sexta-feira, maio 26, 2006

Quizz - Que personagem você seria?

- Um curto teste. Siga as instruções e descubra com qual desses 8 personagens do Krystalian você se parece mais.
Boa sorte!

Perguntas
Comece aqui:

1- Em qual desses lugares você gostraia de morar?
a) Em uma montanha tranqüila, no meio da natureza. (vá para a pergunta 2)
b) À beira do mar, em um paraíso tropical. (vá para a pergunta 3)
c) Na cidade, entre as pessoas que eu conheço. (vá para a pergunta 4)

2- Qual dessas atividades você prefere?
a) Cantar, desenhar. (vá para a 8)
b) Ler, conhecer, descobrir coisas interessantes. (vá para a 9)
c) Caminhar observando uma bela paisagem. (vá para a 6)

3 - Você gosta de bolar planos?
a) Sim. Adoro fazer os outros fazerem coisas para mim sem que percebam. (vá para a pergunta 7)
b) Sou mais do tipo de sonhar com meu futuro, e me imaginar fazendo coisas. (vá para a Imagem 6)
c) Também... Adoro imaginar modos de resolver problemas. (vá para a pergunta 5)

4 - Se seu amigo tivesse um problema, o que você faria para resolvê-lo?
a) Bolaria um plano para tentar resolver o problema que o incomoda. (vá para a pergunta 9)
b) Conversaria com ele, para que ele se sinta melhor. (vá para a pergunta 11)
c) Socaria o maldito que fez meu amigo se sentir mal. (vá para a pergunta 10)

5 - Se você fosse um espírito, que lugar você assombraria?
a) Um rio. Como uma ninfa. (vá para a Imagem 3)
b) Uma tumba, guardando um segredo. (vá para a Imagem 1)
c) Uma casa mal-assombrada, para assustar as criancinhas ingênuas. Huhuhuhu!! (vá para a pergunta 4)

6 - E se você fosse um espírito?
a) Moraria em uma biblioteca e saberia onde se encontram todos os volumes. (vá para a pergunta 9)
b) Gostaria de morar entre as árvores, cantando aos animais. (vá para a pergunta 8)
c) Seria um barqueiro. Ajudaria as pessoas a atravessarem rios no meio das montanhas. (vá para a Imagem 5)

7- Para que servem as leis para você?
a) Hum.... Acho que são úteis para uma vida em sociedade, mas não precisam ser levadas tão à sério. (vá para a Imagem 3)
b) Blé! Não servem para nada. (vá para a Imagem 7)
c) São interessantes se forem uma criação humana, móvel, que tenha em vista a democracia. (vá para a pergunta 9)
d) São excelentes! Todos deveriam obedecê-las incondicionalmente! (pare de fazer este teste)

8 - Você ouve vozes?
a) Sim, a canção das montanhas. (vá para a Imagem 5)
b)Claro! Todas as árvores falam. São muito conversadeiras. (vá para a Imagem 4)
c) De dentro dos livros, me contando histórias. (vá para a pergunta 9)

9- Qual seria o seu objetivo?
a)Conhecer o mundo. (vá para a Imagem 6)
b)Desvendar problemas, para que todos possam entender o mundo, nosso lugar e viver melhor. (vá para a Imagem 1)
c) Ajudar as pessoas (vá para a pergunta 8)

10 - O que te ajuda a resolver os seus problemas?
a) Minha coragem e determinação. (vá para a Imagem 2)
b) Meus amigos. (vá para a Imagem 8)
c) Minha calma e pensamento rápido. (vá para a pergunta 5)

11- Onde você gostaria de estar?
a) Observando as estrelas, junto à pessoas queridas, ouvindo as ondas no mar. (vá para a Imagem 3)
b) No meio de uma aventura, rindo e falando bobagem com meus amigos. (vá para a Imagem 8)
c) Em algum lugar distante e perdido, como uma estepe isolada ou um caravançará misterioso. (vá para a pergunta 12)

12- Qual é a sua reação ao encontrar um tesouro em uma tumba?
a) Grana!!! Todas essas jóias e moedas de ouro, que sorte de pirata!! Agora sim a diversão começa! (vá para a Imagem 7)
b) Nossa! Isso vai realmente nos ajudar a compreender melhor o povo que criou essa tumba. Direto para um museu! (vá para a Imagem 1)
c) *desapontado por não encontrar nenhuma múmia protegendo o tesouro* (vá para a pergunta 10)


Imagens
- Imagem 1 - Hoshy - Você é uma pessoa curiosa, esperta e aventureira. Para melhorar o mundo você tem a vontade de conhecer e entender uma série de segredos. Nunca desista e continue a ser uma pessoa alegre e simples.
- Imagem 2 - Foxy - Você é espontâneo e emocionalmente intenso. Sucetível à ataques de raiva e à demonstrações intensas de afeto. Tem bem decidido quem são suas pessoas queridas (aquelas que defende de qualquer problema). Tem uma aura de fogo ao seu redor.
- Imagem 3 - Mizudinie - Calma, pensativa, misteriosa. É como a lua ou o mar. Tem uma habilidade única de desvendar as pessoas e curar as dores dos outros. Silenciosa, se parece com uma sereia ou uma ninfa, sempre gentil e excelente ouvinte.
- Imagem 4 - Neyleen - Gentil, carinhosa, conversa com as plantas e gosta de passear por entre a natureza. Meio metida e chata, mas se dedicada a um objetivo carinhoso pode ser forte e firme em seu intento. Sabe respeitar e cuidar dos seres humanos, tendo um toque especial só seu.
- Imagem 5 - Teobolt - É um pouco solitário e silencioso. Aprecia uma bela paisagem e gosta de se dedicar a algum trabalho, se metendo de cabeça no que o interessa. Prefere o ar livre, as montanhas e encontrar caminhos. Bom amigo, forte, trabalhador sincero e calmo.
- Imagem 6 - Mellock - Tímida e sonhadora. Prefere a imaginação ao mundo real. Devora livros aos montes, e é esperta pra caramba.
- Imagem 7 - Gamma - Você gosta de se divertir e de aproveitar a vida. Engana fácil os outros, aprecia tesouros, é habilidosa e mentirosa. Pode ser traiçoeira com as pessoas mas sempre leal aos amigos. Vive de olho em aventuras e quer ser deixada em paz, sem regras ou imposições para limitarem sua liberdade e diversão.
- Imagem 8 - Zapper - Animado, divertido, ri pra caramba e ama os amigos. Sempre muda de opinião e pode ser considerado infantil e bobo. Mas que isso fique claro: é um guerreiro decidido a defender o que ama, não importando o obstáculo. Sabe muito bem o que é certo, o que é respeito e o que é diversão.

quarta-feira, maio 24, 2006

Có-có-có-concursooo!!


E aí pessoal? Não tinha nada pra fazer e pensei nisso: um concurso pelo blog! Vamos ver quem tem mais paciência para navegar e procurar coisas no meio de tantos pensamentos do Charles! Yuupiiii!!!
É o seguinte: segue-se aqui uma lista de perguntas que vocês interessados em participarem (podem ser duplas ou quartetos, mas trios não) devem tentar responder. Todas têm alguma coisa a ver com o conteúdo do blog, então vocês precisam procurar por Aqui em Hinée para acharem as respostas necessárias.
Reúnam as respostas e as enviem por e-mail ao seguinte endereço:
c_haccu@hotmail.com
(conto com sua boa vontade para não me mandarem junto lixo, spam ou correntes melosas. Tá, entendi que o garotinho tetraplégico se curou graças à corrente do milagre, só que eu não estou interessado nisso.)
Entenderam? Repetindo: vocês tentam responder as perguntas procurando pelo blog e me mandam sua tentativa por e-mail.
O vencedor... Ah, depois eu me decido sobre um método de determinar o vencedor, mas por enquanto fiquem certos de que haverá um vencedor! Ûpalêlê!!!


O Concurso


1 - Quem ganhou o prêmio "Caca" do mês?
2 - Que animal a Marina seria em um mundo imaginário?
3 - Qual é o nome da mulher misteriosa que guiou Hoshy pelo deserto, também conhecida como o Oráculo das Areias?
4 - Como se chama a mebro nº01 do fã-clube do Sark?
5 - Em que post está o primeiro comentário que recebeu um prêmio neste blog?
6 - Com quem a Lydia comparou a Rainha Elizabeth?
7 - O que significa a palavra "nefelibata"?
8 - Que nota musical eu encontraria na minha cabeça?
9 - Quem, como um mafioso, derrota o Zoro?
10 - Qual era a musiquinha que o barbeiro cantou para se livrar de um segredo?
11 - Qual mistério os membros do Não-Sei-o-Que e os Barões Assinalados estão sendo convidados a desvendar em uma das piadas?
12 - No ombro de quem a Camilla está apoiando a cabeça na foto do gurpo de teatro? E quem é a pessoa alegre atrás da Paula e do Vicente??
13 - Qual personagem passeia pelos Andes?
14 - Qual é a ciência (fora a História, é claro) que o meu professor de metodologia considera a mais importante?
15 - Qual é o nome do post invadido pelo S.J.& cia.?
16 - Qual é o meu signo no horóscopo cigano?
17 - Quem é a irmã do Haccu???

Já sabem? Muito fácil?
Então boa sorte e muita diversão! Não se esqueçam de comentar nos posts antigos pelos quais passarem. A busca está iniciada, nada de preguiça e boa sorte!!!

terça-feira, maio 23, 2006

Só para vocês rirem...

O Esquema:

2004 - Toostie
2005 - Tootie
2006 - Tooie
2007 - Ooie
2008 - Oo

Favor não confundir hinéeano com hipopótamo.

ass: Charles Chaleira

E agora, vamos ao que interessa. . .

Tchan~Tchan~Tchan!!

Prêmios!!

Ôba ôba! Já estamos no fim de maio, aquela época amena e divertida em que os prêmios costumam aparecer Aqui em Hinée. Só que dessa vez a novidade é que os prêmios estão sendo dados por conversas, geralmente para mais de uma pessoa.
Então, sem mais delongas...

Prêmio "Valeu pela Confiança!"
milla said:
acho que, por segurança nacional, você deveria abandonar a autoescola...
muriel said:
O Charles está aprendendo a dirigir.
O Charles quer ser professor.
E os meus planos de dominação mundial é que são perigosos...

Prêmio "Visitantes"
Difícil decisão. Ficou entre o Yuri, a Malu e Deus.
Mas no fim, o Ugo ganhou.
Ugo said:
Missão pra vênus han?? hm... esotu muito ocupado...

Prêmio "Qual coisa será essa???!"
maroc said:
eu seria um sapo! ou um gato, pq eu sei fazer mais uma coisa além de pular.

Prêmio "Adorei a descrição do personagem! ^.^"
Pure said:
Que baixaria falar isso de mim!
Só pq eu seria uma dançarina-de-cabaré-que-ajuda-o-detetive-depois-de-ter-ficado-com-o-bandido-E-com-o-mocinho num quer dizer que eu sou sempre assim...
Seus malvados.

Prêmio "Você já é!!"
Pioux's said:
Eu seria do mal!

Prêmio "Longa discussão acerca da identidade do ser!"



Lobz said:
*reparem no cacjorro*
Maroc said:
mas que jorro? alias, O QUE é um cac-jorro? eu vi um cão
Charles said:
Cão??! Eu vi uma bandeja. . .
Maroc said:
não era uma mesa vestida de palhaço?
Pioux's said:
o cachorro é o zorro?
Pure said:
Nussa!
tem um cachorro-mesa! (não cacjorro Mali...)
Lobz said:
aiaiai, hem? tsc
como se vocês não soubessem que "cacjorro" é o nome de uma espécie de canídeo que tem a habilidade de carregar bandejas na cabeça, servindo como uma mesa... tsc tsc tsc...

comentário do autor:
(Sinceramente, acho que a Clara deveria ganhar, só pela pergunta: "o cachorro é o zorro?". É Clara, quando o crime deve ser detido em Nova Califórnia, Don Diego de la Vega se disfarça de cão.)

Prêmio "Puxa, que gentileza com seus amigos..."
- Introdução:
mysa said:
É, mas agora o luque já estragou tudo...
Pure said:
Num estraguei nada...
pode perguntar pra Marina..
- E agora a vencedora:
Milla said:
É, porque a Marina vai saber de alguma coisa....

Prêmio "É isso o que acontece quando você olha as imagens???!"
milla said:
É só clicar nelas!! Mas nem é tão engraçado, às vezes eu vomito...

Prêmio "Você não vai querer isso!"
artur said:
E eu acho que Vênus é andrógino. E não vou mudar de idéia até alguém mostrar a genitália do planeta.

Prêmio "Uau, que conversa louca!!"
*BDA não batendo bem da bola* said:
NUVENSSSSSS
Núvens
núvens.....

*_* céuuuuuuuuuu

XD~~~~~~~
baãaaaaaa

Pioux's said:
Blarg BDA!

Charles B. said:
Ei Clara, pode parar. Nós já sabemos que a BDA é o seu alter ego, não adianta brigar com ela, fingindo serem pessoas diferentes (uma louca e a outra santa).

Garoto-lhama said...
É isso aí Charles!

Pure said...
Dá-lhe garoto-lhama!
e a psicologia, é claro!

Artur said...
nah, meus professores são mais esquisitos....

Artur said...
Não são não! Mudei de idéia.

p.s. - eu sou bobo.

Pioux's said...
huahauahua vc é muito bobo

BDA said...
para com isso!!!
ele eh um amor de meninooo =D

Tcharãns!
É isso... Ufa! Até a próxima.Acho que isso é bobagem o suficiente por hoje. Vejo vocês no próximo mês! O que não quer dizer necessáriamente Junho..
Voltando à programação original. . .

Prêmio "Extra"
artur said:
Viva o Galligay! Ele negou a mulher!

Err.. eu disse programação original, e não Galligay! Se bem que ele é um amoor de meninoooo! =D

Então...

sexta-feira, maio 19, 2006

Os sonhos de Clara Mellock - segunda parte


O rio escorria devagarzinho por entre as plantas aquáticas. Mellock puxou o casaco até cobrir completamente os ombros e insiprou o fresco ar noturno. Ela estava dormindo ali no meio das plantas? Não sabia. Nenhuma lembrança anterior ao "despertar" chegava à sua mente.
Grilos e sapos entoavam sua sinfonia noturna. Uma névoa se erguia por sobre o córrego. Mellock se levantou e testou o chão com seus pés. Firme. Óimo, um começo.
Sua cabeça estava levemente dolorida, seus pensamentos todos perdidos. "Eu sou Clara Mellock", ela pensou em voz alta "Sou uma escolhida e devo encontrar Velho Tom. Meus amigos estavam me ajudando... Nós estávamos em um lugar esquisito, que era como um sonho, ou como estar dormindo... Sim! Eu me lembro da Terra dos Sonhos e da Torre da Memória, embora não acho que estou em nenhum desses dois lugars."
"Quer dizer... tenho ainda a sensação de estar dormindo e sonhando, mas ao menos lá eu podia sentir coisas como o vento no rosto e as folhas de papel na mão. Estar à beira deste lago é como estar vendo um filme sobre ele ou algo assim. Não me parece real."
Mellock chacoalhou a cabeça e continuou a andar. Era como estar em um sonho dentro de outro sonho, era difícil de prestar atenção em o que quer que fosse. Seguir a pequena trilha ao lado do córrego ocupava todos os seus pensamentos conscientes.
A cerração aumentou e o som dos grilos diminuiu. Mellock não podia sentir, mas soube imediatamente que um vento frio começara a soprar. A neblina corbiu toda a sua visão. "Para onde estou sendo levada?" ela se indagou, com uma pontada de desespero. O silêncio era profundo.
Uma forma escura apareceu à frente. Sua audição sumira, mas agora Mellock tinha a impressão que podia cheirar o orvalho aos seus pés. Novas sombras tomaram forma e grandes estátuas de pedra olharam para a moça. Olhos primitivos a espiavam de todos os lados, espalhados pela grama molhada.
Não era frio, não era assustador, não era nada. Desamparada,a escolhida se sentou em um grande bloco de pedra para pensar. Qual era sua última lembrança? Despertar perto das plantas aquáticas... Mexer nas pastas da Torre da Memória.. Não, tinha que haver algo entre isso. Algum elo entre a Terra dos Sonhos e este lugar esquisito. Seria um sonho? Ela estava andando por entre sonhos? Isso não deveria acontecer, ninguém é capaz de entrar em sonhos, não é algo normal ou seguro, nem mesmo na Terra dos Sonhos as pessoas faziam isso.
A menos que. . . Se isso fosse verdade, Mellock percebera, ela tinha feito uma péssima escolha. Ela arriscara tudo para chegar até aquele lugar, e agora havia sido engolida pelo poder que reinava ali.
Mellock estava na Floresta de Mnéias. Ela entrara dentro das mentes das pessoas e estava agora em algum pensamento, sonho, delírio ou cenário imaginado. A neblina voltara e agora as estátuas de pedra deram lugar à uma vasta campina e colinas ondulantes. Assustada Mellock pensou em um modo de sair dali. Ela não se lembrava de ter entrado, ou se algum de seus amigos também estava preso ali. Nada. A terrível "floresta" tomara conta de sua memória.


Um homem andava pelas colinas. O vento fazia o matagal ondular como um mar, enquanto o misterioso personagem subia a colina.
Mellock ficou quieta, esperando ele se aproximar.
- Olá - disse o homem, com um belo chapéu emplumado. Seus olhos inspiravam uma confiança serena - Você é parte do meu sonho? Eu acho que sonhar com uma bela senhora é melhor do que com monstros. Obrigado.
Quase rindo Mellock respondeu "Puxa, que gentil da sua parte. Na verdade eu estava tentando sair daqui, será que você conhece uma saída?"
- Hum... Imagino que acordando dê certo. Mas se você tem que me perguntar, deve estar com problemas em acordar. Vejamos... Outro dia eu sonhei que voava; quem sabe você deveria procurar uma saída no céu?
"No céu? Sim, parece uma boa idéia. A melhor que já ouvi hoje."
A neblina cresceu e envolveu a campina.
- Acho que agora eu devo acordar - suspirou o homem de chapéu - Adeus senhora!
"Espere! Não vá embora ainda, eu preciso encontrar meus amigos. Você viu mais pessoas como eu por aí?"
O homem pareceu pensar por um momento - Havia um garoto de cabelos loiros que fez essas mesmas perguntas. Havia uma sombra e alguns monstros. Mas eu espero que seus amigos não sejam monstros. Eles eram realmente. . . - Sua voz se perdeu na distância impossível do limiar entre o sonho e o acordado.
Mellock se viu dentro da neblina de novo e em um barco. Impassível, viu surgir diante de si alguns homens, um balde vermelho, um unicórnio e um labirinto. Ainda imóvel ela viu um longo desfile de símbolos e pensamentos passar pela sua frente.
Myshba estava ali, em algum lugar. Provavelmente os outros também.
Uma árvore, risadas ecoantes.
Todos eles presos em Mnéias.


* * *

Mellock se pôs a trabalhar em seu plano. Primeiro se sentou em um dos bancos da infinita praça que tinha na sua frente. Ignorando as badaladas da igrejinha ela se concentrou em um ponto de luz. Se essa fosse mesmo a temível floresta, seu plano deveria funcionar. O ponto de luz brilhou em sua cabeça e na sua frente. Cresceu e se expandiu, exatamente como descrito no Livro dos Sonhos, que ela lera (ou não, sua memória era confusa por aqui. O que importava era que o conhecimento estava lá, de algum modo registrado). A luz virou uma porta, de madeira, entalhada e destoante do resto da monótona paisagem da praça abandonada.
Mellock entrou pela porta e se lançou adiante com total certeza.
Uma triste paisagem em sépia, uma fonte. Um violino? (era difícil escutar ali). Um gato entre as mesas de um café abandonado. Um gato de mentira.
"Então é assim que se parece o interior da minha mente?" perguntou Mellock animada por ver que sua idéia funcionara. "Agora, se eu conseguir fazer funcionar..."
Para sair dali ela teria que usar uma das suas maiores qualidades: a sua fértil imaginação. Isso porque tantas vezes no passado as pessoas reclamaram de seu hábito de andar pelo mundo da lua...
- Mellock, atenção, você está ouvindo o que eu estou dizendo?
- Senhorita Mellock! Estou explicando algo aqui. Sinceramente!
- Mellock! Aonde você esteve? Todos aqui te procurando e você perdida na rua à esta hora! Será possível? Essa menina não escuta nada do que dizemos...
Silêncio. A praça com a fonte sumira. Ela agora se encontrava no meio de um corredor comprido. Uma figura corria em sua direção.
"Minha nossa!" ela gritou. A figura que corria pelo corredor não era outra senão ela mesma, há 34 anos atrás. Ela se distraíra e fora parar em uma lembrança!; lá estava o corredor da escola, sua carteira e seus livros.
Estonteada, Mellock observou a si mesma entrar na sala de aula e se enfiar atrás de um grande livro antes que as outras garotas ou o professor entrassem.
Uma dor aguda atingiu seu coração. As memórias dolorosas da adolescência voltaram com força total. A solidão, a nulidade, a decepção. Tudo ao mesmo tempo.
"Eu tenho que me concentrar!" ela gritou (ou não; o som não se movia nas lembranças)"Se eu ficar me lembrando vou apenas me perder mais ainda neste labirinto. Devo manter minha cabeça no lugar."
Por entre as chacotas das outras alunas, da voz austera do professor, da voz aguda e irritante da madrasta, Mellock achou um espaço vazio. Um silêncio.
Ela tinha que imaginar uma ponte. Uma ponte que a levaria até o céu, como dissera o estranho sonhador. Era exatamente disso que ela precisava para sair dali, ela estava certa, mesmo sem entender porque.
Estando dentro de sua própria mente ela podia criar tal artefato facilmente, mas era tão difícil encontrar seu caminho enquanto se está perdido no meio de lembranças próprias. A dor era muito mais pessoal.
Suspiro.
De novo, do começo...
- Mellock - soou uma voz. Doce. Terível.
"Não!". Ela desejou fundo que não fosse ele. Não Ele. Não Ele!
- Você disse que me seguiria até o fim do mundo.
Uma dor maior ainda explodiu em seu peito. Mellock perdeu o ar e o rumo.
- O que houve?
"Eu cheguei até o fim do mundo," ela disse, arquejante. "Mas você não está mais aqui comigo... Você me abandonou há tanto tempo, Thomas..."
Uma lágrima dolorosíssima caiu.
-Não chore Mellock. Eu estou aqui agora. Nada mais de ruim vai acontecer..
"Não! Você não é real. É só uma lembrança minha, um truque da Floresta de Mnéias. Por favor Thomas, vá embora, não faça isso comigo!"
- Isso não é mais um daqueles sonhos - ele riu. Era ele mesmo. Ele. - Isso é real. Você sabe disso, está só brincando comigo. Você sabe o quanto isso me irrita.
Mellock chorou. A dor era tamanha que ela nem podia se levantar. Ficou parada ao lado da cama (era sua cama, de quando tinha 22 anos e acreditava que podia conhecer o mundo através dos livros), se segurando na lembrança esquisita de que estava na verdade em Mnéias, e que tinha que encontrar o velho Tom e Myshba e quem mais estivesse ali.
Tom, Thomas. Era quase como se eles fossem a mesma pessoa. Um era um velho desaparecido que ela tinha que encontrar e o outro... Ah, era tão doloroso sequer pensar!
- Venha comigo. Não chore, meu bem.
Mellock tentou argumentar, dizer que ele estava morto, que não podia estar ali de pé e conversando com ela, que tudo não passava de uma medonha armadilha da floresta. Ela tentava explicar a ele que aquilo era errado, mas o que realmente saiu foi:
"Sabe... Eu nunca deixei de te amar..."


* * *

Myshba foi o primeiro a ver a estranha janela que se pendurava no ar, bem no meio do grande pasto. Ao seu lado uma porta e em cima uma chaminé. Como se fosse uma casa de paredes invisíveis, ou uma desconstrução que deixara elementos de lado.
- O que você acha que é isso? - ele perguntou, virando a cabeça de lado, para ver se a mudança de perspectiva auxiliasse a compreensão.
- Esse é um lugar tão estranho! - disse Neyleen - Nada parece continuar ou permanecer fixo. E nem sei o que estamos procurando.
Ali ao lado, Karyn moveu a cabeça, percebendo que seus medos eram corretos - Estamos em um sonho mesmo. Era o que eu temia! Isso aqui é Mnéias!
- Eu gostaria de me lembrar como viemos parar aqui em primeiro lugar - disse Teobolt, extremamente desconfortável com a situação de estar em uma sonho - Não me lembro de muita coisa antes de acordar no meio de um deserto, só que meu nome era Teobolt e que eu buscava algo sobre o velho Tom. Sorte que nos encontramos, esse lugar parece enorme.
- Sim, foi muita sorte mesmo - disse Karyn alarmada - Mas ainda precisamos encontrar os outros, incluindo a própria Mellock. São muitos os caminhos que podemos tomar daqui, infinitos quase. É como se estivéssemos diante de todas as mentes do mundo, pulando de uma à outra, sem saber onde fica a entrada ou a saída.
A neblina cresceu. Um mar tomou forma.
- Mas você sabe como fazer para nos tirar daqui, não é mesmo Karyn? Aposto que você tem alguma magia para uma ocasião assim - perguntou Neyleen.
- Não. Não sei como sair daqui, embora eu imagino que Mellock saiba. Ela é quem leu o Livro dos Sonhos e deve saber de algo. O que eu posso fazer é nos colocar em outro lugar. Quem sabe dessa vez escolhemos o pensamento certo, que possa nos levar até os outros.
- Isso seria ótimo - animou-se Teobolt - Não que a água me incomode, na verdade parece que eu não sinto nada, mas eu ficaria feliz em sair deste mar.
- Segurem-se - mandou Karyn com um movimento das mãos. Uma porta de madeira se abriu em pleno ar - Esta é nossa saída. Permaneçam juntos, nós iremos atrás de Mellock e dos outros e encontrar o velho Tom e a saída. Segurem-se.
A porta se abriu para um céu estrelado.
Myshba atravessou a porta e sentiu em sua pele uma sensação de formigamento. Lá em cima o céu imaginado piscou. Eles seguiram adiante, para mais uma lembrança, para mais um pensamento dentro deste terrível labirinto.
- Aonde quer que você esteja Mellock, - suspirou Neyleen - espero que você esteja acompanhada e segura. É melhor tomarmos cuidado com nossos pensamentos: nossas memórias nos perseguem.

quarta-feira, maio 17, 2006

O Rio canta

Nós somos o Rio; aquele que corre veloz em sua solidão musical, aquele que carrega toda a água do mundo, aquele que sussurra suave na noiter escura. Nossa voz vai além da Lua e para dentro da escuridão. O Rio canta a eternidade.

Pela noite descrevemos nossa jornada, percorrendo o mundo.
Montanhas. Solidão. A árvore.
Até o fim?
O rio corre pelo caminho desconhecido, acha o perdido, voa além dos montes.

O rio sabe das dores e das lágrimas dos homens. O rio carrega seus livros desbotados, cartas de amor, tabuleiros de gamão, bonecas de pano branco.
Carregamos o que foi deixado para trás, o que foi esquecido e o perdido
chaleiras, pederneiras, olheiras
alegrias, risadas, ausências,
frutas maduras, dúvidas e um violino de corda antigo
O Rio carrega as histórias dos homens - Sem saber a sua.
- Levamos tudo conosco.
O vestido estrelado da Avó
O segredo do velho
A virgindade da cigana
- Levamos também os sonhos perdidos e as saias de cetim.
os soluços e o medo
a insegurança e a bem-aventurança -
Carregamos todos os sorrisos e todos os mistérios.
Tudo o Rio engloba, tudo à sua beira, aqui sempre correndo, aqui sempre buscando. Quem sabe a resposta? Quem sabe o que buscamos? A margem, a rocha, a queda. E o Rio segue correndo.

A travessia segue devagar, mas o rio... O Rio não pode parar; cai por mais um caminho, girando, na curva, voltando, rodeia, quem sabe para onde iremos? Clamamos alto em nossos sussurros, buscando a resposta para o começo e para o fim: o formato da eternidade.

Quem sabe o que o tempo não nos diz?

Pra onde vamos nessa canção incessante? A cor do Rio já se foi. Corremos atrás das montanhas e entre as vozes. Somos o sentimento que você nunca espera e a carta que nunca chega. Somos o Rio.
Nossa voz chega até a Lua e para dentro da escuridão. O Rio canta a solidão e o inópito, a alma e a dor.
O Rio é o caminho perdido para o céu. Somos o formato da eternidade.

Quem sabe o que o tempo não nos diz?

quarta-feira, maio 10, 2006

Panorama!

Algumas palavras deveriam ser banidas da língua portuguesa. Pra começar as palavras "Trabalho" e "Final", seguidas de "Ensaio" e "Sobre", sem falar em "A Configuração do Poder Régio de Carlos V na Espanha". Argh!
É isso.
Vou ser um gramático despótico; aí eu quero ver!

Sem falar em determinadas pessoas que poderiam se voluntariar para uma missão à Vênus. Calma gente, parem de gritar Luque! Eu tava falando da professora esquisita. . . Pegou mal, né?

segunda-feira, maio 08, 2006

Os sonhos de Clara Mellock


- Não é possível! - suspirou Clara Mellock. Mas era real, estava escrito ali, na folha meio amarelada dentro da pasta:
"Sonho nº 409B3: Sonho de que se encontra um livro raro na prateleira. Carrega-o por todos os lados em uma cesta, junto a um bule de chocolate quente. Encontra pessoa que lhe pergunta o significado da palavra "Laripno". Diz que sabe, mas ao ser interrogada não pode explicar o que seja."
Sua cabeça girou, ela reconhecia a história do papel. Era o seu sonho que estava lá, escrito por alguém. Ela se lembrava nitidamente de todos os detalhes: a estranha cesta com o bule de chocolate, o livro que ela sempre procurara na prateleira. O que o seu sonho fazia ali, no meio de tantos papeis dentro da pasta velha? Cada pasta dessa continha sonhos? E tinham tantas pastas, espalhadas por inúmeras estantes naquele labirinto de corredores claros. . . E o que era aquilo, escrito na margem de tinta azul?
"Sonho que indica timidez e uma mente curiosa. Pode também ser a previsão onírica de que uma guerra se aproxima, provavelmente conduzida por um general de nome Laripno."
Isso era loucura! Mellock nunca imaginaria que alguém se desse ao trabalho de ler sonhos e encontrar significados obscuros. Mas aquele lugar provava o contrário. Aguém passara anos coletando, armazenando e interpretando todos esses sonhos, ela pensou. Os dela inclusive.
- E todos esses sonhos. . . ? Eles estão todos catalogados?
- Sim - respondeu Kallibér, um homenzinho calvo de vestes azul-claras que estivera esperando calmamente ao lado - Todos os sonhos são lidos e busca-se neles algum significado. Após as leituras e interpretações ele vem para cá, para ser cuidadosamente armazenado no Grande Arquivo.
- Então todos os sonhos do mundo vêm para cá? Para esta Torre?
- Sim, nós lhe dissemos: está é a Terra dos Sonhos, e aqui é a Torre da Memória, onde todos os sonhos são guardados. Você não acreditaria na quantidade de repetidos que chegam até nós. Afinal, gostamos de dizer que a matéria prima é a mesma para todos os sonhos, então é claro que muitos saiam iguais, mesmo em pessoas de tempos e países diferentes. Não temos controle sobre sonho algum; quer dizer, você viu que lá fora se produz a sua semente e que se lança os jovens sonhos no rio Pensamento. Mas depois que eles alcançam as mentes das pessoas cada semente de sonho irá se desenvolver diferentemente. Nós cuidamos apenas da produção e do Arquivamento deles; nada do que vocês lá do mundo real fazem com os sonhos tem alguma coisa a ver conosco. Isso é ocupação exclusiva dos sonhadores.
- Então vocês é que nos dão os sonhos? Isso é demais para a minha cabeça. . . Nem consigo imaginar todos os sonhos do mundo guardados aqui, nesta Torre. Mas e quanto à vocês, habitantes da Terra dos Sonhos, vocês não sonham?
- Não - O rosto de Kallibér enrijeceu, muito sério e lacônico - Nunca sonhamos, mas também quase nunca dormimos. Alguns mais exagerados gostam de dizer que são capazes de sonhar - Mellock subitamente percebeu que ele se referia ao velho Tom - Uma vez que o rio Pensamento entra na Floresta para distribuir sonhos ele não retorna. Não há mais ligação com a nossa cidade.
Dizendo isso ele apontou a pequena janelinha na parede.
Lá fora, uma atmosfera cálida envolvia a pequena cidade. Não havia muito mais do que isso; apenas algumas colinas ao redor, com os moinhos de fabricação de sonhos e a tira prateada do Rio Pensamento atravessando tudo. É como se além do campo de visão nebuloso de Mellock o mundo acabasse. Nada mais para os lados.
Excetuando-se apenas o reino obscuro da Floresta de Mnéias, que se estendia mais além. A fina faixa do rio que entrava nela desaparecia, engolida pela dúvida e mistério que envolviam a Floresta. Mellock se lembrou com um arrepio de um outro reino por onde se entrava através de um rio. . . De um certo modo, se aprofundar demais nos sonhos era como morrer.
- Aqui está todo o inconsciente da humanidade - apontou Kallibér para as estantes - Eu gosto de dizer que se, de repente, a humanidade desaparecesse, esta Torre seria suficiente para reconstruir o mundo. Muito mais do que uma biblioteca com os conhecimentos totais dos homens, esta Torre da Memória é capaz de reconstruir os medos, angústias, desejos e símbolos da Humanidade inteira.
- Acho que você tem razão - murmurou Mellock, subitamente calada pelo peso do que ouvira. A clara e aparentemente silenciosa Torre cresceu aos seus olhos, se transfigurando em um monstro de milhares de cabeças, indecifrável.

Dizia a folha que Kallibér pegou para Mellock, de dentro de uma pasta esquecida no canto, na estante mais afastada, no corredor mais escuro:
Sonho de origem duvidosa nº103535chM: Sonho de uma grande borboleta que voava por sobre um campo e entrava no moinho. Ela passa então a devorar os sonhos e a imaginação das pessoas, que estavam estocadas no moinho. Tudo fica escuro. O som de correntes e passos domina o ambiente. Era o dia do Juízo Final, quando todos os sonhos, os mortos, reviviam e a realidade desaparecia, se tranformava em um grande pesadelo. As pessoas esqueciam-se de quem eram e do que era ou não real e passavam a usar máscaras e a falarem sozinhas como loucos.
E mais abaixo, de tinta azul:
Sonho claramente subversivo forjado por um morador da Terra dos Sonhos para criar confusão. Não passa de uma fantasia de mau gosto.
"Esse é um sonho do velho Tom", pensou Mellock. Um sonho proibido que não deveria existir para alguém que não dormia. "Tem de haver algo aqui, uma pista sobre o seu desaparecimento."
- Você não vai achar nada aí - comentou Kallibér - Tom era um louco que gostava de enganar as pessoas. Ele criava fantasias para se divertir e fingia que sonhava para assustar os outros moradores da cidade. Ele era o que aqui se chamava de Louco, e do tipo perigoso.
Não havia escapatória para Clara Mellock. Tarde demais ela percebera que o seu destino já estava irremediavelmente ligado ao de Tom, quem quer que ele fosse. E ela tinha que encontrar alguma pista sobre o velho Louco, uma pista que poderia estar escondida tanto no meio dos infinitos arquivos da Torre da Memória quanto nas profundesas da Floresta de Mnéias. . .

sexta-feira, maio 05, 2006

Uma história II

Ranilarima era um nefelibata. Morador do grande reino dos céus de Bavia-Lima, arqueólogo por profissão e interessado nas ruínas de Chilam Balam, escondidas nas selvas da proibidíssima ilha flutuante de Arybalo, terra das aves.
Seu nome significava asa veloz e, claro, era um Alado, ou seja, um homem com asas. Não era um humano comum, daqueles que moravam nas ilhas de terra (os pedaços de terra flutuante, diferentes das ilhas-núvens onde os Alados moravam). Também não era uma das abominações, o nome preconceituoso que El Rei criara para os Passarianos, aqueles que eram homens com penas, bicos e asas de pássaros.
Por muito tempo ele ficou encarando a janela de seu quarto. Como todo funcionário encomiendado (a serviço do Estado de Bavia-Lima) ele morava no branquíssimo palácio do sul, em meio aos picos montanhosos que voavam no céu. Seu quarto era absolutamente branco e simples (ele não preferia de outra maneira) e a brisa entrava a todo momento pela janela. Mas sua mente estava longe da brisa e ele nem notava mais sua presença. Ele assumia uma pose séria, seus olhos estavam virados para a janela mas sem realmente ver nada deste mundo; o caderno de anotações aberto na mesa, o lápis parado no ar, no meio do movimento.
Ranilarima pensava em uma maneira de chegar até Arybalo? Ou será que pensava nas recentes revoltas contra El Rei que ocorriam nas províncias pobres do norte, onde moravam os humanos? Sua mente voava mais além, para o futuro que ele não conhecia. Para Maria, sua esposa, e seu ventre, que guardava o mais precioso dos tesouros.
A velha parteira da cidadezinha de Q'oriancha dissera que seria uma menina. . . Ranilarima deu de ombros e suspirou. Voltou a mover o lápis e escreveu duas frases no caderno. Mas logo os problemas voltaram a envolvê-lo; dessa vez foi Ishtar quem adquiriu foco e nitidez em sua cabeça. A jovem aluna, à quem ele havia ensinado tudo o que sabia da História de Bavia-Lima, das ciências novas e da Religião. Aquela que logo logo seria rainha do reino todo. E uma rainha poderosíssima.
Por muitos anos Ishtar havia sido uma menina curiosa, dedicada. Morava no palácio o tempo todo e Ranilarima era seu único elo com o mundo real. Ele explicara para ela sobre a Guerra da Asas, sobre os mitos e inconsciente coletivo, sobre a Alquimia, a Magia e sobre o Levante das Ilhas dos tempos antigos. Passavam horas e horas no jardim, ela perguntando sobre o mundo e ele tentando saciar sua sede que parecia interminável. Ele podia dizer que ela aprendera absolutamente tudo o que o mestre tinha para ensinar e parecia que não havia campo do conhecimento que a garota não dominasse. Decidida e feroz, era assim que Ishtar era descrita por seus professores. Bela como a noite, e tão mortal quanto o escuro, seus pretendentes diziam suspirando.
Ranilarima acabou suspirando também, percebendo que os tempos da curiosa garotinha no jardim haviam acabado. Ishtar crescera para se tornar ainda mais poderosa. Ele tinha ouvido boatos de que ela era a cabeça do Santo Ofício, o tribunal de religiosos decididos a desvendarem todos os segredos do mundo e a terem em suas mãos as vidas de todos os habitantes do reino. Ele também ouvira outros boatos, mas esses eram mais sussurrados, e davam calafrios só de pensar que podiam ser verdade: Diziam que a futura rainha estava buscando os Livros de Popol Vuh, a Trilogia do Infinito. Os livros que continham a Verdade Absoluta!
Ranilarima tremeu e olhou para a janela, buscando um pouco de conforto. Era fim da tarde e o céu já se coloria. Aqui no alto era sempre bonito ver o fim do dia, apesar do frio que a noite trazia. O cansado professor pôs o lápis na mesa, fechou o livro e de semblante rígido pensou se não deveria ir visitar sua esposa. Maria ia ter o bebê logo, e ele gostaria de estar em Q'oriancha quando isso acontecesse.
Claro, seria necessário uma fuga do palácio, mas tinha certeza de que nada grave adviria disso. Eram tempos incertos, mas ele se dava ao luxo de ter algumas certezas. Sua pesquisa podia ficar para depois. Guardou o livro no báu, junto com seu diário. Nunca mais ele voltaria para esta sala ou abriria o velho baú.
Pôs um casaco e saiu do quarto. No porto arranjou um barco que o levaria para as montanhas-núvens de Wiñaywayna e para o vilarejo de Q'oriancha. Maria provavelmente já o esperava, ele pensou sorrindo. Sentia falta de sua bela esposa.
O dia estava no fim, as núvens iluminadas de dourado. De rosto firme, congelado quase, Ranilarima partiu do palácio, sem saber que nunca mais o veria novamente.
Ishtar subiria ao poder logo em seguida. Seu Santo Ofício varreria o reino de ponta cabeça: a repressão cresceria, as perseguições se tornariam constantes e a dor onipresente nos vilarejos. Os Livros do Popol Vuh seriam descobertos e uma equipe de religiosos e alquimistas passaria anos tentando desvendá-los. Nesse tempo nasceria a filha de Ranilarima e Maria. Logo depois os três seriam exilados de Bavia-Lima e teriam de viver nas Terras de Baixo, no Chão.

Somente muitos anos depois, diante do diário e do velho baú que pertenceram ao pai, Etlyr finalmente perceberia que voltara, sem querer, para casa, para Bavia-Lima.
De agora em diante, além de Escolhida, ela seria também uma nefelibata.

quinta-feira, maio 04, 2006

Esquecer Shakespeare não é nada...

Ou: Sobre como os meus professores são tão . . . (insira aqui uma palavra entre engraçados e loucos) quanto os seus Artur.


Do meu professor de Metodologia (sim, aquele que costuma figurar em vários posts, aqui mesmo em Hinée):
"Aí a História se filiou à várias outras Ciências Humanas, como a Filosofia, a Psicologia, a Geografia. . . E eu acho que eu já falei, mas. . . a Psicologia. . . a Sociologia. . . E, claro, a Psicologia."

Ok, a psicologia é importante, mas três vezes seguidas??

Ah é, aí ele tava explicando pra gente sobre 1929 e a Quebra da Bolsa de Londres. . .


Seguindo pedidos de certas pessoas eu aqui especifico que tudo o que eu escrevi neste post foi por mim feito registrando acontecimentos da aula. Não estava em um livro, não é um conto albanês e nem se parece com uma figura do One piece.

Tinha algo em cima da núvem! . . . Ah, não, é só o céu.

quarta-feira, maio 03, 2006

Vamos fazer uma pose assim?



. . . E os Barões Assinalados

Hoje eu tive um dia meio. . . Não-sei-o-quê.

(e dia 01 de maio estreiou no Cartoon Network, às 23:30 [eu não sabia, nem assisti] o desenho animado de One Piece.)

Ainda vou escrever um post sobre uma núvem, assim mesmo, com acento. Agora não tô muito afim de sonhar.

segunda-feira, maio 01, 2006

Rapinagem

Sabe, se a gente vivesse em um filme ou livro e pudesse escolher uma profissão diferente (tipo super-herói ou stripper) eu acho que eu seria. . . Um ladrão. ;)
É legal enganar as pessoas e criar truques e armadilhas para tirar todo o dinheiro do cassino sem que ninguém saiba como ou só percebam quando é tarde demais. É por isso que eu gosto da Gamma, ela é esperta demais (apesar de nunca ter ido à uma escola) e entende das pessoas suficientemente bem para enganá-las direitinho. Eu queria desenvolver essa habilidade minha. Huhuhu!
Mas acho que seria igualmente legal ser um detetive, e pegar os ladrões. Não. . . roubar é mais legal. . . ;)
Mas só dos malvados, é claro.