O barco se afastava para encontrar o mar, além da mata de juncos baixos e poços insalubres.
Ele perguntou ao viajante porque ele queria ir além, porque queria continuar a andar e a conhecer.
Mísca olhou de volta para o barqueiro, que andava todos os dias por estes canais tranqüilos e não soube responder. Mas pensou que a resposta estava nas gaivotas que voavam branquinhas mais além. Sob elas, o mar, que não se escutava ainda mas logo suas ondas se fariam ouvir. Apontou os pássaros e o barqueiro continuou a remar pensativo.
- Um dia estava envolvido com o conhecimento, em meio à turbulenta vida cotidianta. Era uma guerra, um motivo, uma discussão, não me lembro mais. Misca olhou para cima, para o sol pacífico e continuou:
Então, quando estavam falando algo importante, quando um mestre falou e eu estava avidamente e interessadamente escutando, um pássaro piou no jardim, longo e triste.
- E naquele momento - disse o barqueiro - você não soube qual era mais importante, qual dos dois merecia mais sua atenção e sua vida.
- Sim - disse Mísca. O pássaro cantava lindamente.
O barqueiro sorriu.
- É por isso que agora você está aqui, neste lugar perdido, nestes juncos distantes, nesta calmaria sem fim?
- Sim.
- Pois eu também, pois eu também, remou o barqueiro até o sol calmo, a areia branca e o mar com gaivotas.
terça-feira, julho 15, 2008
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3 comentários:
Que bonito. Me lembrou aquele seu outro texto, o do monge copista e das gaivotas.
são mui legais seus contitos, charles.
fazia tempo que eu não passava por aqui, e gostei muito do texto.
hmm, charles abriram vagas remanascentes pro curso de árabe lá na usp, dá uma olhada!!
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