Oi.
Não sabia para quem escrever. Digo, sabia que tinha que escrever, mas não sei para quem. Claro, aí pensei em você, que gosta de me escutar (ou sabe fingir isso muito bem).
No fundo, nessa pressa de querer escrever eu percebo que não sei do que falar. Coisas bonitas eu penso, como uma garota segurando uma flor. E colinas. É a chuva que calma cai no mato. Mas nada disso tem a ver com você. Isso é o problema de se prender a um ouvinte. Tem certas coisas que não se pode dizer para todos. Ou que não fazem sentido. Seria como conversar de ações e mercado com a Clara: Não tem nada a ver. (pronto, já me decidi que Você não será a Clara, sem querer e por impulso. Sim, eu não sei quem é Você. Estou te construindo na minha cabeça aos poucos. Vamos ver se eu acerto?)
Você me limita. Me corta assuntos apenas sendo mera possibilidade. Que carta complicada, que chuva estranha, que liberdade tolhida.
...Liberdade. Uma estrela no céu?
Escuta, você acha que é impossível ser livre? Eu? Eu não sei. Ah, nem me pergunte. (viu, Você já tem sentimentos. Pode ser curiosa. Ou curioso. Charles, não limite o seu interlocutor!) Mas será que é mesmo possível que alguém seja livre e feliz ao mesmo tempo? No momento não parece contraditório, mas... não sei. Parece que para ser livre é preciso conhecer (é preciso conhecer?), mas quando conhecemos a verdade, não acho que podemos ser felizes. Ou podemos? Será que ser livre não é ser feliz? , mas feliz mesmo, de verdade.
Se a felicidade é luz, a liberdade é sombra, o homem vive no cinza? (agora sei por que você não é a Clara. Eu e ela já discutimos isso...)
Myshba é basicamente o guerreiro da felicidade. E das colinas. A Campina-que-brilha-reluzente-em-um-dia-de-outono-alegre-sem-fim. Ele é a Luz e a criança.
E Sark é a dor. A tristeza que carregamos pesadamente conosco. Sark é a responsablidade adulta e a busca pela Redenção. Todos queremos um Paraíso. (mas ele é possível?)
Liberdade e felicidade. Os dois buscam. Todos buscamos.
Será que perdidos no canto mais esquecido do mundo, sem saber que o próprio mundo existe, sem pensar (só seguindo sabendo que... [que o quê? diria Macabéia.] que existimos): será que assim não seríamos felizes? Ou, mais ainda, livres? Se nos reduzirmos ao essencial, ao estúpido, ao último, seremos mais livres? Eu acho que não. Digo, eu espero que não. Mas isso também não faz sentido Lorena, então não importa.
(Você é a Lorena? acho que não, mas valeu a tentativa)
Ela correu determinada pelas ruas achando que poderia fugir do seu corpo e de sua mente, largar seu espírito no chão e voar. A morte é libertadora. A vida é dura.
Não acho que devemos buscar a morte. Que devemos correr ao seu encontro. Apesar da vida ser dura, Yuri, desistir é negá-la. É dizer não ao bonito que já foi. Ah, mas isso não.
Quem sabe o que podemos tentar? O que nos limita, a não ser nós mesmos? Temos tanto a perder que perdemos toda hora. Porque é assim. É como é sua casa, Muriel, é perder de novo o que está lá.
Fantasmas. Ah, é realmente ruim. Não.
Podemos pensar de outra maneira. De novo voltamos à chuva. E à Myshba sentado na beirada de um muro destruído; ele oferece à Sark uma maçã. A maçã é mordida. O homem olha para o fundo. Lá na beira onde tudo se escorrega. Acho que você entende o que eu quero dizer, Mali. Sabe aquele abismo escuro? Sark resolve acompanhar o garoto para dentro do poço escorregadio.
A maçã tem um gosto ácido e revigorante
quarta-feira, junho 27, 2007
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4 comentários:
No final, a carta foi para todos vocês.
=DDD
eu gosto de discutir essas coisas com vc! ainda mais q temos opinioes tão diferentes e parecidas =)
vamos um dia conversar sobre isso na casa de alguém ateeeeh de madrugada comendo alguma coisa bem gostosa? eu voto na casa da mali! =p
Charles, você é um power-ranger com poder de Esquizofrenia... Acho que você é verde-limão com azul-petróleo.
Ah, ainda bem que eu lembrei.
Estou fazendo propaganda do meu novo Blog "O Mictório"
http://www.o-mictorio.blogspot.com
dêem uma passada lá!
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