transcrito de "O Livro dos Seres Imaginários", de Jorge Luis Borges e Margarita Guerrero:
Há na terra, e sempre houve, trinta e seis homens íntegros, cuja missão é justificar o mundo perante Deus. São os Lamed Wufniks. Não se conhecem entre si e são muito pobres. Se um homem chega a saber que é um Lamed Wufnik, morre imediatamente e há outro, talvez em outra região do planeta, que toma seu lugar. São, sem suspeitar, os secretos pilares do universo. Se não fosse por eles, Deus aniquilaria o gênero humano. São nossos salvadores e não sabem disso.
quarta-feira, outubro 31, 2007
domingo, outubro 21, 2007
Ei
Gente, deixa eu esclarecer uma coisa: meu apelido é Cham, e não Chan. Com M. Porque vem de champingon, lógico. Não tem como ser com N, ou seria uma palavra japonesa. Resumindo, vamos arrumar as agendas e cadernos e deixar tudo certinho, ok. Ao trabalho, procurem em todos os lugares que puderem! Cham, lembrem-se disso. Cham.

Alguém mais reparou que as salamandras estão mais ativas esta primavera? Será o calor?
Alguém mais reparou que as salamandras estão mais ativas esta primavera? Será o calor?
quarta-feira, outubro 17, 2007
Sobre as Salamandras

Disse o Pintor:
- O mundo consiste de quatro elementos apenas: água, fogo, terra e ar. O primeiro corresponde ao princípio úmido. O segundo ao seco. O terceito ao quente. E o quarto ao frio. Deus também criou sentimentos e ações correspondentes a cada elemento. Mas não nos estenderemos neste ponto. A prova que buscamos é esta aqui: Os pássaros habitam o ar. Os homens habitam a terra. Os peixes habitam a água. Seria um desequilíbrio imenso se não houvesse um ser que habitasse as chamas do fogo. Por isso foram criadas pelo Céu as salamandras. Que podem agüentar qualquer calor. E que confirmam a doutrina dos quatro elementos.
- São elas que criam todo o calor daqui? - perguntou Foxy para os três sábios homens, admiradíssimo com as novidades.
- Não. Este calor é apenas seu habitat. Moram no fogo e mudam de cor. Se saem, ficam frias, fracas e caem mortas. Como nós. Mas no nosso caso, perdemos apenas nossa força e nosso ímpeto no ambiente fresco. Por isso somos tão próximos das salamandras, temos pontos fracos em comum. Assim como o desejo pelo fogo. Se enchemos nossos salões de tochas, braseiros e esquentadores com altas chamas azuis, é apenas para darmos às nossas companheiras silenciosas a melhor das moradias com o conforto que pudermos obter. Vivemos na borda do vulcão e do magma para criarmos o calor. E o dividimos sem restrições com as salamandras.
- E são úteis?
- Claro, sim, mais do que você pode imaginar! - responde o Poeta alarmado, levantando-se também da almofada escarlate - Podem servir para proteger ou acender, para alcançar ou enfeitar. São a confirmação científica de muitas teorias e o símbolo heráldico de nosso país.
Do fundo da sala o Filósofo toma a voz e inicia sua fala:
- E quando morrem os pobres bichinhos, de velhice ou de cansaço, tanto faz, o certo é que não as matamos para tal, só esperamos que as salamandras sucumbam sozinhas ao tempo e depois de mortas retiramos suas escamas - ou pele, como alguns mais entendidos as chamam - e as usamos para confeccionar roupas e armaduras que resistem bravamente ao fogo, que não se queimam com uma forte chama e que não se desmanchem como carvão ao contato com brasas ardentes; por isso são boas roupas, e as usamos o tempo todo, eu mesmo, enquanto falo, uso uma camiseta feita de pele de salamandra, este é o segredo para agüentarmos o enorme calor causado por esses braseiros espalhadas por todos os lados: as vestes, capas e armaduras nos protegem e deixam nossa pele fresca, mesmo em contato com o fogo leve; são tão bons e tão útei que não saímos de casa sem elas, e de tanto usarmos as roupas acabam se sujando - mas, deixemos bem claro, não é desgastar o que acontece com elas, pois roupas de salamandra podem durar anos e décadas e tempos a fio - e como não podemos andar por aí de roupas com manchas e poeiras, as deixamos para lavar. Agora escutem, esta é a parte que mais intriga os viajantes estrangeiros, todos sempre se surpreendem com o que para nós é comum e parece muito engraçado não conhecerem coisa normal e rotineira como essa, até no início nos perguntávamos por que esta parte em especial e não outra? mas agora já sabemos quais são as partes especiais, que fazem estes palermas atrás de mim rirem do rosto estupefato de vocês, mas não se preocupem, eu os respeitarei, porque sei que é impossível medir de antemão o que o outro vai sentir ao escutar nosso relato (em especial se esse outro for um desconhecido) e é preciso ter cuidado com o que dizemos, mas agra não se preocupem e surpreendam-se à vontade. Para lavar nossas roupas feitas de pele de salamandra nós as deitamos no fogo e deixamos que a chama purifique toda mácula; podem abrir a boca agora, eu espero, sei respeitar muito bem os estrangeiros e suas loucuras por tudo o que estudei sobre o assunto; lavmos nossas roupas no fogo, já que estas não queimam, e demos um passo adiante da água; agora somos felizes habitantes deste reino, por não padecer do malefício que é o calor excessivo, apesar de tantas tochas e fósforos, dos muito braseiros e incandeiros. Graças a este nosso animal heráldico podemos viver aqui em Migorãn, pode-se até dizer que herdamos sua capacidade de caminhar entre o fogo. São maravilhosas estas salamandras!
sexta-feira, outubro 12, 2007
Rumo à Esperança IV

Em Esperança, as pessoas choram toda vez que precisam debulhar o milho e, muito tristes, cantam em coro assim:
- Ai milho, querido milho. Por que se deixaste comer por nós?
Terminado o trabalho colocam os alimentos no barco da cidade e baixam as velas para aproveitar o vento fresco que desce o rio. Muito lentamente, seguindo o movimento das nuvens no céu, os habitantes de Esperança navegam pelas águas calmas e cantam outra canção, mais alegre, mais despreocupada, que diz assim:
- Ai rio, querido rio. Por que nos leva adiante tão sem piedade?
A música é freqüente nessa cidade. Mesmo quando os ferreiros amolam as facas e afiam as espadas e os cozinheiros recolhem o óleo quente para ser usado contra os assaltantes das fortalezas, a canção paira no ar, suave e fresca, em meio à guerra. Apesar de pacífica, Esperança já participou de uma guerra em sua história. Apenas uma, mas uma que já dura séculos e não tem sinais de que chegará algum dia ao fim.
Os sitiantes não entendem como os habitantes dessa cidade feliz podem continuar a viver entre os sítios prolongados, o som dos aríetes no portão e a chuva de flechas incendiárias por sobre as casas. Não se preocupam e, curiosamente, até agora nenhum habitante de Esperança morreu por causa da guerra.
No domingo, que é dia santo, os atacantes repousam suas armas e iniciam uma trégua reticente. Não gostariam de parar nunca, pois seu ódio contra Esperança é enorme, e só o que querem é destruí-la e ver suas construções virarem pó e escombros.
Mas no domingo tudo pára. E o silêncio do lado de fora é acompanhado de mais música no lado de dentro. Porque é no domingo que chegam na cidade os viajantes de todas as partes do mundo, cansados e felizes. E é feita mais uma festa, mais uma comemoração em honra dos recém-chegados. Comem o milho colhido, apreciam a brisa ribeirinha e observam os costumes locais: os ferreiros que cantam enquanto amolam armas, os cozinheiros que cantam enquanto fervem o óleo e os jovens que cantam ao treinarem com espadas vestindo lindas armaduras de prata.
De vez em quando Esperança recebe a visita formal do majordomo da Bavárdia, Alto Inspetor do Reino Mundo. De rosto comprido, tez carrancuda e barba de bode, o majordomo sai distribuindo condenações e intimações por todos os lados, batendo ocasionalmente seu pequeno martelo de madeira para exigir ordem. Ele vem inspecionar e receber as reclamações e pedidos, em nome de sua Majestade, cujo reino e domínio são todos os países do mundo, cujos limites são ditados por Deus, cujo trono é Behemot a Baleia Universal, que não tem tamanho, mas seus olhos são medidos pelo total do Conhecimento e sua boca cabe na Imaginação Possível e Impossível, não sendo portanto, sua figura conhecível. É mera formalidade que a chamamos de Baleia.
Reunidos na sala de Inspeções e Reais Ordens, enquanto se escuta externamente os tiros dos canhões inimigos, o burgomestre da cidade implora ao majordomo que escute os habitantes. Estes, um pouco atrás, balançam desesperados a cabeça, como que induzindo-o a aceitar a proposta.
- Uma nova casa para minha filha que vai casar - pede uma senhora.
- Não - resmunga o majordomo da Bavárdia, batendo seu martelo.
- Um silo para guardarmos os cereais - pede o burgomestre, de mãos torcidas - Pense no inverno!
- Não.
- Um rota do circo, armas melhores, casas terminadas e seteiras para nossas fortalezas.
- Não - bate o martelo do majordomo inflexível. Nunca o convenceram, mas não desistem os habitantes. Perseguem-no suplicantes pela cidade inteira durante a inspeção.
- Mais comida, mais trabalho, mais descanso e mais amigos!
- Não, não, já disse que não.
E vai batendo seu martelo.
- Novas letras de música.
- Novas pedras de amolar.
- Um navio que cruze qualquer mar!
- O amor daquele rapaz!
O majordomo é sardônico. Satânico, sereno, lacônico e determinado; seu martelo nada permite. Todos em Esperança suspiram e voltam para sua cidade que ainda-está-a-caminho-de-ser. Finda a visita, veste seu chapéu côco, abrem-lhe a porta sul e sai correndo de pasta na mão por entre os tiros da artilharia, as trincheiras inimigas, o espoucar das armas, e some na estrada.

The Queen of Argyll

Gentlemen it is me duty
To inform you of one beauty
Though I'd ask of you a favor
Not to seek her for a while
Though I own she is a creature
Of character and feature
No words can paint the picture
Of the Queen of all Argyll
And if you could have seen her there
Boys, if you had just been there
The swan was in her movements
And the morning in her smile
All the roses in the garden
They bow and ask her pardon
For not one could match the beauty
Of the Queen of all Argyll
On the evening that I mentioned
I passed with light intention
Through a part of our dear country
Known for beauty and for style
In the place of noble thinkers
Of scholars and great drinkers
But above them all for splendor
Shone the Queen of all Argyll
And if you could have seen her there
Boys, if you had just been there
The swan was in her movements
And the morning in her smile
All the roses in the garden
They bow and ask her pardon
For not one could match the beauty
Of the Queen of all Argyll
So my lads I needs must leave you
My intentions no' to grieve you
Nor indeed would I deceive you
Oh I'll see you in a while
I must find some way to gain her
To court her and attain her
I fear my heart's in danger
From the Queen of all Argyll
domingo, outubro 07, 2007
Raiva do dia
Eu odeio morar longe...
Mas no fundo, sabe, não e culpa minha. É difícil chegar até aí, onde vocês moram todos juntos. Nunca recebi nenhum tipo de agradecimento por todo o trabalho que tenho para visitar, e mesmo assim toda vez que convido alguém para vir aqui escuto todo tipo de reclamações e problemas. Sabem, a distância é a mesma.
Deixa, isso é ficar resmungando para ganhar algum elogio ou reconhecimento. É idiota, então esqueçam.
Estou só um pouco chateado, mas...
No fundo a culpa é minha também.
Mas no fundo, sabe, não e culpa minha. É difícil chegar até aí, onde vocês moram todos juntos. Nunca recebi nenhum tipo de agradecimento por todo o trabalho que tenho para visitar, e mesmo assim toda vez que convido alguém para vir aqui escuto todo tipo de reclamações e problemas. Sabem, a distância é a mesma.
Deixa, isso é ficar resmungando para ganhar algum elogio ou reconhecimento. É idiota, então esqueçam.
Estou só um pouco chateado, mas...
No fundo a culpa é minha também.
sábado, outubro 06, 2007
Desdenho esta nova rearrumação. E busco o que seja melhor.
quinta-feira, setembro 27, 2007
Um sonho!
Até ontem eu vinha sonhando com coisas banais, como preencher formulários, escolher meu almoço, cumprimentar visitas, ouvir conversas normais de adultos. Mas hoje eu voltei, finalmente estou sonhando coisas... interessantes.
Pois bem, se não se importam eu vou contar meu sonho. Para começar, o cenário: era um prédio da Marinha, ou seja, do Governo, parecia uma escola. Tinham várias salas e cartazes pendurados na parede, como se fosse feito para agradar mas era administrativo demais. No meio, uma escada de madeira quadrada que levava a outros andares iguais.
Chato? Nem um pouco. Uma das portas dava em uma igreja - de cor marrom clara, muito simples, sem ídolo ou símbolo nenhum - cheia de pessoas que vieram celebrar o casamento da Camilla com o Artur. Pois é! Engraçadíssimo, não? Mas o melhor de tudo: eu e a Clara éramos piratas. Bom, eu digo Clara, mas não era propriamente ela, por assim dizer. O ente que representava a Clara no meu sonho era uma mulherzinha normal empurrando uma cadeira de rodas onde se sentava uma velhinha pequenininha e enrugada de cabelos clarinhos e bracinhos tortos. Isso era a Clara. E ela era uma pirata.
Em um certo momento, eu me entediei da festa e sai para explorar o prédio da Marinha. Fui andando, desci as escadas e cheguei no último andar. Só que tem um problema: eu sonhei esse sonho duas vezes. Na primeira, meu despertador me acordou, mas como eu estava me divertindo muito no sonho, dormi de novo e sonhei a segunda versão dele. Não me lembro muito bem da primeira versão, que consistia na minha exploração pelo prédio, então vou contar a segunda, sobre o que eu achei no último andar. Se bem que as duas versões do sonho terminam do mesmo jeito...
Bom, no último andar eu havia me transformado no Capitão Gancho. E encontrei um salão de eventos da Marinha com um cartaz-boneco de seu novo personagem de marketing: o Capitão Paroot (era um trocadilho com a palavra Parott [papagaio, aquele que fica no ombro dos piratas] só que a ênfase da palavra estava no O, que se lia como U [parut]). Aparentemente, os funcionários da marinha estavam tentando atrair as crianças com um personagem que representava os piratas bonzinhos e politicamente corretos [ao que parece, nesse sonho eram possíveis existirem piratas da marinha, que agiam em nome da empresa governamental]. Eu e meu bando de piratas (sim, surgiram acompanhantes) ficamos muito bravos com essa imagem boba do Capitão Paroot. Mas não tivemos tempo de fazer nada, pois vinham descendo soldados pela escada. Eu, o Capitão Gancho, fiquei parado feito estátua, e os soldados pensaram que eu era mais um dos cartazes de papelão espalhados pela sala.
- Olha só, são os bonecos da nova campanha. - disse um dos soldados.
- Vejam esse - disse outro, me apontando.
- Hehe, parece que (e essa frase estava em inglês no meu sonho, não sei por que) Captain Hook will defeat Paroot.
Também não entendi, deve ser uma dessas frases de sonho malucas. Fiquei repetindo essa frase o dia inteiro, ela é curiosa.
Soldados iam e vinham, mas eu não queria me mexer porque não valia a pena me entregar por isso. Mas então, ai ai ai... Eis que desce da escada o Ronald McDonald. E eu me lembro claramente de pensar no sonho: ah não, esse eu não vou deixar escapar. Peguei meu sabre e enfiei direto na barriga do palhaço. Fui muito rápido e matei o Ronald McDonald com um só golpe. Mas os soldados (que pareciam mascotes de times de futebol americano, aquelas fantasias de bichinhos) começaram a dar o alarme então eu tive que capturá-los e depois trancá-los no banheiro feminino. Um dos soldados estava bravo e não queria ser capturado, por isso ficava me beliscando como a Lorena faz às vezes. Na verdade, eu tenho uma suspeita de que esse soldado da Marinho fosse mesmo a Lorena... Só que não paravam de entrar pessoas no banheiro e eu tinha que segurá-las todas lá, ou iriam me dedurar e prender.
Uma hora, a parte mais feliz do sonho, eu desisti e saí correndo. Já haviam milhares de soldados afluindo de todos os lados do quartel-general/escola quando eu e a Clara (lembra da moça levando a velhinha na cadeira de rodas?) entramos de volta na igreja, bem na hora do casamento da Camilla com o Artur começar. Agora vários soldados invadiam a cerimônia e prendiam nossos companheiros piratas e a bagunça começava. Eu e a Clara nos colocamos logo atrás dos noivos (o lugar originalmente reservado para nós, já que éramos os amigos favoritos deles) e na frente da longa fila do séquito matrimonial (aparentemente nesse tipo de casamento todos na Igreja se enfileravam atrás dos noivos. Os soldados da Marinha entravam e entravam sem parar, e os piratas fugiam e gritavam e faziam a maior zona enquanto eu e a Clara disfarçávamos na fila, como se não soubéssemos o que estava acontecendo.
- Ah, que casamento bonito - eu falei, olhando para os lados, para cima, "distraído"- Adoro casamentos, sempre em emocionam.
Quando o Artur e a Camilla chegaram no altar lateral (vazio, só uma "estante" na parede) saíram correndo por causa da bagunça que estava o casamento e fugiram. Eu e a Clara, que seguíamos cada passo deles demos um passo à frente, para preencher o vazio. Então nos olhamos e percebemos que estávamos um do lado do outro, de frente para o altar. Fizemos "Ah!" assustados e demos um passo juntos para trás, nos divertindo muito.
No final, acho que eu seria capturado, mas não era o importante. O importante era que estava me divertindo muito me escondendo dos soldados no meio do casamento. Foi legal, foi bem legal...
Pois bem, se não se importam eu vou contar meu sonho. Para começar, o cenário: era um prédio da Marinha, ou seja, do Governo, parecia uma escola. Tinham várias salas e cartazes pendurados na parede, como se fosse feito para agradar mas era administrativo demais. No meio, uma escada de madeira quadrada que levava a outros andares iguais.
Chato? Nem um pouco. Uma das portas dava em uma igreja - de cor marrom clara, muito simples, sem ídolo ou símbolo nenhum - cheia de pessoas que vieram celebrar o casamento da Camilla com o Artur. Pois é! Engraçadíssimo, não? Mas o melhor de tudo: eu e a Clara éramos piratas. Bom, eu digo Clara, mas não era propriamente ela, por assim dizer. O ente que representava a Clara no meu sonho era uma mulherzinha normal empurrando uma cadeira de rodas onde se sentava uma velhinha pequenininha e enrugada de cabelos clarinhos e bracinhos tortos. Isso era a Clara. E ela era uma pirata.
Em um certo momento, eu me entediei da festa e sai para explorar o prédio da Marinha. Fui andando, desci as escadas e cheguei no último andar. Só que tem um problema: eu sonhei esse sonho duas vezes. Na primeira, meu despertador me acordou, mas como eu estava me divertindo muito no sonho, dormi de novo e sonhei a segunda versão dele. Não me lembro muito bem da primeira versão, que consistia na minha exploração pelo prédio, então vou contar a segunda, sobre o que eu achei no último andar. Se bem que as duas versões do sonho terminam do mesmo jeito...
Bom, no último andar eu havia me transformado no Capitão Gancho. E encontrei um salão de eventos da Marinha com um cartaz-boneco de seu novo personagem de marketing: o Capitão Paroot (era um trocadilho com a palavra Parott [papagaio, aquele que fica no ombro dos piratas] só que a ênfase da palavra estava no O, que se lia como U [parut]). Aparentemente, os funcionários da marinha estavam tentando atrair as crianças com um personagem que representava os piratas bonzinhos e politicamente corretos [ao que parece, nesse sonho eram possíveis existirem piratas da marinha, que agiam em nome da empresa governamental]. Eu e meu bando de piratas (sim, surgiram acompanhantes) ficamos muito bravos com essa imagem boba do Capitão Paroot. Mas não tivemos tempo de fazer nada, pois vinham descendo soldados pela escada. Eu, o Capitão Gancho, fiquei parado feito estátua, e os soldados pensaram que eu era mais um dos cartazes de papelão espalhados pela sala.
- Olha só, são os bonecos da nova campanha. - disse um dos soldados.
- Vejam esse - disse outro, me apontando.
- Hehe, parece que (e essa frase estava em inglês no meu sonho, não sei por que) Captain Hook will defeat Paroot.
Também não entendi, deve ser uma dessas frases de sonho malucas. Fiquei repetindo essa frase o dia inteiro, ela é curiosa.
Soldados iam e vinham, mas eu não queria me mexer porque não valia a pena me entregar por isso. Mas então, ai ai ai... Eis que desce da escada o Ronald McDonald. E eu me lembro claramente de pensar no sonho: ah não, esse eu não vou deixar escapar. Peguei meu sabre e enfiei direto na barriga do palhaço. Fui muito rápido e matei o Ronald McDonald com um só golpe. Mas os soldados (que pareciam mascotes de times de futebol americano, aquelas fantasias de bichinhos) começaram a dar o alarme então eu tive que capturá-los e depois trancá-los no banheiro feminino. Um dos soldados estava bravo e não queria ser capturado, por isso ficava me beliscando como a Lorena faz às vezes. Na verdade, eu tenho uma suspeita de que esse soldado da Marinho fosse mesmo a Lorena... Só que não paravam de entrar pessoas no banheiro e eu tinha que segurá-las todas lá, ou iriam me dedurar e prender.
Uma hora, a parte mais feliz do sonho, eu desisti e saí correndo. Já haviam milhares de soldados afluindo de todos os lados do quartel-general/escola quando eu e a Clara (lembra da moça levando a velhinha na cadeira de rodas?) entramos de volta na igreja, bem na hora do casamento da Camilla com o Artur começar. Agora vários soldados invadiam a cerimônia e prendiam nossos companheiros piratas e a bagunça começava. Eu e a Clara nos colocamos logo atrás dos noivos (o lugar originalmente reservado para nós, já que éramos os amigos favoritos deles) e na frente da longa fila do séquito matrimonial (aparentemente nesse tipo de casamento todos na Igreja se enfileravam atrás dos noivos. Os soldados da Marinha entravam e entravam sem parar, e os piratas fugiam e gritavam e faziam a maior zona enquanto eu e a Clara disfarçávamos na fila, como se não soubéssemos o que estava acontecendo.
- Ah, que casamento bonito - eu falei, olhando para os lados, para cima, "distraído"- Adoro casamentos, sempre em emocionam.
Quando o Artur e a Camilla chegaram no altar lateral (vazio, só uma "estante" na parede) saíram correndo por causa da bagunça que estava o casamento e fugiram. Eu e a Clara, que seguíamos cada passo deles demos um passo à frente, para preencher o vazio. Então nos olhamos e percebemos que estávamos um do lado do outro, de frente para o altar. Fizemos "Ah!" assustados e demos um passo juntos para trás, nos divertindo muito.
No final, acho que eu seria capturado, mas não era o importante. O importante era que estava me divertindo muito me escondendo dos soldados no meio do casamento. Foi legal, foi bem legal...
terça-feira, setembro 25, 2007
Ufa!
Cara, como estou cansado.
Carreguei meu quarto inteiro para o novo apartamento. Nunca pensei que tivesse tanta coisa! E coisas que pesassem tanto. Se algum dia precisar fugir de um exército invasor, já sei que vou deixar muitas coisas para trás. Não sei, às vezes isso não parece ser um problema. É bom deixar coisas para trás, ficar leve.
Ufa! Nem consigo mover meus braços! Agora eu finalmente entendi aquele episódio de Doug em que ele faz tanto exercício que depois não consegue levantar nem mesmo um pedaço de papel. Sempre me perguntava como aquilo funcionava, mas agora... Agora eu entendi!
Carreguei meu quarto inteiro para o novo apartamento. Nunca pensei que tivesse tanta coisa! E coisas que pesassem tanto. Se algum dia precisar fugir de um exército invasor, já sei que vou deixar muitas coisas para trás. Não sei, às vezes isso não parece ser um problema. É bom deixar coisas para trás, ficar leve.
Ufa! Nem consigo mover meus braços! Agora eu finalmente entendi aquele episódio de Doug em que ele faz tanto exercício que depois não consegue levantar nem mesmo um pedaço de papel. Sempre me perguntava como aquilo funcionava, mas agora... Agora eu entendi!
sexta-feira, setembro 14, 2007
Floating

Os viajantes desceram do céu, calmamente flutuando sobre um pedaço de terra que, recém-perdidas suas capacidades voadores, paira, seguindo uma lenta linha reta até o chão, suave como uma pluma, mas firme, talvez como um balão.
A vista que se mostra de seu veículo celeste é ampla e incomparável. Miúdos animais se movem lá embaixo, na beira de um vasto rio que daqui de cima é somente um laço abandonado sobre a terra.
- Olhem as manadas, parecem formigas! - Zapper apontava, inclinado perigosamente sobre a borda do pedaço flutuante de terra - Nunca pensei que fosse ver os elefantes pequenos, ou que houvesse uma vista tão bonita assim.
- Dá pra ver até as montanhas do leste - disse Teobolt - Pelo visto, vamos cair mesmo nas Terras Baixas. Estamos flutuando em linha reta para aquele rio.
- Haverão monstros, como nas histórias? - perguntou Myshba, e com razão: as Terras Baixas estavam proibidas para qualquer humano das planícies, por causa de seus animais terríveis, doenças fulminantes, homens selvagens e criaturas nunca antes imaginadas, a não ser em pesadelos.
- Tenho medo do que espera lá embaixo - admitiu Mellock - Será mesmo seguro? Não há como desviar nossa rota?
Alguns negaram com a cabeça, outros olharam em volta. Após a borda da rocha flutuante - ou antes, desflutuante, que caía devagar - estava o abismo, a queda branca por entre as núvens. Os viajantes não tinham coragem de mexer no chão em que pisavam assustados, temendo acelerar a queda ou mesmo quebrá-lo em torrões menores e, esfacelados, caírem, caírem, caírem...
- Bobagem! - riu Zapper - Não há nada disso lá embaixo! As Terras de Manuió são minha casa, não há monstro algum, nem perigos ou criaturas assustadores . Lá só existem rios e planícies, com um mato tão alto que as crianças podem andar sem serem vistas. Na minha aldeia moram caçadores tão bons que podem farejar animais como um abutre ou seguir a trilha de ratos através dos lagos. Meu pai é um deles. E Akane. Será que podemos passar na minha casa? Já que estamos aqui, já que estamos descendo?
Karyn concordou alegre - Não será nenhum problema. É bom ter algum amigo quando se chega em uma terra desconhecida. Mas tenho que lembrar que nós temos uma missão - disse, levantando um dedo e usando sua voz responsável.
- Sim, sim! Eu disse que iria ajudá-los, não disse? Quem sabe o próprio Akane não seja o próximo escolhido que vocês estão procurando? Ele já enfrentou um rinoceronto, cara a cara, sabiam?! E sabe falar a língua dos macacos, pescar com as mãos e ler as estrelas.
- Talvez as Terras Baixas não sejam tão assustadoras quanto pensávamos - disse Neyleen, olhando a savana distante se aproximando - Como você as chamou? Terra de Manuió? As montanhas são lindas, e os animais parecem incríveis. Olhem aquele bando: estão indo até o lago beber. Impressionante podermos ver tudo daqui de cima.
O naco de terra em que flutuavam deu um solavanco e inclinou ligeiramente de lado.
- Fiquem neste lado - disse Hoshy - É mais seguro por aqui.
Um vento soprava do oeste enquanto desciam um pouco mais rápido.
- Acho que a força que o sustentava está se extinguindo de vez - disse Mellcok assustada - Não tem como segurarmos um pouquinho, ir mais devagar?
Karyn balançou a cabeça, de cima para baixo, como se dissesse "sim", mas depois de um lado para o outro enquanto mordia os lábios, como se dissesse "mas será difícil". - Vamos esperar que ele fique mais rápido.
Agora viam a curva do rio para onde estavam flutuando. Um embondeiro imenso esticava seus galhos verdes (era verão!) e sombreava a paisagem.
- Estamos chegando, está cada vez mais perto! - disse Zapper, com mais felicidade do que medo, pois voltava para casa, para a terra marrom que conhecia, para os sons de pássaros familiares e o cheiro que tinha o capim na estação chuvosa.
O vôo começou a se tornar uma queda. Karyn falou uma palavra mágica e segurou o naco de terra. O oeste se cobriu pelas nuvens e o horizonte subia cada vez mais perto.
Como pássaros, os viajantes chegaram do céu. O pedaço de terra flutuante ganhou cada vez mais velocidade apesar do esforço de Karyn, mirou próximo a curva do rio e ao embondeiro e caiu, se esparramando no chão. Com o choque, se quebrou em vários pequenos torrões e sumiu do mundo o pedaço de terra que flutuou desde o céu. Os viajantes voaram e caíram na grama, rolando pela savana amarelada, desnorteados e tontos. Zapper se levantou de pronto, recomposto e feliz, e aspirou o cheiro que sabia desde criança.
- É daqui que eu vim! - exclamou.

quinta-feira, setembro 06, 2007
terça-feira, setembro 04, 2007
Elementos de uma história
Vamos contar uma história que tenha...
- uma missão
- um cheiro característico de tempestade
- um conhecido e aguardadíssimo...
- um irmão, que tentou de tudo.
- aprendizagem
- o resto da marca,
- mentiras e frutas coloridas
- nossa casa.
- uma missão
- um cheiro característico de tempestade
- um conhecido e aguardadíssimo...
- um irmão, que tentou de tudo.
- aprendizagem
- o resto da marca,
- mentiras e frutas coloridas
- nossa casa.
sábado, agosto 18, 2007
200
Este é número de posts que tenho nesse blog. Minha nossa! Só agora eu percebi: blog é uma coisa estranha! Tenho que comemorar esse evento com um clima um tanto amargo. Não sei se queria ter posts, ter um blog, falar da minha vida assim.
(mas, vejam só, não consigo parar. Ops, fiz de novo, falei sobre minha vida em um blog. É, enfim... blabla)
Acho que nada substitui a conversa de verdade. Por sinal, porque a gente não conversa mais? Deveríamos ser tão interessantes.
Andemos na linha fina...
(mas, vejam só, não consigo parar. Ops, fiz de novo, falei sobre minha vida em um blog. É, enfim... blabla)
Acho que nada substitui a conversa de verdade. Por sinal, porque a gente não conversa mais? Deveríamos ser tão interessantes.
Andemos na linha fina...
quinta-feira, agosto 16, 2007
The flow Life
E aspirou a algo que ficava acima do fluxo do mundo, como um oceano maravilhosamente dourado flutuando sobre o céu, e pensou que poderia entender o que a ciência rejeitava, captar as mensagens desconexas - haviam, neste momento, mensagens e pistas espalhadas pelo mundo: havia um motivo. - e construir de novo a torre que foi destruída, para poder tentar, mais uma vez, chegar a Ele e perguntar e ouvir a resposta, e a resposta ser o mundo, como se fosse o tempo um emaranhado: nada aconteceu ou acontecerá, tudo há ao nosso redor sem que percebamos, pois nossas mentes percorrem caminhos ao invés de voar e cair para o oceano dourado que se chama infinito, quem sabe? isso se tiver algum nome na língua dos homens.
Queridos amigos, quero dizer uma coisa. Resolvi ser um escritor.
Que medo-do-abismo, susto do futuro. O que vou fazer agora que decidi algo assim?
Queridos amigos, quero dizer uma coisa. Resolvi ser um escritor.
Que medo-do-abismo, susto do futuro. O que vou fazer agora que decidi algo assim?
quarta-feira, agosto 15, 2007
Rumo à Esperança III

Há um forte em Johnston. Está lá desde o início do domínio austrímano sobre Kerala, a província mais úmida, quente e tropical do subcontinente. Hoje os austrímanos já foram embora, e seu forte está vazio, exceto por um grupo muito preguiçoso de crocodilos do rio, que ocupa as antigas salas de reunião, os baluartes e fossos em Johnston. Deitam de barriga para cima o dia todo e tentam - sem sucesso - apanhar um dos macacos que entram pelas janelas altas.
Conta-se na cidade de Sikh que um padre vindo da capital (meio surdo e ocupado em orações) refugiou-se do calor da estrada no forte de Johnston. Passou um dia inteiro lá, entre os crocodilos, sem perceber nada e achando que os austrímanos passaram a falar uma língua idólatra e selvagem de Kerala. Quando o encontraram, o padre passava sermões aos animais, aos berros!, impressionado com a falta de disciplina militar do forte. Testemunhas concordam fascinadas que em momento algum os crocodilos do rio tentaram devorar o pobre padre, meio velho, meio surdo, e que pareciam inclusive escutar interessados a palavra do homem de Deus.
Esta história circula ainda hoje pelá província de Kerala, onde o calor faz as mangas apodrecerem sozinhas. As que são colhidas a tempo vão parar em caixas junto a outros mil temperos e verduras suculentas, empacotados pela Kerala Trading Company, e enviadas em caravelas inseguras para cruzarem os mares austrais cheios de perigos na forma de piratas, corsários, tubarões, calmarias, fiscais inescrupulosos, trombas d'água e índios canibais. Ao final de tão estafante jornada, o selo da Kerala Trading Company é tido como prova de segurança e compremetimento, e seus presidentes são homenageados em salões e chancelarias do mundo todo, enquanto os marinheiros - estes sim os verdadeiros heróis - deitam-se no chão do porto, como mortos, a suspirar de cansaço e das lembranças das sereias que viram na Costa Verde.
Porém, esses homens valentes são reconhecidos na cidade de Bastók, cujo porto está sempre repleto de marinheiros caídos, vindos de mundos de sonho e trazendo mercadorias igualmente fantásticas. Pois Bastók, ou Lonfito, ou Azamar, é mais uma dessas cidades incríveis que descem como contas de um colar, cujo bazar tem a qualidade de transitar entre países enquanto se muda de barraca: o rapé de Salem ao lado dos doces coloridos de Rushi, junto às botas e sapatos (alguns encantados) da terra onde é sempre inverno e neva; lá se vêem talismãs de bons auspícios dividirem espaço com longas cadeiras dos campos de Voai, aqueles pontilhados por castelos e catedrais, e com livros que contam a verdade do mundo escondida em símbolos indecifráveis. Mercadores aos berros, mercadores obscuros, danças folclóricas, feijões encantados, mapas do tesouro, punhais envenenados, peixes coloridos, ladrões e músicos, criadores de conselhos, cristais da mais alta montanha do mundo, na mais alta cordilheira do mais alto continente: quase tudo do mundo pode ser encontrado nas ruas de Bastók.
Só não se vêem mercadorias de uma cidadezinha no extremo mais ao leste do mundo, ao final de uma estrada pontilhada de diamantes por onde ninguém passa. Essa é a cidade conhecida por jovens aventureiros e sonhadores como Esperança, a terra feliz onde não se chega nunca.
Esperança é uma cidade linda. Toda quarta-feira há uma missa na igrejinha de barro na praça do meio. O burgomestre, todo vestido de amarelo, recebe as pessoas na porta, com um abraço sincero e uma barrinha de chocolate. Todos os idosos de Esperança se reúnem na igrejinha, mesmo os que perderam a fé. Para lá vão as velhas costureiras, os antigos soldados reformados, os padres caducos e os avós sorridentes. Todos se sentam em silêncio, bem comportados, como se fossem mesmo para mais uma missa comum.
Porém, quando o burgomestre distribui a todos a pequena hóstia encantada, uma mudança incrível entra em ação: todos os gentis idosos e senhores começam a perder as dores e cansaços e se transformam em crianças novamente! Sapecas, começam a pular os bancos da igreja e a brincar gritando, tirando qualquer dúvida de que Esperança é uma cidade encantada, onde o milagre do rejuvenescimento é possível.
Na quinta-feira, que dia trabalhoso, crianças correm pelas pedras, sobem em todas árvores e puxam os rabos dos gatos e cachorros que encontram nas casas. O burgomestre, em seu pomposo uniforme roxo, recolhe os antigos senhores e senhoras e os leva para a aula, sob a árvore principal. E toda semana repete os mesmos ensinamentos tradicionais.
Mas nem tudo é um milagre de camaleões festivos. Esperança é uma cidade triste também. Porque toda sexta-feira, às quatro horas da tarde, em ponto, ao fim do quarto repicar do sino da igrja, morre alguém em Esperança. Cai silencioso, no meio da rua, com um sorriso no rosto, parecendo ter sido arrebatado com infinita gentileza por um anjo da morte luminoso e feliz. O final da tarde de sexta-feira é dedicado ao simples funeral, onde todos os habitantes da cidade cavam a terra macia enquanto as donzelas, caladas e puras, velam pelo corpo, que pode ser tanto jovem quanto velho, moço ou moça, realizado ou desejoso. O burgomestre, vestido de marrom, cor da própria terra, cava com as mãos, e não é raro rolarem lágrimas por seu rosto redondo.
Ao final da tarde o falecido já está enterrado e começando a brotar. Porque em Esperança todos se transformam em árvores, coelhos, idéias, flores. Quando sábado chega já há um novo habitante na cidade e tudo volta a acontecer, mesmo que de um modo diferente, pois lá tudo sempre retorna e muda o que aconteceu e o que foi.
Por isso tantas histórias diferentes e impossíveis de Esperança, a cidade que conhece todos os caminhos do mundo.

terça-feira, agosto 14, 2007
Rumo à Esperança II

Para se chegar em Dublin por terra há uma estrada tortuosa e pontilhada por rochas, que as carroças não se atrevem a percorrer.
Alguns poucos cavaleiros passam diariamente pelas suas encruzilhadas, controlando com mãos firmes os cavalos descontentes, tentando desviar das pedras que se deitam preguiçosas no meio do caminho. A montanha inteira é um obstáculo cansado e solto no meio da estrada, que ouve todo dia os suspiros dos cavaleiros exaustos e seus cumprimentos formais, estabelecidos por uma côrte de um país distante.
Alguns vêm de Carnak, outros de Montshell, e conversam sobre o lugar fabuloso onde existe um imenso lodaçal que chega inclusive a cobrir uma parte do mar. Dizem os cavaleiros que já se aventuraram por Glum, que este pântano vasto e adverso tem ilusões mais perigosas do que qualquer outro: lá se vêem pessoas também, mas neste pântano, exepcionalmente, só se vêem os que já morreram e a quem queríamos bem. Alguns temem ver a si próprios nas imagens mortas, outros se jogam por vontade própria no lodaçal para rever por apenas um instante - belo e falso - a figura daqueles que se perderam.
Cruzar o pântano de Glum não é fácil, dado que é populado por visões ilusórias, cercado pelo mar (o qual invade por algumas boas braças) e fechado ao sul pelo monte Higuerota, um grande pico nevado com pretensões vulcânicas, que assoma potente por sobre o estreito de Belonave, como se dominasse os passos que levam os viajantes de um continente a outro.
Existe no final de Belonave, ao sul do Higuerota portanto, diz o geógrafo Gazar, uma floresta perfeita, em algum lugar da terra de Cortésia. Para cada um que entra, ela assum diferentes aspectos de encantamento e se torna uma floresta ideal. Um rei de outrora construiu uma casa nesta floresta, para habitar entre os períodos de tensão na côrte. Hoje, a magnífica casa sem paredes que o rei construiu ainda existe, mas é habitada somente pela moça da limpeza, a única da côrte que foi para a floresta e ainda espera o Rei visitar a casa. Enquanto este se detém em seu país, oucpado e cheio de propósitos, seus móveis são sempre limpos e organizados pela moça da limpeza, que todo dia expulsa meticulosamente todos os insetos da casa sem paredes. A cada manhã - é inevitável - voltam os gafanhotos, os louva-a-deus, as joaninhas tão coloridas, as formigas sempre atuantes, os besouros enfurnados em suas carapaças e as lagartas, tão preguiçosas e sonhadoras que um dia chegarão a borboletas. Dizem que estes insetos não são parte da floresta ideal do Rei, mas sim da moça da limpeza, que tem olhos rápidos e imaginação certeira para perceber os pequenos bichos e brincar com eles um jogo eterno de busca e conversação.
Para se chegar em Dublin por mar é preciso cruzar as Simplégadas, rochas enormes que devoram os navegantes e que dizem ser monstros. Não acredito: já são muito terríveis sendo apenas rochas, não é preciso imaginar muito para ouvir seu ronco surdo eos ruídos crepitantes dos naufrágios.
Próximo às Simplégadas fica o estreito escuro, uma faixa do Oceano encoberta por treva, que faz perder o melhor dos navios, guiado pelo melhor dos heróis. Dizem que se algum humano cruzar o véu de escuridão, ele se romperá e se fará o dia novamente por aquelas águas; nenhum deve ter conseguido, pois ainda é possível enxergar de longe o estreito escuro, impedindo a rota para a Esperança, a cidade onde poucos caminhos vão dar.
Esperança é uma cidade linda. Encrustrada na rocha vermelha, ela olha a paisagem colorida se transformar durante o dia: de manhã os campos são lilases e o céu claro e azul, de tarde ela é verde e amarela, e ao pôr do sol o mar se tinge de vermelho-rubro e cobre o mundo de sentimentos impressionantes.
Em Esperança habitam rapazes altivos e serenos, que aos sábados são levados ao porto pelo burgomestre para exercícios navais. Todos sonham em liderar a priemira esquadra que sairá de Esperança e atravessará o estreito escuro, trazendo assim outros barcos para a cidade.
O burgomestre, vestido inteiramente de vermelho, ensina-os sobre as cordas e as velas e sobre quais ventos aproveitar e quais evitar. Quando vira de costas os rapazes começam a conversar sobre as moças e com quem iriam se casar. Não é raro saírem dali brigas e inimigos eternos. Mas tudo é tornado pior na segunda-feira, dia em que o burgomestre se veste de laranja e ocupa-se dos viajantes que chegaram à Esperança no domingo. Aproveitando os prazeres e a boa recepção da cidade, alguns dos estrangeiros cortejam as donzelas caladas e convidam-as para verem o mundo em sua companhia. Os rapazes, loucos de inveja, são obrigados a ficarem afasatados, treinando com suas espadas de madeira no campo próximo à cidade. Não é raro saírem mais machucados do que o esperado de exercícios.
Ao fim do dia, as moças vão se banhar no pequeno lago entre as rochas vermelhas e os rapazes as espreitam dos juncos na ravina. Escutam para saber qual viajante despertou-lhes o coração, de qual devem desconfiar e traçam planos e vinganças perfeitas.
É tudo inútil, pois no amanhecer do dia seguinte os viajantes recebem a carta de despedida e os rapazes voltam aos seus exercícios navais, sonhando mais uma vez em vencer as guerras, liderar a esquadra, conquistar as donzelas...

Rumo à Esperança

Na longa terra de Imil, as árvores conversam. Falam com vozes coloridas e cheias de fs e vs do vento. Lá todos entendem suas vozes e as mulheres carregam potes redondos e rubicundos de um lado a outro, de poço em poço e às vezes param pelas fontes para conversar e ajustar seus sáris coloridos. As trilhas de pedrinhas brancas são todos os dias percorridas por estas mulheres, que param em suas árvores conhecidas para conversar e deitar-lhes um pouco da água do pote, como uma oferenda.
Os habitantes de Imil temem somente os povos do leste, chamados de bárbaros Alacoas. Eles esperam que a grande cerca verde os protega do povo das estepes, que a floresta permaneça intacta e dure enquanto durarem os assaltos bárbaros.
Mas não se deve condenar tão rapidamente assim os Alacoas. Podem comer carne crua em campanhas e ter uma preledição por destroçar outros humanos, de preferência em cerimônias públicas e festivas; mas também devem ser lembrados como aqueles que fundaram a primeira biblioteca nômade, partindo de um antigo espólio de guerra. Foi na época em que o rei Nicomedes, da Bitínia, cosntruíra sua Bibliothéka Fantasticae, dias antes de Atal Huapa, líder dos bárbaros das estepes, chegasse de surpresa à capital e saqueasse todos os livros que pudera carregar. Desde então, os alacoas vêm carregando o volumoso espólio, sem que fosse feito (deve-se ser grato aos bárbaros neste ponto) nenhum uso indevido dos livros, como queimar as folhas em suas fogueiras cruéis ou costurar roupas com o couro de suas capas.
Rei Nicomedes caiu junto a sua Bibliothéka. Os bárbaros tomaram a Bitínia, vendendo seus habitantes como escravos para a poderosa esquadra de Jânio, a cidade dona do mar. Os escravos desfilaram pela Avenida das Pontes, cruzando Jânio do porto ao palácio da república, sob o olhar circunspecto dos senadores e o grito alegre da população que se aglomerava entre os canais e pontes da cidade para verem passar os estrangeiros.
Todos em Jânio estavam na Avenida das Pontes naquele dia: desde os filhos dos príncipes olhando invejosos das janelas até os humildes carpinteiros navais misturados à balbúrdia coletiva. Diz-se que Jânio já estava entrando em sua decadência, que quanto mais maravilhosa e alegre fosse sua festa de conquista, mais armas e pólvora se precisava depositar nos porões dos navios de guerra, mais sujeira se alastrava pelas ruas e mais infelicidade nos outros dias do ano.
A decadência de Jânio parecia maravilhosa, com todos seus habitantes e estrangeiros de reinos subordinados espalhados na comemoração que percorreu o Mar do Meio como uma onda de júbilo, um último suspiro contente de uma nação velhaca e pobre.
Só os sábios não foram, trancados em sua Torre Pétrea, na ilhota Isabel, próxima ao canal maior de Jânio. Ficaram discutindo as lendas e a geografia do mundo e chegaram à conclusão de que Adama existia enquanto Cibele não, dado que seus narradores eram confiáveis ou mentirosos. Abluma, o passageiro, narrador da cidade de Adama, era considerado confiável porque as mentiras que contava em seu relato eram de natureza econômica e mercantil, portanto não havia razão para que inventase uma cidade e um lago onde fora negociar quando garoto.
De fato, Adama existia às beiras de um lago azul resplandescente, próxima à montanhas que pareciam púrpuras ao pôr do sol. Diziam os pacíficos habitantes que eram nessas montanhas que moravam os dragões e as fênixes das lendas. Todo ano, durante a primavera, quando a cor púrpura se transformava em um rosado florido, as crianças de Adama tinham permissão para passear pelas trilhas e sendas da montanha. Era na primavera que os dragões dormiam, e as crianças voltavam para casa à salvo e contentes. Traziam consigo as raras e preciosas frutas-esmeralda, que só poderiam ser colhidas pelo coração puro de uma criança. Os pais enviavam seus filhos todos os anos às montanhas, na primavera, quando ficariam a salvo das criaturas mitológicas, e no final da tarde recolhiam com avidez as frutas-esmeralda, que iam parar direto nas cargas dos mercadores de Adama. As crianças tombavam exaustas depois de um dia de diversões na montanha, cheio de competições e brincadeiras, em um território no qual os adultos não podiam entrar; por sobre a obrigação imposta pelos pais gananciosos, as crianças criavam um mundo só delas, com leis e regras de brincadeiras e liberdade, um reino que cheirava a flores e lavanda, e que percorria as sendas das montanhas e suas plantas secretas.
As flores-esmeralda eram levadas pelos mercadores internacionais sobre o lombo de bois e mulas até a Estrada do Passadeiro, que se dirigia em uma linha reta até Esperança, a cidade para onde vão, sem saber, todos os caminhos.
Esperança é uma cidade linda, com grandes portões esverdeados e sinos repicando nas catedrais. Todo domingo, o burgomestre se veste inteiramente de verde e recolhe os viajantes que foram dar na cidade. Oferece um banquete em homenagem aos jovens perdidos e conta as mais variadas histórias e casos, rindo debaixo de seu bigode castanho e apontando para todos seus dedos roliços e contentes.
Lindas moças moram em Esperança, com tranças cuidadosamente feitas e vestidos claros. Recebem os viajantes em silêncio solene e contido: muitas não falam por promessas, geralmente amorosas e juvenis; e mudas permancem até a saída do viajante, pois este deve sempre abandonar Esperança.
Uma hora ou outra (mas sempre na terça-feira) chega uma carta - como são eficientes os carteiros dessa cidade! - e avisa, sem devaneios, que a Hora chegou. O viajante, que neste momento não pensa em mais nada senão na sua cidade querida e nas jovens caladas, percebe que a estrada está logo ali e que não é mais bem vindo.
O burgomestre se despede, desta vez vestido de azul, e promete que tempos bons virão para aquele que, ao menos uma vez na vida, esteve em Esperança, a cidade que fica no fim de toda estrada.

terça-feira, agosto 07, 2007
Nada mais
Ultimamente venho lendo muitos livros, sobre livros e história principamente. Talvez por isso os blogs me pareçam tão.. obsoletos.
Perdi a vontade de escrever aqui.
Tenho que dizer que, quando leio no computador, as letras me parecem diferentes, como se eu não as conhecesse mais e não pudesse formar palavras.
Perdi a vontade de escrever aqui.
Tenho que dizer que, quando leio no computador, as letras me parecem diferentes, como se eu não as conhecesse mais e não pudesse formar palavras.
terça-feira, julho 31, 2007
quinta-feira, julho 19, 2007
Pás e mós
A névoa não a deixava ver a casa escura. O som do moinho funcionando era ininterrupto e ocupava toda a noite.
E, claro, aquele som de vento escuro.
Testrel andou bem devagarzinho, com medo de acordar os espíritos assustadores que saíam de noite. Ela sabia de cor todos os demônios: gigantes, lobos, fantasmas, duendes, kremlins, vampiros, mortos-vivos, bruxas, trolls. Tinha medo de todos eles.
A mó girando dentro do moinho quase parecia cantar uma canção assustadora, que fazia Testrel se agarrar mais ainda ao seu casaco pensando no que poderia atacá-la a qualquer momento.
- Por que saí de casa?, se questionou. Não tenho que ajudá-lo, posso muito bem voltar para minha cama e dormir quente e segura.
Mas de novo ela se lembrava do sonho.
Era muito, muito escuro enquanto ela sonhava, o que talvez fosse um reflexo do lugar cinzento e assustador em que ela morava. A charneca de Saltzen não era colorida, e muito menos agradável: todos os seus moradores conheciam a sobriedade da paisagem e atribuíam seu silência a ela. Eles, inclusive Testrel, quase não falavam nada durante o dia. Cozinhavam, plantavam, colhiam e coziam e total silêncio.
Só o moinho girando, girando e o vento escuro que varria as encostas de Saltzen.
Ocasionalmente em sua caminhada noturna, a jovem Testrel escutava um rangido de madeira vindo das casas da vila. Poderia ser alguém se movendo? Um espírito maldoso espreitando? A medida que ela se afastava de sua casa o som da respiração de seus pais dormindo ia desaparecendo e o som de uma certa casa rangendo ia tomando conta de seus ouvidos.
Pssou o caminho central, margeado por todas as casas da vila. Passou as árvores sem folhas, de onde se dizia que os corvos sonoros vigiavam as pessoas. Passou o moinho em seu rangido constante. E, por fim, passou o portão velho e quase oculto pela névoa que a levava direto para a casa escura. Logo o feiticeiro empoeirada estaria audível, em seu gemido doloroso e febril.
Testrel subiu os degraus escondidos pela sombra e empurrou a porta pesada. Apesar de se esforçar bastante, não conseguiu conter um altíssimo rangido das dobradiças.
Imediatamente escutou a voz do bruxo recitando seus elementos magicos.
- Mercúrio e Platina. Ouro e prata. Terra, fogo, água e ar. Os antigos sabiam, o conhecimento foi banido e o triângulo perfeito perdido. Mas sim, eles sabiam.
- Bruxo?, perguntou bem baixinho Testrel antes de entrar no aposento que funcionava como quarto da casa escura. Sou eu, Testrel. Posso entrar?
- Quem está aí? É a garota? Santo Deus dos bruxos, magos e alquimistas, como você demorou!
- Não estava conseguindo encontrar, respondeu baixinho, com vergonha do olhar zangado vindo do velho. A roupa dele estava mais suja do que nunca, cehia de poeira e marcas de tinta; Testrel nunca soube como ele se sujava tanto naquela casa abandonada, parecia que quando ela virava as costas ele se jogava no chão e rolava no tapete puído.
- Me dê, me dê, pediu o bruxo, de olhar ávido, estendendo suas mãos com unhas compridíssimas para a garota.
Testrel tirou do bolso uma pedrinha pequena e colocou-a nas palmas impacientes do velho.
- Tem certeza de que é está? ele perguntou. Procurou direitinho, como eu pedi?
- Sim, eu fiz o que você me pediu, palavra por palavra. Essa foi a que eu achei mais interessante.
- Seguiu direitinho minhas instruções?
- No começo achava que... disse Testrel intimidada pela curiosidade séria do bruxo. Achava que seria impossível, que era bobagem. Mas quando encontrei essa pedrinha eu entendi o que você quis dizer. Eu usei a intuição.
- Acha que era bobagem? zangou-se o velho. Pois saiba que este confiabilíssimo método foi estudado vezes e vezes na Academia Arcadiana e eu mesmo li os perdidos pergaminhos que relatavam o experimento Alântico quando eu era jovem. Me lembro de cada palavra e foi fielmente que reproduzi as instruções para você. Agora me diga, quero ter certeza: essa foi a pedra que você escolheu, que a sua intuição indicou com toda a força. Pois me diga se você tem certeza.
- Tenho sim senhor. Acho que é essa a pedra.
- Acho?! Pois não pode achar! O que foi que eu falei?! Tenha certeza, cer-te-za! É essa a pedra?
Testrel permaneceu parada, sem saber o que responder.
- Arriscaria a sua vida por essa pedra? perguntou novamente o bruxo.
O som do moinho moendo durou todo o tempo que Testrel levou pensando.
- Sim, ela disse por fim, Eu acredito que essa é a pedra certa e acredito que não me enganei.
O bruxo olhou-a desconfiado e guardou a pedra na palma da mão.
- Agora o feitiço está completo, ele sorriu, mostrando dentes terríveis.
Testrel esperou enquanto o velho falava sozinho e se levantava da cama quente. Esperou enquanto ele saía de cabeça baixa, com muito medo de que tivesse esquecido da promessa.
No meio dos resmungos o bruxo virou-se para ela e disse:
- Ah sim, nosso acordo.
- Eu gostaria que você trouxesse o Keter de volta, pediu Testrel.
O bruxo torceu a cara.
- Então está certo. Vamos até o velho moinho se é isso que você quer - E, com surpreendente agilidade para seu corpo velho e fraco, ele saiu pela porta e entrou na noite fria, balançando sua roupa agitado.
Testrel seguiu-o com um pouco de medo. Entraram no moinho rangente e passaram pelo moleiro, um velho que os encarou por pouco tempo e continuou em silêncio, como se nada tivesse acontecido.
O bruxo parou diante da mó e jogou pó de feitiço pelo chão. Disse as palavras mágicas que começavam todos os feitiços, em um língua desconhecida e melodiosa. Testrel teve muito medo quando ouviu seu nome entre as palavras, além do nome de Keter, se amigo.
A mó começou a emitir um rangido diferente, agudo e medonho.
Testrel começou a rezar, como sua mãe havia ensinado para afastar os fantasmas e maus espíritos. Talvez não tivesse sido uma boa idéia.
O bruxo esfregou a pedrinha nas mangas e nos equipamentos. O velho moleiro parecia ter desaparecido de lá, para não presenciar o sortilégio escuro.
Então, o moinho inteiro se encheu de uma fumaça colorida e de cheiro forte de ervas. O velho bruxo parou seu feitiço e agarrou a pedrinha em suas mãos, enquanto seu rosto empalidecia até ficar mais branco que cera de vela.
Diante de Testrel, a fumaça se transformou em uma linda e altiva mulher. Apontando seus dedos compridos para o bruxo ela proclamou em uma voz que demandava obediência:
- O que pensa que está fazendo velho paspalho?
O bruxo caiu de quatro no chão, desfiando desculpas. Testrel observou a Feiticeira com assombro e um misto agudo de admiração e medo.
- Não se preocupe querida - a mulher disse para ela - Esse tonto não irá fazer mais nada de ruim. Agora, porque você não me mostra onde arranjou esta pedrinha tão bonita?
Sua voz era tão agradável e tão deliciosa que Testrel não conseguiu conter um sorriso e segurou a mão da Feiticeira. As duas saíram para a noite escura, diante do olhar aterrorizado do bruxo. Era o olhar daqueles que se sentem injustiçados, mas que sabem-se fracos demais para reclamar para si.
O moinho estava silêncioso. Tão silencioso quanto o resto da vila, envolta na fria névoa do fim de março.
E, claro, aquele som de vento escuro.
Testrel andou bem devagarzinho, com medo de acordar os espíritos assustadores que saíam de noite. Ela sabia de cor todos os demônios: gigantes, lobos, fantasmas, duendes, kremlins, vampiros, mortos-vivos, bruxas, trolls. Tinha medo de todos eles.
A mó girando dentro do moinho quase parecia cantar uma canção assustadora, que fazia Testrel se agarrar mais ainda ao seu casaco pensando no que poderia atacá-la a qualquer momento.
- Por que saí de casa?, se questionou. Não tenho que ajudá-lo, posso muito bem voltar para minha cama e dormir quente e segura.
Mas de novo ela se lembrava do sonho.
Era muito, muito escuro enquanto ela sonhava, o que talvez fosse um reflexo do lugar cinzento e assustador em que ela morava. A charneca de Saltzen não era colorida, e muito menos agradável: todos os seus moradores conheciam a sobriedade da paisagem e atribuíam seu silência a ela. Eles, inclusive Testrel, quase não falavam nada durante o dia. Cozinhavam, plantavam, colhiam e coziam e total silêncio.
Só o moinho girando, girando e o vento escuro que varria as encostas de Saltzen.
Ocasionalmente em sua caminhada noturna, a jovem Testrel escutava um rangido de madeira vindo das casas da vila. Poderia ser alguém se movendo? Um espírito maldoso espreitando? A medida que ela se afastava de sua casa o som da respiração de seus pais dormindo ia desaparecendo e o som de uma certa casa rangendo ia tomando conta de seus ouvidos.
Pssou o caminho central, margeado por todas as casas da vila. Passou as árvores sem folhas, de onde se dizia que os corvos sonoros vigiavam as pessoas. Passou o moinho em seu rangido constante. E, por fim, passou o portão velho e quase oculto pela névoa que a levava direto para a casa escura. Logo o feiticeiro empoeirada estaria audível, em seu gemido doloroso e febril.
Testrel subiu os degraus escondidos pela sombra e empurrou a porta pesada. Apesar de se esforçar bastante, não conseguiu conter um altíssimo rangido das dobradiças.
Imediatamente escutou a voz do bruxo recitando seus elementos magicos.
- Mercúrio e Platina. Ouro e prata. Terra, fogo, água e ar. Os antigos sabiam, o conhecimento foi banido e o triângulo perfeito perdido. Mas sim, eles sabiam.
- Bruxo?, perguntou bem baixinho Testrel antes de entrar no aposento que funcionava como quarto da casa escura. Sou eu, Testrel. Posso entrar?
- Quem está aí? É a garota? Santo Deus dos bruxos, magos e alquimistas, como você demorou!
- Não estava conseguindo encontrar, respondeu baixinho, com vergonha do olhar zangado vindo do velho. A roupa dele estava mais suja do que nunca, cehia de poeira e marcas de tinta; Testrel nunca soube como ele se sujava tanto naquela casa abandonada, parecia que quando ela virava as costas ele se jogava no chão e rolava no tapete puído.
- Me dê, me dê, pediu o bruxo, de olhar ávido, estendendo suas mãos com unhas compridíssimas para a garota.
Testrel tirou do bolso uma pedrinha pequena e colocou-a nas palmas impacientes do velho.
- Tem certeza de que é está? ele perguntou. Procurou direitinho, como eu pedi?
- Sim, eu fiz o que você me pediu, palavra por palavra. Essa foi a que eu achei mais interessante.
- Seguiu direitinho minhas instruções?
- No começo achava que... disse Testrel intimidada pela curiosidade séria do bruxo. Achava que seria impossível, que era bobagem. Mas quando encontrei essa pedrinha eu entendi o que você quis dizer. Eu usei a intuição.
- Acha que era bobagem? zangou-se o velho. Pois saiba que este confiabilíssimo método foi estudado vezes e vezes na Academia Arcadiana e eu mesmo li os perdidos pergaminhos que relatavam o experimento Alântico quando eu era jovem. Me lembro de cada palavra e foi fielmente que reproduzi as instruções para você. Agora me diga, quero ter certeza: essa foi a pedra que você escolheu, que a sua intuição indicou com toda a força. Pois me diga se você tem certeza.
- Tenho sim senhor. Acho que é essa a pedra.
- Acho?! Pois não pode achar! O que foi que eu falei?! Tenha certeza, cer-te-za! É essa a pedra?
Testrel permaneceu parada, sem saber o que responder.
- Arriscaria a sua vida por essa pedra? perguntou novamente o bruxo.
O som do moinho moendo durou todo o tempo que Testrel levou pensando.
- Sim, ela disse por fim, Eu acredito que essa é a pedra certa e acredito que não me enganei.
O bruxo olhou-a desconfiado e guardou a pedra na palma da mão.
- Agora o feitiço está completo, ele sorriu, mostrando dentes terríveis.
Testrel esperou enquanto o velho falava sozinho e se levantava da cama quente. Esperou enquanto ele saía de cabeça baixa, com muito medo de que tivesse esquecido da promessa.
No meio dos resmungos o bruxo virou-se para ela e disse:
- Ah sim, nosso acordo.
- Eu gostaria que você trouxesse o Keter de volta, pediu Testrel.
O bruxo torceu a cara.
- Então está certo. Vamos até o velho moinho se é isso que você quer - E, com surpreendente agilidade para seu corpo velho e fraco, ele saiu pela porta e entrou na noite fria, balançando sua roupa agitado.
Testrel seguiu-o com um pouco de medo. Entraram no moinho rangente e passaram pelo moleiro, um velho que os encarou por pouco tempo e continuou em silêncio, como se nada tivesse acontecido.
O bruxo parou diante da mó e jogou pó de feitiço pelo chão. Disse as palavras mágicas que começavam todos os feitiços, em um língua desconhecida e melodiosa. Testrel teve muito medo quando ouviu seu nome entre as palavras, além do nome de Keter, se amigo.
A mó começou a emitir um rangido diferente, agudo e medonho.
Testrel começou a rezar, como sua mãe havia ensinado para afastar os fantasmas e maus espíritos. Talvez não tivesse sido uma boa idéia.
O bruxo esfregou a pedrinha nas mangas e nos equipamentos. O velho moleiro parecia ter desaparecido de lá, para não presenciar o sortilégio escuro.
Então, o moinho inteiro se encheu de uma fumaça colorida e de cheiro forte de ervas. O velho bruxo parou seu feitiço e agarrou a pedrinha em suas mãos, enquanto seu rosto empalidecia até ficar mais branco que cera de vela.
Diante de Testrel, a fumaça se transformou em uma linda e altiva mulher. Apontando seus dedos compridos para o bruxo ela proclamou em uma voz que demandava obediência:
- O que pensa que está fazendo velho paspalho?
O bruxo caiu de quatro no chão, desfiando desculpas. Testrel observou a Feiticeira com assombro e um misto agudo de admiração e medo.
- Não se preocupe querida - a mulher disse para ela - Esse tonto não irá fazer mais nada de ruim. Agora, porque você não me mostra onde arranjou esta pedrinha tão bonita?
Sua voz era tão agradável e tão deliciosa que Testrel não conseguiu conter um sorriso e segurou a mão da Feiticeira. As duas saíram para a noite escura, diante do olhar aterrorizado do bruxo. Era o olhar daqueles que se sentem injustiçados, mas que sabem-se fracos demais para reclamar para si.
O moinho estava silêncioso. Tão silencioso quanto o resto da vila, envolta na fria névoa do fim de março.
quinta-feira, julho 05, 2007
Penélope fala sobre Deus
Outro dia estava andando de trem, no último vagão, com aquela linda janela na parte de trás para ver a paisagem se afastando.
Na minha frente estava um pedaço de vidro, quadrangular e transparente. Não sei para que servia, mas estava entre o meu banco e a porta; devia ser para conter, ou separar.
Como era começo de tarde, os raios de sol iluminavam todo o interior do trem e fizeram do vidro uma superfície espelhada, onde se reuiniam visõs diferentes e sobrepostas.
Percebi que podia enxergar o que havia atrás de nós - árvores, pessoas, cidade passando pela janela - junto ao que podia ver dentro do trem - gente em pé ou sentada nos bancos brancos. Deste modo, um homem de paletó conversava no meio da rua, enquanto carros o atravessavam e uma mulher de roxo o apontava ao apontar uma porta. A tudo isso misturou-se a visão dos lugares para onde íamos, pela janela da frente do trem, vista através do curioso pedaço de vidro.
Pedestres cruzando a linha e bancos brancos embaralhados. A rua se dirigiam para a frente no mesmo lugar em que voltava. Pensei em Deus, que era ir e vir ao mesmo tempo, e que podia estar em diferentes lugares estando em um só. Em meu espelho se misturavam casas e prédios, construções incabadas sobrepostas a velhotes. Uma mulher estava dentro do trem e fora na rua. Percebi que além das três visões podia enxergar também a superfície riscada do meu vidro e meu próprio reflexo, a olhar entre carros e crianças.
Havia uma mulher - dentro e fora - que olhava para o lugar onde estava uma árvore, mas não a via, por mais que tivesse os olhos abertos e atentos. Porque a imagem da árvore só era visível pelo espelho, como se este fosse meu próprio Olho de Deus.
A mulher não via a árvore. Estava olhando para ela, mas não a via. É muito difícil conceber, em cada ponto do universo, todos os pontos do universo, sem a ajuda de um pedaço de vidro iluminado pelo sol.
Penso que todos os lugares que olhamos contém, invisíveis, casas, senhores, cachorros...
Na minha frente estava um pedaço de vidro, quadrangular e transparente. Não sei para que servia, mas estava entre o meu banco e a porta; devia ser para conter, ou separar.
Como era começo de tarde, os raios de sol iluminavam todo o interior do trem e fizeram do vidro uma superfície espelhada, onde se reuiniam visõs diferentes e sobrepostas.
Percebi que podia enxergar o que havia atrás de nós - árvores, pessoas, cidade passando pela janela - junto ao que podia ver dentro do trem - gente em pé ou sentada nos bancos brancos. Deste modo, um homem de paletó conversava no meio da rua, enquanto carros o atravessavam e uma mulher de roxo o apontava ao apontar uma porta. A tudo isso misturou-se a visão dos lugares para onde íamos, pela janela da frente do trem, vista através do curioso pedaço de vidro.
Pedestres cruzando a linha e bancos brancos embaralhados. A rua se dirigiam para a frente no mesmo lugar em que voltava. Pensei em Deus, que era ir e vir ao mesmo tempo, e que podia estar em diferentes lugares estando em um só. Em meu espelho se misturavam casas e prédios, construções incabadas sobrepostas a velhotes. Uma mulher estava dentro do trem e fora na rua. Percebi que além das três visões podia enxergar também a superfície riscada do meu vidro e meu próprio reflexo, a olhar entre carros e crianças.
Havia uma mulher - dentro e fora - que olhava para o lugar onde estava uma árvore, mas não a via, por mais que tivesse os olhos abertos e atentos. Porque a imagem da árvore só era visível pelo espelho, como se este fosse meu próprio Olho de Deus.
A mulher não via a árvore. Estava olhando para ela, mas não a via. É muito difícil conceber, em cada ponto do universo, todos os pontos do universo, sem a ajuda de um pedaço de vidro iluminado pelo sol.
Penso que todos os lugares que olhamos contém, invisíveis, casas, senhores, cachorros...
quarta-feira, julho 04, 2007
Profiles
I
Eu sou um pirata sonhador que quer escrever o Krystalian. E se eu fosse uma árvore eu seria uma Acácia. Meus superpoderes consistem em criar HQ insanas com personagens malucos e quase nunca terminá-las. Meu maior desejo: A Paz Mundial. Mas se alguém já tiver pedido isso eu queria uma namorada. Tenho 18 anos e estudo História para entender melhor o mundo e saber por que diabos os turcos invadiram Constantinopla. Defeitos: não sei cantar uma música com a palavra Ludmila e minhas piadas são ruins.
II
Eu sou um pirata interessado em descobrir segredos históricos e mundos novos além do mar. Estou mudando este profile porque a minha amiga Clara falou que sempre olha aqui pra ver se mudou. Como nunca muda ela fica meio com cara de idiota pelo trabalho todo de reler. Então, pra ela ficar feliz, eu escrevi tudo isso. . . Ah, e se eu fosse um animal eu seria um guaxinim.
III
Oi Claraaaa!!!! Eu sou o Charles e ontem eu descobri um segredo sensacional! Há um buraco debaixo da minha pia que leva até a China, direto ao palácio imperial, onde mora a princesa Xianping e o rei Shaoshao (acho que era um buraco temporal, já que eu fui parar no ano de 567 d.c., no meio da dinastia Han!!). Bom, agora eu tenho que ir, porque eu prometi à Xianping que ensinaria ela a subir em árvores e pular cercas com verdureiros loucos nos perseguindo. Só espero não encontrar nenhum dragão desta vez...
IV
Estou escrevendo qualquer coisa aqui... mas não importa!! Sabem por que?? Porque a Clara vai ler isso, não importa o que eu escreva!!! Clara boba... Clara louca... É isso o que o Charles é: uma coisa qualquer escrita, que a Clara vai ler. Nossa, nunca tive a minha vida definida em função de outra pessoa antes... É uma sensação legal. Claaaraaaa! (menção especial para uma certa Rainha do Gelo: Oiii Miiilaaaaa!!!!Yuhuuu!!! Olha eu aqui!)
V
Eu sou o Charles... Dã! Isso parece óbvio, até nos defrontarmos com um obstáculo epistemológico fundamental: Por que os esquilos gostam de nós? Por que é que esses simpáticos animaizinhos teimam em se aproximar de campistas, turistas, passantes e tantos outros? Será que vale a pena correr todo esse risco pela perspectiva esperançosa de receber alimentos? Durante anos os cientistas se indagaram acerca da amigável índole esquilar e cunharam um último veredito: A pergunta deveria ser outra, eles dizem, deveríamos nos voltar mais para o questionamento primevo: Ao invés de porque o esquilo gostar da gente, deveríamos estar nos concentrando no porque do nosso gostar pelo esquilo. É esse amor humano que cria a aproximação ingênua por parte do esquilo. Para outros, os cientistas menos respeitados, a razão é que os elefantes comeram todos os amendoins. Mas não se deixem enganar: eu sou o Charles. E não sou um esquilo.
VI
Eu sou o rei. Sim, acima da torre na montanha, naquele trono esquisito feito de ossos sou eu quem me sento. Até ontem eu era um "simples" cidadão, mas durante a noite - enquanto as pessoas comuns dormiam pesado - minha sociedade secreta, a Gothic Cathedrals, conseguiu terminar o seu trabalho que já durava anos. Matamos enfim as 100 pessoas que me separavam da linhagem direta do Reino Inglês. Sim, nada mais de Rainha Elizabeth, Príncipe Charles, Camilla Parker ou qualquer outro daqueles nojentinhos príncipes e condes que me atrapalhavam. Hoje são apenas caveiras em minha torre, um banquete para os corvos que voam e crocitam alegres a chegada de seu novo monarca. Agora o mundo inteiro ouvirá meu nome e tremerá nas bases com minhas ações. Nada mais será o mesmo, nada mais será como antes, nada mais, nunca mais!! Redam-se e curvem-se perante Charles Bosworth, o seu novo líder. E não se esqueçam: comentem em seu blog, ou senão... Huahuahuahuahua
VII
Hum... Quem sou eu? Acho difícil explicar, mas dá pra dar um exemplo: Outro dia o professor estava falando de Dom Quixote e disse que a cavalaria era uma coisa ridícula. E a primeira coisa que passou pela minha cabeça foi um protesto veemente do tipo "Nada disso!". Não sei exatamente o que isso quer dizer, mas acho que vocês podem extrair algum sentido disso.
VIII
Eu sou tudo. Sou o espírito do vento que corre pelo gramal, balançando o trigo. Sou o tocador de flauta, no centro da mata escura e verde. Sou o tigre caçador e o coelho dócil. Sou fraco e tolo, mas também já fui pirata e bibliotecário. Não uso máscaras, pois não preciso; tenho vários rostos - Talvez nenhum verdadeiro.
Sou a espuma do rio. Sou historiador e viajante. E um dia eu vou escrever o Krystalian, contando todas as histórias do mundo.
IX
Eu sou um esquilo do mau e te odeio. Cai fora enxerido!
X
Eu não sei bem quem sou. Ao menos não agora. Quer dizer, eu sei exatamente quem eu sou, mas tenho preguiça de explicar e uma leve suspeita de que ninguém me compreenderia se eu tentasse.
Só sei que me encontrei em um desenho, de repente. Você me achou no meio do mar e me trouxe de volta para a superfície com o nome daquele navio. Percebi que você também se lembra de Kebbur, apesar de ter trocado a letra O pela D (o O tem a reta do lado direito). Valeu, eu acho. Eu sou aquilo mesmo. E desisto um pouco de explicar.
XI
Quando eu crescer eu quero ser várias coisas. Aí tá a lista:
Pirata, historiador, escritor, desenhista, condor, detetive, herdeiro da vontade de Ohara, explorador, sonhador, livreiro, vento, maduro, alegre, sábio, cavaleiro errante e o Teobolt
XII
Sou uma pessoa cheia de defeitos... Perco sempre no jogo do dedão, tropeço sem parar e só faço piadas ruins. No entanto, todo mundo diz que eu sou legal e divertido... Acho que o mundo pirou! ~Pipirupiru Pirooou!!~ (viu só do que eu sou capaz??!)
XIII
Eu acredito nos sonhos das pessoas; os desejos vão nos libertar. Acredito no ser humano e na vida. Sou um pirata tolo que vai escrever o Krystalian.
XIV
O Charles voltou! O terror infindável de sua magnífica incapacidade de contar boas piadas está novamente entre nós! Protejam-se! Fujam para as montanhas! Arranjem um nome falso e só saiam de casa usando aquele óculos-com-grandes-sombrancelhas-e-nariz-engraçado para se disfarçarem!! Nada escapará! ra-ra-ra.... Tudo será consumido! ido-ido-ido... Ele está de volta...
XV
Eu eu eu... Chega de falar de mim! vamos falar de vocês. Agora eu vou definir vocês: São pessoas que não tinham nada pra fazer e por isso resolveram bisbilhotar no site do Charles, apesar de nunca terem tempo de lerem aqueles textos tãão grandes, e toda vez esperam que ele tenha publicado uma piadinha curta o suficiente para que os seus cérebrozinhos cansados de tanto... - sei lá o que tanto vocês fazem! - possam entender. Sim, essa é a verdade: vocês entram aqui só pra rirem das bobagens sem sentido e assim fugir da solidão que é o mundinho perdido e vazio da internet. Esses são vocês.
XVI
Eu estou mudando este perfil porque amo meus amigos e adoro quando eles lêem tudo por aqui e comentam. Assim eu não fico tão monolótico e a gente se diverte. Sim, tudo por causa deles.
XVII
Eu sou a sombra do Charles. Quando ele dorme eu vou me esconder por entre as árvores do parque. Sabe aquele parque?, com as grandes lâmpadas brancas espalhando sombras por todos os cantos. Gostamos, eu e minhas companheiras sombras, de passear à noite por ali, e eventualmente assustar algum pedestre desavisado. Mas sem nunca nos revelarmos: o medo vêm da sugestão apenas. Pois é isso que fazemos juntas: não fofocamos sobre nossos humanos (pois isso não é nem interessante nem divertido; Vocês não são tão importantes para o resto do mundo quanto pensam), À noite nós sugerimos. Sussurramos para a noite coisas que gostaríamos que fossem ou caminhos que poderiam ter sido. Espreitamos a existência em seu decorrer cansado. Nós sombras somos mais espertas do que os homens pensam, pois somos feitas de vento e de noite, com um pouco de ilusão e sonho.
XVIII
Eu sou uma pessoa que adora Novembro. Gosto desse mês porque ele é a intersecção de estações, é quente e frio e gostoso ao mesmo tempo. Sem falar que o Vento Sul começa a soprar mais forte durante essa época. Novembro é o momento de se usar a imaginação e de refletir, já que o mundo da realidade se mistura com os sonhos. Por fim, a melhor parte desse mês é que foi nele que nasceu a pessoa mais doce que eu conheço: ...eu mesmo!! Não, brincadeira. Eu estou falando de você Mali, é claro.
Feliz Novembro para todos.
XIX
Pois a lua brilha lá fora, e daqui se vê a força do mar contra as rochas. O diabo que espere! O inferno não é aqui. Vamos seguir em direção aos tiros da pistola e erguer novamente a bandeira: os loucos que ousarem sigam-me! Não há mais nenhum anjo ao lado de vocês, só a caveira negra que ri. Fujam! Fujam! Pois pela manhã seremos livres.
XX
Eu sou um cara alegre... Desculpe, não estou conseguindo pensar em mais nada.
XXI
Era uma vez uma fonte de água que jorrava na grama, e havia essa garota que corria descalça para sentir a água nó pé. Ela sorria como se tudo brilhasse com luz e felicidade, como se o mundo fosse só sentir o frio da água e a grama macia no pé. E quanto mais Myshba olhava para ela, mais ele pensava que sorrir nunca lhe cansava, e que ele podia ficar ali a vida inteira, só olhando a fonte jorrando e escutando as crianças rindo divertidas. O que isso tem a ver comigo? Nada, enganei vocês. Isso é só uma história, não um profile... Agora, de volta ao trabalho!
XXII
Era uma vez um desejo difícil de ser expresso, que sorria com o vento e a música do abismo. Ele havia sido capturado pelo Palácio Oceâncio, mas os antigos subestimaram a sua importância e ele foi esquecido. Até hoje ele urge e dança nos corações jovens, pronto a levá-los ao fim do mundo, ao mistério último. Como a canção de Rebena Te Ra ou a moça que corre pela grama alta e sob o céu que encerra o dia mas ainda não iniciou a noite. Ele era o desejo de mundo, criado talvez pela própria Pedra Vermelha, que reúne em si muitos sentimentos diferentes e vozes desconhecidas. O que já foi esquecido pode retornar em sua voz; o que nunca será encontrado aparece sob sua forma; o que nunca saberemos ri em seus lábios. Enquanto isso, um cão late na noite, uma garotinha dá as mãos à fada e um deus dança nas estrelas que caem. Tudo do mundo, ou a parede onde se reunirá o Krystalian pelas mãos dos homens.
Esse é o peso das vidas que não podemos viver.
XXIII
Quando uma moça se senta no alto da colina para observar o lago, desejando que fosse um mar azul, um corvo voa perto da árvore sem nome afugentando os coelhos alegres que brincavam ali perto. Os patos são os únicos, Penélope, a nos fazer companhia nesse lindo dia iluminado sob a acácia. Que estranho sentir os desejos à flor da pele, prontos para dançarem loucamente. No entanto, essa espera é a sepultura; esse mundo é a cor do vento; essa história é na verdade outra: uma que nunca foi contada e que nunca pôde existir.
XXIV
Eu sou uma vez, aquela núvem macia e redonda que se espreguiçou no céu laranja, aquela criança perdida que seguiu a fada no meio da floresta, o dia em que o vento balançou o gramal e um ratinho do campo assustado fugiu para a toca, a descoberta de uma palavra empoeirada no livro velho e a torre triste que se move pela paisagem sonolenta. Ainda tento encontrar a porta que me servirá para te dizer que não tenho segredos assim, só várias histórias que precisam esperar chegar o tempo de serem contadas.
XXV
-
XXVI
Tenho que contar uma coisa. Acho que é hora de revelar certos esqueletos no meu armário: eu tenho - por favor, escutem até o fim - um esqueleto em meu armário. É sério, literalmente. Ele se chama Mr. Bones e diz ser um cantor; toda vez que quero me vestir tenho que enfrentar suas longas conversas sobre os tempos em que era jovem, navios se enfrentando e maldições terríveis. Ah sim, quando vivo, Mr. Bones era um pirata. Ele insiste em me contar as mesmas histórias várias vezes, para afirmar sua "piratez", o que está começando a ser um pouco enfadonho. Daqui a pouco, quando eu tiver que voltar para lá para vestir mais um casaco, terei que ouvi-lo narrar pela décima terceira vez o seu embate com o crocodilo gigante do Nilo. É por isso que não deixamos queijo no armário: atrai esqueletos cantores.
XXVII
Já viram o navio mais bonito do mundo? Um dia, navegando pelos mares aos pés da muralha verde da Serra do Mar, nós ouvimos um som diferente no vento. Eram vozes, eram lamentos? Os marinheiros ficaram assustados, na expectativa de algo a surgir. O capitão segurou firme o timão e botou os olhos a nordeste. Eis que aparece, quase voando, quase cantando, um navio feito da madeira mais bonita e resistente que já havíamos visto, cortando as águas como se fosse uma anjo nas nuvens. Era chamado de Azul. Suas velas, todas abertas como asas, sorriam para o sol e refletiam as luminescências marinhas; como se todos os brilhos das estrelas tivessem se reuinido ao redor do casco e cantassem para o espírito do mar. Tão rápido como veio, Azul se foi e sumiu no fim do dia. Estávamos todos assustados e contentes: uma das maravilhas humanas acabara de se apresentar para nós, vindo do lugar onde mora o sol.
XXVIII
Eu sou aquela pessoa ali. Sim, atrás de você! Olhe rápido! Muito tarde, já sumi.....
XXIX
Eu vi Donfur, o Rei dos Dragões, dourado-vermelho-azul-escuro-e-verde, voar pela janela e quebrar a sacada de rubi do Palácio do Sol. Ele rugia de satisfação após sua prisão de quase 500 anos e abriu as asas gloriosas por sobre a construção divina. Foi o Último Dia, quando pensávamos poder vencer o mal sem nos perdermos a nós mesmos; foi também o dia em que voamos nas costas dos mais magnífico dragão de todos, seu rei multicolor e furiosamente letal. Estávamos tão contentes! Por favor, não se esqueçam desse dia e perdoem as nossas falhas: somos movidos pela nossa vida, e é ela quem nos guia até o fim. Por isso voamos ao lado do Dragão e gritamos pelos desejos que esse Palácio guarda.
XXX
Tirando-se certos livros de minha estante encontra-se um buraco. Ele está lá desde que nos mudamos; eu só coloquei livros na frente, para disfarçar.
Um dia tive que ver onde dava o tal buraco. Engatinhei pela terra e pela poeira. Foi ficando escuro, escuro. Percebi que o túnel terminava em uma portinha, pequena e delicada. Sem outra opção, abri a portinha e me vi no meio de uma salinha de jantar, com pequenos guaxinins sentados à mesa, comendo sopa. Olhamos uns para os outros, sem saber o que dizer. A mãe guaxinim foi mais rápida e me convidou para entrar. Sentei-me em uma das cadeirinhas e agradeci a hospitalidade. Os guaxinins começaram a me fazer perguntas querendo saber tudo sobre humanos; ia respondendo como podia, achando tudo muito estranho. Logo estávamos todos rindo e contando piadas. Quem diria que dentro do buraco morava uma família de guaxinins? Até hoje vou visitá-los às vezes, e sempre que posso levo alguns vegetais e peixes. Eles adoram histórias engraçadas sobre humanos, por isso sempre que vou lá conto sobre vocês. Os guaxinins morrem de rir com nossas piadas. Tem até um guaxinim chamado Will que é seu fã, Clara. Vive me perguntando o que você fez dessa vez.
XXXI
O som do qual eu mais gosto é o de uma risada no meio de uma ventania noturna, em que se escutam folhas voando e roupas dançando sozinhas. E no meio você, rindo do medo e da lua, junto aos pássaros adormecidos e aos animais da floresta.
XXXII
Eu nunca fui à Esperança
XXXIII
Entrei no Café e sentei-me à mesa. Lá estava eu: de um lado o Pintor, esboçando algum sentimento no rosto humano; do outro o Filósofo, articulando sua fala ao mundo e buscando o projeto do Universo; mais à frente o Poeta, mais desconhecido, mais misterioso, e por infelicidade, a mais adormecida; uma mulher sedutora sentada no sofá baixo aspirava a fumaça; um grupo discutia animado. Este era o Café de Migorãn, capital do Reino de ... . Cores vibrantes em cada parte, panelas, cobres, jogos de chá e espelhos pendiam das paredes. Havia som, havia música e movimento no ar. No meio de tudo, encontrei-me por um segundo; foi uma ilusão perigosa, desapareceu qual fantasma. Ainda hoje procuro-me nas ruínas tristes e abandonadas. Há algo como saudades do que nunca existiu?
XXXIV
Seus olhos se fecharam. Havia visto tudo o que havia para ver.
XXXV
Um dia eu vou morar em um navio. Então aprenderei a navegar com o mar e aprenderei o mundo com as mãos e os pés. Haverá uma bandeira no topo do mastro, e em seu pano negro uma caveira, que é a força capaz de realizar os sonhos. Bons ventos me carregarão. E a todos que quiserem fazer parte deste bando.
XXXVI
Soprou o vento leste. Voaram as folhas de papel com instruções, tabuletas e desenhos que explicavam fielmente a estrutura do mundo e seus arquétipos, agora todas folhas inúteis. O símbolo da Estrela estava em todo lugar pela pequena biblioteca: sobre a porta, pendurado à janela e na capa do grande livro manuscrito que descansava sobre a mesa. O homem cansado sorriu diante do vento bricalhão que espalhava tudo e tirava o cheiro do pó dos livros. Por fim, tudo acabava ali.
Vejamos agora como tudo começou:
XXXVII
Meu lugar é o lugar do vento. Vejam se não é loucura: quero plantar árvores em meu navio e assim fazer uma floresta navegar. As raízes se alimentariam da água do mar e as copas da luz do sol, e poderíamos navegar sem sair de perto das folhas onde, como todo mundo sabe, mora o vento.
XXXVIII
Escutem!
As vozes de mundos esquecidos começam a falar...
XXXIX
Eu não conheço Sikri. Nunca atravessei suas gigantescas muralhas onde - assim se conta - estão enterrados os corpos dos inimigos do imperador misturados ao cimento. Também não fui ao Palácio da Água banhar-me nas piscinas onde se misturam os maiores perfumes, capazes de amolecer o corpo e retirar de um homem toda sua força. Mas fui aos seus bosques e conheci as árvores de Pagore, as maiores do mundo. E lá, onde Buda se sentou debaixo da figueira, conheci Tempestade, um senhor muito velho de barba muito branca que chamava água do céu. A dança que ele me ensinou naquele dia, a Dança do Trovão e da Fúria, seria a chave para minha entrada nas terras altas do céu. E de lá do céu eu conheceria todas as terras do mundo, inclusive Sikri,com seus Palácios e muralhas, para onde nunca fui.
XL
And the light of a fading star...
XLI
Não estou mais aqui.
XLII
Eu quero ser eu.
Eu sou um pirata sonhador que quer escrever o Krystalian. E se eu fosse uma árvore eu seria uma Acácia. Meus superpoderes consistem em criar HQ insanas com personagens malucos e quase nunca terminá-las. Meu maior desejo: A Paz Mundial. Mas se alguém já tiver pedido isso eu queria uma namorada. Tenho 18 anos e estudo História para entender melhor o mundo e saber por que diabos os turcos invadiram Constantinopla. Defeitos: não sei cantar uma música com a palavra Ludmila e minhas piadas são ruins.
II
Eu sou um pirata interessado em descobrir segredos históricos e mundos novos além do mar. Estou mudando este profile porque a minha amiga Clara falou que sempre olha aqui pra ver se mudou. Como nunca muda ela fica meio com cara de idiota pelo trabalho todo de reler. Então, pra ela ficar feliz, eu escrevi tudo isso. . . Ah, e se eu fosse um animal eu seria um guaxinim.
III
Oi Claraaaa!!!! Eu sou o Charles e ontem eu descobri um segredo sensacional! Há um buraco debaixo da minha pia que leva até a China, direto ao palácio imperial, onde mora a princesa Xianping e o rei Shaoshao (acho que era um buraco temporal, já que eu fui parar no ano de 567 d.c., no meio da dinastia Han!!). Bom, agora eu tenho que ir, porque eu prometi à Xianping que ensinaria ela a subir em árvores e pular cercas com verdureiros loucos nos perseguindo. Só espero não encontrar nenhum dragão desta vez...
IV
Estou escrevendo qualquer coisa aqui... mas não importa!! Sabem por que?? Porque a Clara vai ler isso, não importa o que eu escreva!!! Clara boba... Clara louca... É isso o que o Charles é: uma coisa qualquer escrita, que a Clara vai ler. Nossa, nunca tive a minha vida definida em função de outra pessoa antes... É uma sensação legal. Claaaraaaa! (menção especial para uma certa Rainha do Gelo: Oiii Miiilaaaaa!!!!Yuhuuu!!! Olha eu aqui!)
V
Eu sou o Charles... Dã! Isso parece óbvio, até nos defrontarmos com um obstáculo epistemológico fundamental: Por que os esquilos gostam de nós? Por que é que esses simpáticos animaizinhos teimam em se aproximar de campistas, turistas, passantes e tantos outros? Será que vale a pena correr todo esse risco pela perspectiva esperançosa de receber alimentos? Durante anos os cientistas se indagaram acerca da amigável índole esquilar e cunharam um último veredito: A pergunta deveria ser outra, eles dizem, deveríamos nos voltar mais para o questionamento primevo: Ao invés de porque o esquilo gostar da gente, deveríamos estar nos concentrando no porque do nosso gostar pelo esquilo. É esse amor humano que cria a aproximação ingênua por parte do esquilo. Para outros, os cientistas menos respeitados, a razão é que os elefantes comeram todos os amendoins. Mas não se deixem enganar: eu sou o Charles. E não sou um esquilo.
VI
Eu sou o rei. Sim, acima da torre na montanha, naquele trono esquisito feito de ossos sou eu quem me sento. Até ontem eu era um "simples" cidadão, mas durante a noite - enquanto as pessoas comuns dormiam pesado - minha sociedade secreta, a Gothic Cathedrals, conseguiu terminar o seu trabalho que já durava anos. Matamos enfim as 100 pessoas que me separavam da linhagem direta do Reino Inglês. Sim, nada mais de Rainha Elizabeth, Príncipe Charles, Camilla Parker ou qualquer outro daqueles nojentinhos príncipes e condes que me atrapalhavam. Hoje são apenas caveiras em minha torre, um banquete para os corvos que voam e crocitam alegres a chegada de seu novo monarca. Agora o mundo inteiro ouvirá meu nome e tremerá nas bases com minhas ações. Nada mais será o mesmo, nada mais será como antes, nada mais, nunca mais!! Redam-se e curvem-se perante Charles Bosworth, o seu novo líder. E não se esqueçam: comentem em seu blog, ou senão... Huahuahuahuahua
VII
Hum... Quem sou eu? Acho difícil explicar, mas dá pra dar um exemplo: Outro dia o professor estava falando de Dom Quixote e disse que a cavalaria era uma coisa ridícula. E a primeira coisa que passou pela minha cabeça foi um protesto veemente do tipo "Nada disso!". Não sei exatamente o que isso quer dizer, mas acho que vocês podem extrair algum sentido disso.
VIII
Eu sou tudo. Sou o espírito do vento que corre pelo gramal, balançando o trigo. Sou o tocador de flauta, no centro da mata escura e verde. Sou o tigre caçador e o coelho dócil. Sou fraco e tolo, mas também já fui pirata e bibliotecário. Não uso máscaras, pois não preciso; tenho vários rostos - Talvez nenhum verdadeiro.
Sou a espuma do rio. Sou historiador e viajante. E um dia eu vou escrever o Krystalian, contando todas as histórias do mundo.
IX
Eu sou um esquilo do mau e te odeio. Cai fora enxerido!
X
Eu não sei bem quem sou. Ao menos não agora. Quer dizer, eu sei exatamente quem eu sou, mas tenho preguiça de explicar e uma leve suspeita de que ninguém me compreenderia se eu tentasse.
Só sei que me encontrei em um desenho, de repente. Você me achou no meio do mar e me trouxe de volta para a superfície com o nome daquele navio. Percebi que você também se lembra de Kebbur, apesar de ter trocado a letra O pela D (o O tem a reta do lado direito). Valeu, eu acho. Eu sou aquilo mesmo. E desisto um pouco de explicar.
XI
Quando eu crescer eu quero ser várias coisas. Aí tá a lista:
Pirata, historiador, escritor, desenhista, condor, detetive, herdeiro da vontade de Ohara, explorador, sonhador, livreiro, vento, maduro, alegre, sábio, cavaleiro errante e o Teobolt
XII
Sou uma pessoa cheia de defeitos... Perco sempre no jogo do dedão, tropeço sem parar e só faço piadas ruins. No entanto, todo mundo diz que eu sou legal e divertido... Acho que o mundo pirou! ~Pipirupiru Pirooou!!~ (viu só do que eu sou capaz??!)
XIII
Eu acredito nos sonhos das pessoas; os desejos vão nos libertar. Acredito no ser humano e na vida. Sou um pirata tolo que vai escrever o Krystalian.
XIV
O Charles voltou! O terror infindável de sua magnífica incapacidade de contar boas piadas está novamente entre nós! Protejam-se! Fujam para as montanhas! Arranjem um nome falso e só saiam de casa usando aquele óculos-com-grandes-sombrancelhas-e-nariz-engraçado para se disfarçarem!! Nada escapará! ra-ra-ra.... Tudo será consumido! ido-ido-ido... Ele está de volta...
XV
Eu eu eu... Chega de falar de mim! vamos falar de vocês. Agora eu vou definir vocês: São pessoas que não tinham nada pra fazer e por isso resolveram bisbilhotar no site do Charles, apesar de nunca terem tempo de lerem aqueles textos tãão grandes, e toda vez esperam que ele tenha publicado uma piadinha curta o suficiente para que os seus cérebrozinhos cansados de tanto... - sei lá o que tanto vocês fazem! - possam entender. Sim, essa é a verdade: vocês entram aqui só pra rirem das bobagens sem sentido e assim fugir da solidão que é o mundinho perdido e vazio da internet. Esses são vocês.
XVI
Eu estou mudando este perfil porque amo meus amigos e adoro quando eles lêem tudo por aqui e comentam. Assim eu não fico tão monolótico e a gente se diverte. Sim, tudo por causa deles.
XVII
Eu sou a sombra do Charles. Quando ele dorme eu vou me esconder por entre as árvores do parque. Sabe aquele parque?, com as grandes lâmpadas brancas espalhando sombras por todos os cantos. Gostamos, eu e minhas companheiras sombras, de passear à noite por ali, e eventualmente assustar algum pedestre desavisado. Mas sem nunca nos revelarmos: o medo vêm da sugestão apenas. Pois é isso que fazemos juntas: não fofocamos sobre nossos humanos (pois isso não é nem interessante nem divertido; Vocês não são tão importantes para o resto do mundo quanto pensam), À noite nós sugerimos. Sussurramos para a noite coisas que gostaríamos que fossem ou caminhos que poderiam ter sido. Espreitamos a existência em seu decorrer cansado. Nós sombras somos mais espertas do que os homens pensam, pois somos feitas de vento e de noite, com um pouco de ilusão e sonho.
XVIII
Eu sou uma pessoa que adora Novembro. Gosto desse mês porque ele é a intersecção de estações, é quente e frio e gostoso ao mesmo tempo. Sem falar que o Vento Sul começa a soprar mais forte durante essa época. Novembro é o momento de se usar a imaginação e de refletir, já que o mundo da realidade se mistura com os sonhos. Por fim, a melhor parte desse mês é que foi nele que nasceu a pessoa mais doce que eu conheço: ...eu mesmo!! Não, brincadeira. Eu estou falando de você Mali, é claro.
Feliz Novembro para todos.
XIX
Pois a lua brilha lá fora, e daqui se vê a força do mar contra as rochas. O diabo que espere! O inferno não é aqui. Vamos seguir em direção aos tiros da pistola e erguer novamente a bandeira: os loucos que ousarem sigam-me! Não há mais nenhum anjo ao lado de vocês, só a caveira negra que ri. Fujam! Fujam! Pois pela manhã seremos livres.
XX
Eu sou um cara alegre... Desculpe, não estou conseguindo pensar em mais nada.
XXI
Era uma vez uma fonte de água que jorrava na grama, e havia essa garota que corria descalça para sentir a água nó pé. Ela sorria como se tudo brilhasse com luz e felicidade, como se o mundo fosse só sentir o frio da água e a grama macia no pé. E quanto mais Myshba olhava para ela, mais ele pensava que sorrir nunca lhe cansava, e que ele podia ficar ali a vida inteira, só olhando a fonte jorrando e escutando as crianças rindo divertidas. O que isso tem a ver comigo? Nada, enganei vocês. Isso é só uma história, não um profile... Agora, de volta ao trabalho!
XXII
Era uma vez um desejo difícil de ser expresso, que sorria com o vento e a música do abismo. Ele havia sido capturado pelo Palácio Oceâncio, mas os antigos subestimaram a sua importância e ele foi esquecido. Até hoje ele urge e dança nos corações jovens, pronto a levá-los ao fim do mundo, ao mistério último. Como a canção de Rebena Te Ra ou a moça que corre pela grama alta e sob o céu que encerra o dia mas ainda não iniciou a noite. Ele era o desejo de mundo, criado talvez pela própria Pedra Vermelha, que reúne em si muitos sentimentos diferentes e vozes desconhecidas. O que já foi esquecido pode retornar em sua voz; o que nunca será encontrado aparece sob sua forma; o que nunca saberemos ri em seus lábios. Enquanto isso, um cão late na noite, uma garotinha dá as mãos à fada e um deus dança nas estrelas que caem. Tudo do mundo, ou a parede onde se reunirá o Krystalian pelas mãos dos homens.
Esse é o peso das vidas que não podemos viver.
XXIII
Quando uma moça se senta no alto da colina para observar o lago, desejando que fosse um mar azul, um corvo voa perto da árvore sem nome afugentando os coelhos alegres que brincavam ali perto. Os patos são os únicos, Penélope, a nos fazer companhia nesse lindo dia iluminado sob a acácia. Que estranho sentir os desejos à flor da pele, prontos para dançarem loucamente. No entanto, essa espera é a sepultura; esse mundo é a cor do vento; essa história é na verdade outra: uma que nunca foi contada e que nunca pôde existir.
XXIV
Eu sou uma vez, aquela núvem macia e redonda que se espreguiçou no céu laranja, aquela criança perdida que seguiu a fada no meio da floresta, o dia em que o vento balançou o gramal e um ratinho do campo assustado fugiu para a toca, a descoberta de uma palavra empoeirada no livro velho e a torre triste que se move pela paisagem sonolenta. Ainda tento encontrar a porta que me servirá para te dizer que não tenho segredos assim, só várias histórias que precisam esperar chegar o tempo de serem contadas.
XXV
-
XXVI
Tenho que contar uma coisa. Acho que é hora de revelar certos esqueletos no meu armário: eu tenho - por favor, escutem até o fim - um esqueleto em meu armário. É sério, literalmente. Ele se chama Mr. Bones e diz ser um cantor; toda vez que quero me vestir tenho que enfrentar suas longas conversas sobre os tempos em que era jovem, navios se enfrentando e maldições terríveis. Ah sim, quando vivo, Mr. Bones era um pirata. Ele insiste em me contar as mesmas histórias várias vezes, para afirmar sua "piratez", o que está começando a ser um pouco enfadonho. Daqui a pouco, quando eu tiver que voltar para lá para vestir mais um casaco, terei que ouvi-lo narrar pela décima terceira vez o seu embate com o crocodilo gigante do Nilo. É por isso que não deixamos queijo no armário: atrai esqueletos cantores.
XXVII
Já viram o navio mais bonito do mundo? Um dia, navegando pelos mares aos pés da muralha verde da Serra do Mar, nós ouvimos um som diferente no vento. Eram vozes, eram lamentos? Os marinheiros ficaram assustados, na expectativa de algo a surgir. O capitão segurou firme o timão e botou os olhos a nordeste. Eis que aparece, quase voando, quase cantando, um navio feito da madeira mais bonita e resistente que já havíamos visto, cortando as águas como se fosse uma anjo nas nuvens. Era chamado de Azul. Suas velas, todas abertas como asas, sorriam para o sol e refletiam as luminescências marinhas; como se todos os brilhos das estrelas tivessem se reuinido ao redor do casco e cantassem para o espírito do mar. Tão rápido como veio, Azul se foi e sumiu no fim do dia. Estávamos todos assustados e contentes: uma das maravilhas humanas acabara de se apresentar para nós, vindo do lugar onde mora o sol.
XXVIII
Eu sou aquela pessoa ali. Sim, atrás de você! Olhe rápido! Muito tarde, já sumi.....
XXIX
Eu vi Donfur, o Rei dos Dragões, dourado-vermelho-azul-escuro-e-verde, voar pela janela e quebrar a sacada de rubi do Palácio do Sol. Ele rugia de satisfação após sua prisão de quase 500 anos e abriu as asas gloriosas por sobre a construção divina. Foi o Último Dia, quando pensávamos poder vencer o mal sem nos perdermos a nós mesmos; foi também o dia em que voamos nas costas dos mais magnífico dragão de todos, seu rei multicolor e furiosamente letal. Estávamos tão contentes! Por favor, não se esqueçam desse dia e perdoem as nossas falhas: somos movidos pela nossa vida, e é ela quem nos guia até o fim. Por isso voamos ao lado do Dragão e gritamos pelos desejos que esse Palácio guarda.
XXX
Tirando-se certos livros de minha estante encontra-se um buraco. Ele está lá desde que nos mudamos; eu só coloquei livros na frente, para disfarçar.
Um dia tive que ver onde dava o tal buraco. Engatinhei pela terra e pela poeira. Foi ficando escuro, escuro. Percebi que o túnel terminava em uma portinha, pequena e delicada. Sem outra opção, abri a portinha e me vi no meio de uma salinha de jantar, com pequenos guaxinins sentados à mesa, comendo sopa. Olhamos uns para os outros, sem saber o que dizer. A mãe guaxinim foi mais rápida e me convidou para entrar. Sentei-me em uma das cadeirinhas e agradeci a hospitalidade. Os guaxinins começaram a me fazer perguntas querendo saber tudo sobre humanos; ia respondendo como podia, achando tudo muito estranho. Logo estávamos todos rindo e contando piadas. Quem diria que dentro do buraco morava uma família de guaxinins? Até hoje vou visitá-los às vezes, e sempre que posso levo alguns vegetais e peixes. Eles adoram histórias engraçadas sobre humanos, por isso sempre que vou lá conto sobre vocês. Os guaxinins morrem de rir com nossas piadas. Tem até um guaxinim chamado Will que é seu fã, Clara. Vive me perguntando o que você fez dessa vez.
XXXI
O som do qual eu mais gosto é o de uma risada no meio de uma ventania noturna, em que se escutam folhas voando e roupas dançando sozinhas. E no meio você, rindo do medo e da lua, junto aos pássaros adormecidos e aos animais da floresta.
XXXII
Eu nunca fui à Esperança
XXXIII
Entrei no Café e sentei-me à mesa. Lá estava eu: de um lado o Pintor, esboçando algum sentimento no rosto humano; do outro o Filósofo, articulando sua fala ao mundo e buscando o projeto do Universo; mais à frente o Poeta, mais desconhecido, mais misterioso, e por infelicidade, a mais adormecida; uma mulher sedutora sentada no sofá baixo aspirava a fumaça; um grupo discutia animado. Este era o Café de Migorãn, capital do Reino de ... . Cores vibrantes em cada parte, panelas, cobres, jogos de chá e espelhos pendiam das paredes. Havia som, havia música e movimento no ar. No meio de tudo, encontrei-me por um segundo; foi uma ilusão perigosa, desapareceu qual fantasma. Ainda hoje procuro-me nas ruínas tristes e abandonadas. Há algo como saudades do que nunca existiu?
XXXIV
Seus olhos se fecharam. Havia visto tudo o que havia para ver.
XXXV
Um dia eu vou morar em um navio. Então aprenderei a navegar com o mar e aprenderei o mundo com as mãos e os pés. Haverá uma bandeira no topo do mastro, e em seu pano negro uma caveira, que é a força capaz de realizar os sonhos. Bons ventos me carregarão. E a todos que quiserem fazer parte deste bando.
XXXVI
Soprou o vento leste. Voaram as folhas de papel com instruções, tabuletas e desenhos que explicavam fielmente a estrutura do mundo e seus arquétipos, agora todas folhas inúteis. O símbolo da Estrela estava em todo lugar pela pequena biblioteca: sobre a porta, pendurado à janela e na capa do grande livro manuscrito que descansava sobre a mesa. O homem cansado sorriu diante do vento bricalhão que espalhava tudo e tirava o cheiro do pó dos livros. Por fim, tudo acabava ali.
Vejamos agora como tudo começou:
XXXVII
Meu lugar é o lugar do vento. Vejam se não é loucura: quero plantar árvores em meu navio e assim fazer uma floresta navegar. As raízes se alimentariam da água do mar e as copas da luz do sol, e poderíamos navegar sem sair de perto das folhas onde, como todo mundo sabe, mora o vento.
XXXVIII
Escutem!
As vozes de mundos esquecidos começam a falar...
XXXIX
Eu não conheço Sikri. Nunca atravessei suas gigantescas muralhas onde - assim se conta - estão enterrados os corpos dos inimigos do imperador misturados ao cimento. Também não fui ao Palácio da Água banhar-me nas piscinas onde se misturam os maiores perfumes, capazes de amolecer o corpo e retirar de um homem toda sua força. Mas fui aos seus bosques e conheci as árvores de Pagore, as maiores do mundo. E lá, onde Buda se sentou debaixo da figueira, conheci Tempestade, um senhor muito velho de barba muito branca que chamava água do céu. A dança que ele me ensinou naquele dia, a Dança do Trovão e da Fúria, seria a chave para minha entrada nas terras altas do céu. E de lá do céu eu conheceria todas as terras do mundo, inclusive Sikri,com seus Palácios e muralhas, para onde nunca fui.
XL
And the light of a fading star...
XLI
Não estou mais aqui.
XLII
Eu quero ser eu.
Para aqueles que achavam que Quetzalcoatl era um nome difícil.

Eu costumava ter problemas para falar Quetzalcoatl. Todas essas vogais juntas e a estranha letra "tl" que os mesoamericanos adoram usar (quase parece que não existe palavra em náhuatl sem ela).
Mas aí eu descobri: falar Quetzacoatl é fácil.
Não é nada comparado a Xiuhamatl (os anais mexicas), Teoamoxtli (as cosmogonias mesoamericanas), Altepetl ("cidades-estado") ou ainda Ixtlilxochitl (sobrenome de um cronista nativo).
Parecem complicados esses nomes, não? Quase um trava-línguas. Me pergunto se os povos que falavam náhuatl não tinham problemas; talvez eles achassem extremamente difícil dizer Fernando ou Espanha.
Agora, os nomes que eu acabei de citar são complicados em uma primeira visão. Aposto que muitos de vocês, depois de um treino rápido, conseguem falar facilmente Altepetl ou Teoamoxtli.
Mas não termina aí.
Desesperador era ouvir falar de um escritor mesoamericano chamado (veja só, ele queria complicar de propósito): Chimalpahincuahtlehanitzin.
Eu pessoalmente fico com Quetzalcoatl. Já estou até me acostumando com o "tl".
terça-feira, julho 03, 2007
Usando os Poderes
Mizudinie moveu os braços para frente e para trás mas não conseguiu controlar a água na parede.
- Não consigo. Só posso empurrar se a água for líquida, não tenho nenhum controle sobre o gelo.
- Então eu posso te ajudar - disse Foxy, afastando-a com as mãos. Uniu-as e assoprou calor no quadrado de giz marcado na parede.
- Mais uma vez - pediu Mizuidnie, sentindo o líquido escorrer.
Foxy empurrou uma segunda onda de calor contra a parede que amoleceu e sucumbiu. Mizuidnie moveu as mãos para fora, para empurrar aquele pedaço da parede para o outro lado. Estavam no Relógio, onde todas as pareder e superfícies eram feitas de gelo, muito sólido e seguro. Se agora derretiam uma parte do Relógio, era para impedir os homens lá embaixo de o queimarem inteiro, ao colocarem fogo nos muitos feixes de madeira arrancados da floresta de inverno, que estavam sendo enfileirados ao redor da estrutura.
Mizudinie sentiu a água líquida por dentro do gelo. Empurrou e puxou, empurrou e puxou e quebrou a barreira que separava os elementos.
O quadrado da parede se liquefez e caiu. Os quatro se inclinaram na nova janela e viram a água chover sobre a fogueira e apagá-la.
- Deu certo, - comemorou Haccu - Acho que vamos conseguir apagar o fogo!
- Faltam os outros lados - avisou Myshba - Temos que correr se quisermos chegar.
nota: ainda vou terminar. Deixa eu ter saco de escrever.
voz na sombra
A parede inteira se desolidificou e choveu por sobre os tocos de madeira incendiados abaixo, apagando as fogueiras.
- Não consigo. Só posso empurrar se a água for líquida, não tenho nenhum controle sobre o gelo.
- Então eu posso te ajudar - disse Foxy, afastando-a com as mãos. Uniu-as e assoprou calor no quadrado de giz marcado na parede.
- Mais uma vez - pediu Mizuidnie, sentindo o líquido escorrer.
Foxy empurrou uma segunda onda de calor contra a parede que amoleceu e sucumbiu. Mizuidnie moveu as mãos para fora, para empurrar aquele pedaço da parede para o outro lado. Estavam no Relógio, onde todas as pareder e superfícies eram feitas de gelo, muito sólido e seguro. Se agora derretiam uma parte do Relógio, era para impedir os homens lá embaixo de o queimarem inteiro, ao colocarem fogo nos muitos feixes de madeira arrancados da floresta de inverno, que estavam sendo enfileirados ao redor da estrutura.
Mizudinie sentiu a água líquida por dentro do gelo. Empurrou e puxou, empurrou e puxou e quebrou a barreira que separava os elementos.
O quadrado da parede se liquefez e caiu. Os quatro se inclinaram na nova janela e viram a água chover sobre a fogueira e apagá-la.
- Deu certo, - comemorou Haccu - Acho que vamos conseguir apagar o fogo!
- Faltam os outros lados - avisou Myshba - Temos que correr se quisermos chegar.
nota: ainda vou terminar. Deixa eu ter saco de escrever.
voz na sombra
A parede inteira se desolidificou e choveu por sobre os tocos de madeira incendiados abaixo, apagando as fogueiras.
sábado, junho 30, 2007
Olhai a água e guardai as lástimas. Porque o fim se aproxima.

Giovanni tirou mais um balde de água do pequeno barco, e sentiu que o afundar era inevitável. Não importava quanto tentasse, nunca esvaziaria o barquinho - não quando um oceano inteiro forçava sua entrada e molhava seus pés.
O gato ao seu lado miou preocupado. Era o mesmo gato que estivera acompanhando o jovem herói antes, mas depois do naufrágio todos se perderam e se separaram - além do mais, Giovanni não era um dos acreditavam que animais falavam, por isso o gato apenas miou preocupado, sem adicionar mais nenhum comentário em fala humana.
O balde ia e vinha com rapidez. Estava exausto, mas continuava a jogar água para fora. O oceano a sua volta preenchia o mundo.
Na noite do sétimo dia chegaram a uma pequena ilha. O gato sumiu entre os coqueiros logo que o barquinho atolou na areia da praia. O mar estava iluminado por uma luz assombrada, de lua quase cheia. Giovanni quis cair exausto ali mesmo, mas puxou o barco para a praia e se forçou a um trabalho extra de pegar frutas nas árvores. A maçã tinha um gosto ácido demais, inculto. Caiu na areia mesmo, e dormiu por um dia inteiro.
Passou a semana seguinte na ilha, esperando ser resgatado, e descobriu muitas coisas interessantes, que o ajudariam em sua busca.
Algumas semanas depois, quando Giovanni estava na Piazza della Veritá em Roma, ouviu sair da boca de pedra a voz que ouvira na ilha. Foi assim: estava inclinado para beber a água clara que saía da fonte no lado norte da praça quando a boca - de onde jorrava o líquido puro - falou com uma voz serena e grave, pedindo que Giovanni continuasse sua busca.
Enquanto estivera na ilha, escutou uma noite essa mesma voz chamá-lo tirando-o de seu sono. A voz cantava, serena e grave, pedindo que fosse até a nascente do pequeno rio. Giovanni andou pela floresta escura, em uma noite quase assombrada de lua cheia, pisando em galhos e folhas caídas (perdera seus sapatos no naufrágio) e chegou até a água fresca que saía de uma rocha.
A voz disse:
- Procure a estrela do norte. Ela está lá.
Giovanni quase caiu de joelhos. Ergueu as mãos e agradeceu o céu pelo milagre. Esteve procurando por tanto tempo que mal podia acreditar que ela, que Jasmine! estava... Seria possível? Muito obrigado meu Deus! Na estrela do norte, não foi isso que ouvi? Um milagre!... Mas, e se tudo não passou de uma ilusão? Estou nessa ilha há tanto tempo, vivo com fome e cansado. Seria...? Não, não posso pensar assim. Jasmine me espera, eu prometi. Obrigado ó céu pelo milagre.
A resposta foi a silêncio da noite, acompanhado de um miado tímido do gato que estivera sumido.
E, depois, de volta ä Roma, Giovanni ouvira de novo, saindo da boca da fonte da Verdade.
- Procure a estrela do norte. Ela está lá.
Para Deus tudo era possível, todo lugar um só.
A bem da verdade, depois de resgatado da ilha Giovanni tentou não pensar no assunto. Podia-se dizer que desistira. Afinal, como faria para chegar tão longe quanto a estrela do norte?
Ficou deitado no meio da praça. A voz voltara a avisá-lo e ele tentava não dar ouvidos. Onde ficara seu amor por Jasmine?
Lamentou. Lamentou profundamente a água que jorrava da fonte, a água que descia da nascente do rio.
Tudo girou ao seu redor, sem demonstrar nenhum interesse. Giovanni chorou pelo seu destino e lastimou a escolha, o naufrágio e o retorno.
Para quem não deseja, o destino se mostra ingrato.
Muitas Lástimas para sofrer

- Se você quiser terminar as sete provas ainda tem muito o que sofrer. Você tem certeza de que é isso que quer? Já te disse, é muito difícil. Só cinco heróis conseguiram.
- Eu quero - resmungou o jovem herói, com o cabelo raspado e um braço enfaixado - Eu quero com certeza.
- A próxima prova é matar alguém. Você quer saber como funciona?
- Não.
- Ela funciona do seguinte modo: você deve matar a pessoa que mandamos você matar. Ela está em algum lugar e é sua missão encontrá-la e dar-lhe um fim.
- Achei que matar fosse errado - perguntou o papagaio, virando a cabeça.
- Nãp se preocupe. Nós só pediremos que ele mate uma pessoa má. - explicou o Gerente de Provas.
O cão latiu, porque consentia; o papagaio continuou em dúvida e o gato pequeno se enrolou em um canto, silencioso, porque não gostara nada da idéia.
- Então me diga logo quem é - pediu o jovem herói, muito impaciento. O cachorro também já queria pular no pescoço de outro homem e ofegava agitado.
- Atenção, que só vou dizer uma vez.
O herói gesticulou para que o Gerente de Provas continuasse.
- Ela se chama Fá Sol, e ensina músicas.
O cachorro desanimou. "Uma mulher!, Não haviam dito nada disso nas instruções. Acho melhor..."
- Não. Eu vou fazer. - confirmou o jovem herói.
O gato disse: "Com certeza não vamos fazê-lo. Nada disso."
Mas o cachorro pensou melhor e latiu: "O gerente disse que ela seria má, então não tem nada de errado."
O papagaio inclunou a cabeça, mas não disse nada. Ele tinha muito medo de heróis.
- Nós vamos - repetiu o herói, para se dar coragem.
O Gerente de Provas concordou com a cabeça e anotou em seu caderno, com uma letra cuidadosa: Fá Sol, - jovem herói.
O herói saiu da sala junto de seus animais acompanhantes e foi procurar a mulher. Enquanto isso, o Gerente suspirava:
- Muitas lástimas para sofrer ainda... Ah sim, muitas lástimas.
quarta-feira, junho 27, 2007
Uma carta antiga e sem data que encontrei por acaso nos arquivos do computador.
Oi.
Não sabia para quem escrever. Digo, sabia que tinha que escrever, mas não sei para quem. Claro, aí pensei em você, que gosta de me escutar (ou sabe fingir isso muito bem).
No fundo, nessa pressa de querer escrever eu percebo que não sei do que falar. Coisas bonitas eu penso, como uma garota segurando uma flor. E colinas. É a chuva que calma cai no mato. Mas nada disso tem a ver com você. Isso é o problema de se prender a um ouvinte. Tem certas coisas que não se pode dizer para todos. Ou que não fazem sentido. Seria como conversar de ações e mercado com a Clara: Não tem nada a ver. (pronto, já me decidi que Você não será a Clara, sem querer e por impulso. Sim, eu não sei quem é Você. Estou te construindo na minha cabeça aos poucos. Vamos ver se eu acerto?)
Você me limita. Me corta assuntos apenas sendo mera possibilidade. Que carta complicada, que chuva estranha, que liberdade tolhida.
...Liberdade. Uma estrela no céu?
Escuta, você acha que é impossível ser livre? Eu? Eu não sei. Ah, nem me pergunte. (viu, Você já tem sentimentos. Pode ser curiosa. Ou curioso. Charles, não limite o seu interlocutor!) Mas será que é mesmo possível que alguém seja livre e feliz ao mesmo tempo? No momento não parece contraditório, mas... não sei. Parece que para ser livre é preciso conhecer (é preciso conhecer?), mas quando conhecemos a verdade, não acho que podemos ser felizes. Ou podemos? Será que ser livre não é ser feliz? , mas feliz mesmo, de verdade.
Se a felicidade é luz, a liberdade é sombra, o homem vive no cinza? (agora sei por que você não é a Clara. Eu e ela já discutimos isso...)
Myshba é basicamente o guerreiro da felicidade. E das colinas. A Campina-que-brilha-reluzente-em-um-dia-de-outono-alegre-sem-fim. Ele é a Luz e a criança.
E Sark é a dor. A tristeza que carregamos pesadamente conosco. Sark é a responsablidade adulta e a busca pela Redenção. Todos queremos um Paraíso. (mas ele é possível?)
Liberdade e felicidade. Os dois buscam. Todos buscamos.
Será que perdidos no canto mais esquecido do mundo, sem saber que o próprio mundo existe, sem pensar (só seguindo sabendo que... [que o quê? diria Macabéia.] que existimos): será que assim não seríamos felizes? Ou, mais ainda, livres? Se nos reduzirmos ao essencial, ao estúpido, ao último, seremos mais livres? Eu acho que não. Digo, eu espero que não. Mas isso também não faz sentido Lorena, então não importa.
(Você é a Lorena? acho que não, mas valeu a tentativa)
Ela correu determinada pelas ruas achando que poderia fugir do seu corpo e de sua mente, largar seu espírito no chão e voar. A morte é libertadora. A vida é dura.
Não acho que devemos buscar a morte. Que devemos correr ao seu encontro. Apesar da vida ser dura, Yuri, desistir é negá-la. É dizer não ao bonito que já foi. Ah, mas isso não.
Quem sabe o que podemos tentar? O que nos limita, a não ser nós mesmos? Temos tanto a perder que perdemos toda hora. Porque é assim. É como é sua casa, Muriel, é perder de novo o que está lá.
Fantasmas. Ah, é realmente ruim. Não.
Podemos pensar de outra maneira. De novo voltamos à chuva. E à Myshba sentado na beirada de um muro destruído; ele oferece à Sark uma maçã. A maçã é mordida. O homem olha para o fundo. Lá na beira onde tudo se escorrega. Acho que você entende o que eu quero dizer, Mali. Sabe aquele abismo escuro? Sark resolve acompanhar o garoto para dentro do poço escorregadio.
A maçã tem um gosto ácido e revigorante
Não sabia para quem escrever. Digo, sabia que tinha que escrever, mas não sei para quem. Claro, aí pensei em você, que gosta de me escutar (ou sabe fingir isso muito bem).
No fundo, nessa pressa de querer escrever eu percebo que não sei do que falar. Coisas bonitas eu penso, como uma garota segurando uma flor. E colinas. É a chuva que calma cai no mato. Mas nada disso tem a ver com você. Isso é o problema de se prender a um ouvinte. Tem certas coisas que não se pode dizer para todos. Ou que não fazem sentido. Seria como conversar de ações e mercado com a Clara: Não tem nada a ver. (pronto, já me decidi que Você não será a Clara, sem querer e por impulso. Sim, eu não sei quem é Você. Estou te construindo na minha cabeça aos poucos. Vamos ver se eu acerto?)
Você me limita. Me corta assuntos apenas sendo mera possibilidade. Que carta complicada, que chuva estranha, que liberdade tolhida.
...Liberdade. Uma estrela no céu?
Escuta, você acha que é impossível ser livre? Eu? Eu não sei. Ah, nem me pergunte. (viu, Você já tem sentimentos. Pode ser curiosa. Ou curioso. Charles, não limite o seu interlocutor!) Mas será que é mesmo possível que alguém seja livre e feliz ao mesmo tempo? No momento não parece contraditório, mas... não sei. Parece que para ser livre é preciso conhecer (é preciso conhecer?), mas quando conhecemos a verdade, não acho que podemos ser felizes. Ou podemos? Será que ser livre não é ser feliz? , mas feliz mesmo, de verdade.
Se a felicidade é luz, a liberdade é sombra, o homem vive no cinza? (agora sei por que você não é a Clara. Eu e ela já discutimos isso...)
Myshba é basicamente o guerreiro da felicidade. E das colinas. A Campina-que-brilha-reluzente-em-um-dia-de-outono-alegre-sem-fim. Ele é a Luz e a criança.
E Sark é a dor. A tristeza que carregamos pesadamente conosco. Sark é a responsablidade adulta e a busca pela Redenção. Todos queremos um Paraíso. (mas ele é possível?)
Liberdade e felicidade. Os dois buscam. Todos buscamos.
Será que perdidos no canto mais esquecido do mundo, sem saber que o próprio mundo existe, sem pensar (só seguindo sabendo que... [que o quê? diria Macabéia.] que existimos): será que assim não seríamos felizes? Ou, mais ainda, livres? Se nos reduzirmos ao essencial, ao estúpido, ao último, seremos mais livres? Eu acho que não. Digo, eu espero que não. Mas isso também não faz sentido Lorena, então não importa.
(Você é a Lorena? acho que não, mas valeu a tentativa)
Ela correu determinada pelas ruas achando que poderia fugir do seu corpo e de sua mente, largar seu espírito no chão e voar. A morte é libertadora. A vida é dura.
Não acho que devemos buscar a morte. Que devemos correr ao seu encontro. Apesar da vida ser dura, Yuri, desistir é negá-la. É dizer não ao bonito que já foi. Ah, mas isso não.
Quem sabe o que podemos tentar? O que nos limita, a não ser nós mesmos? Temos tanto a perder que perdemos toda hora. Porque é assim. É como é sua casa, Muriel, é perder de novo o que está lá.
Fantasmas. Ah, é realmente ruim. Não.
Podemos pensar de outra maneira. De novo voltamos à chuva. E à Myshba sentado na beirada de um muro destruído; ele oferece à Sark uma maçã. A maçã é mordida. O homem olha para o fundo. Lá na beira onde tudo se escorrega. Acho que você entende o que eu quero dizer, Mali. Sabe aquele abismo escuro? Sark resolve acompanhar o garoto para dentro do poço escorregadio.
A maçã tem um gosto ácido e revigorante
O Mistério da Máscara Javanesa - Parte 4
Desmond avançou quase triunfalmente pela sala de jogos. Estava prestes a interrogar seu suspeito favorito:
Como sempre, o mordomo.
- James Ford, profissão "ajudante pessoal de Lord Hugo". Atuais investimentos: quem sabe o assassinato de um ricaço e a fuga com sua grana?
- Você está ameaçando o cara errado - respondeu James.
- E quem disse que estava ameaçando alguém? - indagou Desmond, fingindo inocência - Estava só tentando confirmar uma hipótese.
- Pois pode ir esquecendo, cowboy. Você não me engana com seus truques e vozes.
James Ford tinha algo de esquisito. Não se parecia em nada com um mordomo comum. Era irritado, irônico e não tinha delicadeza natural nenhuma. Ah sim, e era americano.
- Há quanto tempo você trabalha para Lord Hugo?
- Três dias - sorriu Ford. O seu sorriso irritou Desmond: era espertinho. De acordo com sua visão de mundo, ele era o único que podia ter sorrisos espertinhos.
- Pouco tempo, não acha?
James deu de ombros.
- Deve ser então uma coincidência que o seu patrão morreu três dias depois.
- Sem dúvida - respondeu James, com um toque ameaçador na voz - Eu não tenho anda a ver com isso.
Desmond encarou-o. Ford era mais esperto do que havia pensado a princípio.
- Vou ser sincero - disse o investigador - Eu acho que há algo de errado com o senhor. Não sei o que é, mas pode ter certeza de que eu vou descobrir e que a polícia adorará ter uma conversa com o senhor, meu caro Ford; Pode ser que não tenha nada a ver com o assassinato brutal, mas vou descobrir o que você fazia nesta casa.
- Hurley era... desculpe, Lord Hugo era meu conhecido. Quando soube que eu estava na Inglaterra e sem dinheiro nenhum me ofereceu este emprego.
- Isso deve ter sido humilhante.
James Ford olhou-o fixamente.
- Um pouco, sim - admitiu. - Mas desde que ganhasse uma boa grana.
- Sem contar o que você tirou de fora...
- Vamos ver se o senhor investigador sente falta de algo nessa casa - sorriu Ford. Com aquele sorriso espertinho especial.
- O fim de semana durou três dias - informou o Inspetor. Agora estavam os dois, ele e Desmond - Por assim dizer, começou na sexta-feira à tarde e Lord Hugo foi encontrado morto ás 5 horas do domingo. No primeiro dia ficaram em casa e jogaram baralho para se conhecerem.
- Achei que alguns já se conheciam - comentou o detetive.
- Alguns sim, mas nem todos eram amigos - disse o Inspetor - Então, às 9 horas chega Charlie Pace, atrasado e sem ser convidado. Há uma cena na porta da frente, em que ele insiste que largou o vício e pede abrigo para o amigo. Depois, todos jantam e vão dormir. No sábado tem um passeio de manhã e torneios de tênis à tarde. Lord Hugo apenas assistiu e se divertiu. O vencedor foi... o Dr.Jack, quem diria.
Desmond consentiu, analisando os testemunhos.
- O jantar do sábado foi animado e acordaram todos tarde no domingo. Não saíram nesse dia. Acharam o corpo de Hugo ali mesmo, na biblioteca, com a cabeça desfeita e a máscara no rosto.
- Era uma máscara de sua coleção pessoal, não é mesmo?
- Isso. O problema é que a máscara que cobria Lord Hugo era parte do enfeite da sala de música. Alguém tirou-a de lá, levou para a biblioteca e usou-a para cobrir o cadáver.
- Isso é curioso. Mas quem foi o primeiro a achar o corpo e a chamar a polícia?
- John Locke achou o corpo e chamou os outros. Dr.Jack ligou para a polícia - informou o Inspetor - Existem registros.
- Temos a linha temporal - disse Desmond - Falta conferir se é verdadeira. Vamos ver quem mentiu e quem escondeu informação. Quero saber de cada um o que aconteceu no fim de semana. Enquanto isso, preste atenção, temos que vigiar os suspeitos, sem que eles saibam. Ainda não achamos a arma do crime e esse pode ser o momento que o assassino está esperando para livrar-se dela. Inspetor, preciso que preste atenção a todos eles, sem exceção. E peça aos policiais que terminem de examinar a biblioteca: se houverem impressões digitais na máscara será de grande ajuda.
- Não se preocupe Desmond, a polícia fará seu trabalho.
Como sempre, o mordomo.
- James Ford, profissão "ajudante pessoal de Lord Hugo". Atuais investimentos: quem sabe o assassinato de um ricaço e a fuga com sua grana?
- Você está ameaçando o cara errado - respondeu James.
- E quem disse que estava ameaçando alguém? - indagou Desmond, fingindo inocência - Estava só tentando confirmar uma hipótese.
- Pois pode ir esquecendo, cowboy. Você não me engana com seus truques e vozes.
James Ford tinha algo de esquisito. Não se parecia em nada com um mordomo comum. Era irritado, irônico e não tinha delicadeza natural nenhuma. Ah sim, e era americano.
- Há quanto tempo você trabalha para Lord Hugo?
- Três dias - sorriu Ford. O seu sorriso irritou Desmond: era espertinho. De acordo com sua visão de mundo, ele era o único que podia ter sorrisos espertinhos.
- Pouco tempo, não acha?
James deu de ombros.
- Deve ser então uma coincidência que o seu patrão morreu três dias depois.
- Sem dúvida - respondeu James, com um toque ameaçador na voz - Eu não tenho anda a ver com isso.
Desmond encarou-o. Ford era mais esperto do que havia pensado a princípio.
- Vou ser sincero - disse o investigador - Eu acho que há algo de errado com o senhor. Não sei o que é, mas pode ter certeza de que eu vou descobrir e que a polícia adorará ter uma conversa com o senhor, meu caro Ford; Pode ser que não tenha nada a ver com o assassinato brutal, mas vou descobrir o que você fazia nesta casa.
- Hurley era... desculpe, Lord Hugo era meu conhecido. Quando soube que eu estava na Inglaterra e sem dinheiro nenhum me ofereceu este emprego.
- Isso deve ter sido humilhante.
James Ford olhou-o fixamente.
- Um pouco, sim - admitiu. - Mas desde que ganhasse uma boa grana.
- Sem contar o que você tirou de fora...
- Vamos ver se o senhor investigador sente falta de algo nessa casa - sorriu Ford. Com aquele sorriso espertinho especial.
- O fim de semana durou três dias - informou o Inspetor. Agora estavam os dois, ele e Desmond - Por assim dizer, começou na sexta-feira à tarde e Lord Hugo foi encontrado morto ás 5 horas do domingo. No primeiro dia ficaram em casa e jogaram baralho para se conhecerem.
- Achei que alguns já se conheciam - comentou o detetive.
- Alguns sim, mas nem todos eram amigos - disse o Inspetor - Então, às 9 horas chega Charlie Pace, atrasado e sem ser convidado. Há uma cena na porta da frente, em que ele insiste que largou o vício e pede abrigo para o amigo. Depois, todos jantam e vão dormir. No sábado tem um passeio de manhã e torneios de tênis à tarde. Lord Hugo apenas assistiu e se divertiu. O vencedor foi... o Dr.Jack, quem diria.
Desmond consentiu, analisando os testemunhos.
- O jantar do sábado foi animado e acordaram todos tarde no domingo. Não saíram nesse dia. Acharam o corpo de Hugo ali mesmo, na biblioteca, com a cabeça desfeita e a máscara no rosto.
- Era uma máscara de sua coleção pessoal, não é mesmo?
- Isso. O problema é que a máscara que cobria Lord Hugo era parte do enfeite da sala de música. Alguém tirou-a de lá, levou para a biblioteca e usou-a para cobrir o cadáver.
- Isso é curioso. Mas quem foi o primeiro a achar o corpo e a chamar a polícia?
- John Locke achou o corpo e chamou os outros. Dr.Jack ligou para a polícia - informou o Inspetor - Existem registros.
- Temos a linha temporal - disse Desmond - Falta conferir se é verdadeira. Vamos ver quem mentiu e quem escondeu informação. Quero saber de cada um o que aconteceu no fim de semana. Enquanto isso, preste atenção, temos que vigiar os suspeitos, sem que eles saibam. Ainda não achamos a arma do crime e esse pode ser o momento que o assassino está esperando para livrar-se dela. Inspetor, preciso que preste atenção a todos eles, sem exceção. E peça aos policiais que terminem de examinar a biblioteca: se houverem impressões digitais na máscara será de grande ajuda.
- Não se preocupe Desmond, a polícia fará seu trabalho.
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segunda-feira, junho 25, 2007
Não dá, não me é compreensível.
Por mais que me convençam, não consigo acreditar que "bispo" em espanhol seja "obispo".
Obispo é algo tão difícil de se dizer. Sempre me parece errado.
Da próxima vez postarei algo mais interessante.
Obispo é algo tão difícil de se dizer. Sempre me parece errado.
Da próxima vez postarei algo mais interessante.
O Mistério da Máscara Javanesa - (?)
Desmond pulou com êxtase em cima da mesa e gritou, de modo que toda a mansão de Lord Hugo pôde ouvir:
- Na verdade o assassino sou eu! Sim, eu sei que enganei vocês todos, que fingi ser um detetive e investigar meu próprio assassinato. Sou tãão esperto!!!
Todos soltaram um "oh!" impressionados.
- Pois é, e só estou revelando tudo isso porque decidi que a razão do crime era somente o reconhecimento. Então podem admitir: sou um baita assassino, não sou? Agora que vocês já sabem de tudo, morreremos todos.
Dizendo isso, Desmond pegou o tubo de explosivos convenientemente localizado à sua direita e acabou com toda a farsa maníaca. Meia hora depois, quando os bombeiros chegaram, quase nada sobrou da mansão onde crimes hediondos foram cometidos.
FIM
Isso não tem nada a ver!!!
Foi uma mentira, tá. Prometo que vou terminar de escrever a Máscara Javanesa, e do jeito certo.
Só queria soltar um pouco a tensão que é arquitetar um caso misterioso e fazer pistas e fazer pistas falsas e torcer para os leitores acreditarem em certas coisas...
Por falar nisso, já repararam qu... (não vou terminar isso ainda. Ia contar minha teoria sobre quem é o assassino nos livros da Agatha Christie, mas achei que ia revelar o assassino da minha história [que NÂO é o Desmond] então vou deixar para depois. Prometo que é uma teoria interessante.)
- Na verdade o assassino sou eu! Sim, eu sei que enganei vocês todos, que fingi ser um detetive e investigar meu próprio assassinato. Sou tãão esperto!!!
Todos soltaram um "oh!" impressionados.
- Pois é, e só estou revelando tudo isso porque decidi que a razão do crime era somente o reconhecimento. Então podem admitir: sou um baita assassino, não sou? Agora que vocês já sabem de tudo, morreremos todos.
Dizendo isso, Desmond pegou o tubo de explosivos convenientemente localizado à sua direita e acabou com toda a farsa maníaca. Meia hora depois, quando os bombeiros chegaram, quase nada sobrou da mansão onde crimes hediondos foram cometidos.
FIM
Isso não tem nada a ver!!!
Foi uma mentira, tá. Prometo que vou terminar de escrever a Máscara Javanesa, e do jeito certo.
Só queria soltar um pouco a tensão que é arquitetar um caso misterioso e fazer pistas e fazer pistas falsas e torcer para os leitores acreditarem em certas coisas...
Por falar nisso, já repararam qu... (não vou terminar isso ainda. Ia contar minha teoria sobre quem é o assassino nos livros da Agatha Christie, mas achei que ia revelar o assassino da minha história [que NÂO é o Desmond] então vou deixar para depois. Prometo que é uma teoria interessante.)
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Mistério
sábado, junho 23, 2007
The Wind That Shakes The Barley
Quando Penélope desejou que não acabasse, o universo não escutou e o tempo continuou a rodar.
Por pouco tempo mais a música duraria; e sua bondade, a virtude que mais prezava, a impedia de odiar quem quer que fosse, de querer mal a alguém que lhe quisera mal, de fazer com que o mundo sumisse só porque a sombra dissera palavras amargas.
A colina dançava no vento escuro da noite. A colina que ficava no centro do universo.
Por pouco tempo mais a música duraria; e sua bondade, a virtude que mais prezava, a impedia de odiar quem quer que fosse, de querer mal a alguém que lhe quisera mal, de fazer com que o mundo sumisse só porque a sombra dissera palavras amargas.
A colina dançava no vento escuro da noite. A colina que ficava no centro do universo.
quinta-feira, junho 21, 2007
Meu Animal Interior

Ele não é uma gracinha?
E bem desenhado, é claro.
Sabem, quando eu era criança eu adorava guaxinins(ou raccoon, se vocês preferirem). Eu os desenhava em todo lugar, pelo caderno, pela lição, nos livros. Pois é, podia-se dizer que eu era um viciado em guaxinins. Eles apareciam em todas as histórias, desenhos e brincadeiras que eu fazia. Cara, por todo o lado! Eu até fiz um poema sobre eles.
Acho que até hoje, se eu tivesse que escolher algum animal para ser... é, seria um guaxinim. Eles são fofinhos e espertos. E um pouco enganadores.
Haha, ser um guaxinim deve ser tão divertido.
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