destes objetos não tiver nada a ver com a morte de Lord Hugo, eu sugiro vir à claro o quanto antes sobre o assunto.
- Qualquer um que os devolva - continuou o inspetor - Não será processado por maiores crimes e ficará livre de muitas suspeitas.
Os dois homens da polícia se inclinaram para a frente e olharam fundo para Charlie Pace. Desmond adorava pôr os suspeitos contra a parede, fingir-se de mal, de bom, de brincar com os sentimentos dos investigados.
O Sr.Pace olhou de volta nervoso.
- Eu não sou nada disso que os senhores estão pensando! Me sinto ofendido, caras, eu não roubei de Hugo, nunca toquei em um só objeto da casa para comprar o que quer que seja..
Extremamente ofendido, o ex-músico encerrou a entrevista. Disse que não poderiam mais conversar com ele, ao menos não antes que ele arranjasse um advogado.
Desmond odiava advogados. Tanto trabalho para pegar o assassino, tanta enrolação e giros sem sair do lugar. Sobrava pouco espaço para as intuições e brincadeiras.

Um comentário:

Anônimo disse...

AHHHHHH
hauhauhau esses personagens são muito lost huahauhauha
=DDDDD]ahhhh
qm foi?
o q aconteceu?
me contaaaaaa!
escreve mais!