segunda-feira, dezembro 01, 2008

Hoje é dia do gato preto. Então, em sua homenagem, uma história.

O viajante tinha uma roupa colorida e ultrajante. Ao caminhar pela praça com notável segurança, expôs-se ao olhar dos homens e mulheres daquela magnífica cidade, que não permitiam que um estrangeiro demonstrasse mais cores e alegrias que eles mesmos, habitantes que eram da mais fabulosa cidade existente. Amanda era seu nome.
Com pequenas acrobacias e truques de prestidigitação, o viajante reuniu ao seu redor um grupo de curiosos.
- Vocês sabem, - ele perguntava - o segredo do Natal?
E todos sacudiam a cabeça, esperando por uma história.
Os olhos brilhantes do estrangeiro examinaram todos e, com um ou dois pulos, alcançou um detalhe arquitetônico na beirada do vitral da igreja. Ali sentou e moveu as mãos pedindo silêncio.
- Que audácia! - diziam os cidadãos - Pedindo silêncio para a praça mais encantadora da cidade mais magnífica do reino mais majestoso! Essa praça não fará silêncio para um estrangeiro qualquer; como abafar o ruído das conversas, dos vendedores, dos soldados e dos ladrões?
De fato, a praça continuava tão barulhenta quanto antes. Porém, o viajante de capa colorida pareceu satisfeito, como se houvesse acalmada um gigante com apenas um gesto. Pigarreou, olhou para a pequena platéia que o encarava e começou sua história:



"Um dia um senhor muito velho e muito pobre resolveu que, estando muito doente, deveria começar a repartir seus bens entre seus filhos. O mais velho ficou com o moinho, que servira o senhor com muito trigo durante todos esses anos. O do meio ficou com a casa, que tinha o teto firme e aconchegou-os por todo esse tempo. E o mais novo, por fim, sem ter o pai mais o que dar, acabou ficando com o gato preto da família.
Bravo por não ter recebido nada além de um gato, o filho mais novo colocou tudo o que tinha (inclusive o animal) em uma sacola e partiu para ganhar a vida. Quando já estava na metade da estrada sentiu a sacola se mexer e decidiu libertar o pequeno animal. O gato preto pulou para fora e murmurou distintamente: Ufa, ainda bem que saí dali de dentro!
O rapaz caiu no chão de tão assustado. Então é um gato mágico?
- Como assim?, respondeu o gato. Preciso ser mágico para falar?
Diante da confusão do rapaz ele resolveu explicar.
- De onde eu venho, do Reino dos Gatos, é muito comum e normal para os animais falarem, tanto quanto para você é normal escutar os humanos.
Ainda confuso o rapaz esticou um dedo e encostou no animal, para ver se era real.
- Estou aqui e falo muito bem obrigado, ronronou o gato, satisfeito com a confusão causada.
Os dois se sentaram na beira da estrada. Pois mesmo o gato preto agora assumia uma postura humana, e podia ficar de pé ou de joelhos cruzados se quisesse.
- E o que você está fazendo aqui? o filho mais novo perguntou. Por que morou na casa de meu pai esse tempo todo?, como é o Reino dos Gatos?, qual é o seu nome?
- Acalme-se - pediu o gato sorridente, pois os gatos amam que sejamos curiosos sobre eles, mas amam muito mais deixar-nos insatisfeitos com nossas perguntas - Vou explicar tudo em seu devido tempo. Por que agora não nos sentamos debaixo daquela árvore para descansar, você me pesca um peixe e eu te conto minha história?
O rapaz concordou com um aceno. Usou sua camisa como rede e pegou, à muito custo, um suculento peixe. Os dois se acomodaram debaixo da árvore, longe o suficiente da estrada para não serem interrompidos, mas próximos o suficiente para examinarem os viajantes.
O gato preto andava em duas patas e usava as mãos para comer o peixe como um humano - Faz tempo que não me estico - ele disse - Por sinal, respondendo a sua pergunta anterior, meu nome é Lancelot. Agora, se você não se importa, vou te contar minha história.
O filho mais novo - Rufus é o seu nome - agachou-se ao seu lado e olhou para o gato de um modo irresistível, de um modo que demandava uma narrativa interessante. Assim, o animal preto sorriu todo contente e começou:

"No Reino dos Gatos, de onde eu vim, existem pequenos conjuntos de felinos que cumprem missões especiais. Eu fazia parte do mais especial destes batalhões especiais: o Projeto Elizabeth.
Não tenho permissão para compartilhar com um humano informações tão importantes envolvendo a segurança e o mistério do Reino dos Gatos, mas o que posso te dizer é que nossas missões eram tão especiais porque envolviam viagens aos Reinos dos Humanos.
Mas eu não estava sozinho nessas empreitadas. Eu tinha ajuda de meu fiel amigo, o valoroso...

2 comentários:

Utak disse...

acaba aqui?!
ahhh!!!
hahahahahhahaa XD

Ozzer Seimsisk disse...

Resolvi começar a ler suas hist'roias, mas, aah! só temos histórias sem fim!

enfim, como você escreve mais rápido do que eu posso ler, vou me esforçar bastante para ler tudo nas férias.