- Ora, sou muito precavido! - gabou-se o peru - por isso todos os animais confiam em mim como seu banqueiro. Eu sei tudo antes de acontecer! Foi por isso que chamei o Esquadrão dos Seis Focinhos quando vi o cavalo correndo atrás dos dois. Foi por isso que trouxe isto daqui:
E mostrou um pequeno baú.
Lancelot, Percival e o Rei Michaelis - agora dentro da taberna, descansando com uns copos d'água - olharam para o baú.
O peru abriu-o devagar. Lá, enrolado, estava um pano.
Chacauner acenou com a cabeça.
- Sim. É ele.
Lancelot retirou o pequeno pano e desenrolou-o com cuidado. Era um calendário do mês de dezembro, belamente enfeitado sobre um fundo azul. Cada dia continha um animal de brinquedo pendurado.
- Vamos ver o que está em cada dia! - disse Percival entusiasmado.
No primeiro, a figura de um gato preto. No segundo um gato branco.
- Acho que já vi isto antes - sorriu o Rei - Mas como será que funciona? Serão pistas?
O terceiro dia tinha um porco rosado pendurado, o quarto era um ganso de penas brancas. Haviam dias de coelhos e dias de cavalos. Um dia para um caminhão, para uma galinha e para o próprio calendário.
Os dois últimos dias - vinte e quatro e vinte e cinco, pois se tratava de um calendário natalino - estavam sobrepostos. Vinte e cinco era a porta que cerrava o dia vinte quatro.
- Nele está escrito a verdadeira história de natal - explicou Chacauner - Eu pensei em abrir e ler, para poder desmoralizar o Vaticano expondo sua mentira. Porque a lenda do Natal que os padres vêm contando durante anos é mentira. Se eu soubesse a verdade eu poderia vingar a família Stark.
- Não há necessidade disto agora - anunciou Stark - Eu entendi sua mensagem. Nada mais de ódio, nada mais de derramar sangue. Prometo que me dedicarei ao bem agora.
- Boas palavras - disse Da Gama - dignas de um membro do Esquadrão dos Seis Focinhos. Deveríamos todos tentar fazer "o máximo de bem possível e o mínimo de mal possível".
- E não vamos ler? - perguntou Percival - Estou morrendo de curiosidade!
- Façam o que quiserem - disse o peru - Foi o gato de óculos que pediu para esconder este baú, então estou devolvendo. Acredito que não há mais necessidade de guardar este objeto.
- Não há mesmo - disse Lancelot - É hora das coisas saírem e se revelarem.
Todos sorriram admirando os pequenos brinquedos que enfeitavam o fundo azul do pano. Cada dia tinha sua história, e eles pensavam que sua história era apenas mais um reflexo do segredo que ele trazia em si.
Florentina, muito amável, trouxe comida para todos.
- Obrigado por manter sua promessa gato branco - ela agradeceu - Não compreendo exatamente o que está acontecendo aqui, mas vocês me salvaram e salvaram minha estalagem, são mais do que bem vindos.
Todos sorriram de volta. Pigmaleão não podia imaginar um sorriso mais rechonchudo e feliz do que o da boa estalajadeira. Secou uma lágrima escondido.
- Então não vamos mesmo abrir a vigésima quarta casinha? - perguntou Rufus.
- É claro que sim! - disse Percival, já avançando com suas patinhas para abrir o que as portas do dia vinte e cinco escondiam. Começou veloz e depois foi devagarzinho. Pegou com as patas em lentidão e levantou o pano cuidadosamente.
No dia vinte e quatro se via o desenho de uma árvore de natal. Muito verde e muito iluminada.
- É só isso? - perguntou Rufus se debruçando sobre a mesa.
- Deve ser só uma pista. Tem de haver algum código que decifre isso - disse o Rei Michaelis.
- Ou nós não podemos entender porque ainda não aconteceu... -disse Chamaleão, por trás de seus óculos grandes.
- Mas é claro! - disse Florentina - Que memória a minha. Estava tão confusa que não me lembrei até ver vocês aí com este calendário. Hoje é dia de Natal!
- Hoje é o dia vinte e quatro? - perguntou Lancelot.
- Sim, e precisamos comemorar de algum modo.
- Claro que precisamos! - disse Pigmaleão - Uma pequena festa para nossa vitória e pela conclusão de um mistério.
- Quase conclusão - disse Lancelot - Ainda não entendemos o que a verdadeira história de natal quer dizer.
Os outros se levantaram.
- Então não há mais motivo para vingança - disse Chamaleão, sorrindo feliz - Estou livre para viver agora?
- Estamos todos - disse Stark - Mas toda essa energia, toda essa vontade... o que fazer com tudo isso? São tantos caminhos que não sei o que escolher!
- Eu sinto o mesmo - suspirou o ex-vizir do Reino - Vamos fazer algo incrível juntos?
O Rei suspirou e também abandonou o calendário.
- As coisas parecem resolvidas, não é mesmo?
- Como assim majestade? - Percival perguntou.
- De um modo ou de outro, tenho o sensação de que tudo vai se encaixar daqui pra frente. O futuro vai chegar, qualquer que seja ele.
Estavam todos contentes e sorrindo.
Penduraram o calendário azul em uma das paredes e viram a noite cair.
Quando estava tudo escuro e todos se preparavam para dormir - qualquer que fosse o futuro que encontrariam ao acordar, estariam prontos para ele! - ouviram um ruído.
- Disfarcem-se! - ordenou o Rei e todos os animais de quatro patas desceram ao chão e pararam de falar. Stark até tirou o casaco e Rufus escondeu os fantoches.
Alguém batia na porta.
Quando Florentina abriu...
terça-feira, dezembro 23, 2008
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