Ainda demoraria muito para o fim do tempo. Ela esperou sobre as horríveis pedras cinzentas do final da praia, que se cobriam aos poucos de espuma do mar a medida que a maré subia.
Um pássaro preto e comprido a observava. Voava em círculo sobre as árvores que logo deixariam de existir, mas que no momento delineavam os limites da praia. Enfim desceu; as garras tocaram a areia áspera e pousaram. O homem que surgiu espanou a sujeira de seu sobretudo e andou na direção da mulher. Entregou-a o livro fechado.
- Você acha que ainda durará muito?
- Difícil dizer - falou o estranho, com os cabelos e olhos escuros, da cor que o céu teria sem as estrelas.
Ela alisava o livro, sem se importar se a espuma o molhava.
- Podemos sair daqui? - ele pediu, tirando uma pena preta da nuca.
- Não. Ainda tenho que esperar alguém.
A mulher tirou a chave do colar em seu pescoço e abriu a fechadura do livro.
- Ele virá.
sábado, junho 28, 2008
Alguns comentários
Não sei porque, mas de todas as histórias que já pensei para o Krystalian, é a de Sark e Penélope que gosto mais. Talvez porque ela tenha sido escrita (mesmo que em parte). O que significa que eu deveria começar a escrever alguma coisa, tipo agora!
Calma, ainda não. Não saberia por onde começar.
Gosto do fato de Penélope ler palavras nas sombras, e que ela e Sark têm histórias parelelas no livro. Ok, a história deles é triste, mas eu tenho um certo apreço por essa tristeza e gosto de me angustiar pelo que não acontece.
Afinal, é uma história sobre fins, nunca-começos e limites.
Fiquei surpreso outro dia (que é um modo literário de se dizer "foi hoje") porque percebi a recorrência do símbolo da Torre nas minhas histórias. Rapidamente na Torre da Bruma por onde Mellock passa, simbolicamente na estrutura do Palácio Oceânico, centralmente na Torre do Relógio que fica no meio do mundo, e poderosamente recorrente, já que o grande adversário dos personagens é dito simplesmente como A Torre Negra.
Babel sempre foi uma das minhas histórias favoritas.
Por sinal, é com uma história assim que eu pensei terminar a história em quadrinhos de Marco Polo, mas eu não vou falar mais nada porque quero fazer segredo.
Mas pensar nisso me deixa desanimado. Será que eu nunca vou escrever essa HQ? Não sei como fazer: minha habilidade é inventar histórias e personagens, e não desenhar. Posso desenhar algumas pessoas, de frente, sem muita dificuldade. Mas e cenários, cenas de ação, estruturas (os quadrinhos em si, onomatopéias, balões de fala - sou especialmente ruim nesse item)??? Eu adoraria ajuda, mas não faço idéia de onde encontrar alguém que queira desenhar o que eu fico imaginando.
Por sinal, eu sempre quis participar de um Clube do Livro. Eu sei que não tem nada a ver, mas mais alguém gostaria? O que vocês acham de montarmos um? Só digo isso porque depois de ler alguma coisa eu fico com vontade de conversar com alguém sobre o livro, o que quase nunca acontece.
Eu proponho começarmos por Kafka on the Shore (ou Kafka à Beira-Mar na edição brasileira).
Pois é. Era isso que eu tinha para dizer.
Calma, ainda não. Não saberia por onde começar.
Gosto do fato de Penélope ler palavras nas sombras, e que ela e Sark têm histórias parelelas no livro. Ok, a história deles é triste, mas eu tenho um certo apreço por essa tristeza e gosto de me angustiar pelo que não acontece.
Afinal, é uma história sobre fins, nunca-começos e limites.
Fiquei surpreso outro dia (que é um modo literário de se dizer "foi hoje") porque percebi a recorrência do símbolo da Torre nas minhas histórias. Rapidamente na Torre da Bruma por onde Mellock passa, simbolicamente na estrutura do Palácio Oceânico, centralmente na Torre do Relógio que fica no meio do mundo, e poderosamente recorrente, já que o grande adversário dos personagens é dito simplesmente como A Torre Negra.
Babel sempre foi uma das minhas histórias favoritas.
Por sinal, é com uma história assim que eu pensei terminar a história em quadrinhos de Marco Polo, mas eu não vou falar mais nada porque quero fazer segredo.
Mas pensar nisso me deixa desanimado. Será que eu nunca vou escrever essa HQ? Não sei como fazer: minha habilidade é inventar histórias e personagens, e não desenhar. Posso desenhar algumas pessoas, de frente, sem muita dificuldade. Mas e cenários, cenas de ação, estruturas (os quadrinhos em si, onomatopéias, balões de fala - sou especialmente ruim nesse item)??? Eu adoraria ajuda, mas não faço idéia de onde encontrar alguém que queira desenhar o que eu fico imaginando.
Por sinal, eu sempre quis participar de um Clube do Livro. Eu sei que não tem nada a ver, mas mais alguém gostaria? O que vocês acham de montarmos um? Só digo isso porque depois de ler alguma coisa eu fico com vontade de conversar com alguém sobre o livro, o que quase nunca acontece.
Eu proponho começarmos por Kafka on the Shore (ou Kafka à Beira-Mar na edição brasileira).
Pois é. Era isso que eu tinha para dizer.
3ª Parte - Início
No final do verão, no auge do calor e do incêndio da guerra civil,
muito perto da porta final e do coração de magma de sua aventura, o escolhido caiu exausto sobre o caminho de azulejos migorãnicos sem energia para sequer se levantar. Estava, nesse momento e depois de tantas atribulações, no centro de um vulcão que começava a espumar os primeiros jorros de lava.
E só corria tantos perigos porque um espírito havia dito a ele que era o Escolhido. E era missão do escolhido ajudar a promover a paz e a felicidade, ou, para não querer tanto, ao menos tornar a vida humana um pouco menos cheia de defeitos. Acabaria com o sofrimento dos outros. Sim, seria altruísta a ponto de se sacrificar pelos outros, que fique bem claro, esse era seu propósito heróico, e também sua razão para se levantar, apoiando-se nos raros azulejos de Migorãn e andar esgotado os poucos passos entre si e a porta onde desembocaria e terminaria sua aventura, isto é, se ainda tivesse alguma força. Desesperado, continuou caído no chão. Levante-se, pensava; você tem que levantar.
Porque parecia a coisa certa a se fazer.
muito perto da porta final e do coração de magma de sua aventura, o escolhido caiu exausto sobre o caminho de azulejos migorãnicos sem energia para sequer se levantar. Estava, nesse momento e depois de tantas atribulações, no centro de um vulcão que começava a espumar os primeiros jorros de lava.
E só corria tantos perigos porque um espírito havia dito a ele que era o Escolhido. E era missão do escolhido ajudar a promover a paz e a felicidade, ou, para não querer tanto, ao menos tornar a vida humana um pouco menos cheia de defeitos. Acabaria com o sofrimento dos outros. Sim, seria altruísta a ponto de se sacrificar pelos outros, que fique bem claro, esse era seu propósito heróico, e também sua razão para se levantar, apoiando-se nos raros azulejos de Migorãn e andar esgotado os poucos passos entre si e a porta onde desembocaria e terminaria sua aventura, isto é, se ainda tivesse alguma força. Desesperado, continuou caído no chão. Levante-se, pensava; você tem que levantar.
Porque parecia a coisa certa a se fazer.
segunda-feira, junho 09, 2008
A Edição 45
Para mim, é a melhor edição de One Piece. O que significa que dentro dela temos umas das melhores seqüências de histórias em quadrinhos do mundo.
A contagem regressiva, a torre do relógio, as pessoas desesperadas. Toda vez que leio me sinto envolvido na história: desesperado porque um personagem errou o golpe definitivo, nervoso por não saber se deu tudo certo ou se, ao contrário, tudo acabou!
Este post tem uma função de aviso: se você ainda não leu a edição 45 de One Piece páre tudo o que está fazendo e vá lê-la! Estou apenas prestando um serviço público aqui. Não sei se foi porque ela saiu no meio das férias, mas venho percebendo que as pessoas não se lembram direito, ou não leram atentamente justamente esta edição. Por isso, faça algo de útil hoje: releia a 45. De preferência relendo a 44 antes, para se contextualizar.
Sério, de nada.
sexta-feira, junho 06, 2008
Os Eremitas Estilitas
"Houve ainda noutra parte da cidade uma grande maravilha: eram duas colunas, tendo cada uma delas, em espessura, pelo menos três braças de homem e cinqüenta toesas de altura. E sobre cada uma dessas colunas tinham por hábito viver uns eremitas em pequenos abrigos que aí estavam e havia portas nas colunas, pelas quais uma pessoa podia subir. No exterior destas colunas estavam desenhadas e escritas em profecias todas as aventuras e conquistas que tinham ocorrido em Constantinopla ou que estavam para acontecer. Mas ninguém podia compreender o acontecimento até ele se ter dado, e depois de ter acontecido o povo ia até aí, meditava sobre o assunto e então, pela primeira vez, via e compreendia o evento."
Robert de Clari - La conquête de Constantinopla in Historiens et chroniqueurs du Moyen Age
Robert de Clari - La conquête de Constantinopla in Historiens et chroniqueurs du Moyen Age
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